Lado Obscuro escrita por suellencraft


Capítulo 7
Capítulo 7 - Acidentes do Destino


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelos meus erros de postagem, agendei o post errado e o 7 saiu antes do 6, mas agora arrumei.
Quem já leu o 7 volta pro 6 por favor hhahahah
Perdoem-me, bitches ♥



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— ...e agora estou sozinha aqui. – terminou Alexia, fungando. Contar o que havia acontecido para as quatro meninas tinha sido difícil, mas no fim, estava se sentindo mais leve. Limpou o nariz com o lenço de papel. Ao lado do sofá estava um balde cheio de lenço usado, onde ela acrescentou mais um. É, provavelmente exagerou um pouco no choro.

No chão, além de Ally, Brenda e Samara sentadas com pernas de índio, havia quatro potes de sorvete. Bom... Vazias.

— Por que raios você não nos contou sobre a ligação no colégio? – perguntou Ally, ainda digerindo as informações.

— Porque eu tinha esperanças de que fosse apenas uma brincadeira dele.

— Então... Kentin foi embora por causa daquela lambisgoia da Ambre? – sibilou Samara entre os dentes trincados de raiva. – Eu vou acabar com a raça dela!

 - Acredite, Samy, todo mundo quer acabar com ela, mas ninguém consegue. Aquelazinha sempre consegue se safar das coisas e sair como a vítima. Já perdi a conta de quantas pessoas foram mandadas para diretoria por causa dela. – disse Rosa revirando os seus olhos dourados com nojo total. – Garota ridícula. Uma pena que a máscara de víbora dela não cai.

 - Rosa... Aquela Sarah, você disse ela é pior do que a Ambre. Pode explicar o motivo dessa afirmação? – questionou Ally, remexendo levemente nos fios roxos de Brenda sentada ao seu lado. A vitoriana fechou a cara diante da pergunta. Ela abaixou o corpo em direção às três meninas sentadas no chão e esboçou um olhar medonho.

— A Sarah é como Deus. Ela parece ser onipresente. Conhece todos os segredos de todo mundo de alguma forma que não descobrimos ainda. Se você vai para o Canadá nas férias e toma um tombo ridículo num parquinho deserto, ela fica sabendo, mesmo que ela não tenha saído de casa as férias inteiras. – falou Rosa sinistramente.

— Credo... – arrepiou-se Ally, passando as mãos nos braços. – Mas como será que ela faz isso?

Samara se remexeu discretamente e desviou o olhar para a janela da sala, parecendo pouco à vontade com a conversa. Ninguém reparou, exceto Alexia, que não comentou nada. Estava ocupada demais limpando o próprio nariz. De novo.

— Ninguém nunca descobriu. Até os segredos mais profundos das pessoas ela sabe. E o pior... – continuou Rosa, fazendo gesto de mistério com as mãos. – Ela usa esse conhecimento para te ameaçar. Obrigar todo mundo a fazer o que ela quer. Aquela carinha de anjo é pura fachada, queridas.

Brenda estremeceu. Havia sido arrastada até a casa daquela guria de cabelos azuis pela prima vitoriana (contra a sua vontade, vale frisar). No começo, ficou com pena da guria e arranjou sorvete para alegrar um pouco a criatura. De acordo com os seus planos, isso faria ela parar de chorar, e depois as meninas iam escutar a sua história triste... E nessa hora ela colocaria os seus fones e ignoraria tudo. Porém, o plano foi totalmente esquecido. A história da garota estava muito interessante. “Amigo abandona amiga depois de ser humilhado por uma garota. Pai o obriga a virar homem. A garota que o humilhou é uma lasbisgoia. E essa garota tem uma amiga que sabe de tudo sobre todos”. Parece até novela mexicana misturada ao filme do Harry Potter. E Brenda adorava esse tipo de coisa. Sobrenatural, mistério, drama. Acreditava que era tudo imaginação das pessoas, mas gostava mesmo assim. Além do mais, simpatizou com as garotas que estavam ali.

