Soul Master escrita por Laertedinis


Capítulo 5
Carona


Notas iniciais do capítulo

Josh conhece a história do pirata Clifford Phillips. Atrasados para a prova da Thelema, Josh e Lisa recebem um convite inesperado para uma carona



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Josh acordou com o som de conversas, ao abrir os olhos viu que estava em um hospital. Pôde reconhecer a voz do seu tio e, para sua surpresa, de Clifford. Resolveu fingir que estava dormindo para ouvir sem que o papo deles interrompesse

—Parece que você treinou bem o seu sobrinho, Benjamim.- Disse Clifford
—E pensar que logo você iria causar problemas na minha cidade- respondeu o tio, com um tom muito amigável que causou estranheza à josh
—se eu soubesse que era aqui que você morava viria para tomar umas cervejas, e não- O pirata fez uma pausa- bem, pelos negócios.

—Então podemos considerar esse assunto vencido? Vocês não mataram ninguém e eu acho que posso usar minha influência na polícia para que possam ir em paz.- Dar cuidados médicos para criminosos era o tipo de coisa que seu tio faria, mas nunca tinha visto ele liberar algum da prisão, ainda mais piratas.

— Acho que sim, dá para considerar o trabalho dos meus homens reconstruindo o cais como serviços comunitários, não é?- O homem deu uma gargalhada

— E vocês precisam pagar as mercadorias que destruíram também, aposto que tem um bocado de ouro naquele navio mesmo.- Josh ouviu Clifford resmungar baixinho, mas logo ele respondeu

— Você não deixaria ser de outro jeito, não é mesmo velhote?

— É o mínimo.

— Mudando de assunto, Ben, não acredito que ele absorveu uma pedra espiritual, se não fosse por isso eu iria acabar matando um parente seu por acidente. Deve ter sido o destino

—Acho que sim, e é exatamente como contam mesmo.- Respondeu o tio- Ele se fundiu com o objeto mágico

—Aquilo não é um objeto- Retrucou o pirata- Tenho certeza absoluta que é uma coisa viva
—E-eu também- Josh respondeu e resolveu participar da conversa, se sentando.

—Finalmente voltou à consciencia, moleque? Você me fez um belo estrago com seus novos poderes.

—Novos Poderes?- Josh achava que tinha usado uma espécie de acessório mágico que o deu força temporária.

—Exatamente, pode se acostumar, uma vez absorvido, o poder de uma pedra espiritual acompanha o usuário para o resto da vida. – Respondeu o tio. Josh não sabia o que pensar, mas com certeza se sentia diferente. -Não sabemos muito o que pensar sobre as pedras espirituais. A ciência mágica, especializada em temas de natureza espiritual, só sabe que é um artefato capaz de dar bastante poder ao usuário, mas que não pode ser utilizado por qualquer um.

— Isso mesmo, quando você entrou em contato com o vidro selado ele se abriu e a pedra entrou em você, não é mesmo?

—Sim, ela avançou contra o meu peito- respondeu o garoto

— Tentei fazer com que alguém do meu bando absorvesse, mas para todos que tentaram, não passava de uma pedra comum dentro de um frasco de vidro. Pensei que poderia ser falsa, e estava tentando vender para o primeiro otário que aparecesse. Aparentemente acabei te dando como um presente, que você me pagou com uma cicatriz nova- Josh olhou o peito do pirata, que estava todo enfaixado.

O garoto tinha muito para processar. De um lado se sentia sortudo, nem tinha saído da cidade natal e o primeiro adversário quase o matou, era bom saber que podia contar com alguma força extra. Pensando por outro lado, a sensação no seu corpo como se algo não tivesse certo era incômoda, esperava se acostumar, mas se sentia mais pesado. Mas além dos assuntos referentes à tal pedra, algo também o incomodava.

— Tá, mas daonde vocês se conhecem?- Perguntou o garoto

— Há muito tempo atrás, o seu tio salvou a minha vida, garoto!- Explicou o pirata- Se não fosse por ele eu estaria à sete palmos do chão

— Na época ele era apenas uma criança, na minha missão na Thelema eu precisava derrotar um bando pirata que controlava uma ilha inteira, quando finalmente venci o capitão, ele enlouqueceu e usou um feitiço para destruir todo o local, era um homem desequilibrado que não pensou nem um pouco na vida de seus subordinados.

— Ou do próprio filho- Completou Clifford- E o seu tio aqui, ao invés de simplesmente fugir do lugar, convenceu o time de magos que o acompanhava a realizar um contra-feitiço que, por poucos segundos, impediu que todos morressem.- Josh já tinha ouvido essa história antes, seu tio contava vários contos da época em que era um guerreiro, muitas parecendo até mesmo falsas. Aparentemente o pirata Malcon Phillips era uma das verdadeiras, e percebeu pelo sobrenome o parentesco entre o personagem do passado com o homem que agora estava à sua frente. – Por isso, devo minha vida à ele

— Nunca imaginaria que logo você iria seguir a carreira da família, Cliff- Respondeu o tio ben, com um tom acusatório.

