A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!! To um pouco atrasada, peço desculpas ^^



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Enquanto voltavam a seus afazeres, Lizzie não perdeu a oportunidade de tentar arrancar alguma informação de Wickham e fez menção ao breve encontro que tiveram com o dr. Bingley e o dr. Darcy mais cedo.

— Então, eu queria saber o que você acha dele, sabe? Preocupação de irmã, acho. – Ela se explicou depois de perguntar para Wickham sobre o dr. Bingley. Não era bem sobre ele que ela queria saber, mas achou que desse jeito suas intenções ficariam menos óbvias.

— Ah, sujeito legal. – Ele respondeu sem muito interesse enquanto caminhava devagar ao lado de Liz. Ao notar o olhar dela implorando para que ele dissesse mais alguma coisa, ele continuou um tanto incerto. – Quer dizer, não sei muito bem, como eu te disse, não faz muito tempo que eu comecei aqui no Hopkins.

— Ah, claro. – Liz respondeu um pouco contrariada, ela estava torcendo para que aquele assunto rendesse. – É que sei lá, essa coisa entre ele e minha irmã está indo tão rápido e a Jane é tão inocente...

— Acho que você não precisa se preocupar. Até agora não ouvi ninguém falando mal dele, muito pelo contrário, o cara é amigo de todo mundo. – Wickham fez uma breve pausa. – Até de quem não merece muito...

Isso! Elizabeth estava vibrando por dentro, com certeza ela conseguira conduzi-lo até o ponto que queria, aliás, precisava.

— Como assim? – Ela perguntou com uma voz inocente, como quem não quer nada.

— Ah, sei lá, esse amigo dele, sabe? O tal do Darcy?

— O que tem ele? – Seu coração estava até batendo mais rápido de tanta que era a curiosidade dela, mas para contrariá-la, ele decidiu prolongar a pausa, como se estivesse estudando cuidadosamente quais seriam suas próximas palavras. Ela, então, decidiu ajudá-lo um pouco. – Pareceu que ele não vai muito com a sua cara, não é?

— É. – Ele suspirou e assumiu uma expressão pensativa. – Não faço ideia do porquê, mas o cara simplesmente me odeia.

Só agora Elizabeth percebera a quantidade de vezes que Wickham se referia a alguém como “cara” e como aquilo a irritava, ou talvez, fosse o fato dele estar falando mal de Darcy. De qualquer maneira, ela relevou, precisava investigar aquilo mais a fundo.

— E você nunca fez nada que pudesse, sei lá, chateá-lo?

— Não! – Ele disse quase como se estivesse se defendendo, mas em seguida sua expressão voltou a ficar descontraída. – Acho que ele não confia muito no meu trabalho. Alguns médicos mais experientes são meio assim mesmo, acham que só eles se esforçam para salvar os pacientes, os outros não.

— Sério? Porque ele não me pareceu o tipo de cara que se importa tanto assim com os pacientes, na verdade. Ou talvez tenha sido só impressão mesmo.

— Está falando por causa da clínica?

— É. – Liz respondeu, agora eles tinham parado perto da recepção, pois ali seus caminhos tomariam rumos diferentes. – No meu primeiro dia na clínica, ele meio que deu a entender que não queria estar ali.

— É por isso. – Wickham respondeu enquanto segurava suas duas mãos. Ele deu um sorriso quase imperceptível quando viu que as bochechas de Liz estavam começando a ficar vermelhas. – Ele não suporta a ideia de me deixar atender os pacientes sem supervisão. Só que ele esqueceu que eu não sou mais um residente, sou médico, sei o faço.

Liz viu de longe, a figura baixa do sr. Collins vir em direção a eles. Mais rápido do que pudera perceber, ela já tinha puxado as mãos para longe das do médico e dado um passo para trás, afastando-se dele. Ela achou que mesmo assim o sr. Collins tivesse percebido algo, pois parou em frente a eles.

— Boa tarde dr. Wickham. – Ele cumprimentou, aparentemente de bom humor. – Srta. Bennet.

— Boa tarde, sr. Collins. – Ela respondeu sem jeito. – Eu já estava voltando do meu almoço.

O sr. Collins ergueu um pouco a sobrancelha, como se estivesse tentando entender o porquê da desculpa, mas em seguida abriu um grande sorriso.

— Tudo bem. Mas que bom que encontrei vocês aqui! Acho que são os únicos para quem eu ainda não falei.

— Falou o que, sr. Collins? – Wickham perguntou interessado.

— Sobre a festa de aniversário do Hopkins! – Ele parecia tão animado, que Elizabeth podia facilmente imaginá-lo dando pulinhos bem ali, na recepção.

— Uau, que legal. – Lizzie tentou fingir que estava tão animada quanto ele, mas sua voz saiu mais aliviada por não levar uma chamada do que contente.

