A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas bem fofo ♥



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Vinte minutos antes do combinado, Liz e Jane estavam prontas. Para não errar, a irmã mais velha optou por um bonito vestido florido, já que no interior da casa não fazia tão frio. Já Lizzie optou por um visual elegante composto de uma calça preta e uma camisa grená, tom que a favorecia bastante.

As duas começaram a descida pelas escadas que davam para a sala principal. Algumas pessoas já aguardavam por lá, a grande maioria com drinks nas mãos, concentrados em pequenos grupos. Jane logo localizou o casal de noivos e foi sinalizar para a irmã, mas então percebeu, que os olhos castanhos de Liz estavam concentrados em um certo alguém que parecia estar esperando por ela ao pé da escada.

— Elizabeth. – O dr. Darcy cumprimentou cortês. – Jane.

— Sr. Darcy. – Foi Jane quem respondeu em tom amável, Liz ainda estava muito surpresa pela abordagem. – Desculpe, mas eu preciso dar uma palavrinha com a Charlotte, já venho.

Lizzie fez menção de seguir a irmã, mas Jane lançou um olhar feio a ela.

— Você está muito elegante esta noite. – Darcy disse após alguns segundos de estranho silêncio.

— Sim, é que não me atreveria a receber outro olhar feio da sua tia. Um já foi o suficiente, agora prometo me comportar. Já coloquei todos os meus jeans no fundo da mala.

— Ela não é mesmo a maior fã de jeans. – Ele riu.

— Ela iria surtar se fosse para o meu país. Quase todo mundo usa, é uma peça coringa!

— Na verdade eu não acho que ela pretenda visitar seu país. – Darcy respondeu ainda em tom de brincadeira.

— Muito ralé para ela? – Liz perguntou com uma pontinha de deboche.

— Na verdade não. – Ele disse sério e em seguida olhou para os dois lados como se quisesse se certificar de que a tia não estava por perto. – Vou te contar um segredo sobre minha tia.

— Um segredo? – Liz gostou da ideia de ter algo para usar contra Catherine. – Conta!

— Ela nunca saiu dessa ilha, pois morre de medo de avião.

— Uau. A imponente Lady Catherine tem medo de algo tão banal quanto um avião?

— Não é tão banal assim, vai. – Darcy respondeu ainda sorrindo.

— Não! – Liz exclamou alto. – Não acredito! Você também!?

Elizabeth ficou rindo por mais alguns segundos enquanto Darcy a olhava sem graça. Ao longe, flagrou Lady Catherine observando-os nem um pouco contente.

— Dá um pouco de medo. – Ele tentou se defender. – Pensa só, uma coisa de metal daquele tamanho voando? Como? É praticamente um milagre, sei lá.

— Acho que sedar uma pessoa e cortar ela no meio é muito mais assustador. E você faz isso o que? Quase todo o dia.

— Mas não sou eu a pessoa desacordada.

— Continua me parecendo bem assustador, mas eu me esqueci. Você não perece ser do tipo que hesita. – Ela supôs. – Pelo menos não no seu trabalho.

— Depende da situação. Sempre depende. – Ele pegou um drink de um dos garçons que estava servindo e ofereceu a Elizabeth, que recusou, então ele bebeu.

— Depende como? – Ela quis saber.

— Todos nós já perdemos pacientes. – Ele começou a responder com cautela. – Quando começamos na profissão a gente acha que vai salvar todo mundo, mas o tempo nos mostra que isso não é possível. Antes fosse. – Ele deu outro gole na bebida. – Por mais que a gente se esforce e faça tudo o que está ao nosso alcance, a hora chega para todos. Por isso a gente tenta manter uma certa distância, isso não significa que somos frios ou que não faremos de tudo.

— Nunca parei para pensar no quão difícil isso pode ser para vocês.

— Pouca gente pensa. – Ele disse atento. – Mas eu já tive medo sim. Muito medo de não conseguir salvar alguém que eu amava muito.

Elizabeth ficou um pouco tensa, mas sua curiosidade foi mais forte. Ela queria saber quem era que ele amava tanto. Quem deixava sua expressão vazia e triste, como se estivesse revivendo os piores momentos de sua vida bem ali.

— Quem?

— É por isso que eles logo nos afastam quando percebem que temos alguma conexão com o paciente. Mas naquele dia, eu não pude obedecer e eu...

Naquele momento as portas da sala de jantar se abriram e logo a voz de Lady Catherine ecoou pelo salão anunciando que já eram sete horas e conforme o combinado, o jantar seria servido.

Todos começaram a seguir para o local onde uma extensa mesa toda arrumada estava. Mas Elizabeth praguejou baixinho por não ter conseguido ouvir toda a história de Darcy. Em seu íntimo, ela sabia que a chance de eles voltarem naquele tópico eram quase nulas.

— Vamos?

Ela sentiu a mão de Darcy em suas costas, pronto para guia-la até seu lugar na mesa.

— Claro. – Liz assentiu animada. Podiam não mais voltar àquele tópico, mas teriam a chance de conversar sobre muitos outros assuntos. Afinal, ele não era assim tão ruim quando estava fora do hospital.

— Darcy, querido. Eu queria conversar com você sobre algumas coisas durante o jantar. Tudo bem? – A voz de Catherine soou dura. – Querida, você se importa de trocar de lugar comigo? É aquela cadeira ali, ao lado dos noivos.

O sorriso afetado de Catherine trouxe Lizzie de volta a realidade. Estava tudo muito bom até o momento, mas a bruxa velha, como sua amiga Charlotte chamava a tia de Darcy, e que agora ela percebia que era o apelido perfeito para a mulher, não a deixaria em paz.

— Claro que não, Lady Catherine. – Liz fez uma reverência exagerada e arrancou um sorriso de canto de Darcy. Era claro que ela o divertia e pelo olhar do médico, ele sentia muito pela intromissão.

— A gente conversa depois. – Ele disse antes de se retirar com a tia, que lançou a Lizzie um olhar severo.

— Claro, claro. – Catherine fez um muxoxo. – Vocês terão o final de semana inteirinho para conversarem.

Aquela frase ficou no ar e Liz sentiu um arrepio. Estava muito claro que Catherine não os deixaria em paz durante o final de semana inteiro.

— Louca. – Lizzie sussurrou baixinho, mais para ela mesma, enquanto ia ao encontro de sua irmã e do casal de noivos, do outro lado da mesa. Bem longe de Darcy e da sua tia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem para eu saber :)



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