A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, esse final de semana foi bem corrido para mim. Mas aqui estou eu com o capítulo 27 saído do forno para vocês *-*



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O sorriso de Charlotte era quase um pedido de desculpas pelo comportamento de Catherine.

— Que raiva daquela mulher! – Ela sussurrou baixinho, de modo que somente Elizabeth pudesse ouvir. – Será que ela não percebe que o Darcy queria conversar com você? Ela te botou para correr, não foi?

— É, acho que podemos dizer que sim. – Liz respondeu enquanto se ajeitava na cadeira entre sua amiga e Jane. – Mas teremos outras chances de conversar.

— Tomara. – Jane suspirou com os olhos sonhadores. – Vocês pareciam tão entretidos.

— Tomara mesmo, mas pelo pouco que já conheço de Catherine, ela vai ficar cercando o sobrinho que nem um abutre.

O sr. Collins deu uma olhada feia para a noiva e ela simplesmente deu de ombros.

— E não vai? – Respondeu tentando justificar.

— Com certeza, mas se você não falar mais baixo, ela vai colocar todos nós para fora daqui. – Ele falou tão baixinho que as garotas Bennet mal puderam ouvir. – E eu não sei você, mas eu quero muito que esse casamento aconteça.

Charlotte sorriu e deu um beijo terno no noivo.

— Eu também, meu amor. – Ela respondeu com uma voz meiga.

Depois disso, nenhum deles conseguiu arrumar muito tempo para conversar. Charlotte e o sr. Collins trocavam olhares apaixonados que deixavam Jane fascinada e Lizzie confusa. Era tão estranho ver seu chefe com a sua melhor amiga, mas os dois pareciam muito feliz e era isso que importava. Ela ia acabar se acostumando.

As garotas Bennet e Charlotte só ficaram um pouco receosas porque nunca estiveram diante de tantos talheres e louças diferentes. Era um pouco confuso, mas elas esperavam alguém fazer alguma coisa primeiro e aí só imitavam. Os tais detalhes que Lady Catherine queria acertar antes do casamento não foram mencionados em nenhum momento e Liz suspeitou que tudo era só uma desculpa para dar aquele jantar. Talvez a temível senhora fosse solitária e quisesse passar a noite cercada de gente, nunca se sabe.

Por mais que tentasse se conter, o olhar de Elizabeth vivia indo em direção ao lugar onde Darcy estava sentado. E qual não era sua surpresa ao notar, nas primeiras vezes que o médico também a observava. Em uma das vezes, ele até sorriu de maneira discreta para ela e aquilo a fez corar. Jane, claro, não deixou aquilo lhe escapar e deu uma risadinha, achando tudo muito fofo.

Ao final do jantar foi servido o chá e todos voltaram para a sala anterior. Lizzie tinha acabado de depositar sua xícara na mesinha enquanto ria por educação de uma piada um pouco sem graça do sr. Collins.

— Sr. Collins, srtas. – A voz do sr. Darcy fez um arrepio percorrer pela espinha de Lizzie. – Vocês se importam se eu roubar um pouco Elizabeth de vocês?

Jane faltava dar pulos de animação e Charlotte lançou a ela um olhar de “vai lá, garota”, mas foi o sr. Collins que disse que não via problema nenhum e emendou um assunto qualquer antes de deixá-los ir. Era engraçado como ele se enrolava todo perto do médico.

— Onde vamos? – Liz perguntou enquanto se afastava dali junto do dr. Darcy.

— Pensei em darmos uma volta pela propriedade.

— É sério isso? – Ela perguntou se sentindo como se estivesse em um filme antigo. – Acho que sua tia não deve considerar apropriado uma moça solteira andar por aí acompanhada de seu sobrinho. Ainda mais depois do anoitecer.

— Tem razão. – Ele sorriu mais com os olhos do que com a boca. – O que torna o passeio muito mais legal.

— Sr. Darcy! – Liz fingiu estar perplexa. – Achei que você fizesse mais o estilo de bom moço.

Ele revirou os olhos de brincadeira e ela jogou a cabeça para trás gargalhando.

— Só vou buscar o meu casaco e já venho.

— Casaco? – Ele olhou-a com estranheza. – Está um clima tão agradável lá fora!

— Eu nasci em um país tropical, nunca está agradável para mim lá fora. – Ela piscou e saiu correndo escada a cima.

Darcy acompanhou-a com o olhar, fascinado. Em menos de 5 minutos ela já estava de volta, vestindo um sobretudo preto por cima da roupa.

— O que foi?

— Nada. – Darcy respondeu parecendo encabulado.

