Adorável complexo escrita por Amora
Despedidas...
Em todas as despedidas do acampamento, você sempre se despedia de poucos. Por muito tempo quis ser um desses poucos, talvez até o único.
Mas chega á hora que até o mais tolo apaixonado precisa desistir, chega a hora que nem mesmo todo o amor e admiração bastam.
Porque afinal, é chegada a hora de deixarmos de sermos singelos espectadores do espetáculo chamado vida e nos tornarmos os atores, roteiristas e diretores.
Doí, doí no fundo do meu coração saber que não seremos os personagens principais de nossa historia inexistente e que só de vez em quando esbarraremos o nosso destino.
Doí, doí saber que meu amor por você se desintegrara com o tempo e que só os deuses e eu saberemos o quão belo foi minha paixão por ti Clarisse La Rue.
Mas de nada posso fazer, afinal não estamos em um conto de fadas onde os “felizes para sempre” é o final!
***
De longe eu poderia ver ela se despedindo de Hedge e Chuck, uma despedida fraternal cheias de promessas. Chuck estava abraçado em suas pernas e era mais do que obvio que o mesmo chorava por se separar da madrinha, Clarisse apenas afagava os cabelos castanhos do pequeno e provavelmente falava com ternura que se encontrariam novamente. O treinador não interferia em nada, apenas os observava, assim como eu!
— Deveria falar com ela! – a voz de Annabeth ressoou no meu lado.
— Falar o que? – meu tom de voz foi meio bruto inquisitivo enquanto arqueava uma das sobrancelhas.
— Que gosta dela, ou você pretende passar o resto de sua vida apenas observando ela construir a dela? – o tom de Annie foi acusador, mas mesmo assim ela continuou a falar. – Uma hora Clarisse vai formar sua própria família, e se você continuar assim com você que não vai ser!
— Quer que eu fale o quê?! – virei-me bruscamente na direção de Annie. – Quer que eu chegue nela e fale “Olha Clarisse, não fica assustada mais faz um tempo que eu meio que virei um stalker e sei tudo o que você esta sentindo apenas de ver como você age, sei que você olha o pôr do sol todo dia pesando no maldito passado. Sei também que tem medo do futuro e por isso se torna a pessoa mais insuportável do acampamento, mas nem com isso eu consigo te odiar e sim te amar mais um pouco!” Por favor, Annie, seja sensata, se fosse o que você faria? Se fosse alguém falando isso como você agiria? – perguntei de modo doloroso.
— Eu chutaria suas bolas e sairia correndo! – dei uma risada nasalada enquanto passava a mão no cabelo de modo frustrante. – Mas não é comigo, e sim com Clarisse.
— É disso que tenho medo, se você chutaria minhas bolas, Clarisse faria três vezes pior. O melhor que posso fazer é manter distancia e deixar que a vida continue brincando com nossos destinos.
Um silencio penetrou nossa conversa e de repente não havia mais nada para se conversar, isso nunca ocorrera com a gente. Foi a primeira vez que percebi que tinha me afastado de todos os meus amigos e pra mim era mais uma prova que eu deveria deixar esses sentimentos de lado.
— Vai se mudar mesmo pra Califórnia? - Annie finalmente falou, quebrando o maldito silencio que nos preenchia.
— Sim, na verdade todas as minhas coisas já estão lá. Comprei uma casa perto da praia. – falei sorrindo só de me lembrar do meu mais novo santuário secreto.
— Então tá! – falou sorrindo. – Tchau cabeça de algas!
— Tchau!
Observei a mesma se afastar até que sumisse de minha vista. Olhei para a direção que Clarisse se encontrava e a mesma estava se despedindo dos seus irmãos.
Suspirei, não seria dessa vez que eu conseguiria me despedir da La Rue. Então fiz o mesmo que Annabeth virei para direção ao contraria para ir embora.
Despedidas...
É de certa onde mostramos o nosso lado mais humano.
Abraços calorosos, risos chorosos e infinitas promessas.
Esse é todo o pacote que uma despedida nos dá!
Eu adoraria me despedir de você!
Gostaria de sentir seus abraços, escutar suas risadas e me ludibriar com suas promessas!
Mas tudo não passa de um desejo, um desejo supérfluo.
Que infelizmente não tem limites!
***
O bar em que eu estava era extremamente aconchegante, uma musica country entoava em todos os cantos, as garçonetes passavam com sorrisos animados e gorjetas em suas mãos e os clientes eram calmos, cada um se divertindo com conversas ou jogos de sinucas.
Encontrei este lugar singelo em uma das minhas caminhadas por Califórnia, aparentemente O bar do Bill não era muito requisitado e era isso que o deixava agradável aos meus olhos.
Em determinado tempo a campainha pregada na porta ressoara dizendo que mais uma pessoa entrara na roda de clientela para o carismático Bill, não me importei muito e continue compenetrado nas gotículas de água que deslizavam no copo em que eu segurava. O novo cliente resolvera se sentar junta a mim na bancada do bar e esperara calmamente Bill atender um casal que estava na bancada também.
— O que deseja senhorita? – a voz simpática de Bill ressoara divertida para a mulher.
— O mesmo que ele, por favor!
Congelei ao ouvir aquela voz de novo e senti todo o meu corpo vibrar de expectativa com um pouco de ansiedade. Lentamente me virei para o lado, apenas para encarar a face de Clarisse La Rue, a mesma me encarava de modo divertido esbanjando um sorriso irônico e brincalhão, já eu com certeza possuía uma feição abobada no rosto.
— O quê esta fazendo aqui? – foi a única coisa que eu conseguirá dizer, mas mesmo assim duvidava que a mesma tivesse escutado de tão baixo que fora.
Antes de me responder Bill chegara com um copo na mão e entregou a mesma, que sorveu um pouco do liquido antes de voltar sua atenção para mim e finalmente dizer com um sorriso no rosto:
— Você não se despediu, Jackson!
Despedidas...
Talvez despedidas não sejam necessárias entre a gente!
Talvez eu não queira mais me despedir!
Você entenderia!
Não é?
Entenderia que desejo mais que um simples “até logo”!
Que eu não quero mais as promessas, risadas e abraços.
Quero apenas que isso não seja necessário!
E que o ato de despedir não exista entre a gente
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