Pokémon - Reverse Gracidea escrita por Golden Boy


Capítulo 9
9 - Flemeth, a feiticeira


Notas iniciais do capítulo

Testemunhas serão eliminadas;
Pois todos que prezam pela nossa destruição tem esse destino;
Todos aqueles que não se curvarem terão suas gargantas cortadas por nossas lâminas, pois elas são abençoadas pelo único verdadeiro Deus;
O tempo e o espaço se curvarão para nosso mestre;
Oferendas que são o preço a pagar para o portal da destruição se abrir;
Revelando poderes que nossos olhos não poderiam nunca imaginar;
Viverei por este dia, matarei por este dia, e morrerei quando ele chegar;
Por minha lâmina, todos os que tocam o chão e o céu se tornarão um.



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Os Corta-Garganta já estavam posicionados do lado de fora do Ginásio. A lua cheia iluminava as ruas de Hearthome, que abrigavam moradores que foram dormir sem saber do que aconteceria na noite. Sua única protetora, a Gym Leader daquela cidade, seria assassinada. O Comandante, conhecido apenas por esse título, esperava no prédio do outro lado da rua, encarregado de todo e qualquer fugitivo. Testemunhas serão eliminadas; pois todos que prezam pela nossa destruição tem esse destino.

Quando o ataque estava prestes a começar, um barulho foi ouvido em meio ao silêncio que estava presente em todos os cantos da cidade. Com os saltos estalando nas ruas de pedra, uma mulher bem vestida se aproximava com um olhar de desgosto. Ela tinha um cetro, que brilhava. Abriu a porta do ginásio com um aceno de cabeça, e os Corta-Garganta se esconderam, para eliminá-la antes que ela percebesse algo de diferente ali. Todos aqueles que não se curvarem terão suas gargantas cortadas por nossas lâminas, pois elas são abençoadas pelo único verdadeiro Deus;

— Vocês são realmente os melhores da Ordem? Patético. Não sabem nem mesmo ocultar sua presença. — ela bateu o cajado no chão, e um símbolo mágico surgiu no lugar, brilhando em púrpura. — Acho que Cyrus não se importa tanto assim com a morte de minha Fantina. Falha dele. — dizia, enquanto girava o cajado em sua frente. Ela o parou, de cabeça para baixo, e pronunciou algumas palavras ilegíveis, e continuou seu discurso. — Perderá todos os melhores membros em uma só noite! — Um brilho intenso tomou conta do local, e agora a mulher trajava uma armadura. Os assassinos não podiam mais esperar, então atacaram. Eram mais de vinte. O tempo se curvou ao poder, e ela acertou cada um deles em movimentos certeiros. O tempo e o espaço se curvarão para nosso mestre;

Dezenove homens morreram imediatamente apenas com o toque do cajado, e seus corpos sumiram antes mesmo de encostarem em alguma parede. O único que sobrou estava parado na frente da bruxa. — Diga a Cyrus quem sou. A única remanescente do clã Purple Eyes, Flemeth, a feiticeira mais poderosa de Sinnoh. — O homem flutuou em sua frente, e num movimento de seu cetro, foi jogado pela porta de vidro que se abriu de imediato, direto para a sarjeta. E o portal para a destruição se abrirá;

A mulher andou até o lado de fora para se certificar que o homem fugiria, e foi então que percebeu que havia mais alguém. O Comandante saltou de sua posição e cortou as costas de Flemeth num golpe de espada, numa velocidade impressionante. Se ela tivesse percebido ele um instante depois, estaria morta agora. Se virou e girou seu bastão, mirando para o inimigo. O outro assassino agora estava de pé, e puxou suas duas facas para ajudar seu comandante. Revelando poderes que nossos olhos não poderiam nunca imaginar;

— Quem é você? — O homem perguntou, com uma voz grossa. Sem máscara, mas sim um capuz. Bordado em seu peito, o símbolo da Ordem. Em suas duas espadas, marcas vermelhas e douradas no punho, entrelaçados como se fossem um. Simbolizava a morte de todos, nobres ou não. Viverei por este dia, matarei por este dia, e morrerei quando ele chegar;

— Flemeth. E você?