— Eu também não, quando era criança pensava em fugir disso o mais rápido possível, mas você não consegue muitas oportunidades quando já trabalhou com um criminoso notório, principalmente compartilhando o sobrenome. No final das contas, o bando pirata acabou se unindo muito depois da morte do meu pai, e virou o mais próximo de família que eu conheci. – Josh viu o rosto do homem sorrindo enquanto encarava o teto. Conseguia, estranhamente, olhà-lo como uma boa pessoa.- Pelo menos abandonamos a carnificina desenfreada de antes e agora saqueamos vilas apenas para estocar recursos, o dinheiro mesmo vem de lutas com outros bandos e, como todo pirata que se preze, de tesouros escondidos. – Sorriu o homem.

— Percebi, todos os feitiços de paralisia que seus homens usaram com as espadas são facilmente revertidos com uma equipe de curandeiros básica como a da nossa cidade.

— tentamos ferir o menor número de pessoas quando atacamos vilas. Como as pessoas que cortamos se paralizam e ficam como se estivessem mortas, é o bastante para intimidar o resto para que não procure briga. Estava dando certo até nos depararmos com uma cidade de heróis- O tom do homem na última palavra tinha um pingo de sarcasmo.

—Espera um pouco, onde está a lisa?- Josh se sentiu mal de ter esquecido da amiga, mas foi muita informação nova de uma vez.

—Ela está bem, já teve alta, os poderes druidas dela lhe garantiram uma recuperação rápida, até porque ela não se feriu, só ficou exausta.- Respondeu o tio

—O Roy no entanto, só acordou à cerca de uma hora, ela pegou bem pesado com ele.-Comentou Clifford- Acho que serviu para ele parar de se achar tanto com as suas bolas de fogo e tudo o mais.

Josh se levantou da cama do hospital, procurando os pertences. Em uma mesa perto da janela estava sua pata de gato e roupas. Ao ir buscar suas coisas, passou por um espelho, e viu duas diferenças. Primeiro, no seu rosto tinha uma marca vermelha com a mesma runa que estava  no vidro que protegia a rocha. Além disso, algumas partes do seu cabelo castanho agora estavam amarelas. Entendeu que tinha a ver com a tal fusão que o seu tio tinha falado, e  não queria ter que pensar nisso no momento.

Não demorou muito e uma equipe de filmagem entrou no quarto do hospital. Dois homens com a camiseta com o logo da emissora local, um com uma luz de apoio e outro segurando a câmera. Logo depois entrou a repórter, vestida com um paletó verde escuro e calça social, e segurando o microfone, que possuía uma canopla branca com o mesmo logo da camisa dos funcionários. Tinha os cabelos curtos e aparentava ter pouco mais de vinte anos.

—Então você é o herói da cidade e você...- a moça olhou para Clifford- é o pirata que se comprometeu a pagar pelos danos causados ao porto como forma de fiança, não é mesmo?

—Eu não vou falar absolutamente nada, tira essa câmera da minha frente senão eu quebro- A repórter pareceu ofendida com o comentário, mas se afastou quando o pirata quase duas vezes do tamanho dela saiu do quarto batendo de ombros com o cinegrafista. No mesmo momento que ele saiu, entrou uma outra pessoa segurando o microfone, a mãe de josh.

—Pode deixar que eu assumo daqui, Laura- Disse logo quando entrou

—Nem pensar, eu fui escalada para essa matéria.

—Não quero saber, se alguém vai entrevistar meu filho no dia da partida dele, vai ser eu.

—Ei, espera um pouco, eu não quero dar entrevista nenhuma- Reclamou Josh, mas foi respondido por um olhar feio das duas, e posteriormente ignorado, com a discussão continuando.

—Ah, e porque é o seu filho eu vou perder a minha inserção ao vivo?

—Porque você não vai tentar entrevistar o pirata? Vamos precisar pelo menos de algumas imagens dele para a matéria completa.

—Eu vou reclamar com o Editor-chefe-Protestou a jovem.

— Duvido muito que ele vai dar alguma importância, já que eu estava com a minha equipe gravando toda a luta em primeira mão enquanto você estava de folga com o seu namorado- Respondeu Martha, que ganhou a discussão, visto que a garota saiu resmugando

Antes que Josh pudesse argumentar contra, os funcionários da TV ocuparam o quarto do hospital e a transmissão ao vivo começou.

—Estou aqui em primeira mão com o garoto que derrotou o capitão pirata, diga para todos o seu nome- Mesmo que já tivesse ouvido dezenas de vezes, o tom de voz calmo da mãe enquanto trabalhava soava bizarro para o garoto

—Josh... Joshua Mason- Respondeu, olhando para os lados.