— Fala! Não me deixe curiosa. – Ela pediu mais uma vez, enquanto puxava-o pelo braço porta a fora.

— Nada, é só que você é tão diferente.

Já lá fora eles começaram a caminhar por uma pequena trilha que dava em um bosque. Ficaram em silêncio por algum tempo.

— Diferente de um jeito bom? – Liz não se aguentou e perguntou.

— Na verdade. – Ele começou a responder com a voz rouca. – Eu estava te admirando.

— É? – Ela parou um pouco incerta. Olhou para o chão, pois estava com receio de fita-lo.

— É. – Darcy levantou o queixo dela e fixou seu olhar, tão profundo e azul, no rosto dela. Era quase como se ele quisesse memoriza-lo.

O coração de Elizabeth começou a bater mais rápido. Ela não sabia direto o que fazer, tudo o que sabia é que estava hipnotizada por aquele olhar. Os dois ficaram perdidos naquele momento por mais alguns segundos, mas ao mesmo tempo, como se tivessem tido a mesma ideia no mesmo instante, os dois eliminaram toda a distância entre eles com um beijo que começou gentil, mas depois evoluiu para algo mais intenso, mais faminto.

As mãos de Lizzie se enroscaram no pescoço de Darcy e bagunçaram seus cabelos, enquanto as mãos dele percorreram as costas de Elizabeth e a puxaram mais para perto, colando-a muito a ele, mas não era o suficiente. Para tentar resolver isso, ele empurrou-a gentilmente de encontro a uma árvore e pressionou-a contra ela enquanto ia beijando todo o seu pescoço até chegar novamente a boca. Quando os dois estavam finalmente seu fôlego, eles se separaram e ficaram um tempo apenas abraçados, sentindo o coração um do outro.

— Nossa. – Lizzie sentou no chão ao pé da árvore e puxou-o para perto.

Ele beijou-a mais uma vez com ternura e depois ela encostou a cabeça em seu peito e ele a envolveu com o braço.

— Está sendo um passeio muito agradável, sr. Darcy. – Ela sorriu e ele soube, pois mesmo que não pudesse ver o rosto dela, sentiu a contração de seu rosto.

— Muito. – Ele repetiu com a voz rouca. – Então o problema não sou eu?

— Oi? – Elizabeth virou para encará-lo a tempo de vê-lo sorrir.

— É que da última vez, você saiu correndo e ficou sem olhar na minha cara por um tempão, então fiquei com receio, sabe? – Ele disse com um tom de voz brincalhão.

Aquilo era um sonho, só podia.

— Besta. – Ela riu. – Não sei o que aconteceu, eu me assustei. Sempre achei que você me odiasse e aí eu te beijei.

— E eu retribui, com certeza não teria feito se te odiasse.

— Vai saber. – Lizzie respondeu baixinho enquanto bagunçava o cabelo de Darcy distraidamente.

— E eu já disse, não dá para não gostar de você, quem dirá odiar.

— Dá sim, pergunte para Jane. Eu sou uma pessoa bem odiável de vez em quando.

— Teimosa, orgulhosa e extremamente julgadora. – Ele enumerou e Liz fingiu se encolher diante dos adjetivos, mas reconhecia que estavam certos. – Eu não sei como, mas eu aprendi a gostar dos seus defeitos quase tanto quanto das suas qualidades.

— Então eu tenho qualidades?

— É, não são muitas, mas tem.

Lizzie deu risada e bateu no braço do dr. Darcy de levinho. Estava tão feliz que nada podia acabar com aquele sentimento.

— Você luta pelo que é certo e pelos seus amigos com unhas e dentes e não tem nada mais sexy do que isso. – Ele deu mais um beijo demorado e deixou-a nas nuvens.

— Eu também gosto de você. – Lizzie deixou escapar. – Muito.

Darcy sorriu e beijou-a na testa. Ali, embaixo daquela árvore, pelo que pareceram horas, eles ficaram conversando sobre todos os assuntos que se pode imaginar. De bichos de estimação a filosofias de vida e religião. E quanto mais Elizabeth ouvia, mais ela gostava e vice-versa. Se pudessem, os dois teriam varado a noite alternando entre beijos e abraços e conversas.

Quando voltaram ao casarão, todos já haviam se retirado para os seus dormitórios e após se despedirem, cada um foi para o seu respectivo aposento. Lizzie só faltava dançar pelos corredores de tanta felicidade. Ela estava literalmente nas nuvens e estava adorando a sensação. Só não percebeu que de cima de uma nuvem é muito fácil cair.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado *-*



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