— Acho que ouvimos os boatos. – Wickham deu um sorriso descontraído e piscou tão rápido para Liz que ela ficou tentando imaginar se o ato fora proposital ou não, mas quando o sr. Collins começou a procurar algo em sua pasta, o médico sussurrou baixinho de modo que só ela pudesse ouvir. – Relaxa.

— Achei! – O sr. Collins entregou dois panfletos na maior animação. – Cinquenta anos, vai ser um festão!

Elizabeth pegou uma das folhinhas da mão de seu chefe e começou a ler os detalhes da festa. Parecia que ia ser um super evento mesmo, patrocinado por uma tal de Catherine de Bourgh. Foi então que ela bateu os olhos na data, daqui a duas semanas, bem no aniversário de sua melhor amiga, Charlotte. Ela ficou triste por alguns segundos, tanto por ela que perderia a festa do hospital, pois já havia planejado uma noite das garotas com a aniversariante, tanto por Jane que teria que recusar o convite que o dr. Bingley muito provavelmente faria a ela.

— Vocês vão, não é? – O sr. Collins perguntou todo eufórico.

— Ah, claro. – Wickham respondeu meio por impulso.

Os olhos do sr. Collins, então, voltaram-se para Lizzie. Ele realmente estava esperando por uma resposta. Cara estranho aquele, ela pensou antes de elaborar com cuidado o que diria.

— Eu vou precisar pensar. – Ela respondeu cautelosa, mas assim que as palavras saíram de sua boca, ela sentiu o olhar do sr. Collins, sempre tão simpático, enrijecer, ele com certeza esperava por uma desculpa. E tinha que ser uma ótima desculpa. – Eu queria muito ir, sr. Collins, de verdade. Só que vai ser bem no dia do aniversário da minha melhor amiga e nós já combinamos algo. Além disso, minha família está de visita na cidade e minha mãe ficaria uma fera se eu dissesse que iria deixá-los para ir a uma festa. Ela não é, hum, uma pessoa fácil, sabe?

O sr. Collins continuou observando-a um tanto sério, mas assim que terminou de absorver as palavras de Lizzie, ele abriu um largo sorriso e bateu as mãos, assustando-a um pouco.

— Quanto a isso não se preocupe, srta. Bennet! Convide todos! Quanto mais gente, melhor.

— Oi? – Liz piscou depressa e perguntou perplexa. – Todos?

— Claro, por que não? – Ele aumentou o tom de voz. – Quero todo mundo lá! Sem desculpas.

E após dizer isso, ele se despediu de Lizzie e Wickham e saiu pelas portas de vidro do hospital.

— É, acho que você não vai conseguir escapar dessa. – Wickham falou com um sorriso presunçoso. – Te vejo lá, então?

— Claro. – Elizabeth não sabia bem se aquilo era um convite para que ela fosse sua acompanhante na festa ou não, mas estava tão atordoada com a animação do sr. Collins que acabou concordando. Agora, levar a família Bennet em peso para uma festa onde todos os seus colegas de trabalho estariam presentes? Aquilo sim a deixava apreensiva.

Wickham despediu-se de Elizabeth com um beijo no rosto que a pegou desprevenida. Ela percebeu que bem naquele momento, o sr. Darcy estava passando e não pode deixar de notar o olhar mortífero que ele lançou para os dois. Liz até estremeceu e ficou um pouco desconcertada, tanto pelo gesto de Wickham, que a deixou imaginando se aquilo tinha sido espontâneo, ou apenas para deixar Darcy com raiva, quanto pelo olhar raivoso que recebera dele. Mas chegou à conclusão que Wickham não parecia ser o tipo de homem que ficava alimentando intriguinhas bobas com seus colegas de trabalho. Pelo menos, ela esperava que não.

Enquanto voltava para a clínica, já estava atrasada, inclusive, ela pensou que talvez tivesse que arrumar um jeito de fazer com que aquela situação com Wickham fosse um pouco mais devagar. Ela não sabia explicar o porquê, mas algo a fazia se sentir receosa em relação a ele, e enquanto tentava conseguir informações sobre Darcy, ela talvez tivesse dado um pouco mais de espaço para ele do que pretendia. Eles almoçaram juntos uma vez apenas e ele já se sentiu livre para segurar a mão dela e depois beijá-la no rosto? Tudo bem, Jane iria dizer que aquilo não era nada demais, se ela bem a conhecia, mas o fato de estarem ali, no meio da recepção do hospital, fazia com que Lizzie se sentisse um pouco nervosa. Ela sabia como o povo gostava de falar e gestos como aqueles, na boca de certas pessoas, poderiam terminar em fofocas do tipo “eles estavam se pegando em uma sala vazia” ou algo do tipo. Ela decididamente teria que impor um pouco mais de limites, mas o estrago já estava feito e apenas uma pergunta martelava em sua cabeça: Por que o olhar tão duro de Darcy a incomodava tanto?


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado deste capítulo e semana que vem tem mais :)



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