Reino da Magia escrita por semita13


Capítulo 7
Vá para o Castelo!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/714864/chapter/7

         O barulho e a fumaça chama a atenção dos guardas. Assim que um deles tira o cadeado da porta daquela carroça-prisão ele é arremessado ao chão devido à violência dos garotos, que saem empurrando, gritando e tossindo, correndo em disparada. Os maiores ficam próximos à carroça e são os primeiros a serem pegos, se é que queriam fugir. O restante foge em várias direções. Lucius chama Nicolas para irem até o interior da floresta. A última a sair da carroça é Serena. Em meio ao fogo e a fumaça ela sai tranquila, a tempo de ver os guardas correndo atrás dos garotos. A carroça com os garotos era a única que estava naquela área. Olhando em direção à estrada ela vê as outras carroças e mais guardas que vinham ao auxílio dos outros. Ao vê-los ela imediatamente também sai correndo para a floresta.

        Enquanto alguns guardas tentam apagar o pequeno incêndio, outros perseguem os fugitivos. Nicolas decide seguir sozinho e procura se afastar de Lucius, juntos será mais fácil serem pegos. Além do que Lucius não estava conseguindo acompanhar seu ritmo. Mesmo assim o segue, orientando Nicolas a ir para o caminho certo. Nicolas começa a se aborrecer com a insistência de Lucius. Ele corre em zigue-zague por entre as árvores, muda de direção, mas não consegue se livrar do garoto. De repente Lucius esbarra nele, que já o esperava próximo de uma árvore.

—Ops! Me... Desculpe...

—Ei, cara! Por que é que você não larga do meu pé? Não percebeu? Já estamos livres. Siga teu rumo que eu sigo o meu.

—Eu achei que... Nós temos que encontrar a passagem.

—Passagem? Lá vem esse papo de ‘nós’ de novo. Você parece ser mais estranho do que a Cabelo de Fogo.

—Cabelo de Fogo? Ah... Está falando da Serena!

—É! Tudo bando de gente esquisita. Eu sou apenas Nicolas West, filho de um taverneiro, que vive uma vida normal com pessoas normais. O meu ‘nós’ é diferente dos seus ‘nós’. Eu não sou como vocês: estranhos, medonhos, que fazem coisas estranhas. Eu não sou assim... Eu não quero ti ver e nem aquela garota nunca mais na minha vida, TÁ! Adeus!

         Nicolas cerra o cenho e dá as costas para Lucius. Mas assim que olha para frente dá de cara com Serena.

—Oi!

—AAAAA... – grita Nicolas, que sai correndo.

—O que deu nele? - pergunta ela para Lucius, que faz um movimento com os ombros indicando não saber. Eles são interrompidos pelos três irmãos entristecidos que passam correndo perto deles com os guardas logo atrás. - Tá bem! Vá atrás dele, precisamos encontrar as passagens. Eu vou tentar ajudar os outros.

          Nicolas para um pouco para descansar. Não demora muito e ele ouve alguém lhe chamando. Era Lucius que se aproximava. “Droga, esse imbecil vai alertar os guardas!”. Lucius o alcança, mas Nicolas não o espera e volta a correr por entre os arbustos e as árvores. Durante a fuga ele pede ajuda a Lucas. Ao passar por uma árvore de tronco largo, Lucius percebe que Nicolas corre mais rápido.

—Ei... Nicolas... Me espera...

       Nicolas vê Lucius se distanciando, correndo atrás de Lucas, enquanto ele está encostado na árvore de tronco largo. Ele prossegue indo em outra direção.

         Serena procura pelos três irmãos. No caminho percebe que alguns garotos foram recapturados. Ela continua correndo. “Deve está perto, eu posso sentir”.

         Depois de certo tempo Lucius diminui os passos, ele não consegue mais ver por onde Nicolas foi, até parece que desapareceu. De repente ele ouve o barulho de galhos quebrando. Achando que pode ser Nicolas, vai em direção ao som. Infelizmente eram três guardas abrindo caminho entre os arbustos com suas espadas. Lucius é localizado e volta a correr, mas os guardas logo o cercam. Ele procura se esconder próximo a uma árvore cercada por arbustos. Agachado e com a respiração ofegante, torce para não ser visto, encostando-se de costas na árvore. Olha para o chão, vendo os pés dos guardas que se aproximam. O vento proveniente do golpe de uma espada passa rente ao seu nariz, cortando ao meio o arbusto que o ocultava.

—Te achei, moleque!

         O susto foi tão grande que Lucius só tem tempo de fechar os olhos. De repente ele perde o apoio em suas costas, dá uma cambalhota para trás e sai rolando pelo chão cheio de folhas secas. Recuperado do susto ele senta, ainda no chão. “O que houve com a árvore?”. Ele se lembra de estar encostado numa árvore. Aos poucos se levanta, olha ao redor e percebe que, mesmo estando ainda na floresta, ali parecia outro lugar. Havia uma atmosfera diferente no ar. Ele observa a árvore a sua frente e para sua surpresa vê os três guardas que o perseguiam saírem de dentro dela. Rapidamente volta a correr. Parece que os guardas nem perceberam a mudança de ambiente. De espadas nas mãos, voltam a perseguir o garoto. Ao virar à esquerda, passando por um grupo de árvores, Lucius vê mais a frente uma senhora que recolhia gravetos e vai em direção a ela. Ela nota sua presença e para o que estava fazendo, soltando os gravetos no chão. Cansado, ele olha ao redor e vê, não muito longe, um pequeno casebre, certamente a moradia daquela idosa. Os guardas alcançam Lucius. A senhora percebe a movimentação dos guardas e depois o encara.

—Venha! - diz a senhora, fazendo um gesto com as mãos para que ele fosse para perto dela.

