I see the past. escrita por Warden Dresden


Capítulo 1
I see the past in a photograph.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem não tem vergonha na cara alguma e sei postando fanfic que nem uma louca! Dessa vez, eu não tenho desculpa e só quis postar algo bem bad mesmo.

Centrado em Remus John Lupin e no passado. Ou seja, prepara que é tiro.

Lembrando suavemente que eu não posto para o nada e que comentários fazem bem e deixam pessoas felizes.

Aproveitem.



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Remus pegou o álbum e o folheou distraidamente. Não prestava atenção nas fotos ali coladas, seria demais para si, entretanto, o sentimento de familiaridade que o acometia valia por tudo o que sentia – o coração destroçado e as lágrimas escorrendo sem controle eram apenas alguns poucos. Existiam mais evidencias de que estava destruído por dentro e por fora, mas Lupin não se importava muito com elas agora, porque seus olhos se fixaram em uma das fotografias: antiga, já um tanto amarelada e tirada com uma câmera trouxa por alguém desconhecido.

Estava parado na ponta mais à esquerda da linha que formaram para que todos pudessem aparecer. No dia, completara dezessete anos e Sirius empurrara para si uma garrafa de uísque de fogo grande demais para ser bebida sozinho. Seu rosto não continha tantas cicatrizes e marcas terríveis quanto nos dias de hoje e parecia mais leve, mais suave, como se não houvesse tantas preocupações e uma guerra murmurando em seus calcanhares. Seus olhos estavam vermelhos demais, como também estavam os dos outros Marotos. Drogados, pensou com um sorriso amargo tomando conta de sua face. Naqueles dias, era mais comum se drogar do que não.

Peter estava a seu lado, um copo de sabe-se-lá-o-que na mão e um cigarro, provavelmente, de maconha na outra. Havia um sorriso largo em seu rosto rechonchudo e rosado, e nem se assemelhava tanto com um rato como da última vez que pusera seus olhos naquele rosto. Parecia feliz de um modo genuíno, além de tão, tão infantil quanto um garotinho de estatura desproporcional à idade real. Tudo bem, deveria haver dito entre soluços altos, estávamos alterados demais para notar quão crianças erámos para estarmos neste estado miserável.

Sirius estava com braços circundando os ombros de James e Peter, mas ainda tinha dois copos nas mãos que ameaçavam caírem e se espatifarem no chão. Remus não conseguia se lembrar se aquilo ocorrera ou não, entretanto, o sorriso alheio e a expressão de quem está no espaço do Black diziam claramente que não se importava nem um pouco se acontecesse, apenas acharia mais bebida para “alegrar a noite”. E ainda havia o chapéu ridículo. Lupin sorriu, se recordava de forma breve das tentativas falhadas de James em conjurar algo decente, já estava alterado demais para o fazer.

Falando em Potter, ele parecia o deus que achava ser. Era o mais bem arrumado de todos os quatro embora a camiseta branca que usava estivesse com os botões inteiramente abertos e com uma mancha âmbar grande demais para ser ignorado. Os cabelos estavam mais confusos do que o habitual e seu sorriso era o típico de quando fazia algo errado. Se a memória de Remus não estivesse falhando ou se confundindo, mais tarde naquela noite seriam pegos pelos policiais trouxas tentando invadir uma casa pela segunda vez.

James sempre dava um jeito de livrar a nossa cara de problemas. Isso foi bem aproveitado nas duas vezes que falhamos, mas, sem dúvidas, pulamos cercas meia dúzia de vezes.

Lupin lembrou do velho fliperama que ficava na parte não-mágica de Godric’s Hollow. Eles sempre gastavam todas as libras-esterlinas que tinham nos bolsos lá e os donos os adoravam de todo o coração. Pelo o que sabia, o local fora incendiado em uma batalha bruxa que acontecera na vila e, agora, existia apenas uma modesta e comum casa no lugar. Ali, construíra boas memórias com os jogos simplistas em que Sirius e Peter eram ruins demais para compreender, mas que apreciavam assistir.

Remus era o melhor nos jogos mesmo que James fosse bom. Black costumava ter ataques de drama quando perdia miseravelmente até mesmo para Pettigrew. O lobisomem soluçou mais uma vez, por que tudo se perdera? Por qual motivo sua vida outrora perfeita fora arrancada de si pouco a pouco tão injustamente? Nunca quisera lutar uma guerra estúpida, porém, quando a vida lhe dera alguma chance de escolher seu futuro? Jamais, portanto, pegara sua varinha e correra para as lutas.

Lembrou-se de Hogwarts e dos sete anos que lá passara. Os melhores anos de sua vida, é claro. O local onde estudara era o melhor do mundo, contudo, quando estivera lá, possuíra mais o que fazer. Quantas vezes polira os troféus, afinal? Mais do que podia contar, James e Sirius, certamente, estiveram mais vezes do que ele próprio e Peter naquela sala repleta dos grandes nomes. Potter fizera questão de colocar o seu em uma das estatuetas douradas, Lupin também.

Viu uma foto de Emmeline rindo para o nada com fumaça deixando seus lábios. Fora sua primeira namorada, mas precisava agradecer os amigos por isso, sem eles, nunca faria o pedido e permaneceria a observando de longe como sempre. Se não estava enganado, ela tivera um filho que morrera antes dela própria falecer em 1996. Remus não viu por incontáveis anos, até que recebeu a notícia. Foi impossível não se sentir triste, porque a última visão que detivera dela era a de uma garota de vinte e um anos chorando com a notícia da morte de Marlene.

Lupin fechou o álbum, limpou as lágrimas e respirou fundo. Se levantou da cadeira gasta e pensou no que faria agora. Iria dormir como Tonks que já caíra em sono profundo junto de Teddy ou ficaria desperto? Se decidiu por um chá, não sem antes escutar a voz distante de Peter dizendo que ele era um homem de oitenta anos que gostava de chá quente e bibliotecas mofadas sem maiores atrativos.

Eu sinto falta daquela cidade,

Eu sinto falta dos rostos deles.

Você não pode apagar,

Você não pode substituir isso.

Eu sinto falta agora.

Não posso acreditar.

Tão difícil ficar,

Muito mais difícil partir.


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Notas finais do capítulo

Alguém chorou como eu? Se sim, deixa aí nos comentários que eu prometo que vou mandar um abraço por Sedex.

Alguma crítica? Sugestão? Correção? Elogio, comente!

Espero que tenham gostado!

Abraços,

Palavra Perdida.