Pokémon - Reverse Gracidea escrita por Golden Boy


Capítulo 7
7 - Conflito


Notas iniciais do capítulo

Ohayo! Primeiro capítulo onde as narrativas alternam entre Glazier/Aaron e Peter/Mercy :)



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  Capítulo 7

Quando Glazier percebeu que passou a noite naquela cadeira desconfortável, se arrependeu de ter ido para o hospital na tarde anterior. Aos bocejos, foi andando e tropeçando até a cafeteria do hospital, afinal, já era tarde da manhã. 

— Bom dia, o que vai querer? — perguntou a mulher, do outro lado do balcão, fitando o ruivo sonolento com um olhar de desprezo.

— Qualquer coisa que me faça acordar. Dormi bem mal essa noite.

— Café? — ela forçou um sorriso desconfortável.

— Não. Arceus, odeio café. Não teria um smoothie de nozes? — Glazier pediu, sem se dar conta no que acabara de falar. A mulher o encarou, um misto de confusão e raiva. — Ou um chá verde. — ela não mudou de expressão.


. — respondeu, secamente. Glazier guiou suas pernas bambas para uma mesa perto do balcão, e foi quando viu Volkner vindo em sua direção.

— Oi. — cumprimentou Glazier, olhando para a mesa de ferro. Volkner continuou calado, murmurou alguma coisa e olhou para o lado. Fitou a mulher do balcão trazendo o chá de Glazier, seguindo-a com o olhar até a mesa em sua frente.

— E você, loirinho, quer alguma coisa? — Volkner a calou apenas com o olhar, visto que ela teve arrepios quando olhou dentro de seus olhos azuis tempestuosos, e se retirou em seguida, em passos rápidos. Ele definitivamente não queria conversa, mas Glazier não percebeu.

— E então... — disse, bebericando seu chá. — Falou com os pais do Aaron que ele está em coma induzido?

— Não.  Não precisam se preocupar com isso durante suas férias.


— Mas... — Glazier foi bruscamente interrompido por ele. — Ouça, quero que você leve Aaron para o mais longe daqui. Não me importa onde, não me importa como. Não quero que me diga, eles saberão se eu souber. Assim que Aaron for liberado, você vai sair de Sunyshore e rumar para o mais longe que puder. — O garoto achou que ele estava brincando, e estava pronto para rir, mas percebeu que era sério quando Volkner não mudou sua expressão. Parecia aliviado por finalmente ter dito aquilo, mas continuava sem olhar Glazier. Seu olhar continuava desviado, como se ele estivesse sendo perseguido e não pudesse dizer aquilo. — O marido da mulher que morreu anteontem é um homem perigoso. Acham que eu sou cúmplice no assassinato dela. — continuou. — Só Arceus sabe o que ele faria com Aaron para me machucar. — Volkner colocou uma bolsa de couro sobre a mesa. Glazier reconhecia coisas chiques, afinal convivera com elas sua vida inteira. — Dentro dessa mala tem algum dinheiro. Espero que nos encontremos novamente. — O homem loiro deixou a bolsa na mesa, e saiu andando para longe. Glazier estava boquiaberto;

   E Volkner agora tinha assuntos para resolver. Assim que saiu da cafeteria, com uma dor enorme no coração por não poder se despedir de Aaron, subiu em sua moto, e rumou para Jubilife, onde aconteceria o julgamento de Maylene.

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Peter acordou com uma sensação estranha. Geralmente isso só acontecia nas segundas feiras, quando tinha que cuidar do jardim de inverno do palácio de sua família. Mas dessa vez, em plena quarta-feira, em Floaroma, com a sua única amiga humana no mundo inteiro, sentiu que não estava seguro.

   Quando Mercy voltou para o quarto de hóspedes, mais de dez minutos depois, Peter estava arrumando suas malas. Colocou todas as roupas que compraram pra ele dentro da mala surrada que ele trouxe na queda, e olhou para Mercy extremamente preocupado.

 — Vou embora. Venha comigo. 

— Hein? Por que eu iria com você? 

— Porque você me ama. — Peter sorriu, presunçoso, e Mercy colocou toda a sua força num tapa certeiro em sua bochecha direita. E não virou o olhar quando ele caiu apoiado na cama, confuso. — Doeu, sabia?

— Eu nunca disse isso. E eu não vou sair de Floaroma tão cedo.

— Mercy, essa era a chance que você queria: sair em uma jornada! Pode fazer isso com um treinador experiente e poderoso! — mentiu. Precisava que Mercy fosse com ele, agora que ela tivera contato com ele seria uma testemunha. E Thomas não deixava testemunhas, até onde ele sabia.

— Se você me derrotar numa batalha, eu vou com você. Contanto que convença minha mãe também, é claro. — Mercy se divertiu com a ideia de ter uma batalha com Peter.

— Que seja... — respondeu Peter, ainda com a mão na bochecha. Rumou até a cozinha, para conseguir um saco de gelo. "Ela é mais forte do que parece", pensou, enquanto descia as escadas. Mercy o observou do andar de cima, pensando como ela foi tão burra de fingir dar mole para um babaca como aqueles. Bem, é verdade que ele era legal, bonito e talvez até... gostoso? Mas ela não sentia a mínima paixão por ele, muito menos amor! Deveria ter impedido a cena do quase beijo naquele dia, quando ela aconteceu.

