In case you don't find what you're looking for 

  In case you're missing what you had before

In case you change your mind, I'll be waiting here

In case you just want to come home

 A campainha tocou, Vincent pausou o filme e se levantou do sofá para pegar a pizza, era de peperoni a favorita de Connie. O cheiro de queijo derretido se espalhava pelo ar deixando um aroma único na casa. Connie se levantou, vestiu as pantufas de gatinho rosa e correu atrás do garoto para se servir rapidamente.

—Deixa o filme rodando – pediu Connie, cortando a pizza e já colocando uma fatia em seu prato. Kentin apertou um botão no controle e o filme voltou a passar. A loira empurrou um frasquinho verde sobre a mesa que rolou até a mão de Ken.

—É isso que você vai dar para ela.

—Onde você consegue essas coisas Connie?– questionou ele.

—Eu tenho meus contatos, não se esqueça que três gotas iram derrubar ela por cinco horas então não coloque mais que isso por que não queremos ninguém indo parar no hospital. Ele concordou de cabeça baixa e analisou o frasco.

—Assim que ela dormir, você tira as fotos e me manda entendeu? – Connie pigarreou - Chame ela pra sair depois de amanhã para não ficar muito na cara.

—Ok, podemos esquecer isso agora e comer logo ? – implorou ele.

—Nem precisa pedir duas vezes – ela riu, mordendo um pedaço enorme de pizza. Connie era tão difícil de lidar e ao mesmo tempo tão fácil, seu humor que era o imprevisível. Vincent já chegou a se questionar se ela tinha algum distúrbio de bipolaridade. Dois dias se passaram e Vincent e Olivia não se viam mas mantiveram contato por mensagem, ele mandava sempre uma de bom dia para a garota o que a fazia pensar se ele era o cara certo pra ela e em sua própria opinião. Era. Era sim.

"O que você acha de comermos fora hoje ?"

"Não sei, tenho que estudar para as finais, esse mês está acabando comigo"

"Eu sei que está difícil mas se distrair vai ser bom pra você e outra...faz tempo que eu não te vejo"

"Tudo bem, amanhã é sábado mesmo estarei pronta ás oito"

"Mal posso esperar pra te ver de novo" ao digitar isso Vincent jogou seu celular sobre a cama o que fez o próprio dar um salto e quase cair no chão, ele estava pensando seriamente em largar tudo isso e ir tirar umas férias no Hawaii, ele ainda não conseguia compreender como Olivia tinha caído tão fácil na dele, eles só tinham saído uma vez e antes disso ele nem olhava na cara da garota. O que importava é que tudo isso iria acabar em menos de uma semana e ele estaria livre novamente para um novo jogo de flerte.

Olivia estava no quarto de Connie quando ouviu alguém bater na porta, ela deixou o vidro de perfume na penteadeira de Sophie e se voltou em direção a porta. Era Carmen.

—Ah, Oi – disse Liv ligeiramente surpresa.

—Olivia, por que você trocou de quarto? – a ela falou soltando as palavras como uma bala de prata, e Liv era o lobisomem.

—Bem...- ela não sabia o que dizer – Eu não estava mais me dando bem com as meninas.

—E isso inclui a mim? –Carmen choramingou – Você não pode ter decidido terminar nossa amizade assim. Liv baixou a cabeça. – Eu não acredito que você prefere a Connie a nós?

—Quem mandou você vir tirar satisfações comigo? –Olivia rosnou – Foi a Angelina...aposto que sim, todos fazem o que ela quer.

—Não...não foi ela, eu vim por que quis –Carmen suspirou – Eu vim por que ainda me importo.

—Você não compreende.

—Então me explique – a garota gritou, provocando um eco no corredor - Me conte o que está acontecendo pra você estar assim, eu preciso saber! Milhões de vozes rodeavam a mente de Olivia, era uma confusão, pensamentos embaralhados e não havia meio de desfazer esse nó, apenas uma frase saiu quente de sua boca: –Eu me mutilo Carmen! –Olivia gritou de volta – É por isso que não posso ficar mais com vocês!

Ela pode ver a expressão da garota mudar e se transformar em algo como espanto e medo.