—Como mostram as imagens, foi um confontro violento, você está muito machucado?

—Não, eu já me sinto bem.

—E é verdade que você vai prestar a prova da Thelema para continuar ajudando as pessoas do mundo inteiro da mesma forma que fez aqui na cidade?- Josh, que até então olhava para os lados, encarou a mãe espantado

—...É, vou prestar a prova esse ano...

—Que bom, desejo sorte para você, quero dizer, todos nós da cidade desejamos.- Ninguém conhecia melhor a mãe do que ele, parece que ela finalmente tinha aceitado sua decisão.

—Obrigado....mãe.

—EU NÃO SOU A SUA MÃE, EU SOU UMA REPÓRTER DA TV ORLEANS- o tom de voz da mãe voltou ao normal, enquanto ela gritava, quando percebeu que tinha gritado ao vivo, ela rapidamente recuperou a compostura, apesar de estar claramente nervosa- E-então essa foi a entrevista, acompanhe mais detalhes sobre isso no jornal da noite!

Passou um tempo até que todos saíram do quarto, ficando apenas Josh, o tio e a mãe, passando alguns instantes de silêncio constrangedor, o garoto resolveu falar.

—Mãe, naquela hora na entrevista....

—Eu tinha que falar aquilo como repórter!-Resmungou

—Obrigado- no mesmo instante correu para abraçá-la. Martha tentou se desvencilhar dele de início, mas logo retribuiu.

—Só promete para mim que vai tomar conta de si mesmo. – A voz da mãe perdeu o tom acusador por um momento

—não se preocupe

—Eu cuido dele, dona Martha- Lisa entrou no quarto

—Lisa!!! Então você tá bem mesmo!- Disse Josh

—Claro, se eu ficasse muito ferida com isso nem poderia pensar em sair de casa ainda- respondeu

—Vocês dois são inconsequentes- reclamou Martha, os dois sorriram

—Ei garotos, vocês sabem como vão sair da cidade? – Disse Tio Ben- O trem que vocês precisam saiu ontem

—O QUE?- Josh e Lisa gritaram ao mesmo tempo

—Parando para pensar, o próximo trem é para depois da prova de vocês- Comentou Martha

— E agora, o que vamos fazer?- Lisa colocou as mãos sobre a cabeça, preocupada.

—HÁHÁHÁ- uma risada rouca invadiu o local- Quer dizer que vocês não tem como sair daqui, qure merda hein?- Era Clifford, segurando uma garrafa de rum.

—Cala a boca!- Gritou Lisa, era bem dificil tirar ela do sério, mas ela olhou para o pirata com muita raiva- A culpa é sua, seu escroto!

—Nossa, calma aí-Clifford deu um sorriso sarcástico e deu vários goles na bebida- Eu ia oferecer carona, pelo nosso barco vocês chegam onde querem até mais rápido que de trem.

—O que? E porque iríamos confiar em você?- Lisa cruzou os braços, enquanto desferia um olhar ameaçador para o capitão.

—Você pode confiar em mim ou perder a prova, a escolha é sua- Lisa ja tinha feito um soco inglês de espinho nas mãos e apontou o punho para o homem, mas josh a segurou pelo braço.

—Vamos com ele Lisa!

—Tá louco Josh? Olha como ele te deixou, você quer ficar no mesmo navio que ele?

—Vocês podem confiar nele, meninos!- Tio Ben estava sorrindo

—Se o tio confia nele, eu também confio.- Depois da frase do Josh, Lisa desfez os espinhos nas mãos,

—Carona com piratas! Só o que me faltava agora, eu vou ter um infarto!- Resmungou Martha, enquanto cobria os olhos com as mãos. Josh e Ben sorriram, mas Lisa ainda encarava Clifford desconfiada.

—Então, vocês querem chegar em Nova Athena, certo?- Perguntou Clifford

—Na verdade não, em quanto tempo vocês chegam em st. Louis?- Ben, Martha e Clifford fizeram uma cara de espanto.

—Em 2 dias se sairmos hoje, mas não é na metade do caminho? Podemos te deixar no local em 5 dias, dá e sobra tempo, se vocês pegarem um trem por ali vão chegar em cima da hora no máximo.

—Precisamos passar para pegar um amigo!- Disse Lisa

—Prometemos que chegaríamos lá em 3 dias, então dá tempo sim- Completou Josh

—Um amigo?- Perguntou Clifford

—Ah, é verdade, aquele garoto- disse Martha.

—Vocês estão sem contato a 2 anos, tem certeza que ele vai estar lá?- Perguntou Ben

—Claro que sim- repondeu Lisa

—Ele prometeu- disse Josh, sorrindo.


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