Valores Perdidos escrita por Leandro Carvalho


Capítulo 1
Vida


Notas iniciais do capítulo

Eu acabei desaparecendo do site por algum tempo, então, para os meus leitores (se eu tiver algum), explicarei um pouco sobre essa situação nas notas finais.
Espero que gostem desse conto.
Boa leitura.



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Valores Perdidos.

Era uma quinta-feira vermelha no calendário, um dia que deveria ser destinado a um merecido descanso, e em alguns outros momentos em que a preguiça irritasse, poderia rever seus pensamentos filosóficos e tentar encontrar um melhor caminho para todas as pessoas; era esse o plano daquele filho de Deus para esse feriado, azar o dele, mas as coisas seriam deveras diferentes. Iniciou que ao centro da tarde, recebera uma ligação de sua namorada, e não é difícil aceitar que qualquer homem apaixonado sentiria-se bem por escutar a voz da amada, ainda mais quando já se completavam algumas semanas desde o último encontro. O motivo de tamanha distância era explicado por conta do local onde moravam, era necessário algumas horas de viajem para está ao lado da mulher. Voltando ao motivo da ligação, que não foi apenas fruto de saudade, o homem voltou a ser garoto quando ouviu a notícia. Não era como se não estivesse preparado, afinal sempre foi o consciencioso da casa e cuidou de sua mãe, sempre foi responsável e capaz de superar os momentos difíceis, mas daquela vez se sentiu abalado por pensar no peso que a informação da ligação iria trazer ao seu futuro. Será que seria como uma pedra ou uma ponte?

Depois do rápido desvaneio, sentou-se e automaticamente disse que estava feliz pela notícia, que havia sido a melhor informação de sua vida até aquele dia, mas que agora precisava de um tempo para si, queria filosofar até mesmo aquela situação, e a mulher que tanto conhecia seu parceiro, já sabia que seria respondida de tal forma, e isso era um dos mais motivos no qual fez amor nascer em seu coração. De fato que se uma outra pessoa presenciasse aquela situação, iria acreditar que se tratava de um outro moleque fugindo de suas responsabilidades como quando na infância corria da mãe. Se enganaria, pois aquele era de fato um homem responsável, que agora pensava apenas quando isso tudo teria começado, afinal alterava seus planos de forma absoluta.

   A noite não começou bem, sua mãe jogou todo o peso em suas costas, dizia que não seria capaz de ser um pai com 19 anos, que não iria aguentar manter universidade e emprego, tudo o que viria a acontecer a partir daquele dia, e isso irritava o homem, que conhecia o seu valor e sabia do que era capaz, odiava ser desvalorizado. A mãe era professora de experiências ruins e em alguns momentos não aceitava pensar que algo de bom iria acontecer com as pessoas, sabendo que a mulher estava errada e sem vontade de continuar a testilha, decidiu que a melhor solução era sair aquela noite, afinal esse não era um dia para pensar, era cerimônia de descanso, então convocou alguns amigos na intenção de deixar a vida para o próximo dia.

Não muito longe daquela situação, uma bela garota caminhava em passos rápidos e nervosos, não era de seu costume esse tipo de ação, mas aconteceu que naquela noite precisou visitar uma amiga em um horário não muito agradável. Seu pai era um honrado militar, que precisou efetuar um plantão, e por esse motivo não teria possibilidades de buscar a filha, já a garota queria ver aquilo como uma chance de independência, afinal, desde de seu nascimento já se passaram 17 anos, e não poderia viver para sempre dependendo de alguém, no entanto essa sua coragem desaparecia junto com a falta de iluminação das vias, e sua mente criava imagens de tudo que poderia acontecer de ruim antes de está definitivamente segura.

O jovem que mais cedo se estressou com as notícias recebidas através da namorada e da discussão com sua mãe, estava agora sentado na lama, junto de alguns amigos e acompanhado por álcool, foi naquele momento que cruzando a avenida e seu destino, surgiu a garota assustada retornando à sua casa. Por um momento as batidas de seu coração se elevaram bastante, mas por sorte ela notou que um dos garotos daquele grupo tinha um pouco de sua admiração, era um que escrevia seu ponto de vista filosófico na internet, e era de fato uma pessoa que ela já havia encontrado outras vezes, embora eles não tivessem ainda trocado qualquer tipo de diálogo, ela tratou de respirar fundo e seguir seu caminho.

