O Mundo Secreto de Bonnie escrita por CarmenGrandier


Capítulo 25
Eu quero um corpo&alma perfeitos


Notas iniciais do capítulo

http://secretworldofbonnie.tumblr.com/



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Depois que Bonnie e Sam saíram do gabinete do prefeito, resolveram se sentar no jardim da prefeitura que por sinal era muito bem cuidado e cheio de estátuas como quase todo parque de Blois. –Pronto. Nós viemos, você falou com o velho. Agora você pode por favor esquecer essa história? Bonnie olhou para ele e deu um longo suspiro.

—Eu não posso – Sam bufou e revirou os olhos – Não depois do que ele me disse. Eu posso saber mais do passado da Eden, se fizer uma sessão de regressão.

—Bonnie esse homem é maluco! –Sam falou – Você viu o que ele está sugerindo! Ele está sugerindo que você pode ser parte de algo que nem sequer existe.

—Ela existe sim. – Bonnie disse cruzando os braços. – Ou existiu pelo menos.

—Esse tipo de coisa não existe – continuou ele - Nós nascemos e morremos sozinhos, tudo além disso é uma ilusão. Ela o fitou por alguns segundos e depois olhou para o tipo de campina que era o jardim da prefeitura. Ele tinha razão, essas coisas de reencarnação não existiam, ela tinha que tirar essa ideia de Eden da cabeça e viver sua vida. A que por sinal ela tinha esquecido completamente, não ligava para seus pais faziam dias, ela esperava que o plano para a diretora não descobrir que ela estava no hospital tivesse dado certo, e tinha Sam...ele estava lá o tempo todo para ela e a garota nem tinha dado um pingo de atenção para ele.

—Você tem razão. – Bonnie disse finalmente – Eu vou parar com essa besteira e viver minha vida. E sorriu por fim.

—Era tudo que eu queria ouvir. –Sam sorriu de volta.

Carmen balançou a cabeça e suspirou tentando absorver o que havia acabado de acontecer. Sua melhor amiga se mutilava e ela NUNCA havia notado, a garota se sentiu péssima por isso, talvez Olivia tivesse razão em falar que ela e as meninas só ligavam para seus próprios umbigos mas uma pergunta que assombrava sua mente era "Por que Olivia nunca havia a contado?" Infelizmente ela sabia a resposta, como você chega para alguém e fala uma coisa tão íntima dessa, se ela fosse uma pessoa melhor talvez tivesse notado mas Carmen não podia ser nada mais do que já era. Ela tinha que ajudar Olivia nem que isso fosse pelo lado mais difícil.

O corredor estava cheio e Olivia mal teve tempo de se trocar antes de sair correndo de perto de Carmen, ela se sentia mais covarde do que nunca naquele momento e uma vontade enorme de se machucar crescia dentro dela, não tinha nada que a ajudasse no momento e nem um lugar para onde ir. O banheiro.

Olivia correu para dentro de uma cabine do banheiro feminino do corredor da escola, se abaixou e enfiou uma caneta que havia em seu bolso na garganta, o vomito não cedeu em vir, pois ela já estava nauseada mesmo antes de provocar aquilo, as lágrimas também vieram quentes e ela fez o máximo para chorar o mais baixo possível pois haviam muitas pessoas pelos corredores, ela pôde ouvir o sinal, o que significava que as aulas do período da tarde haviam começado. Olivia odiava vomitar, ela provocava aquilo nela mesma como forma de punição por não ser quem ela gostaria de ser. Depois de limpar sua boca com papel higiênico, ela se virou para encostar na parede gelada do banheiro, ela sentia sua garganta doer e achou que estava sangrando passou suas unhas por ela deixando marcar fundas, como não tinha nada para ajudar em seus cortes ela começou a se arranhar com as unhas, era um ato horrível, algumas gotas de sangue escorreram pelo chão e talvez nunca mais saíssem de lá, assim como Olivia.

Depois de um longo tempo paralisada e sentada no chão, Olivia se levantou, jogou um pouco de água no rosto e saiu do banheiro como se nada tivesse ocorrido, era sempre assim e ninguém nunca desconfiava de nada. Ela caminhou pelo corredores vazios, não podia voltar ao quarto, pelo fato de ser período de aula. Então resolveu ir para o lugar que ela sabia que ninguém a incomodaria, pelo menos enquanto estivessem em aula. O porão.