 

+++++

Já estavam no quintal da casa, Mercy de um lado, e Peter do outro. A batalha começaria logo. Bruce já estava se alongando ali perto, esperando ser chamado por sua treinadora. Peter segurava a pokébola de Salamence.

— Quando eu disser "já", ok? — explicou o garoto. — Três, dois, um e... já! — Peter lançou a pokébola com toda a força, e ela não passou do meio do quintal. Era realmente um quintal grande, pensou. Salamence saiu da pokébola rugindo, ansiando por alguma ação. Dois segundos, três, quatro, e Mercy ainda parada encarando Salamence. — É sua vez agora.

— Bruce, agora! — Mercy fez um L com os braços quando Bruce pulou para fora da porta que levava para o quintal, — Ataque! — Bruce correu até Salamence e socou o ar em sua frente.

— Sério? — Peter ergueu as sobrancelhas, tentando não rir.

— Não. Bullet Punch! — O Machop sorriu ainda olhando para o rosto de Salamence, concentrou energia em seus punhos e avançou com poderosos socos em seu torso. O pokémon dragão levantou voo para desviar, mas foi surpreendido com um segundo comando de Mercy; — Low Kick! — o chute de Bruce foi potente o suficiente para manter Salamence próximo do chão, mas não o seguraria por muito mais tempo. Usando a cauda e as patas traseiras, se impulsionou para cima e começou a bater suas asas, tentando sair dali, sem perceber que o pokémon inimigo já estava agarrado a seu pescoço, e o socando com força usando seu punho livre. 


"Droga, assim Salamence não pode revidar, a não ser..." pensava Peter, observando Salamence lutar contra si mesmo no céu de Floaroma, atraindo olhares curiosos dos moradores. 

— Salamence, jogue-o contra o chão! — O pokémon dragão colocou uma de suas patas dianteiras sobre o pescoço, e retirou o Machop a força, o jogando contra o chão. Um Seismic Toss improvisado. — agora, Flamethrower! — ainda no ar, moldou uma bola de fogo na frente de sua boca, reunindo cada vez mais calor, e finalmente a lançou no pokémon caído. A esfera ígnea explodiu, e uma onda de calor foi dissipada pela vila, felizmente sem queimar nada. Um brilho rápido foi visto enquanto o ataque ainda queimava, e quando parou, um Machoke estava de pé, com os braços cruzados para cima e um olhar extremamente ameaçador. Mercy estava impressionada, mas sabia o que fazer.

Cross Chop! — Bruce saltou, sem mudar sua posição, mas reunindo cada vez mais poder nas palmas das mãos. Acertou Salamence em cheio, e o lançou contra algumas flores. Estava sendo uma batalha mais brutal do que Peter esperava, sendo que sua inimiga era uma treinadora que nunca participara de uma batalha. — Bruce, pegue-o e use Vital Throw! — O Machoke correu pelo campo, saltando os pequenos arbustos que delimitavam o fim do quintal de Mercy, e continuou em frente até conseguir agarrar a cauda de seu inimigo. Girou, com ela em mãos, e lançou Salamence para o alto.

— Salamence, precisamos revidar! Dragon Claw! — gritou Peter, com toda a força nos pulmões. Assim que o pokémon ouviu, pegou impulso na montanha atrás de si, e foi com toda a velocidade acertar seu inimigo com a garra aumentada e brilhante, graças a seu poder. 


— Bruce, Focus Punch! — Mercy comandou, e seu pokémon começou a correr na direção de Salamence. Quando colidissem, haveria algum estrago, e seria o fim da batalha. Uma fumaça cobriu o local do choque, impossibilitando todos de ver o vencedor.

   Quando achavam que tinha terminado, o chão abaixo dos combatentes começou a se rachar, como se fosse um piso falso. A fumaça se dissipou a tempo de Mercy e Peter verem um grande buraco bem no meio de Floaroma. E Bruce, usando suas últimas forças para se segurar na borda com uma única mão. A outra segurava a cauda de Salamence. Ele se ergueu para fora do buraco, ainda puxando seu ex-inimigo dragão. Quando ele finalmente fora retirado, era tempo de perguntas serem respondidas. Peter colocou seu pokémon dentro da pokébola, e Mercy abraçou Bruce pelo bom trabalho na batalha. E então, olharam dentro do buraco, e viram algo totalmente impressionante. Uma caixa de ferro, um pouco maior do que um cubo mágico, flutuando para fora do buraco.

