Amor Desconhecido escrita por Agent Krysten


Capítulo 4
O Convite


Notas iniciais do capítulo

Feliz 2017 a todas (os)!
Grande abraço para quem está acompanhando e muito obrigada pelos comentários.
Bem, segue mais um capítulo. Fiz a revisão muito rápida, então se houver algum erro, me avisem.



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O xerife gaguejou antes de conseguir reagir à resposta negativa de Amanda.

— Ah, peço desculpas. Você está com alguém ou está esperando alguém? – perguntou receoso.

— Eu não. Mas você deve estar.

Ela apontou para a aliança dourada que ainda vestia o dedo anelar da mão esquerda dele.

Um estranho alívio atingiu sua mente e ele pode voltar a respirar.

— É isso? Vem. – chamou pegando os dois copos do balcão do bar – vamos sentar em uma mesa e eu te explico tudo.

Amanda hesitou em acompanhar o xerife e já desacreditava em qualquer desculpa que ele iria inventar sobre a tal aliança. Entretanto, ela seguiu seu copo de chope, e logo estava sentada junto com ele em uma mesa reservada.

Mac expirou fundo e buscou forças para explicar a história de sua aliança.

— Eu fui casado sim, Amanda. E a minha esposa morreu nos atentados de onze de setembro. Ela trabalhava na torre sul do World Trade Center. Não foi possível resgatar o corpo dela, e por isso nunca consegui fazer um funeral para ela.

Ela mordeu os lábios, emocionada com a declaração do xerife.

— Sinto muito, xerife. Então, a aliança significa que ainda está em luto por ela.

Até aquele momento, Mac acreditou que a retirada da aliança de seu dedo representava um insulto à memória de Claire e que ela nunca seria removida de sua mão. E o fato de não ter feito nenhum reconhecimento de corpo e um funeral adequado, lhe causavam a impressão de que algum dia ela poderia voltar para ele.

— Acho que sim. Talvez, não mais.

Mac girou a aliança em seu dedo e começou a retirá-la. Amanda colocou sua mão sobre a dele, impedindo que continuasse.

— Está tudo bem, xerife. Não precisa fazer isso aqui, agora. Esse é um momento muito particular entre você e ela e deve ser respeitado.

Ele sorriu aliviado e confortado com as belas palavras dela. Porém, isso não mudava a resposta negativa ao seu convite feito minutos antes.

— E o que devo fazer para que você aceite dançar comigo?

Os olhos de Mac se iluminaram em um brilho azul irresistível que destruiu as defesas de Amanda em um segundo.

— Peça novamente.

Mac sorriu vitorioso e se levantou da mesa, estendendo sua mão.

— A senhorita me concede o prazer dessa dança?

Ela segurou na mão dele e se levantou.

— Absolutamente, cavalheiro.

O xerife a guiou delicadamente até o pequeno espaço livre próximo ao palco e a abraçou pela cintura, trazendo-a para perto dele.

Amanda o abraçou pelo pescoço e eles se movimentaram, ao som romântico da música tocada pela presente banda.

Em alguns minutos, ela já descansava sua cabeça no ombro dele e ele, acariciava as costas dela suavemente.

Nenhum deles percebeu quando a banda encerrou o show e eles continuaram abraçados, dançando no silêncio, ainda por algum tempo.

Quando um dos atendentes passou varrendo o chão da área das mesas, ela notou que não havia mais música. Levantando a sua cabeça do ombro dele, notou também que o bar já estava completamente vazio.

— Xerife, acho que o bar já fechou. – cochichou no ouvido dele.

Mac, que curtia o contato com o corpo dela com os olhos fechados, nem se importou com o fato descrito por ela.

— Ainda temos algum tempo. Sou o xerife, ninguém vai expulsar a gente daqui. – resmungou.

Amanda o acertou levemente no ombro como sinal de repreensão, o fazendo abrir os olhos surpreso.

— Comporte-se, xerife! Isso é abuso de autoridade!

