Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 13
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/714874/chapter/13

Décimo Terceiro Capítulo ❣️

– Toma. - Felipe entregou uma camisa para Henrique das que sobrou de uma Campanha que eles fizeram na semana anterior. Henrique aceitou, vestindo-a, logo depois de ter ido ao banheiro para se livrar do suco derramado pela irmã de Shirlei em sua pele. - Agora me explica direitinho, o que aconteceu pra você ter aparecido aqui todo molhado desse jeito.

Abotoando os últimos botões da camisa, Henrique se pôs a explicar:

– Eu nem sei, cara. Só sei que quando eu dei por mim, aquela maluca tava encarnando a versão feminina do exorcista parte dois.

Felipe riu do exagero do amigo.

– Tá certo, pode até ter sido assim. - Felipe encostou o traseiro em sua mesa e cruzou os braços - Mas... conhecendo você como eu conheço, alguma coisa, você deve ter aprontado. Fala, Henrique, que foi que cê fez com a menina pra ela chegar a esse ponto?

Henrique desviou o olhar, desconfiado.

– Nada. Eu só... tranquei a porta pra gente ficar mais a vontade. Foi só isso. E não vou mentir que tentei me aproximar um pouco, quando senti que ela deu uma trégua. - Felipe olhou para o amigo, repreendendo-o. - Ah, Felipe, não me olha com essa cara. Cê sabe muito bem que eu sou assim! Que eu ajo assim e nunca deu errado!

Felipe levantou sem paciência.

– Mas eu achei que tivesse ficado muito claro naquela nossa última conversa que a Tancinha não era esse tipo de garota...?

– E ficou. Só que... Cara, você também sabe muito bem que eu nunca tive muita paciência pra esse tipo de garota.

Felipe deu dois passos na direção de Henrique, o mesmo estranhou o gesto.

– Mas vai ter. Sabe por quê? - Felipe segurou o colarinho da camisa de Henrique, o olhar entre ameaçador e desesperado. Henrique arregalou o olhar. - Porque foi você quem inventou aquela droga de despedida de solteiro, que me fez conhecer a Shirlei. E agora eu tô aqui... Apaixonado... e numa maldita contagem regressiva de vinte dias, vendo a hora perder a única mulher que, de verdade, eu não consigo mais me ver sem!

O interior do escritório de Felipe ficou silencioso, exceto pela respiração pesada do mesmo. Então pela primeira vez, depois daquelas palavras sinceras do amigo, Henrique não teve mais outra alternativa senão ajudá-lo.

– Qual era mesmo o telefone daquela floricultura que você me indicou? - Henrique perguntou, recebendo de Felipe um meio sorriso, agradecido.

**************************

Duas horas depois, Felipe estacionou o carro em frente à casa de Shirlei. Antes Henrique e ele haviam passado em uma floricultura para escolherem o mais lindo e vistoso buquê para que Henrique pudesse levar para Tancinha.

– Eu não tô acreditando que eu tô fazendo isso. - comentou Henrique, segurando o Buquê nos braços, enquanto retirava o cinto de segurança. - Já tô até com medo do que aquela maluca vai tentar fazer comigo quando me ver.

– Relaxa, Henrique. - Felipe falou, também retirando o cinto - É só você fazer do jeito que a gente combinou e eu garanto que vai dar tudo certo.

Henrique revirou os olhos e abrindo a porta do carro, saiu do mesmo.

– Será que ela vai tá em casa? - Henrique perguntou, mais querendo escapar do que por interesse em saber.

– Vai. Tenho certeza. Hoje a Shirlei e ela não trabalham na Cantina. A Cris ligou pra Carol pra se certificar.

Henrique forçou um sorriso.

– Que ótimo. - Henrique falou, desanimado. - Então vamos, né?!

– Vamos sim. - Felipe concordou. E os dois caminharam na direção da casa de Shirlei.

Quando chegaram lá, Felipe bateu na porta e após cinco batidas, a mesma foi aberta devagar.

– Felipe?! - Shirlei estranhou ao vê-lo ali aquela hora e sem aviso prévio.

– Oi, Shirlei. - Felipe sorriu, os olhos brilharam quando a viram.