— Obrigada por terem me aturado a tarde toda, meninas. – disse Alexia com o nariz vermelho. Olhou para a janela e reparou que o céu já tinha escurecido. Rosa sorriu e a puxou para um abraço. Ela não teve como deixar de sorrir também. Olhando nos três rostos por cima do ombro de Rosa, Alexia se sentiu querida. Afinal, não é todo dia que você conhece alguém e no mesmo dia ela prova que a amizade é para valer. Apenas amigas de verdade passariam a tarde inteira aguentando um choro incessante sem reclamar. No caso, Lex ganhou três amigas novas e que valem a pena em um único dia.

***

Depois de devolver o carro a dono legítimo, Giles chegou em casa querendo se enfiar num buraco e sumir. Sabia muito bem o que lhe esperava.

Abriu a porta e lá estava ela. Com os braços cruzados e uma expressão assassina. Bom, ele não pode culpa-la, já que foi ele que saiu correndo de casa sem explicação nenhuma depois de receber uma ligação do filho que ela fingia ser dela.

Agora teria que se explicar para a sua querida Manon. Mas o que ele vai poder dizer? ”Então, querida, eu acabei de mandar o meu filho para aquela escola especial da qual você não suporta ouvir falar. Sabe, aquele assunto que tentamos evitar a vida toda... Ele acaba de despertar no Kentin. E como você sabe, tudo isso só está acontecendo por causa daquela mulher que você detesta tanto quanto eu e que me levou ao pior erro da minha vida.”

É, provavelmente ela vai ficar um pouco/extremamente absurdamente brava. Ele engoliu em seco. Mas é a verdade. E ela merece saber.

***

A cena era um tanto... Cômica.

Kentin estava parecendo uma minhoca se remexendo no chão e gargalhava como se não houvesse mais o amanhã. Involuntariamente.

Porque Alexy estava ajoelhado ao seu lado e fazendo cócegas nele.

Depois de ensinar ao Kentin o jeito certo de recolher o trambolho das costas, Armin havia chamado o irmão para conhecer o seu novo colega de quarto. Alexy chegou ao quarto do irmão com seu próprio colega de quarto. Ou melhor, a colega de quarto. Sim, o sortudo do Alexy dormia com uma garota no mesmo quarto em um colégio! Que pena que ele não se interessa por garotas.

O nome dela era Gabriela, mas todos a chamavam de Gabbie. Era uma garota um ano mais novo do que eles. Bom, ele e o irmão tinham 17, e ela tinha 16. Só que a idade não é documento, certo? A Gabbie era mil vezes mais madura do que eles.

Na verdade, qualquer pessoa consegue ser mais madura que Alexy.

Ela tinha olhos da cor do céu. Na verdade, da mesma cor que os olhos do próprio Armin. A única diferença era que Armin tinha manchas douradas próximas à pupila. Os seus longos cabelos castanhos eram de um tom claro, e brilhavam como se passassem por hidratação todos os dias. Quando ventava, ela parecia em comercial de shampoo.

 Gabbie era uma garota adoravelmente maluca e bom... Era linda, de um jeito exótico. Ninguém podia passar na frente dela com uma barra de chocolate que era certeza de que seria furtado. Toca guitarra super bem e tudo mais. Só não fazia o tipo de Armin. Ele prefere garotas mais... Calmas.

Naquele momento, Kentin estava tentando recuperar o fôlego enquanto Alexy sorria malignamente, preparando-se para mais um ataque de cócegas, e a garota estava saltitando pelo quarto em busca de doces escondidos. Armin riu. Ela sempre estava caçando doces em todos os lugares. Deixou os três com as suas brincadeiras e voltou a sua atenção para seu celular. Afinal, ele precisava terminar de construir a sua casa no Minecraft.

***

Brenda foi atrás de Rosa.

Rosa estava correndo pela rua em direção à sua casa. Bom, Brenda estava morando na casa dela por enquanto, já que a sua estava em reforma total.