Mac riu e ela começou a puxá-lo em direção ao balcão do bar, para pagar o consumo deles.

— Quanto devemos?

Enquanto ela desviou sua atenção para alcançar a sua carteira, o xerife piscou para o atendente do balcão, sinalizando.

— Hoje é por conta da casa, senhora.

Ela olhou para o atendente e depois para Mac, que recolheu imediatamente sua expressão de cumplicidade com o atendente.

— Tem certeza? – insistiu Mac para disfarçar.

— Sem dúvida. Senhora, xerife.

O atendente os cumprimentou e os acompanhou até a saída do bar, destrancando a porta para que saíssem.

Assim que deixaram o bar, ele percebeu o desconforto dela e não conseguiu mais segurar o riso. E ela, percebeu que ele estava envolvido naquela história.

— Eu sabia que você estava envolvido! Não acho certo você se aproveitar da posição de xerife para ter essas regalias! E outra, me arrastar para isso também! Eu tenho que pagar as minhas próprias contas!

Amanda reclamou e apertou seus passos, deixando Mac para trás, na rua. Ele cessou o riso quando viu que ela estava realmente brava com aquela situação.

— Calma, Amanda. Nada vai ficar de graça. Você se esqueceu de que eu toco naquele bar? Tenho uma conta aberta lá, que fecho todo mês. Não precisa ficar assim.

Ela parou no meio da rua e respirou fundo, controlando seu nervosismo. Somente ali percebeu que havia deixado para Mac para trás e se virou para ele.

— Tudo bem, então você me fala quanto te devo.

Desta vez, ele ficou bravo.

— Ah não, aí você está me ofendendo.

A troca de olhares sérios foi rapidamente substituída por risos e ela tratou de continuar sua caminhada até sua casa.

— Hei, espera, senhorita. É muito perigoso andar sozinha pela rua essa hora. O xerife vai te acompanhar e proteger até a sua casa.

Sem se virar para Mac, Amanda gesticulou.

— Então mexa-se xerife!

Ainda rindo, ele correu e interlaçou seu braço com o dela e a escoltou até a casa. No curto caminho, Mac falou um pouco mais de sua história.

— Eu ainda esperei para ser transferido e agradeci aos céus quando aconteceu. E desde então, estou aqui, liderando as forças policias dessa ilha.

— E você se arrepende? Já pensou em voltar para Nova Iorque?

Eles pararam em frente a casa dela e continuaram a conversa.

— Não me arrependo. Já pensei em voltar para Nova Iorque, mas gosto muito daqui. A população me acolheu muito bem e acredito que tenho que retribuir, de alguma forma. E estou fazendo o meu melhor para isso.

Ela deu um sorriso com a expressão orgulhosa que viu na face dele com a declaração.

— Vejo que as pessoas gostam muito de você. Então você está.

Disfarçadamente, Amanda checou o horário em seu relógio e constatou que já estava ficando tarde.

— Bem, xerife. Obrigada pela bebida e pela dança.

— Disponha. Depois você me conta como veio parar aqui e porque deixou Connecticut.

Mac queria estender a conversa e ficar com ela mais tempo, todavia, Amanda queria o contrário.

— Pode deixar. Boa noite. – se despediu.

Amanda subiu os dois degraus de sua varanda quando ele a chamou.

— Amanda?

Ela se virou e olhou para ele.

— Você sabe que no final de semana teremos a festa da ilha. E eu gostaria de saber se eu posso te levar, quer dizer, se você quer ir comigo.

Em milissegundos, sua mente trabalhou em uma resposta evasiva para aquele novo convite.

— Eu agradeço muito, xerife. Mas eu já recebi outro convite. Desculpe.

Mac sentiu seu corpo gelar como se tivesse recebido um banho de água gelada. Ele nem ouviu e nem entendeu o que Amanda disse antes de entrar em casa, pois seus sentidos estavam totalmente paralisados.

Quando o frio abandonou seu corpo, ele expirou derrotado e caminhou cabisbaixo pela rua.