Ela sorriu em resposta e só aí se deu conta de que ele não estava sozinho. Virou a cabeça de lado, confusa.

– Henrique?! Você por aqui? Não tô entendendo. E essas flores, são pra quem?

– São pra sua irmã, Shirlei. - Felipe respondeu no lugar do amigo. - O Henrique veio aqui se desculpar com ela pelo que fez hoje.

– É, eu vim. - Concordou Henrique, com uma expressão emburrada.

Shirlei arregalou o olhar, espantada, e querendo rir da situação de Henrique que mal aparecia em meio as flores do buquê, que o escondiam.

– Olha, eu não sei se é uma boa ideia conversar com a Tancinha hoje não porque, como ela mesmo diz, hoje ela chegou da Peripécia com os ovo virado. - Shirlei aconselhou.

Henrique engoliu a seco, medroso.

– Viu? Melhor escutar a Shirlei e voltar outra hora. - Henrique disse, já dando meia volta.

Mas Henrique segurou o braço dele, impedindo-o.

– Nada disso. Espera, Henrique... - Felipe pediu ao amigo, para em seguida se dirigir para Shirlei. - Shirlei, será que você não pode falar com ela, sei lá, tentar convencer ela a escutar o pedido de desculpas do Henrique?

Shirlei deu um sorriso sem graça.

– Eu posso tentar, mas... Não posso garantir nada.

Felipe sorriu, esperançoso.

– Sem problema. A gente espera você aqui. Pode ser?

Shirlei assentiu com a cabeça, e subindo as escadas, sumiu no andar de cima.

– Tancinha, tem uma pessoa aí embaixo querendo falar com você. - Shirlei anunciou com a porta do quarto da irmã, entreaberta.

Tancinha, que naquele momento estava dobrando algumas roupas para guardar no armário, virou o rosto em direção à porta.

– Ma quem que tá lá embaixo?

Shirlei entrou no quarto e fechou a porta atras de si, pois sabia que vinha grito por ai, com certeza.

– É o Felipe junto com o... Henrique.

Tancinha fechou a cara, irritada.

– Ma o que é que esse carcamano tá me fazendo aqui? Tá me querendo levar outra copo de suco na cara?

– Não. Calma, Tancinha! Pelo contrário, ele veio aqui pra te pedir desculpas. Trouxe flores e tudo.

Tancinha levantou o queixo, sem querer dar o braço a torcer.

– Ma se ele acha que só porque trouxe flor, eu me vou deixar que ele venha com os inxirimento dele, ma ele tá muito do enganado!

Shirlei se segurou para não rir. Sua irmã muitas vezes conseguia ser muito exagerada.

– Tancinha, ele me pareceu bem sincero. Acho que ele tá arrependido, oh. Por que você não vai lá e escuta ele? Só escuta. Aí se você achar que ele ainda tá brincando com você, sei lá, você vai lá e bota ele de casa pra fora. - Shirlei deu a dica, sabendo que aquilo era um perigo, pois a irmã era bem capaz de fazer aquilo mesmo.

– Ma eu me boto mesmo. Cê sabe que eu me boto! - Tancinha concordou.

– Então, cê vai descer? - Shirlei quis saber, esperançosa.

Tancinha ficou pensativa.

– Tá certo. Eu me vou. Ma eu só me espero que esse Henrico aí num me encha os pacová que hoje eu num tô boa!

Shirlei arregalou o olhar, sorrindo. Depois as duas saíram do quarto, e desceram para sala onde Felipe e Henrique as esperavam, sentados no sofá.

Assim que Henrique e Felipe as viram se levantaram ao mesmo tempo. Tancinha cruzou os braços, fuzilando Henrique com o olhar. E Felipe deu um pequeno empurrãozinho no amigo para que ele começasse a falar.

– Oi, Tancinha, tudo bem? - Henrique cumprimentou.

– Tudo bem. - Respondeu Tancinha, seca. - Ma o quê que cê tá me fazendo aqui? Posso saber?

Henrique olhou para Felipe, buscando apoio do amigo, que o deu através do olhar.

– Eu vim porque... - pigarreou antes de continuar - Eu trouxe isso aqui pra você... - Henrique esticou os braços, mostrando o buquê para Tancinha, que não segurou de imediato - Como um pedido de desculpas pelo que eu fiz hoje. Não vai pegar?