—Vocês tem vidas perfeitas! Namorados perfeitos, Angelina trucidou o coração do Toulouse e mesmo assim ele ainda gosta dela, gosta não! Ainda ama e ela está com o Nathaniel, outro que se ela mandar comer merda ele come e a Bonnie...Ah, a Bonnie antigamente ruivos costumavam sofrer um bullying pesado na escola mas olha pra ela mal chegou e já é a miss.Popularidade, já pegou dois dos caras que todas as garotas querem para si. E você, Carmen, você é umas das garotas mais lindas que eu já conheci é divertida e amável, todos querem ser seu amigo, sua mãe é uma empresária famosa, dona de uma das maiores loja de roupa do mundo, uma estilista famosa. Você tem tudo que eu queria ter. Agora olha pra mim –Olivia apontou para si mesma – Eu não tenho nada disso, eu não mereço estar com vocês. Olivia olhou fundo nos olhos da garota, deles começavam a brotar pequenas lagrimas, que ela limpou rapidamente borrando seu delineador de gatinho.

—Você está enganada Olivia, se prestasse um pouco mais atenção a sua volta veria que nem tudo é tão perfeito assim. –Carmen disse firme – Angelina nunca vê os pais, eles nunca vem em seus aniversários ou em datas comemorativas, ela fez aquilo com o Toulouse por que viu que ele a amava e queria dar uma chance, uma chance aos dois de construírem algo novo mas não deu certo, nem tudo dá certo sempre, mas ela nunca esqueceu dos amigos. Bonnie está no hospital e pelo jeito tem um problema serio com desmaios o que pode levar até morte se ela estiver sozinha quando um ocorrer, ela foi traída pelo James na maior cara dura mas ela continua sorrindo. Nem tudo é perfeito para nós Liv, nem tudo é perfeito na vida. Mas se você desse a chance para nós te ajudarmos – ela suspirou – Eu sei que tudo ia ficar mais leve pra você.

Olivia limpou suas lagrimas e respirou profundamente.

— Eu não sei se você podem me ajudar com isso. – ela puxou as mangas e mostrou as cicatrizes formando ramificações sobre sua pele alva, eram marcas um tom mais branco que a pele dela e algumas estavam vermelhas e esfoladas.

Carmen levou a mão os lábios pra abafar o espanto.

—Você precisa de um médico Olivia– ela disse ainda com as mãos nos lábios – Alguém pra te ajudar a parar.

—Não! –Olivia gritou – Se eu for para a reabilitação não vou completar o ano e não vou poder encontrar meu pai. Você não pode contar a ninguém, não pode. Eu não estou fora de controle.

Carmen olhava para ela incrédula, tentando assimilar o que havia acontecido. –Você não é a mais a Liv que eu conheci a dois anos atrás.

—Eu sempre fui assim. Você quem não notou. – ela respondeu.

—Eu não conto – disse Carmen baixinho – Mas com duas condições, você volta pro nosso quarto e me promete que assim que terminar o segundo ano, você VAI PROCURAR AJUDA!

Olivia fechou a cara e rebateu: - Você não pode me obrigar! Não pode fazer isso comigo, eu não preciso de ajuda.

—Eu estou fazendo isso pelo seu bem. Você tem a opção de ir agora ou depois mas eu não vou deixar você acabar com sua vida. Não vou. –Carmen falou tentando parecer calma mas ela sabia que não estava e só queria gritar e sair dali o mais rápido possível.

Olivia bufou e implorou. –Eu não posso conviver com a perfeição sem me sentir mal. Eu não posso voltar para aquele quarto.

Carmen balançou a cabeça e se aproximou para abraçar a amiga. –Liv, por favor, não é a mesma coisa sem você.

—É claro, as pessoas precisam de alguém mal para se sentir bem – ela desdenhou e se soltou dos braços de Carmen– Não se culpe...é da natureza humana. Agora se me da licença, eu estou atrasada. Olivia apenas trancou a porta do quarto e caminhou até o fim do corredor sem olhar para trás. Isso não era o que Olivia faria normalmente mas ela só queria esquecer de tudo agora, pelo menos por um segundo.