Chegando lá, ela tirou por sorte a chave que tinha no bolso de sua calça jeans, viu que havia também uma pastilha de menta anti enjoo que ela sempre carregava consigo. Sortuda, pensou ela e colocou na boca. Abriu a porta vagarosamente e desceu as escadas, o porão era um lugar praticamente secreto na escola, só quem sabia dele eram Angelina, Toulouse, Sam, Carmen e ela obviamente, provavelmente agora Bonnie e Nathaniel sabiam também mas ela não tinha certeza. Tinha um sofá, alguns puffs no chão, umas almofadas, uma mesinha com maços de cigarro e algumas revistas por cima, encostados nas paredes os instrumentos musicas da banda de Angelina, não era o lugar mais aconchegante do mundo mas era melhor que tudo lá em cima, pelo menos por agora. Ela pegou um dos violões que estava encostado na parede, era o de Toulouse. Ela nunca ousaria tocar em algum instrumento de Angelina se sentou no sofá verde musgo e começou a cantarolar baixinho quase como que em um pedido de socorro abafado.

But I'm a creep, i'm a weirdo

What the hell am i doing here?

I don't belong here

I don't care if it hurts

I wanna have control

I wanna a perfect body

I wanna a perfect soul

I want you to notice

When i'm not around

Então antes de terminar Olivia voltou a chorar, deixando algumas lagrimas caírem na parte externa do violão, ela passou a mão por ele, vendo que haviam alguns adesivos colados, um deles era em formato de assas de anjo. Depois disso ela adormeceu encolhida no sofá, sem ligar par aos caroços que ele tinha em seu estofado antigo. Olivia acordou com o som de passos descendo as escadas, ela rapidamente guardou o deixou o violão de lado mas acabou fazendo um barulhão e quem estava descendo as escadas apressou o passo e disse: –Quem está ai?

"Droga, ele não" Olivia se amaldiçoou mentalmente, ela não queria ver Toulouse, não agora que estava totalmente acabada e chorando. "Quanto tempo eu dormi?" pensou.

—Sou eu, Liv– ele disse quase sussurrando. Logo depois de dizer isso ela pode ver a silhueta do garoto que já estava no pé da escada, ele usava um sobretudo preto e parecia pesado.

—O que você está fazendo aqui? – ele perguntou. Olivia tentou se explicar mas antes que pudesse inventar alguma desculpa ele continuou. -Ah...-T riu – Não precisa falar, pelo estado do seu cabelo você estava dormindo.

—É, é isso. –Olivia deu uma risadinha forçada – Eu não sabia para onde ir durante o horário de aula então vim para cá. Aquilo não era de tudo mentira. Toulouse olhou para o chão e viu seu violão lá, depois voltou a olhar para a garota. –Você estava tocando?

—Desculpe, eu não queria usar seu violão sem te pedir, mas eu queria muito tocar e o meu estava no quarto, e...

—Não...tudo bem, eu não me importo de você toca-lo –Toulouse sorriu e se sentou ao lado dela. – O que estava tocando?

—Só arranhando, nada em especial. – ela disse juntando os joelhos.

—Pode tocar para mim? – ele disse juntando as sobrancelhas. Olivia não podia recusar, não com aquela carinha que ele fez. Sem dizer nada, ela passou a mão pelo violão mais um vez fazendo algumas melodias fora de ordem ecoarem no ar. Mas logo depois se tornaram uma musica calma e ela cantou baixinho.

Lost between Elvis and suicide

And I wish that I could die, well

I've got nothing left to lose

After Jesus and Rock n' Roll

Couldn't save my immortal soul.

I've nothing left, I've got nothing left to lose

—É triste. – Ele focou seus olhos nos dela – Por que você está triste?

Ela pensou em responder algo como "Fui mal na prova" ou "Meus pais brigaram" mas nada disso lhe soou convincente, então simplesmente permaneceu calada mas não pode evitar de derramar algumas lágrimas.

—Olivia eu notei que você não anda bem, o que houve? – ele suplicou para que ela falasse. Mas Olivia continuou calada, então ele simplesmente chegou mais perto dele a abraçou, acariciando seus cabelos. Olivia nunca tinha sentido nada assim, ninguém nunca cuidou dela sem antes a bombardear de perguntas impertinentes mas ele não, era a ação mais pura que ela havia visto quando se tratava de ajudar alguém. Ela só precisava daquilo no momento, só de carinho, nada mais. Toulouse levantou a cabeça dela com as mãos delicadas, ele a encarava com os olhos verdes e Olivia já não aguentava esperar mais por aquilo, ela estava quebrada e totalmente sozinha qualquer demonstração de carinho estava ótimo para ela mesmo que tudo fosse um farsa. Então manteve os olhos fechados e o beijou, ela sentiu Toulouse recusar de primeira mas logo cedeu espaço para que ela ficasse no meio de suas pernas, o cabelo de Olivia era o mais macio que ele já havia tocado em sua vida mesmo que a garota vivesse trocando de cor, ele nunca perdia o brilho e a macies era quase como magica. Toulouse tocou a cintura da garota e pôde sentir mais acima as costelas dela, Olivia andava tão magra ultimamente.

 


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