Já estava escuro e os pais dela iam ficar levemente aborrecidos pelo atraso delas. De novo. E como sempre, por causa do coração mole de Rosa.

O pior era que eles achavam que a má influência da história era Brenda.

Bom, mas elas haviam se divertido. Alexia era uma garota interessante. Ally e Samara também. Depois de uma guerra de espuma na cozinha enquanto lavavam os potes de sorvete e colheres sujos, Brenda percebeu que podia mesmo tirar boas amigas daquele lugar. Além da Rosa, é claro. Crescera com a garota vitoriana, mesmo estudando em colégios diferentes. Passavam o máximo de tempo possível juntas quando podiam. Bom, isso até ela começar a namorar o Leigh. E quando soube que tinha passado nos exames de admissão de Sweet Amoris, quase infartou de alegria. Finalmente passaria mais tempo com a sua melhor amiga. E é isso que faria. Mesmo que isso signifique segui-la até a casa de uma completa desconhecida e fazer guerra de espuma.

— Rosa, corre mais devagar! – gritou ela, sem conseguir acompanhar o ritmo da magrela. Rosalya riu alto e correu ainda mais rápido, de propósito, claro.

— Me alcance se for capaz, Brendinha! – provocou a vitoriana atravessando a rua a toda velocidade.

No momento em que Rosa pisou na calçada do outro lado, a Brenda começou a travessia da rua, apenas de olho na amiga à frente.

Talvez por isso não tenha notado os faróis vindo na sua direção.

Rosa parou na calçada e girou para sorrir para a sua amiga.

Mas o sorriso se transformou em um berro seguido de mãos na boca. E olhos escancarados em choque. Houve a buzinada e o som de frenagem.

— BRENDA!

Ouviu-se um choque entre um corpo e um carro.

E Brenda voou alguns metros à frente, caindo no asfalto, inconsciente.

Um filete de sangue escorria do canto da sua boca.

***

Lysandre estava sentado na cama, escrevendo no seu bloquinho de inspirações. Mordiscava o lápis, sem ter ideia do que colocaria no papel. Seu irmão tinha ido ao mercado comprar umas verduras. Ele estava sozinho e com tédio.

E o telefone de casa tocou. Ele apressou-se a atender.

— Lysandre falando.

— L-Lys, é a Rosa, me ajuda, por favor, ME AJUDA! – desesperava-se a namorada do seu irmão do outro lado da linha. Ela estava muito nervosa. Lysandre soube que era algo grave, já que Rosa nunca entrava em desespero facilmente. – Vem aqui por favor, na esquina da sua casa, rápido! A Brenda foi atropelada! Corre, por favor! Socorro! RÁPIDO!

— Estou indo, mantenha-a imóvel. – disse ele, desligando o telefone. Com o coração na mão, correu porta a fora.

***

Samara e Ally acabaram ficando na casa de Alexia depois que Rosa e Brenda se foram. A ruiva remexia nas cutículas enquanto as outras duas assistiam a um filme de comédia chamado Vampiros Que Se Mordam. Elas riam sem parar, mas Samara não estava sequer prestando atenção, porque seus pensamentos estavam em outro lugar.

Ela estava refletindo a conversa que tiveram a respeito de Sarah.

Samara sabia muito bem como aquela garota fazia para descobrir os segredos dos outros. E sabia muito bem o que a Sarah era.

Só faltava descobrir de qual dos lados ela descende.

Do bem... Ou do mal?

***

Rosa estava ajoelhada no meio da rua. Sua respiração estava entrecortada de nervosismo. No chão à sua frente, estava sua melhor amiga, caída e desmaiada. Sorte que ainda estava respirando. Devagar, mas estava respirando.

O motorista que havia atropelado a Brenda estava ao telefone, gritando por uma ambulância. Ele tinha ficado mais desesperado do que a Rosalya. Afinal, não é todo dia que a gente quase mata alguém ao volante.

 - Rosa!