Amanda engoliu seco ao vê-lo triste daquele jeito, através da janela. Assim que ele sumiu de sua visada, ela encostou suas costas na porta principal de sua casa e fechou os olhos.

— É melhor assim...não posso me envolver com ele. Não posso me envolver com ninguém.

Ela repetiu seu mantra de negação até resgatar o controle de sua respiração e seguir com suas obrigações.

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Somente o corpo do xerife estava presente na delegacia no dia seguinte, pois sua mente estava à milhões de quilômetros dali.

Ele tentava entender como era possível uma pessoa invadir sua mente de uma forma tão avassaladora. Sentia falta dela como se já a conhecesse há anos e também, como se não a visse há anos.

O abraço que trocaram durante a dança ainda era sentido por seu corpo e em contraposição, a ótima sensação se esvaía toda vez que se lembrava da rejeição ao convite para a festa.

Ele não quis acreditar na justificativa que ela havia lhe dado, mesmo sendo plausível. Amanda era uma mulher linda, recém chegada e aparentemente solteira, e certamente ela fora notada por outros homens da cidade.

Sua consciência o repreendeu, e o fez considerar que um outro motivo poderia explicar o comportamento dela. Talvez ela, simplesmente, não queria ficar com ele.

— Já faz horas que ele está lá dentro, imóvel e em silêncio. – comentou Julie preocupada.

Flack não prestou atenção no comentário de Julie, pois trocava mensagens com Jess, sobre a visita a festa da cidade.

Danny parou seu trabalho e movimentou sua cadeira de rodinhas para o lado da secretária e confirmou a descrição dela. Entretanto, ele suspeitava que aquele comportamento estava ligado a Amanda. Afinal, Mac o havia abandonado na cafeteria após Lindsay comentar sobre a nova professora.

— Isso tem nome e sobrenome, Julie.

A secretária arregalou os olhos com possível notícia.

— Sério, Danny? E quem é ela?

O policial fez suspense e nada respondeu.

— Ah, para com isso, Danny! Vai, me conta quem é!

— Não tenho certeza, mas acho que é a nova professora do colégio Brunswick. – suspirou no ouvido dela.

Julie franziu a testa.

— Ainda não conheço ela. Será que finalmente o xerife está amando?

Danny arrastou sua cadeira de volta à sua mesa.

— Pode apostar Julie.

A secretária voltou a observá-lo dentro da sala com admiração.

— Pode apostar o que, Julie? – interrompeu Adam entrando na delegacia.

— Nada, Adam. O xerife já está te esperando faz tempo.

Adam passou pelos policiais e entrou na sala do xerife, fechando a porta por trás deles.

— O que será que eles tanto conversam em segredo, hein Danny?

— Nome e sobrenome, Julie. Nome e sobrenome.

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Mac acompanhou em silêncio a movimentação do seu convidado e o esperou se acomodar antes de reagir.

Adam logo abriu seu computador e se preparou para informá-lo das últimas novidades sobre a sua pesquisa.

— Eu consegui rastrear a transferência da Amanda Clarkson de Connecticut até aqui.

A interrupção desnecessária dele irritou o xerife.

— Fala logo, Adam!

Adam respirou fundo antes de continuar com a divulgação do resultado.

— Os registros dessa Amanda Clarkson estão lacrados pelo estado de Connecticut.

— Lacrados? O que isso significa?

— Sei lá, o senhor é o xerife. Por que alguém tem os registros lacrados?

Mac se levantou de sua cadeira e coçou seu queixo, pensativo.

— Adam, tem certeza que você está procurando direito?

— Sim, xerife. Estou fazendo tudo com muito cuidado para não misturar as informações. O fato é que somente saber que ela é de Connecticut, não ajudou muito.

O xerife rodeou um pouco para decidir perguntar o que estava martelando em sua cabeça.

— Adam – disse ele fechando o computador sobre as mãos dele – você sabe se a Amanda está saindo com alguém?