       Sem alternativas ele a obedece. E enquanto se aproxima a examina. Ela usa um vestido simples, de camponesa, com um xale cobrindo os ombros e um lenço bege na cabeça. Sua face aparenta a idade de uns setenta anos. Tem belos olhos verdes e cabelos ruivos misturados com fios brancos.

—Er... Oi! - diz Lucius.

—Criança...

—Parado aí, garoto, agora você não tem pra onde ir! – diz um dos guardas interrompendo a senhora. Os três, lado a lado, caminham na direção deles. O que está ao centro toma a palavra - Dá licença, Dona! Esse garoto está conosco.

         Inesperadamente, a senhora puxa Lucius para trás, ficando na frente dele. Os guardas se olham e o que estava ao centro volta a falar.

—Escuta aqui, Senhora! Não queremos machucar ninguém. Saia da frente!

—Parece que a magia de Cabum anda diminuindo. Isso é ruim, não é a primeira vez que acontece. Hunf! Aquela menina, sempre querendo resolver tudo sozinha.

            Lucius não compreende do que ela falava. Os guardas mostram suas espadas.

—Não tem ninguém olhando, velha! Vamos levar o garoto, de um jeito ou de outro.

—O que a Senhora disse? - pergunta Lucius.

—Magia aciona as passagens para esta área da floresta. – responde a senhora, de costas para ele. - Infelizmente pessoas normais acabam passando também porque gente sem experiência acaba deixando elas abertas por mais tempo do que o necessário. Não se preocupe, filho! Deixe-os comigo. Vá para o castelo!

—Mas... - Lucius nota que ela olha fixamente para os guardas.

—O-o que está acontecendo? - o guarda ao centro começa a tremer-se todo. Os outros também, porém nenhum consegue dar mais um passo a frente. - E-eu... Eu não consigo me mexer!

          Lucius observa-os admirado. Eles tremiam, mas não era de medo. Era a vontade de mexer o corpo, que não os obedecia. Estavam paralisados. A senhora vai até o guarda ao centro. Sorrindo, ela olha para o rosto assustado daquele homem. Depois lhe dá as costas e vira-se para Lucius.

—Vá para o castelo, garoto! E não se preocupe com eles, eu...

          De repente seu corpo é arremessado ao chão devido a uma forte pancada nas costas. Lucius corre para auxiliá-la. Ele fica de joelhos ao lado dela, que ainda no chão, gira o corpo na direção dos guardas. Eles estavam livres do seu encanto.

—Você... Você é uma bruxa! - diz o guarda, ofegante.

—A senhora está bem? - pergunta Lucius, examinando com os olhos as costas dela. “Parece que o golpe não foi com o gume da espada, senhora de sorte”.

          Os guardas se preparam para atacar. O que havia dado o primeiro golpe solta um grito e ergue a espada para desferir um golpe fatal na senhora ainda no chão, nos braços de Lucius.

—Nãããooo... - grita Lucius.

          Ele levanta um dos braços e faz um sinal com a mão para que o guarda pare, como se fosse possível aquele simples gesto deter o golpe de uma espada. Um vento forte surge e empurra o guarda, derrubando-o. Os outros vão ajudá-lo. A atenção de Lucius se volta para a senhora, que agarra sua mão e mexendo em seus dedos cria uma posição, deixando-os eretos, exceto o polegar que permanecia dobrado.

—Assim... Aponte a palma da mão pra eles e diga ‘Impactus’!

—O que? Pra quê isso?

—FAÇA! - insiste a senhora. Ele a obedece.

IMPACTUS!

          Um forte vento passar por eles e agita a folhagem, alcançando folhas, galhos e os guardas, que são erguidos do chão aos berros. Seus corpos são lançados para longe deles e param ao atingirem as árvores. A pancada é forte e eles caem inconscientes.  A senhora se levanta, ajudada por Lucius. Ela tira a poeira do vestido e depois leva uma das mãos até as costas, local do golpe do guarda.

—A senhora está bem?

—Já não estou tão forte como há sete anos. Eh! Eh! Eh! - ela olha para os corpos estirados no chão e estende o braço direito na direção deles. E faz um movimento com a mão aberta, como se joga-se algo para cima. – Herbarium!

    As árvores próximas aos guardas se agitam, se mexem freneticamente e se dobram, curvando os troncos sobre eles. Os galhos se enrolam e prendem seus corpos que aos poucos vão sendo absorvidos para dentro das árvores, até desaparecerem.

—Minha nossa!

—Não se preocupe filho! As árvores vão jogá-los para fora da floresta. Eles não voltarão a nos ver de novo. Eh! Então você é um aerífero? Eu conheci alguém assim como você. Qual é o seu nome? Pode me chamar de... Sassá!

—Sassá? Há! Ah... Me desculpa! O meu nome é Lucius. - responde o garoto, que diante de tantas palavras estranhas a que mais lhe chamou a atenção foi o nome da senhora.

—Tudo bem! Todos têm essa primeira impressão. Ah! Ah! Ah! Agora vá encontrar seus amigos e vão para o castelo. Se não me engano, está quase na hora. - Ela olha para cima, como se visse as horas olhando para o céu. - Vá para o castelo! Vá!

          Lucius acena afirmativamente com a cabeça e se despede dela. O que aconteceu ali foi incrível. Ele se anima e volta a correr. Estava no caminho certo, precisava achar Nicolas e Serena. Agora ele tem certeza que o castelo existe e sente que está mais próximo de cumprir o seu objetivo. “Mãe! Pai! Eu vou aprender tudo que puder, vou me esforçar ao máximo e então... Vou atrás dela. E vou matá-la. Justiça será feita mãe, pai... Eu prometo!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reino da Magia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.