O lado dos meninos tiveram uma reação diferente, todos trataram de admirar a fisionomia daquela que aquele caminho cruzava. Então um dos garotos incentivou a falar algo, seria uma prova de masculinidade? De fato era apenas uma ideia estupida. No entanto, o que estava ao meio admirou mais uma vez as pernas da moça, a forma que a sua cintura marcava o traje. Ele foi encorajado por sua própria raiva a dizer algo, então, se levantou e articulou palavras que não deveriam nunca terem sido proferidas em situação como aquela. A moça completamente assustada se virou e notou que se tratava do tal filosofo. O susto foi grande, mas se sentiu também desapontada, conhecia o ponto de vista dele, então porque estava a executar aquele tipo de ofensa? O garoto continuou, e para ela, por um momento a respiração faltou, se perdeu com suas pernas e quase caiu, mas logo foi capaz de retornar a realidade e seguir muito mais rápido rumo a sua casa, quase caindo e sem olhar para trás. O garoto voltou a se sentar e naquele momento foi advertido por um outro amigo se aquela atitude havia sido de fato necessária, ou se o álcool alterou tanto sua mente? Porque não havia explicação para alguém como ele tomar aquele tipo de posição, e ele tinha completa razão, não existia motivo para aquela tão estupida atitude, e o maior arrependimento ainda estaria por vir.

Poucos minutos depois retornou a sua casa, estava exausto e dominado por uma dor de cabeça, mas no momento que se deitou a imagem daquela garota surgiu em seus pensamentos. Ele relembrava exatamente as palavras ridículas que havia pronunciado, a reação da garota e o medo em seu olhar, então se perguntava por que havia feito tal ato? Por que se rebaixou tanto para nada? Não poderia colocar a culpa no álcool. Não deveria deixar com que os pensamentos dos outros o afetasse com tanta força. Quanto mais aquela imagem retornava em sua mente, mais ele se sentia culpado, estupido e envergonhado. Queria de fato voltar no tempo e mudar aquilo tudo. Depois passou a pensar em sua gentil amada, como ela se sentiria se ocorresse tal situação em sua vida, claro que pensar isso não era o certo, o que ele deveria sentir por qualquer mulher, pessoa, ou ser vivo, era respeito. E agora já era tarde, e as vezes a vida é muito cruel, algumas chances passam tão rápido por nossos olhos que nem se quer percebemos, e depois que elas passam, apenas fica um arrependimento e dor incurável. Não dormir aquela noite seria apenas mais um problema, no dia seguinte precisaria viver, e viver incluía faculdade e emprego, no entanto não dormir ainda não era um preço tão alto a se pagar por um erro desses, naquela madrugada cada momento seria uma tortura sem perdão. E depois de certo tempo chegou até a considerar as formas na qual poderia usar para se desculpar com a garota, caso outro encontro fosse possível. 

Em seu quarto, a garota já estava mais calma, afinal sentia a segurança, no entanto era doloroso aquela lembrança passar por sua mente, e se sentia ainda mais desapontada por saber que alguém que tinha um ponto de vista no qual ela admirava, era na verdade uma pessoa tão falsa. Em um momento da madrugada o pai dela chegou e então quando o herói surgiu na porta do quarto de sua filha, foi surpreendido por um forte abraço. No momento que notou o choro da garota sentiu desespero e um aperto no peito, pensou em diversas coisas ruins que poderiam ter acontecido durante aquela noite e que ele nada fez para evitar, a garota rapidamente cuidou de explicar, sentou ao lado de seu pai e contou tudo o que havia acontecido, o alivio foi grande por não se tratar de algo irreversível. Continuou ao lado dela até que se sentisse bem o suficiente para dormir.