– Não. Eu não me vou pegar. Sabe por quê? Porque eu não me sou esse tipo de mulher que me é comprada com Flor. Tá pensando o quê?!

Henrique arregalou o olhar e encarou Felipe, pedindo arrego . Mas o amigo não tinha mais o que dizer ou fazer. Tancinha havia vencido.

– Tudo bem - Henrique começou a falar - você pode até não querer receber as flores, mas você tem que escutar uma coisa: Eu errei com você. Errei feio. E não tem como apagar o que eu fiz. Eu achei que você era como todas as mulheres que eu sou acostumado, mas você não é, você é diferente, mas até eu descobri, já estava todo ensopado de suco. O que eu podia fazer? Nada. A não ser vencer o meu orgulho e vir até aqui com a droga de um buque na mão e te pedir desculpas, mesmo correndo o risco de levar outro copo de suco na cara. Enfim... Acho que todos temos direito a uma segunda chance. Só estou aqui por esse direito. Se você estiver disposta, pega essas flores, senão eu vou embora daqui e você pode ter certeza que eu nunca mais vou encher seus pacová de novo!

Todos olharam admirados para Henrique, principalmente Felipe, que nunca imaginou que o amigo pudesse falar daquela forma, com sentimento.

Tancinha, por sua vez, ao ouvir a palavra "pacová" não se conteve e sorriu com o rosto corado. Depois, para alívio de todos, segurou o buquê.

– Isso significa uma segunda chance? Henrique perguntou, ansioso.

– É. Ma vê se não me abusa e num me faz besteira.

Henrique sorriu, satisfeito. Então decidiu ir direto para a segunda parte do plano, que no fundo, era pra isso que ele estava ali.

– Então se é assim, será que você... aceita... sei lá, sair comigo?

Tancinha franziu a testa, indignada. E já ia soltar uns desaforos, mas Henrique já tinha tudo nos conformes para esse tipo de reação.

– Calma, Tancinha, só pra você não pensar que eu já estou com segundas intenções, se você quiser, você pode levar a Shirlei junto, aí eu levo o Felipe e pronto, vamos os quatro. Quê que cê acha?

– A gente...? - Shirlei estranhou - Ir com vocês?

– Por mim, não tem problema nenhum. - Felipe falou, calmo.

Henrique passou o braço em volta do ombros de Felipe.

– Viu? Problema nenhum. A gente pode passar pra pegar vocês? Num sei, hoje à noite, às oito?

Tancinha pegou na mão da irmã, sorrindo, entusiasmada. Shirlei não teve mais coragem de negar.

– Combinado. - Shirlei respondeu pelas duas. E Felipe não conseguiu conter o sorriso que se abriu em seu rosto.

– Ótimo. - Henrique falou. - Então a gente já vai indo porque... a gente ainda tem que voltar pra Peripécia pra resolver alguns pepinos por lá. Vamos lá, amigão?

Felipe assentiu.

– Vamos sim.

– Eu acompanho vocês até a porta. - Shirlei disse, caminhando juntos com eles até a porta.

Chegando lá, Henrique se despediu logo, e saiu, deixando Felipe sozinho com Shirlei.

– Shirlei, brigado por ter ajudado o Henrique com a sua irmã. E... eu sei que você deve tá achando um saco essa história de ter que sair com eles mas...

– Não, imagina - Shirlei falou antes dele continuar - acho até que vai ser bem divertido.

Felipe sorriu, aliviado.

– Que bom que você pensa assim. Então... até mais tarde?

Shirlei sorriu com ternura.

– Até mais tarde, Felipe. - ela disse e subindo na ponta dos pés, tascou um beijo no rosto de Felipe, que instantaneamente, tocou com os dedos o local onde ela o beijou.

Então os dois sorriram um para o outro e Felipe saiu, fechando a porta atras de si.

******************************

À noite, Henrique e Felipe foram pontuais e buscaram Tancinha e Shirlei que há os esperavam na calçada. As duas haviam caprichado. Shirlei escolheu um vestido lindo e estava usando saltos, enquanto Tancinha se decidiu por um verde que delineava suas curvas. Os olhos dos dois rapazes brilharam diante de suas garotas. Mas eles também estavam impecáveis.

