Mineirão, Belo Horizonte. 21:30.

A lua tênue sobre as nuvens acinzentadas ao céu acompanhava a chegada do veículo um tanto diferenciado no estacionamento externo do mais famoso estádio de futebol de Minas Gerais. O veículo deu uma derrapada brusca em sua parada numa área mais distante das viaturas policiais que enfeitavam a entrada do lugar.

Assim que parou o K-500, Christian saltou do carro sem sequer abrir a porta como um felino hábil e já pousou no solo olhando atentamente ao arredor. Wade ainda se recuperava do enjoo no assento da frente, pondo a cabeça para fora do carro e vomitando, enquanto Blake encontrava-se dormindo na parte de trás.

— Acorde o Blake! - Christian disse olhando para a grande quantidade de seguranças que vigiavam a portaria. - Precisamos encontrar uma maneira de passar pelos policiais... 

Assim que sentiu seu estômago melhorar, o ruivo abriu sua porta e desceu do carro, indo até o moreno no banco de trás e o cutucando algumas vezes até vê-lo despertar lentamente. 

— Já morremos?

— Por incrível que pareça, não. - advertiu Wade. - Mas chegamos ao estádio.

Blake coçou os olhos e deu um longo bocejo antes de deixar o veículo. Logo, ambos caminharam até o loiro e acompanharam-no na observação. 

— Talvez possamos nos passar por seguranças... - sugeriu o ruivo.

— Não... - Christian apontou para a abertura acima do muro do estádio. - Será mais fácil entrarmos sem sermos notados. Pelo que parece, todos estão cercando a área, mas nesse horário não deve haver ninguém na parte de dentro. Podemos escalar o muro e espionarmos sem sermos incomodados!

— Ótima ideia, Chris! - Blake elogiou.

— Quando não está inventando falsos incêndios ele até que raciocina... - Wade alfinetou e recebeu um olhar feroz do loiro.

— Acho melhor irmos logo então, né?! - Blake interrompeu uma possível discussão entre ambos e pôs-se a caminhar para a lateral do estádio sorrateiramente, sem chamar a atenção dos fiscais.

O trio chegou em poucos segundos frente ao enorme muro que cercava todo o lugar e observaram o quão distante estavam do ápice dele.

— Não vai ser uma escalada fácil... - Blake observou.

— Talvez seja... - Wade disse, apontando seu relógio com cabo Bamph para o alto e atirando o gancho, que travou na parte interna do muro. - Atirem seus cabos Bamphs, vamos subir!

Logo, os três começaram a se elevar pelos fios de aço dos apetrechos digitais e em instantes já se encontravam sobre o muro. Blake recebeu a ajuda de Wade para se estabilizar enquanto Christian inspecionava a área do gramado e as arquibancadas. Como havia dito, não tinha ninguém dentro do estádio.

— Agora é a parte difícil... Achar uma pista aqui a essa hora da noite e sem poder usar luzes fortes pra não chamar a atenção vai ser bastante complicado! - comentou o loiro.

— Acha isso difícil? Complicado vai ser descer daqui! - Blake grunhiu da beirada, sentindo calafrios só de olhar pra baixo e nem conseguir ver o solo devido à escuridão e a altura. - To tonto só de olhar!

Após um pequeno desequilíbrio, o moreno acabou escorregando pra fora da área do muro e pondo-se em queda livre até o gramado do estádio.

— BLAKE!!! - Wade gritou, vendo o amigo caindo.

Agindo rapidamente, Christian se jogou atrás do companheiro e o agarrou antes que chegasse ao solo, tendo tempo suficiente de ativar o cabo do seu relógio para impedir que atingissem o chão. O cabo se esticou e ambos ficaram suspensos no ar a centímetros do gramado.

— Eu já morri? - Blake estava de olhos fechados.

— Ainda não. - O loiro assegurou, soltando o colega para o chão e descendo logo em seguida.

Wade chegou ao solo pouco tempo depois e ambos iniciaram sua investigação.

— Tentem não fazer barulho! Lembrem-se que estamos cercados por dezenas de guardas lá fora! - citou. - Vamos procurar em locais diferentes... Blake, cheque as arquibancadas. Christian, você olha ao redor do campo. Vou verificar o gramado!

Os colegas assentiram e ligaram pequenas lanternas antes de seguirem para seus respectivos caminhos.

Atravessando o campo para chegar à escadaria principal para as arquibancadas, Blake não pôde deixar de notar a bola do jogo ainda sobre o gramado e foi até ela em passos rápidos, pretendia chutá-la. Todavia, quando sentiu seus dedos do pé colidindo com algo que parecia mais concreto puro, não conseguiu impedir que um grito ardido de dor saísse de sua boca.

— AI MEU PÉ!!! - Gritou, segurando a perna com a mão e dando alguns pulinhos de dor.

— Blake! - Wade exclamou. - Não faça barulho, vai acabar chamando a atenção de alguém!

Dito e feito, os três rapazes viram quando uma movimentação inquietante começou do lado de fora da portaria de entrada. Os guardas pareciam ter ouvido os ruídos de Blake e agora estavam prestes a invadir o campo. 

— Rápido, se escondam! - pediu o ruivo, agachando-se por detrás de uma trave.

Os colegas de trabalho logo se esconderam também e um grupo de guardas passou pela porta logo que ela foi aberta e inspecionaram todo o estádio com uma poderosa lanterna.

— O grito parece que veio daqui de dentro! - disse um dos fiscais para os demais.

— Deve estar ouvindo coisas... Estamos cercando a única entrada possível! Não tem como alguém estar aqui dentro, não sem termos visto! - alegou um outro. - Agora vamos, vamos voltar lá pra fora!

E em pouco tempo a equipe se retirou novamente. Suspirando aliviado, Wade se ergueu de seu esconderijo e deu sinal branco aos amigos.

— Já foram, podem sair! - sussurrou.

Blake começou a olhar dentre as arquibancadas com sua lanterna.

— O que estamos procurando mesmo? Quem transformou os jogadores em pedra já deve estar bem longe daqui...

— Qualquer pista que nos leve a ele! - respondeu Wade.

— Flashes vem de máquinas fotográficas, certo? Basta encontrarmos alguma bateria, pilha ou até mesmo filme... - asseverou o loiro próximo a uma das cabines das comissões técnicas. - O suspeito provavelmente devia estar em uma altura relativamente boa para conseguir pegar todos em campo com a câmera... Suba mais algumas filas, Blake, olhe nas últimas!

Seguindo o amigo, Blake seguiu para a última fila e assim que bateu a lanterna no concreto da escada notou um pequeno objeto reluzente retangular. 

— Acho que achei algo! - ele tentou ler algumas iniciais escritas na logomarca do objeto. - “C.A.”.

Wade e Christian foram para próximos do moreno e o ruivo logo constatou se tratar de uma pequena bateria elétrica.

— Isso provavelmente foi a bateria usada para dar o flash na câmera! - falou.

— E aposto que essas iniciais nos levarão ao responsável por isso! - Christian completou.

De repente, uma forte luz cobriu todo o campo de visão dos rapazes enquanto uma voz os indagou:

— PARADOS AÍ, É A POLÍCIA!! Quem são vocês? E o que fazem aqui?