Rosalya escutou uma voz familiar a chamando ao longe. Virou a cabeça, procurando a origem da voz, e sentiu um alívio momentâneo. Lysandre viera em seu socorro. Ou melhor, ao socorro de Brenda.

 Lysandre corria como se o mundo dependesse dele. Diminuiu a velocidade quando se aproximou da cena do acidente. Como era tarde, a rua não era movimentada, então só estavam lá as duas garotas, o motorista e o recém-chegado vitoriano.

 Ele se ajoelhou e analisou a garota dos cabelos roxos. Ela parecia adormecida, e seria algo normal se não fosse o sangue escorrendo lentamente de sua boca. Lysandre trincou a mandíbula. Ela estava ferida, sim, e era lesão interna. Precisava mesmo de uma ambulância para uma remoção segura.

Ouviu-se o som da sirene de emergência ao longe. O motorista tinha feito a sua parte. Bom, a culpa não era dele. Brenda brotou da esquina como um gato preto e se jogou na frente do carro dele sem olhar para os lados. Rosa suspirou e colocou as mãos encima do coração de Brenda.

— Resista, Brendinha. A culpa também foi minha, e eu não vou conseguir viver se algo acontecer de ruim a você. Por favor, seja forte, e volte para me atormentar como sempre faz, preciso de você. – sussurrou a vitoriana, os olhos cheios de lágrimas. Lysandre a puxou pelo braço, levantando-se. Rosa deixou-se levar pela força de Lys e ficou em pé. Ambos foram se afastando da garota caída no chão para que os paramédicos pudessem fazer o seu trabalho.

Depois que a imobilizaram e colocaram dentro da ambulância, um dos paramédicos se aproximou dos vitorianos.

— Algum familiar para acompanhar a paciente?

Antes que Rosa pudesse se manifestar, Lysandre levantou a mão e tomou a frente.

— A única familiar dela não está na cidade no momento, então ela está sob minha responsabilidade. Eu irei. – disse ele decididamente. Virou-se para Rosa. – Vá para casa e descanse. Você precisa explicar para sua mãe o que houve. Eu vou tomar conta dela, prometo.      

A vitoriana assentiu, sentindo a tremedeira do choque começar a tomar conta de seu corpo. Ela precisava mesmo de acalmar. Abraçou o irmão de seu namorado, agradecendo por tudo. Lysandre certificou-se de que o motorista do acidente a levaria até em casa, e depois entrou na ambulância.

As portas se fecharam. E o carro deu partida.

 Lysandre estava sentado ao lado da cabeça de Brenda. Sem nada que pudesse fazer, começou a refletir. Seu coração ainda estava apertado. Por que estava assim?

A garota viera de brinde quando seu irmão Leigh começara a namorar Rosalya. Como a Rosa vivia grudada com Brenda, ela começou a frequentar a casa dos meninos. Lysandre nunca ficava muito com eles. Normalmente saía de casa quando tinha visita e ia para casa de Castiel ensaiar. Por isso nunca tivera muito contato com ela.

E percebeu que nunca tinha parado para realmente reparar atentamente na garota à sua frente.

Os olhos bicolores se dirigiram inconscientemente para o rosto de Brenda.

Ela tinha um rosto delicado. A pele de porcelana não tinha um único defeito sequer. Os cílios longos e negros a deixavam com cara de boneca. Bom, pelo menos quando está assim, adormecida. Porque quando ela está consciente, vive com cara inexpressiva, como se não quisesse amigos. Afinal, para ela, só a Rosalya já bastava. Apesar de não se recordar da cor dos olhos dela, Lysandre achou a garota linda. Como nunca percebera isso todos esses anos?

E de repente, o som de sua risada cristalina voltou à sua memória. Aquela risada o havia hipnotizado. Como nunca a escutara rindo esses anos todos?

Lysandre viu que uma mechinha de seu cabelo roxo cacheado estava sobre os olhos, e estendeu a mão para colocá-lo no lugar certo. Seus dedos tocaram de leve na sua pele, e ele estremeceu. Que sensação era essa?


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Notas finais do capítulo

Eu morrendo.



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