A noite estava sendo longa. Depois de toda a confusão com as caçadoras,  eu  tive que viajar através das sombras não uma, mas, duas vezes . Quando cheguei ao acampamento segui com o Will até a enfermaria (já que ele insistiu em ele próprio cuidar do Leo). Só que quando chegamos lá ele logo me disse que, eu devia ir descansar e mesmo muito contrariado eu tinha que concordar que eu realmente estava muito cansado, só por isso eu o obedeci.

     Eu tinha o outro o outro dia inteiro pra pensar nos problemas, porque eles tinham que atazanar a minha cabeça justo agora? O resultado foi uma noite em claro, uma noite inteira pensando no Leo e em como ele estava, no quanto eu fui idiota em levar os meninos (talvez se eu tivesse ido sozinho nada disso teria acontecido), e na Thalia, principalmente na Thalia.

    Aquela não foi a primeira vez que eu passei a noite pensando nela, pois pra mim os problemas dela eram os meus problemas. Só que dessa vez o problema dela era minha culpa. Ela me disse que eu não podia visita-la que aquilo ia dar em merda, mas eu quis ouvir, não. Eu não sei explicar, eu só sei que eu tenho uma grande necessidade de tê-la por perto.

    As perguntas só continuaram a surgir na minha cabeça, só que agora não era mais sobre Thalia. Perguntas que precisavam de uma resposta, será que o Leo havia gostado daquela amiga negra da Thalia? E o que havia acontecido entre o Will e a outra.

  Ainda bem que já eram 05:30 da manhã e eu já podia ir à enfermaria perguntar aos dois.

    Quando cheguei lá vi que o Leo dormia, depois da noite de ontem e julgando que era raro vê-lo tão calmo preferi não acorda-lo. Quando fui procurar o Will fui informado que ele havia ido ao seu chalé, e fui correndo pra lá.

    Quando cheguei à porta do chalé bati varias vezes, mas como o Will não veio me atender, eu abri a porta (afinal, eu já era de casa). A verdade é que eu não estava preparado para cena forte que viria a seguir. Will de pé e vestido somente com uma cueca cheia de soizinhos, aquilo era hilário e melhor foi à cara dele que quando me viu ficou todo corado. Pela primeira vez em muitos anos o meu senso de humor estava em 100% , eu já estava chorando de rir e já ia até me jogar no chão quando o Wiil resolveu acabar com a minha farra .

— Rá-rá-rá muito engraçado Sr. Di Angelo. Invadir a privacidade dos outros é genial. -Will

—Para com isso eu já sou de “casa” – Falei secando meus olhos.

—Mas podia ter batido na porta – Will

—Eu bati: mas agora chega, veste logo uma roupa precisamos conversar - Nico.

—Ok. Só que você terá que entrar, eu ainda vou tomar banho - Will.

—Tá, só anda logo-Nico.

—Cara eu sou o Flash – ele falou  gesticulando uma corrida.

— É bom ser mesmo – Falei em tom de deboche.

 A verdade foi que o Will demorou tanto que tivemos que tomar café primeiro. Assim que chegamos ao refeitório, pude perceber o quanto o acampamento estava vazio (era inverno), poucos campistas transitavam no espaço, no máximo havia ali 35 campistas. Meus pensamentos se perderam quando ouvi a voz do Will.

  - Nico, acorda- Falou Will fazendo um sinal de estalo.

—Oi

—Tava pensando em quê? -Will

— Nada não. - Nico

— Já que não é nada não, vamos nos sentar?-Will

—Vamos. – Nico

   Nós seguimos para a mesa de Apolo (o qual no momento só tinha o Will e Annita sua irmã que está na enfermaria). Ai você se pergunta e a regra de cada um se sentar na sua mesa, me deixa explicar; na baixa temporada podemos nos sentar onde quisermos e na alta temporada parece que meus amigos só enxergam a minha mesa (parece que eles acham que eu sou muito solitário e depressivo, o que é uma grande mentira). E só foi a gente se sentar pro Will começar a tagarelar.

—O que é que você quer conversar? Will

—Deixa pra depois do café, não quero ter ninguém por perto. - Nico

— Nossa quanto mistério. Então como passou a noite? – Perguntou Will com a boca cheia de panquecas.

—Mal consegui pregar o olho – Disse enquanto roubava uma das panquecas do Will.

—Por que estava preocupado com o Leo? Não precisava ele tá muito bem!- Ele falou agora todo lambuzado de mel.

— Eu sei, mas, não foi por causa do Leo. É pela Thalia-Falei apreensivo

—Sempre Thalia. Acho que você está é apaixonado por ela. – Falou o Will tomando um gole de Coca.

—Você tá louco, a Thalia é como uma irmã – Disse fazendo um gesto de “loucura” com as mãos.

—Vai dizer que você nunca ouviu falar em incesto. Dizem que meu pai e a tia Termis vivem um caso desses- Disse Will no seu tom mais sarcástico.

—Você hoje está com a macaca em!- Nico

—É hoje eu tô pro crime.  Agora me deixa comer. -Falou ele  dessa vez pegando um cookie .

—Mas foi você que puxou papo. – Disse em tom de frustração.