O lugar que Henrique escolheu para aquela noite foi um restaurante-danceteria, que ficava em um bairro nobre de São Paulo. Ao chegarem lá, decidiu ficar no primeiro andar, que era onde se situava o melhor espaço e as melhores mesas, além de haver um espaço privilegiado para casais, que era uma varanda, que ficava à frente.

– Gostaram do lugar, meninas? - Henrique perguntou, quando eles se sentaram à mesa.

– Ma eu nunca que me conheci lugar tão chique! - Tancinha elogiou, com um sorriso aberto.

– Eu tenho que concordar com a minha irmã. Realmente aqui é muito lindo. - Shirlei concordou, sorrindo. - Acho até que tô com um pouco de vergonha. Porque... Olha o jeito como eu tô vestida em comparação com todo mundo aqui?

Felipe, que até então, não tinha tirado os olhos um só segundo de Shirlei, aproximou o rosto do Dela.

– Garanto que você brilha mais do que todas essas meninas juntas.

Shirlei sorriu, corando. E Felipe continuou encarando-a.

Enquanto isso, Henrique pegou o cardápio e fez alguns pedidos, combinando todos com Tancinha, que o fazia rir muito com suas opiniões.

A música do restaurante ficou mais alta, atraindo alguns casais para pista de dança, que ficava bem no centro, entre as mesas. Felipe quis chamar Shirlei para dançar, mas achou melhor esperar um pouco mais, afinal, eles haviam acabado de chegar. Entretanto se ele soubesse o que ia acontecer em seguida, jamais teria pensado daquela forma...

Felipe estava entretido, bebendo um gole de sua bebida, quando sentiu duas mãos femininas, vindas de detrás dele, acariciarem seu tórax, descendo até o seu abdome.

– Oi Lipe. - ronronou uma voz feminina no ouvido de Felipe, atraindo a atenção de todos.

Ao reconhecer a voz, Felipe gelou.

– Helô?! O que cê tá fazendo aqui?

Ela deu um beijo demorado na bochecha dele e puxando uma cadeira se sentou ao seu lado.

– O mesmo que você. Me divertindo. - Ela respondeu, naturalmente.

Felipe olhou para Henrique, buscando uma explicação para a presença daquela mulher ali. Henrique deu de ombros e pelo olhar disse que não tinha nada a ver com aquilo. Depois ele mirou Shirlei, que o encarava, claramente, chateada.

Retirou os braços de Helô de cima dele.

– Helô, Henrique você já conhece. Mas essas são: Shirlei e Tancinha.

Helô esticou o braço e segurou a mão de Henrique, dando um leve aperto.

– Oi, querido. - Abriu um sorriso sedutor, ao que foi correspondido pelo publicitário. - E oi pra vocês, gatas!

Tancinha forçou um sorriso, pois de cara, não foi com a cara de Helô.

– A gente meio que já se falou pelo celular, lembra? - Shirlei provocou.

– Ah, é! Tô lembrada de você sim. Mas parece que você se esqueceu de dar o recado porque o Lipe não ligou pra mim naquele dia.

– Ah, vai ver o "Lipe" que se esqueceu de te ligar porque o recado eu me lembro muito bem de ter dado.

Felipe sorriu, pois com aquela frase dava pra se ver muito bem que Shirlei estava com ciúmes de Helô.

Helô fuzilou Shirlei com o olhar. E a mesma desviou o seu com raiva.

– Lipe, vamos dançar? - Helô pediu, com voz sedutora, alisando o tórax de Felipe, diante do olhar atento de Shirlei, que mais uma vez teve que desviar o olhar.

Felipe retirou a mão de Helô do peito dele pela segunda vê naquela noite.

– Não, Helô... talvez mais tarde.

Helô revirou os olhos e tomou um gole grande de sua bebida, antes de resmungar:

– Ai, Lipe, hoje você tá muito chato!

Felipe deu um suspiro profundo, impaciente. Mas Helô não arredou pé, continuou ali grudada nele, balançando o corpo ao ritmo da música.