— Sou o Comandante. — respondeu. Estava com os olhos cerrados, mirando no ponto vital mais vulnerável daquela armadura. Parecia pesada, mas a mulher se movia com maestria. — Por minha lâmina, todos os que tocam o chão e o céu se tornarão um. — Comandante avançou, mas o bastão o matou assim que tocou seu coração. Flemeth sumiu dali tão rápido como aparecera, sabendo que seu trabalho estava cumprido.


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Aaron e Glazier andavam pela cidade naquela manhã, nenhum dos dois falando sobre o que acontecera na noite passada. Principalmente Aaron, que se sentia completamente envergonhado por aquilo. Ele odiava aqueles pesadelos. Odiava o que eles o faziam parecer: um fraco, um covarde, alguém que não conseguia controlar as próprias sensações e emoções. Obviamente, Glazier não pensava isso dele. Mas ele só poderia saber disso se perguntasse, e ele não sabia enfrentar crises. Por isso, na maioria de seus problemas, simplesmente ignorava e esperava eles se resolverem. Queria aparentar ser sempre feliz, alguém comum, mas não podia. Então, fez o que sempre fazia e ignorou seus problemas. Não ia dar satisfação a Glazier, e esperava que ele também não falasse nada. Mas o mundo não é perfeito.

— Aaron. — disse Glazier, e Aaron se desesperou. Pensou em todos os cenários possíveis, como eles iriam terminar a viagem depois daquilo? Passar todo aquele tempo juntos depois de tudo aquilo acontecer, uma hora ele teria que explicar, e teria que ser agora. Maldito Glazier, por que não poderia ficar calado?

— Olha, vamos falar sobre isso no fim da viagem, tá? Não quero estragar isso, porque eu acho que vai ser bem legal, então você pode só esquecer aquilo por agora? Não é que eu não goste de você, ou de caras, mas não sei. Eu só tô confuso, e não quero falar sobre isso. — desabafou, de olhos fechados. Quando os abriu, e olhou para Glazier, percebeu que o ruivo não fazia ideia do que ele estava falando.

— Então, você não quer batalhar? — indagou, confuso. Sua pergunta seria só um desafio de batalha.

— Hein? — e foi aí que Aaron percebeu que estava divagando. Bateu no próprio rosto, e se achou idiota por pensar que o amigo falaria algo sobre aquilo. Ele tímido, nunca faria algo assim. Mas, se pensar bem, aquela cena no ônibus... talvez ele não fosse tímido sempre, só em noventa por cento do tempo. — Pode ser. — Aaron parou subitamente, e sacou a pokébola de Chan. Eles já travaram muitas batalhas para treinar, mas agora seria para valer. — um contra um. — disse. Era uma pessoa completamente diferente diante de uma batalha. Em sua cabeça, não podia demonstrar fraquezas para o inimigo, não importando quem fosse. Glazier era o contrário, gostava de parecer o mais real possível para fazer o inimigo confiante e a batalha, mais simples. Ele também puxou sua única pokébola. Os amigos se encararam, e sorriram. Suas pokébolas colidiram no ar e Pip saiu diante de Chan, ambos determinados.

— Chan, Scratch! — Aaron queria começar devagar. Chan já estava bem treinado, e pelo que checara, já estava próximo de evoluir. Talvez acontecesse naquela batalha, então deveria tomar cuidado e fazer seu pokémon vencer a todo custo. Sabia que Glazier era um exímio estrategista, e poderia guiar Pip para a vitória facilmente se Aaron se descuidasse. Chan também já estava cansado de lutar com Pip, aquela seria sua vigésima batalha. Contra o mesmo inimigo. Com as mesmas estratégias, ele imaginava. Avançou num pulo, e usou suas garras para arranhar Piplup. Rolou de lado até uma distância segura, de onde podia observar o contra ataque e revidar a tempo.