Adam levantou os ombros, indicando que não sabia a resposta.

— Qual é? Você é meus olhos e ouvidos nessa cidade.

Ele respirou fundo e decidiu falar.

— Eu vi a Amanda conversando com o Robert Meyer na praia essa semana. Mas não sei confirmar se estão juntos.

Mac respirou decepcionado e instantaneamente desistiu daquela conversa com Adam. A pesquisa estava muito limitada e complicada, então ele usaria alguns recursos mais sofisticados que tinha acesso. Ele dispensou seu cúmplice e um ciúmes doentio tomou conta de sua mente, o fazendo esquecer sobre os registros bloqueados em Connecticut.

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O xerife evitou o assunto Amanda pelo resto da semana e focou sua atenção no esquema de segurança da festa da ilha.

Sendo o xerife, sua presença no evento era obrigatória e mesmo desanimado, ele frequentou a festa, prestigiou os expositores e conversou com a população. Obviamente, durante esse tempo, procurou por Amanda e seu acompanhante. Em vão.

No dia do encerramento, Mac não estava em condições de ir à festa. Seu desânimo havia drenado sua condição física e ele delegou as obrigações de xerife para Danny.

— Tem certeza de que não quer ir, xerife? – insistiu Danny.

— Tenho sim, Danny. Peço que mantenha os olhos abertos. Se precisar de alguma coisa, me ligue imediatamente.

Danny consentiu e Mac o acompanhou até a porta da delegacia, onde Lindsay aguardava o namorado.

Mac estranhou somente a presença dela no lado de fora e questionou.

— Onde estão todos? Só vão vocês?

— Vamos encontrar o Flack e a Jess na festa. Talvez o Dr. Hawkes. Eu convidei a Amanda também, mas ela negou todos os meus convites. Na verdade, ela nem me respondeu.

— Bem, divirtam-se. – desejou Mac ao casal.

Mac ficou enciumado ao pensar que Amanda realmente poderia estar com outra pessoa. Frustrado, resolveu ir para casa e tentar descansar, assistindo um filme ou outro programa na televisão.

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Inexplicavelmente e inesperadamente, os dias restantes da semana se arrastaram para Amanda.

Depois que chegou do encontro com o xerife no bar, ela se revirou por horas na cama, tentando entender o porquê que a negação ao convite dele estava lhe incomodando tanto.

Sua consciência a explicava repetidamente, devido à sua condição, que era melhor não se envolver com ele, para evitar consequências desagradáveis.

Mesmo assim, o belo par de olhos azuis dominou a sua mente por muito tempo, e quase a convenceu de procurá-lo para reverter a resposta ao convite.

Sua angústia se fortaleceu quando o xerife não passou mais em frente à sua casa, como estava fazendo há dias. Ela saiu na varanda, todos os dias, no mesmo horário e esperou ansiosamente. Todavia, ele não apareceu.

Uma tristeza se alojou em seus pensamentos e isso a ajudou a negar todos os insistentes convites de Lindsay para ir à festa.

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Amanda não se levantou durante todo o dia e não respondeu nenhuma mensagem ou telefonema. Era o dia do encerramento da festa da ilha, onde a atração principal era a queima de fogos.

Após brigar intensamente com seus sentimentos, a vontade de ver a festa e os fogos, nem que fosse ao longe, venceu suas barreiras e ela decidiu ir à praia. Vestiu sua jaqueta para proteger as suas costas, amarrou os cabelos e caminhou pelas ruas desertas da ilha até a orla.

As pequenas ondas banharam a areia e ela sentiu a brisa acariciar seu rosto. Ao procurar um lugar para se sentar e aguardar o início da atração, seus olhos congelaram na figura que já estava acomodada no banco mais próximo.

Seu coração bateu desesperado em seu peito e sem dúvidas ou ressentimentos, ela caminhou apressadamente e parou a poucos centímetros dele.

— Xerife?

E o par de safiras azuis iluminou seu caminho novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Se puderem. comentem! Abs e até+!



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