Mas foi aí, que em meio a tudo isso, o celular de Shirlei vibrou em sua bolsa e sem dizer uma só palavra, apenas para a irmã, ela saiu para atender. Felipe, que estava tentando se livrar de Helô, só veio se dar conta da ausência de sua amada, quando se virou para finalmente chamá-la para dançar, coisa que já devia ter feito há mais tempo, se soubesse que Helô apareceria para atrapalha-lo.

– Cadê a Shirlei? - ele perguntou, olhando de um lado para o outro.

– Ela saiu pra me atender o telefone. - Tancinha respondeu. - Acho que pela hora, me deve ser o noivo Dela.

Felipe trincou os dentes de raiva. Mas em vez de se dar por vencido, ele se levantou.

– Eu vou... lá no bar pegar uma bebida pra mim.

Henrique foi o único que entendeu o que o amigo ia realmente fazer.

– Eu vou com você. - Helô se ofereceu.

Felipe negou com a cabeça.

– Não. Você fica. Eu quero ir sozinho. - E o olhar que ele lançou pra ela foi tão firme que ela nem se atreveu a contestar, permanecendo bem quietinha onde estava.

Felipe saiu sem rumo para procurar Shirlei. Seja lá onde ela estivesse, ele a iria encontrá-la. Mas ele tinha um palpite que talvez estivesse certo. A varanda.

Atravessando até o outro lado do restaurante, chegou até uma grande porta de vidro que dava para a famosa varanda dos casais. Abriu-a e para sua surpresa não havia nenhum casal, apenas uma garota, pendurada no celular. Shirlei.

Caminhou em direção a ela, silenciosamente, ficando a alguns passos de distância. E esperou até que ela terminasse a ligação, com as mãos dentro dos bolsos.

Cinco minutos depois, houve a despedida e Shirlei desligou o celular. Mas não se virou. Em vez disso, caminhou até o parapeito e ficou ali apoiada, olhando para lua cheia, que iluminava seu rosto.

Felipe a acompanhou com o olhar, incerto se deveria se aproximar ou se ela preferia ficar sozinha. Entretanto, após alguns segundos, decidiu se recostar no parapeito, bem ao lado dela.

Shirlei sentiu a presença de alguém ao seu lado, baixou o rosto e olhou para o lado. Seu coração disparou ao se deparar com Felipe, iluminado pela luz da lua.

– Felipe?! O que cê tá fazendo aqui fora?

– Eu vim tomar um ar. - Felipe respondeu, olhando pra ela com o canto dos olhos.

Shirlei ficou tão perturbada com a presença dele, que achou melhor sair dali o mais rápido possível.

– Acho melhor a gente voltar pra mesa e... - Shirlei começou a falar, já se afastando do parapeito, mas Felipe foi mais rápido, segurando seu pulso, impedindo-a.

– Quando você pretendia me contar, Shirlei? - Felipe quis saber, os olhos fixos nos olhos de Shirlei, sem soltar o pulso Dela.

Shirlei franziu a testa.

– Quando eu pretendia contar o quê?

– Quando você pretendia me contar que ia viajar pro Chile daqui a vinte dias.

Shirlei estreitou os olhos, indignada.

– Espera, você andou mexendo nas minhas coisas?

– Não, a Carmela me contou. Então é verdade? Você vai mesmo viajar?

– A Carmela não tinha nada que ter te contado. E sim. Eu vou viajar sim.

Felipe soltou o pulso Dela com força, chateado. Depois colocou as mãos na cintura, indignado.

– Como você pode falar isso assim, Shirlei?

– E você queria que eu falasse isso como? - O tórax de Felipe subia e descia em um ritmo frenético. Shirlei não conseguia compreender aquela reação. - Eu vou voltar pra mesa. - Ela disse, mas mais uma vez, Felipe a impediu. Só que dessa vez, ele a segurou pela cintura e a prensou contra o parapeito, aproximando seu corpo do Dela e ainda prendendo-a com um braço de cada lado do corpo Dela, segurando o parapeito.

– Não, Shirlei, daqui você não sai, enquanto a gente não esclarecer algumas coisinhas.

Shirlei tentou empurra-lo. Em vão. Ele não moveu um só milímetro.

– Felipe, a gente não tem nada pra esclarecer!