— Pip, use Water Gun! — era a mesma batalha que acontecia todos os dias. Chan conhecia a estratégia de Glazier de cor, então apenas fez o que fazia sempre. Esperou o último momento para desviar, mesmo com os apelos de Aaron para que ele saísse dali imediatamente. O resultado foi um Chimchar jogado para trás com o golpe rápido de Pip. Eles provavelmente tinham treinado no tempo que Aaron estava no hospital, e a potência daquele jato era enorme. O ataque foi rápido, e mesmo com a distância entre os dois, Chan foi acertado, nem viu o golpe ser lançado. Levantou do chão de pedra cambaleando, mas Glazier não esperou ele se recuperar para atacar. — Peck! — Piplup avançou correndo, e pulou quando se sentiu seguro para fazê-lo. Planando próximo ao chão, usou seu bico para acertar Chan e sair dali de volta para a posição inicial.

— Droga, Chan, o que há com você?! — Aaron se aproximou de seu companheiro ferido. Foi então que ele viu, olhando dentro de seus olhos, o mesmo brilho que viu no dia que o conheceu. O brilho determinado no olhar de alguém que nunca desiste. Só por aquele gesto, sabia que não podia desistir da batalha tão cedo. O ajudou a se levantar, e ficou de pé também. — Nasty Plot. — contra todas as expectativas de Glazier, Aaron estava usando um ataque para aumentar o status de seu Pokémon.

— Piplup, aproveite a vantagem! Use Peck novamente! — Piplup avançou, planando próximo ao chão com o bico brilhando em poder. "nossa vantagem é a velocidade de movimento dele" pensou Aaron. Ele sabia que Chan também tinha percebido, então esperou o último momento, aumentando seu ataque o máximo que pode, antes de finalmente comandar, num único suspiro:

— Fire Spin! — da boca de Chan para o ar, um enorme raio de fogo foi expelido. Glazier agiu rápido em resposta. Estendeu as mãos, e projetou toda a sua força pela palma das mãos. Uma onda gelada colidiu com o ataque de Chan, e protegeu Piplup, com sua magia projetando um tipo de barreira de vento gélido. Mas a barreira não durou muito, até um ataque de um pokémon era mais forte do que a magia de Glazier. As chamas avançaram com força, acertando Piplup e o fazendo rolar de costas até seu treinador esbaforido do outro lado do campo. Mas ainda tinha alguma vitalidade para continuar mais alguns minutos de luta. Aaron praguejou quando viu o pinguim se levantando, mas sua expressão mudou quando viu seu pokémon evoluindo.

Um brilho rodou por todo o seu corpo, e Chan sentiu seu poder irradiando na forma de luz. Seu corpo inteiro entrou em mudança, aumentou, o brilho ficou mais forte forçando todos ali a virarem o olhar, e quando cessou, um Monferno estava de pé, pronto para terminar aquela luta.

— Chan! Você evoluiu! — comemorou Aaron, correndo até seu pokémon para comemorar. O Monferno desviou do abraço de Aaron, e fitou apenas Piplup. Queria vencer de qualquer jeito. Correu pelo campo, e observadores curiosos olhavam a batalha à distância, assim como Aaron, caído no chão e perplexo com a ação de Chan. Olhou com pesar para o resto da batalha, enquanto Pip desviava dos ataques incessantes do Monferno, com força aumentada graças ao Nasty Plot usado anteriormente.

— Pip, use Bubblebeam! — abrindo seu pequeno bico, disparou um raio de bolhas contra o rosto de Chan, que ficou ainda mais irritado, atacando com cada vez mais voracidade. Um ataque, e Piplup estaria fora de combate. Isto é, se ele conseguisse acertar. A raiva que dominava seus punhos também retardava suas estratégias, enquanto Pip pensava claramente no que fazer em seguida e esperava os comandos de seu treinador, que tinha uma visão privilegiada da batalha e poderia pensar numa estratégia melhor. Quando uma sensação estranha fez Aaron arrepiar e tremer, ele finalmente ficou totalmente de pé, com os cabelos castanhos caindo por cima dos olhos, e murmurou apressadamente:

— A batalha termina aqui. — então retirou Chan de volta para a pokébola, e seguiu andando calmamente. Glazier o seguiu, questionando sua última ação.

— Onde você vai?

— Pro centro pokémon, ué. — mentiu. Tentaria tirar Glazier da sua cola, e fazer com que as palavras que ecoavam em sua cabeça parassem. Cambaleava murmurando respostas para as perguntas incessantes de Glazier, que sabia que tinha algo errado.