O homem em seu lugar lembrava de sua esposa, que já mais não estava presente, recordava de tudo o que havia acontecido e que ele não poderia mudar, agora sua filha chorava por conta de um garoto qualquer? Não era capaz de aceitar isso, precisava protegê-la, deveria provar o valor que um pai tinha, pelo menos era esse seu pensamento. Com toda sua moral e representando seus princípios, seguiu pelo caminho que ligava até a universidade, a cidade não era grande e não era uma rota repleta de movimento, seguiu por aquele caminho até encontrar o tal garoto. No momento que olhos dele viram o policial saindo do carro, já sabia do que se tratava, apenas não tinha conhecimento da gravidade. Ouviu muito falar sobre o que acontece antes da morte de uma pessoa, que ela seria capaz de ver todo o seu passado, porém, naquele momento, o breve instante que teve ele viu somente o seu futuro; viu dor, viu glória, viu amor, o mundo mudou. Na realidade o individuo a sua frente segurava uma arma, e no outro momento ele já estava no chão. Aquele foi o céu azul mais lindo que já havia visto em sua vida, era incrível pensar que seria a última vez que o via, que pensava, que respirava. Lembrou de sua mãe, de sua mulher, de seu filho. E seu prazo acabou ali mesmo.

Parando para pensar não existe justiça. As pessoas são livres, sendo assim elas podem escolher julgar, alterando a história dos outros, mas a justiça não é o único exemplo a ser usado para se alterar uma vida, um conto, ou um ponto. Tudo muda a cada momento. Na situação desse garoto por exemplo, tudo poderia ser diferente de fato, era só ele não ter saído com os amigos, ou a garota ter retornado para casa antes, quem sabe o pai poderia até ter buscado ela. Mas dessa vez foi assim. E muitas vezes as pessoas apenas entendem seu próprio lado, foi essa a situação desse pai, são pessoas que não usam todas as circunstancias antes de agir. Ou seja, se ele fosse pai do garoto teria sido bem mais fácil aceitar o ocorrido. Na realidade essa história não acaba nesse ponto, ainda tem mais coisa para contar, muitas pessoas vivas para continuar o conto, e pensando por esse lado, eu sinto grande pena de sua mãe, que entrou em depressão, que não queria continuar vivendo sozinha, mesmo com visitas da mulher, do filho e de outras pessoas de sua própria família, não encontrava mais motivos para continuar.

   A garota que no passado foi ofendida, jamais desejou a morte do garoto, chegou a conversar também com a mulher do antigo filosofo para tentar entender o ocorrido naquela noite, embora não existisse muita explicação, era possível entender a perda de controle humana que pode acontecer em algum momento. O policial nunca foi julgado pela justiça baseada em leis, não havia provas, mas ele viveu com o peso em sua consciência, que interessante, ele também errou. A mulher amada; essa fez de tudo para superar a dor da morte, mas não foi fácil, devido a todas suas virtudes achou até um outro homem que se casou com ela e aceitou seu filho, no entanto chegou a ser vitima de vários tipos de violência vindas dele. Do fundo de seu coração sabia que se tivesse continuado ao lado do amado, esse tratamento seria bem diferente, tudo em sua vida seria melhor, mas essa era uma utopia ocasional apenas de seus sonhos. Ela acreditou que o maior motivo de sua vida seria educar seu filho, e foi isso que fez. Para ele explicou tudo sobre a filosofia do pai, contou toda a curta vida do admirável homem, e o garoto cresceu carregando aquele ponto de vista em seu coração. A história de seu pai ajudou a propagar sua fama, ele foi capaz de mostrar aquele pensamento para boa parte do mundo, e agora era um ponto de vista maior, pois junto de tudo o que já havia sido criado e desenvolvido ele acrescentou um pensamento sobre justiça, ou seja, algo que o ser humano jamais foi capaz de realizar ou entender, por fim ele concluiu que os valores da humanidade já haviam sido perdidos, e não existia uma forma de alterar isso.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso.
Espero que tenham gostado, mesmo que a historia deixa algumas linhas soltas, eu queria mesmo era mostrar o meu ponto de vista.
E para os leitores de NYY eu digo que não precisam desistir da fic, eu pretendo terminar a primeira temporada dela antes do fim desse ano, embora não tenha tanta vontade de escrever uma segunda.
E você que ainda não conhece a fic pode ir lá tentar ler, não é nada de mais, e no começo chega ser bem chata, mas acho que podem gostar do conto em si.
Eu realmente queria ter mantido os capítulos durante as semanas certas, mas tive problemas em casa e desanimei bastante... Mas ainda existiram muitas chances para concluir aquela e outras histórias.
É isso, deixem suas criticas nos comentários, é muito bom conhecer os pensamentos dos leitores.
Até a próxima.



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