– Tem sim. A gente tem, Shirlei. Porque eu quero deixar bem claro que você não vai viajar pra porcaria de Chile nenhum!

– Você não manda em mim, Felipe!

– Não. Mas... Eu tenho vinte dias, num tenho? Então? Eu vou te provar que você não quer ficar com ele, que é a mim que você quer.

Shirlei soltou uma risada. Uma mistura de nervosismo com sarcasmo.

– Ai, Felipe, larga mão de ser convencido!

– Ah, é?! Eu sou convencido? Então por que você tava toda cheia de ciúmes hoje com a Helô?

Shirlei franziu a testa indignada.

– Eu não tava com ciúmes da Helô. Por mim você pode ficar com quem você quiser, contanto que você me deixe em paz!

– Pois não foi o que pareceu lá na mesa. Tava cheia de ciúmes sim.

– Ah, faça me o favor, Felipe! - Shirlei exclamou, tentando empurra-lo uma vez mais, sem sucesso. - Será que dá pra você me soltar?

Mas em vez dele soltar, ele grudou mais o corpo no Dela, pressionando-a ainda mais no parapeito. Então ele aproximou o rosto do pescoço Dela, cheirando o seu cabelo e depois de afastá-lo, começou a beija-la ali, provocando-lhe arrepios.

– Felipe, o que cê tá fazendo? - Shirlei murmurou, quase sem voz e remexendo o pescoço por conta dos arrepios.

– Te mostrando um pouco... - Felipe ia sussurrando com a voz rouca, enquanto ia subindo os beijos até o maxilar, onde deu uma leve mordiscada. - ... do que você pode perder... - chegou até o lóbulo da orelha Dela, que mordeu e lambeu demoradamente. - ... se você viajar para o Chile.

– Para com isso, Felipe. - Shirlei pediu, apesar de se sentir totalmente entregue as carícias.

Felipe olhou bem nos olhos dela. Depois desceu o olhar para os lábios Dela, cheio de desejo.

– Me beija, Shirlei. - Felipe pediu, quase implorando, a voz rouca.

Ela engoliu a seco. Sabia que se acontecesse, ela teria de tomar a iniciativa, por isso ele tinha pedido.

– Eu não posso, Felipe, tenta entender...

Felipe levantou o olhar pra ela, mas agora seus olhos não traduziam desejo e sim... tristeza, magoa... ela não soube ao certo traduzir. Então, de súbito, ele a soltou e virou de costas pra ela, indo embora.

Uma sensação de vazio tomou conta do coração de Shirlei. Uma dor lancinante atravessou seu coração ao vê-lo indo embora daquela maneira, por isso, sem pensar nas consequências de seu gesto, ela deu alguns passos em direção a Felipe e segurou seu braço, impedindo-o de continuar.

Quando ele se virou para ela, Shirlei percebeu que havia lágrimas em seus olhos e foi isso que lhe deu forças para fazer o que fez em seguida quando ela o puxou pelo colarinho e pressionou seus lábios contra os dele, beijando-o.

Sem pensar duas vezes e antes que ela pudesse cair em si, Felipe segurou a nuca Dela com a mão esquerda, enfiando os dedos nos cabelos Dela, e enlaçou sua cintura com a mão direita, conduzindo-a até o parapeito, onde imprensou-a com o próprio corpo.

Shirlei gemeu ao sentir o corpo dele grudando em seu corpo. Felipe abriu mais a boca, obrigando-a a abrir ainda mais a sua para que os dois tomassem fôlego. Shirlei pressionava as mãos nas costas de Felipe, de cima pra baixo, de baixo pra cima, com ânsia, até que suas mãos alcançaram a nuca dele e seus dedos adentraram e repuxaram os cabelos dele, enquanto os beijos de Felipe já começavam a descer pelo pescoço, fazendo-a arquear o corpo para dar mais espaço para ele.

Quando ele voltou a beijar os lábios Dela, a mão dele desceu para cintura Dela, depois coxa, acariciando-a e apertando-a, até que ele mordeu o lábio inferior Dela, puxando-o para si, com ela abafando um gemido e...

– Agora eu entendi por que você não quis dançar comigo!!!!! - Esbravejou uma voz feminina, acabando com todo o clima entre o casal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando o Amor acontece" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.