—Agora eu quero comer. Will

— Você é pior que mulher na TPM - Falei sorrindo meio de canto.

Will estava comendo só que eu não estava com nenhuma vontade de comer e do nada comecei a pensar no que o Will havia falo sobre eu gostar da Thalia. Da onde ele tirou aquela ideia. Eu nunca me apaixonaria pela Lia, tudo bem que ela é linda, habilidosa (com armas tá gente, não vai pensar malicia), eu adorava a companhia dela, mas eu definitivamente não me apaixonaria por ela! Ou me apaixonaria? Não, eu não me apaixonaria, afinal eu sou gay.  É melhor que eu seja.

 Assim que o Will terminou de tomar café decidimos que conversaríamos perto dos campos de morangos (o que eu adorava por causa do cheiro que me lembra de alguém só não sei quem). E agora era a hora da minha vingança contra o Will. E de longe vi o lugar prefeito.

—Will venha, vamos nos sentar embaixo dessa cerejeira. - Nico

— Ok- Will falou já sentado embaixo da árvore.

— Que cheiro bom que vem dos campos de morango – Disse expirando o ar.

— Verdade! Tem cheiro de Thalia- Falou Will sorrindo

— Parou - Falei de cara fechada (Não porque Will tinha falo aquilo, mas, porque era verdade).

—Tá bom. Então sobre o que é a conversa?

Eu achei melhor ir direto ao ponto.

— Sobre a amiga da Thalia.

— É melhor deixar isso pra lá – Will falou muito tenso.

— Infelizmente eu não vou poder!-Nico

—Nico tem coisas que é melhor esquecer - Falou numa voz profundamente triste.

—E é por isso que e não vou deixar, olha como você ficou só de tocar no assunto. Ontem você estava quase soltando purpurina só foi ver ela que você virou um depressivo. E eu definitivamente não gosto disso.

— Nico, você não gosta quando eu falo da Bianca, diz que ela é sua ferida, Kaya é minha ferida – Ele falou num tom alterado e com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

—Me desculpe eu não queria te fazer sofrer- Nico

—Tudo bem – Ele falou ainda chorando.

—Deixa pra lá. Eu nã...

—Não você e meu melhor amigo é melhor você saber

—O que aconteceu?-Nico

— Bom eu sempre soube que era diferente, mas, quando os ataques dos monstros começaram eu decidir fugir. Quando fugi fiquei perdido por um tempo, certa noite eu resolvi descansar num beco e foi lá que três harpias me atacaram. Eu não sabia me defender, então eu estava em pânico. Atrás de mim eu ouvi um barulho e achei que era mais uma harpia. Só que o que saiu de trás das latas de lixo foi uma linda garota de pele clara e cabelos brancos e aquela garota salvou minha vida quando congelou as três mocreias de uma só vez. A partir daquele momento nos tornamos inseparáveis.

Os problemas começaram quando chegamos ao acampamento e nossas paternidades foram reclamadas. Kaya era uma filha de Quine (a única no mundo), e eu um filho de Apolo. Mesmo sabendo que erámos o oposto um do outro decidimos que nossas diferenças não atrapalhariam nossa amizade, que veio a se tornar uma grande paixão. O problema Nico é que os filhos de Quione (um a cada século) só amam uma vez. Naquela época eu não sabia por isso fiz o que fiz.

—Fez o que?-Nico

—Quando meus irmãos descobriram a nossa proximidade eles me disseram que eu não podia ter nenhum contato com uma filha de Quione e que só seria aceito por eles se eu a esquecesse. Eu não queria ser rejeitado pelos meus irmãos, então eu a humilhei na frente do acampamento dizendo coisas inaceitáveis como: eu nunca seria amigo de uma pessoa como você, sua prole maldita e etc.. Depois derrubei no chão e cuspi  no seu rosto. Kaya que já perdia o controle de seus poderes com facilidade não fez exceção àquela situação. Foi quando sua mãe pediu ao conselho olimpiano que pudesse levar sua filha pra morar com ela, e seu pedido foi atendido e desde então e não há tinha visto até ontem.

—Will e sou seu amigo, mas eu no lugar dela te mataria. - Falei em tom de desapontamento .

—Eu também me mataria no lugar dela - Will

— E por que você nunca me contou sobre isso?

— Nico tem coisas que são muito pessoais!- Will

—Você ainda gosta dela né?

—Nico eu amo ela, e vou amar ate o ultimo dia da minha vida!-Will

—Nossa!- Foi à única coisa que eu consegui dizer vendo o desespero do Will.

— Nico eu sei que é estranho me ver dessa maneira-Will

—Se serve de consolo sinto que ela também te ama. -Nico

—Como você sabe?

—Eu já disse eu sinto. E você deveria reconquista-la!-Nico

—É mais complicado do que parece!-Will

—Mim não entender!- Nico

— Ela finge que eu morri - Will

—Que do mal – Nico

—Não acho. Se eu não consigo me perdoar por que ela deveria?- Will

—Ainda assim acho que você não de veria desistir!-Falei num tom imponente

— Filho de Afrodite, desculpe, mas teremos que parar!- Will

— Por quê?-Nico

— Olha pra trás-Will

—Como não percebemos?-Nico

—Não sei, mas é melhor mudarmos de assunto!-Will