— Você não está bem, Aaron. Precisamos de um médico, venha comig... — Glazier tentou puxar Aaron pelo braço até um hospital, mas assim que encostou nele, Aaron revidou com um tapa certeiro na boca de Glazier, que começou a sangrar.

— Não. Enche. — Aaron o encarou com os olhos obscuros, e saiu correndo determinado com o corpo reto, como um corredor profissional. Glazier checou os tênis que estavam na mochila de Volkner, os Running Shoes, e sabia que Aaron estava com os dele, para correr daquele jeito. Ativou o mecanismo que aumentava a velocidade dos seus, e saiu atrás do amigo com Pip de volta na pokébola.

+++++

A rota 208 estava cada vez mais próxima, e Aaron ia para lá cambaleando, desviando das grandes árvores que pareciam brotar em sua frente. Seus sapatos o faziam ir cada vez mais rápido, o que dificultava sua visão para onde estava indo. Ele sabia que se chegasse na rota 208 ficaria extremamente feliz e com a sensação de realização, mas não sabia nada mais do que isso. Uma sensação estranha, mas ele não podia questionar.

Ele via uma clareira mais a frente, mas antes que ele pisasse na grama macia tocada pelo sol, Glazier o alcançou, e o puxou para trás. A grama se transformou num rio agitado, que movia-se violentamente em sua frente, o chamando para sua morte. Aaron teve um choque de realidade, e se jogou para trás, caindo na grama molhada pelas gotas pesadas de chuva que caiam no solo.

— Vamos, antes que a chuva piore. — Glazier disse, calmamente. Como pioraria mais do que aquilo? Aaron pensou. O ruivo não estava cansado de correr até ali, dava poucos passos e deixava o fluxo de energia do sapato o empurrar para frente. Era uma tecnologia impressionante, se parasse para pensar. Quando os dois se levantaram e viraram para a floresta, viram a figura de uma mulher velha vestida com um vestido púrpura.

— Precisava tirar vocês da cidade antes que pudesse atacá-los. Fazer seu amiguinho morrer afogado facilitaria meu trabalho, feiticeiro Novek. — Flemeth falou, revelando ser quem mandou Aaron ir até ali. Ela também é uma feiticeira, Glazier pensou. — Mas já que você também foi burro para cair na minha armadilha e salvar ele, vão morrer os dois. — Ela girou o bastão que carregava, e energia foi emanada dele. Ela o segurou na posição correta, e um círculo mágico brilhou em sua frente.

Pronunciou mais um punhado de palavras que não podem ser transcritas, e movimentou o bastão. Um raio saiu de sua extremidade superior, na direção de Aaron e Glazier, que se bifurcaram e correram para a floresta, auxiliados por seus Running Shoes. A feiticeira não desistiria tão facilmente. Girou seu bastão mais algumas vezes, seguindo Glazier com o olhar pelo meio da mata enquanto andava calmamente de volta para a floresta. Bateu o cajado no chão, e um raio acertou o solo ao lado de Glazier, que gritou e caiu, com algumas queimaduras no peito e no braço. Aaron se aproximou do amigo, agora livre de qualquer efeito da magia de Flemeth. Esta que se aproximava cada vez mais, girando o bastão cada vez mais para lançar mais ataques e matá-los de uma vez. Em sua cabeça confusa e transtornada, aqueles eram membros da Ordem Galactic, e ela tomara como dever que deveria eliminar todos que carregassem aquele fardo. Seus olhos azuis se iluminaram, e ela liberou um segundo raio, que acertaria o exato local onde Aaron e Glazier estavam.

Um Electivire correu e saltou por eles, e o raio atingiu suas costas, aumentando seu poder. Continuou correndo, e envolveu seu punho em poder elétrico para acertar o abdômen de Flemeth. Esta foi jogada para trás, e seu cajado caiu no chão. O treinador daquele Electivire apareceu logo em seguida, e ajudou Glazier e Aaron a fugir dali. Quando estes perguntaram por seu nome, respondeu sério:

— Thomas Surge.


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Notas finais do capítulo

Nas notas iniciais, o juramento dos Corta-Garganta, e também espalhado pelos parágrafos da primeira parte do capítulo.
O que acharam da Flemeth?
Lembram do Thomas? Aqui está ele novamente!



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