   Os amigos se afastaram quando o cubo de ferro brilhou e se abriu. Uma esfera púrpura pulsava ali dentro, como um coração. Observaram o objeto por quase um minuto, seus toques brilhantes eram incríveis. A caixa parecia tentar se fechar, mas a cada pulsação se abria de novo. Peter agarrou a mão de Mercy quando percebeu do que se tratava. Um pouco mais longe, escondido nas folhagens de uma árvore, um homem de máscara. O garoto sabia que ele era da Ordem Galactic, e sabia que ele queria aquela caixa. Mas os assassinos da Ordem Galactic não agem sozinhos. Provavelmente haviam vários ao seu redor, e se não saíssem dali agora, provavelmente morreriam. Teve que pensar rápido, e provavelmente esta era realmente sua única opção. Saltou puxando Mercy, e tentou pegar a esfera, mas a caixa se fechou imediatamente. Bruce saltou também, tocando a mão de Mercy. E quando os dedos de Peter se fecharam ao redor da caixa, ela sumiu. E eles também.

 

+++++

 

   No meio de um bosque, ao norte de Sinnoh, onde o inverno já tinha chegado com tudo, um brilho púrpura apareceu. E logo em seguida, dois adolescentes e um pokémon. A caixa se fechou de vez, e Peter a escondeu quando percebeu que estava sendo observado por homens armados. Eram menos de dez, vestidos com casacos de pele grossa para suportar qualquer tipo de frio, mas todos eles armados com metralhadoras. Mercy não fazia ideia do que estava acontecendo, dois segundos atrás estava caindo num buraco para sua morte, e agora estava sobre neve, morrendo de frio, perto de algumas montanhas e gigantescos cacos de gelo no topo. 

 

— Levarrremos vocêzz parra o palácio. — disse um dos homens, com um sotaque forte de Kalos. — Venham. — ele foi na frente, e Mercy se pôs a andar junto com Peter. Os outros homens foram atrás deles, sem abaixar as armas. Quanto mais subiam a montanha, Mercy percebeu que os cacos de gelo gigantes não eram cacos de gelo gigantes, e sim partes de um enorme e luxuoso palácio. Pontes de gelo, coberta por ladrilhos de pedra levavam de uma montanha para outra, e em cada montanha, enormes torres de tijolos de pedra azul. Os telhados pontudos, com varandas ao redor, recheados de guardas armados. Mercy só não morreu de frio graças a um casaco emprestado por um deles, disse que era para mantê-la viva até que "Lorde Skarnak" os julgasse. Se mantiveram calados o caminho todo até a torre principal, onde um homem de barba rala os esperava. Ele sorriu ao ver Mercy, e arregalou os olhos ao ver Peter. Ao seu lado, um Mamoswine adormecido roncava. Estranhamente, não haviam guardas ali. Parecia que só aquele Mamoswine ao lado do trono trazia toda a segurança que o "lorde" desejava.

— Saudações! — o homem pulou de sua cadeira e andou rapidamente até Peter. — Peter Dubois, como vai? — e então olhou para Mercy, caída de joelhos e tremendo. — essa aqui eu não sei quem é. Deem um banho quente e roupas limpas para ela. — ele estalou os dedos, e três mulheres se apressaram para levar Mercy para fora da sala. Peter tentou ir junto, mas dois guardas o seguraram. Skarnak esperou a porta se fechar para voltar a falar. — Você vai valer muito como prisioneiro.

— É melhor me soltar! Eu não vou ser seu prisioneiro! — esperneou Peter. Conhecia muito bem aquele homem.

— Ah você vai. Se cooperar, sua amiga vai ter várias mordomias, talvez até um quarto na torre mais alta e mais afastada do palácio. Caso contrário, ela vai ser jogada de lá. A escolha é sua, Petey.

Não me chame assim! Velho louco, eu juro que vou...

— Tirem as pokébolas dele. E prendam aquele Machoke numa jaula qualquer. — Skarnak apontou para Bruce, que estava preso por correntes no canto da sala. Logo, todos os guardas tinham saído da sala, e apenas Peter e Skarnak continuavam no mesmo lugar. Quer dizer, Peter não estava preso, mas sabia que era perigoso fazer qualquer coisa sem que Skarnak o mandasse fazer.— Então, o que faz aqui tão longe de casa? Recebi notícias de que você estava desaparecido por mais tempo do que o necessário, e nem mesmo avisou seu irmão.

— Eu fui caçado por um mês inteiro. Parece que alguém queria me torturar, e contratou alguém para fazê-lo. — respondeu. Obedecer Skarnak era a melhor forma de manter Mercy viva.

— Interessante. Onde estão suas suspeitas?

— Em você. — falou, como se fosse óbvio.

— Por que eu faria uma coisa dessas? Não falo com seu pai há anos! Por que eu iria tentar machucar seu herdeiro? — ele parecia tremer ao falar sobre Antoine Dubois.

— Pelo mesmo motivo que vai me manter aqui. Você quer influência na política. — Peter mergulhava a mão na bolsa, tentando achar a pistola que mantinha consigo. Comprara enquanto ainda estava sendo perseguido, caso o homem aparecesse novamente. Na maior parte do tempo, só era perseguido por Magnezone.

— Bem que eu queria. Mas não é por isso que você vai ficar aqui. — disse. Estava sentado, olhando nos olhos de Peter. — Eu preciso de um favor do Antoine. E você vai me ajudar a consegui-lo. — Agora ele estava sério. Talvez sério até demais. Peter sentia um pesar na sua voz, como se ele tivesse medo de falar aquele nome.


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