O Herdeiro Malfoy escrita por Zoey


Capítulo 8
Capítulo 8 - Memórias que não me deixam dormir


Notas iniciais do capítulo

Sem delongas, espero que gostem ♥



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—Ronald Weasley, se você aparatar na minha casa, pode ter a certeza de que a época na qual sua varinha estava quebrada, você não conseguia fazer uma droga de feitiço e ficou vomitando lesmas vai ser um sonho muito feliz perto do que vai acontecer com você. 

Hermione não era a maior fã de ameaças, mas diante da atitude infantil e grosseira de Rony, ela não via outra saída. 

Já havia algum tempo desde a última vez que eles haviam conversado por outro meio além de cartas. Em uma conversa pela lareira, de um lado estavam Harry e Rony e no outro Hermione. Ela havia cometido o erro de contar para Harry sobre um pesadelo vívido que ela tinha experienciado na outra noite. Harry contou para Rony que, por sua vez surtou, e imediatamente acendeu a lareira.  

No sonho, Hermione havia retornado para a batalha de Hogwarts, todos já estavam mortos, exceto por Harry e ela. Ela gritava ao longe para Harry ter cuidado, Voldemort estava entoando "Avada Kedavra" na direção de Harry. Ela começou a correr, na esperança de salvá-lo, mas o sonho modificou-se, ela voltou à mansão Malfoy, lá estava ela sendo gravada com "Mudblood", enquanto Draco retirava-se, ela entrevia o escritório da casa, mas estava com dor demais, cansada demais, assustada demais para se mexer. Nesse momento, ela viu um Draco mais velho suicidar-se enquanto ela ainda estava no chão, com lágrimas escorrendo.  

Hermione havia acordado sobressaltada e com medo de dormir de novo, mandou uma coruja para Harry. Uma hora depois estava em uma discussão com os dois meninos. 

Ela revirou os olhos pelo que parecia ser a décima vez em menos de três minutos e bufou. 

—Olhem, - disse tentando acalmar mais a si mesma do que aos garotos – eu estou bem, foi só um sonho. 

—Hermione, você não vê? Isso foi tudo culpa daquele merda do Malfoy. Rever ele foi demais para você. Além disso, nós sabemos que você não tem dormido bem há meses. - Rony estreitou os olhos para um ponto longe da garota – Aquele gato ainda está vivo? Harry, escovinhas vivem tanto tempo? 

Harry ficou olhando para Rony balbuciando palavras sem sentido por ter sido pego de surpresa enquanto Bichento arranhava a ponta do sofá espreguiçando-se. 

—Mas que droga... Não era esse o ponto. -Disse Rony quando percebeu a mudança abrupta de assunto – Hermione, você tem feito um ótimo trabalho, mas, sejamos sinceros, desde muito antes da guerra, você já estava sem sossego, quando tudo acabou, você logo formou-se e começou a trabalhar. Nunca tirou férias ou um tempo para cuidar de si mesma. Peça para o hospital algumas semanas de folga, você precisa descansar. Se você quiser, Harry e eu podemos pedir alguns dias livres e ficamos aí com você. 

—Você não pode estar falando sério, Rony, primeiro de tudo, eu sou uma médica, eu não posso tirar férias sem aviso prévio, ainda mais com pacientes meus internados, e vocês terem alguns dias livres como Aurores... Sinceramente, você não deve conhecer muito bem seu trabalho. Harry, me ajude a colocar juízo na cabeça do Weasley aqui, por favor? 

Harry franziu o cenho e olhou de Rony para Hermione. 

—Na verdade, eu estou com ele nessa. Rony está certo. Não sei se conseguiríamos uma folga, mas se você se liberar do hospital, nós certamente podemos fazer visitas mais periódicas, mesmo em serviço. 

—Você só pode estar brincando – Hermione disse indignada. 

—Hermione, nós sabemos exatamente o jeito que você opera suas decisões, no final, nada do que nós dissermos vai importar se você não quiser fazê-lo, nós só estamos pedindo para você considerar a possibilidade. No fundo, você sabe que é o certo a se fazer, afinal, se você não está tão bem assim, a ponto de um pesadelo assustar tanto você, como vai tratar seus pacientes? Tudo bem que todos nós temos nossas noites ruins, mas você precisa recuperar-se, ou pode não tratar um paciente tão bem como você poderia se estivesse descansada. Entende o que eu digo? 

—Quando você se tornou tão sábio? -Hermione resmungou admitindo mentalmente que tudo o que Rony dizia era verdade.  

Olhando para os olhos de Ron na lareira, ela lembrou de vê-los pessoalmente, um verde que ela sempre achou tão bonito.  

—Mione, você sabe que nós queremos o melhor para você, mesmo estando longe, nós ainda somos um trio –Disse Harry. 

—Ok. Eu vou conversar com a minha superior. Maggie não ficará nada feliz.  

Os dois suspiraram aliviados.  

—Nos vemos assim que conseguirmos uma folga, mande uma coruja com os dias que estará livre –Disse Harry.  

E a conversa encerrou-se. 

Por alguns momentos ela se permitiu apenas olhar para o fogo e rememorar algumas lembranças. 

Depois da noite em que eles acharam que todos iriam morrer e tiveram seu primeiro beijo. Hermione e Rony não conseguiram ter "A" conversa sobre seu relacionamento. Ela imediatamente começou a auxiliar as pessoas nas macas improvisadas ora com palavras de carinho ora preparando poções. Rony estava abalado emocionalmente, foi no enterro de seu irmão, consolou sua mãe e demorou algumas semanas até que voltasse a sair em público. Harry dirigiu-se ao Ministério para ajudar a retomar as atividades, usando sua influência para reestabelecer a ordem no mundo mágico e auxiliando nos julgamentos dos seguidores de Voldemort.  

Hermione e Harry foram na casa de Rony repetidas vezes desde o funeral de Fred. Hermione tentou diversas vezes encontrar Rony sozinho para conversarem, mas parecia haver um acordo mútuo silencioso de que cada um deveria seguir seu caminho, e assim o foi.  

Ela ainda lembrava do beijo deles com certa saudade, não do tipo quando você ama a pessoa, apenas uma lembrança nostálgica de outros tempos. Desde que ela superou Rony, e a distância em parte ajudou no processo, ela havia reservado-se. Não estava interessada em namoro ou algo do gênero, ficou com alguns garotos aleatórios que não se sobressaíram sobre o termo passatempo.  

Rony seguiu o conselho de Harry e ambos se tornaram Aurores. Depois disso, passaram a verem-se menos ainda, com a loucura do St. Mungus e a loucura do mundo mágico, era praticamente impossível combinar uma data e um horário com a disponibilidade de todos. 

Ela suspirou e aparatou na entrada do hospital. Hermione sempre foi muito cuidadosa em não aparatar dentro do hospital para evitar alvoroços e prejudicar a saúde de pacientes debilitados. E, aos poucos, os outros funcionários aderiram a ideia. Mesmo depois de todos os anos fora de Hogwarts, ela ainda conseguia estufar o peito quando tomava uma atitude ou tinha uma ideia brilhante.  

—Hey, Steve – ela cumprimentou o secretário daquela tarde - você sabe onde Maggie está? 

—Ela está na sala dela, doutora.  

—Obrigada. 

Hermione bateu à porta de Maggie e suspirou antes de entrar.  

O pedido de sua licença foi uma surpresa para Maggie, até o pedido de um aumento teria sido mais previsível que aquilo. Com um pouco de relutância, mas admitindo que em dois anos Hermione foi a médica mais exemplar do local, ela não viu outra saída. Todavia, Hermione ainda possuía alguns pacientes internados, o que fez Maggie adiar suas férias até que seu último paciente recebesse alta, o que lhe dava mais três dias no St. Mungus. 

Ela enviou uma coruja aos dois garotos. Minutos depois, a mesma coruja mandou uma carta de Harry agradecendo por ter avisado e outra de Rony, com tantos xingamentos à Maggie por não ter liberado ela antes, que talvez todo o pergaminho de Hogwarts não chegasse para ele terminar de escrever alguns desaforos para a administradora do St. Mungus.  

Isso fez ela rir um pouco. Olhando para fora de sua janela, em sua sala, ela viu a neve começar a descer. Estavam próximos do natal, ela se permitiu imaginar o que seus pais estariam fazendo agora, provavelmente preparando a casa para que o filho que eles adotaram tivesse um dos seus primeiros natais.  

Hermione, após a batalha, voltou para casa na esperança de reestabelecer a memória dos pais. Ela não havia passado um dia sem pensar neles desde que pronunciou "Obliviate". Ela bateu à porta e sua mãe atendeu, ela abriu a boca para falar algumas palavras e seu pai surgiu com um bebê no colo atrás dela perguntando quem era. Os dois não tinham a menor ideia de quem era aquela menina. Ela tentou pensar através de todos aqueles sentimentos e gaguejou: 

—Desculpem, acho que errei o endereço, sou nova nessa parte da cidade. Mil desculpas. - Ela olhou atentamente para o bebê, ele não trazia nenhum traço de similaridade com ela mesma ou com os pais. - Que lindo o bebê de vocês, ele parece muito feliz.  

Eles acharam estranho aquela pessoa que nunca tinham visto elogiar o bebê, ficaram receosos, mas sua mãe falou: 

—Obrigada. - Como toda mãe orgulhosa de sua prole. - Ainda estamos todos nos adaptando. O pequeno Henry chegou a pouco, mas com certeza já encontrou um lar. Você precisa de alguma informação, querida? 

—Hã... não, obrigada, acho que vou ter que me perder mais um pouco até entender os endereços aqui. - Ela deu uma risada nervosa e com os olhos cheios de lágrimas, saiu apressada. 

Virou mais algumas quadras e aparatou em casa. Naquele dia, chorou tanto quanto conseguiu no sofá de seu apartamento. Quando contou o que havia acontecido, Harry e Rony aparataram em seu apartamento no momento em que leram sua carta. Ela não pôde evitar mais algumas lágrimas e soluços, mas, com a ajuda dos dois, seguiu em frente.  

Ela baixou os olhos e encarou suas mãos por alguns segundos, depois de voltar à realidade. 

E seguiu seu expediente.  


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Notas finais do capítulo

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