Um Refúgio em Silent Hill escrita por Mara S


Capítulo 7
Fugindo do Passado




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Emily subiu lentamente os degraus e ao pegar as chaves de seu apartamento, já parada na porta de saída da escada, notou Joseph sentado nos degraus que levavam para o segundo andar. Ele parecera não ter notado Emily ali perto e continuou com as mãos no rosto. Ela se aproximou cautelosa e disse calmamente se ajoelhando em sua frente:

– Joseph... Aconteceu alguma coisa?

– Emily. De onde você surgiu?

– Da escada... – Emily falou começando a se assustar com o estado do amigo. Ele estava com olheiras fundas, o cabelo estava bagunçado e havia um corte profundo em sua sobrancelha.

– Onde você esteve? Eu fui até sua casa ontem, depois que você falou comigo.

– Eu falei com você ontem?

– Sim. Sobre Sophie – Emily falou lentamente.

– Sophie... Minha Sophie. Eu me lembrei agora. É que eu perdi a noção de tempo.

– Você está usando drogas? Você realmente parece estar mal. Vamos, eu vou te levar para o hospital.

– Não! – Joseph falou irritado. – Não lá!

– Certo, sem problemas... Então eu te levo até seu apartamento. Você precisa de um banho e descanso.

– Talvez...

– Você conseguiu falar com Sophie?

– Sim. Consegui ontem e hoje também foi a ultima vez que falei com ela.

– Como assim?

– Eu nunca tive chance de falar como eu acho você bonita. Eu gosto de seus olhos... São de um azul tão diferente.

Emily ergueu as sobrancelhas e disse preocupada:

– Joseph, você precisa descansar. Depois vamos trazer Sophie de volta.

– Ela não vai voltar, Emily – falou com lágrimas nos olhos.

– Claro que ela vai... Não diga isso, Joseph.

Vendo o estado do amigo, ela falou séria:

– O que aconteceu com Sophie?

– Eu queria ficar sozinho, Emily – respondeu secamente.

Ela pensou em continuar em sua argumentação, mas preocupada com o amigo, preferiu não discutir. Não com Joseph naquele estado. Emily estava inquieta com as palavras de que ele nunca mais veria Sophie, e mesmo contra sua vontade, pensou em coisas terríveis que poderiam ter ocorrido com a pequena. Mesmo com todos estes pensamentos, Emily decidiu dar tempo ao homem.

– Certo. Eu não vou desistir de você agora. Não se esqueça disso – falou séria colocando as mãos no rosto de Joseph, tentando o despertar do transe.

– Só me deixe aqui... Eu estou bem.

Emily ameaçou se levantar, mas foi impedida por Joseph que segurou seu braço.

– Antes de ir – falou em um tom baixo indo na direção de Emily, e lhe dando um beijo suave soltou seu braço. – Obrigado, Emily...

Para ela aquela cena soava como uma despedida, principalmente ao perceber que o homem tinha seus olhos repletos de lágrimas. Mas Emily meramente se levantou e caminhou lentamente para seu apartamento.

Emily voltou para a escada mais tarde, mas Joseph não se encontrava mais lá. Foi até seu apartamento, mas ninguém atendeu. Não vinha nenhum tipo de barulho por detrás de sua porta. Com todas suas idéias esgotadas, decidiu deixar este assunto para o outro dia. Já havia problemas demais em sua vida e mesmo assim pareciam que eles teimavam em surgir cada vez maiores.

Depois de tantos acontecimentos, mal sentiu quando despertou do sofá com o toque de seu celular. Já anoitecera e isso significava que daquela noite não poderia fugir do Heaven’s Night.

Fazia uma noite fria e começara a cair uma chuva fina quando Emily chegou à porta da boate. Cumprimentou o segurança e entediada seguiu até o vestuário, rezando para não encontrar Luca ou mesmo Maria, o que seria difícil naquele ambiente.

– Por que demorou tanto?

Emily bufou ao escutar a voz do chefe atrás de si. Mal havia pisado no vestuário e Luca já aparecera.

– Hoje não, Luca. Não estou nos melhores dias da minha vida hoje.

– Está doente?

– Não.

– Ótimo. Então não há problema algum.

Emily entrou no vestuário com a esperança que ele a esperasse do lado de fora, mesmo sabendo que ele não o faria.

– Se arrume logo – falou passando entre algumas garotas seminuas.

– Por que a pressa? – perguntou enquanto guardava sua bolsa no armário.

– Por que você é minha garota de ouro.

– Obrigado – falou sarcasticamente tirando o casaco.

– Parece que você adivinhou – encarou Emily enquanto ela arrumava o espartilho de tecido multicolorido. Trajava luvas de borracha de um tom dourado que combinavam com a meia-calça bege três quartos que era amarrada por uma cinta-liga preta.

– Adivinhei o que? – Emily perguntou arrumando o cabelo com pressa.

– O que o cliente queria - apontou a roupa da jovem. - Era isso que eu estava falando antes. Dança privativa e muito dinheiro...

– Sério? Que sorte a minha.

– Ele pediu uma garota igual você. Imagina o sorriso de satisfação quando disse que tudo o que ele precisava estava aqui. Entendeu por que a pressa, agora?

– Faz tempo que ele está aqui? – perguntou já caminhando para fora do vestuário.

– Não... Do jeito que ele descreveu a garota que queria com certeza alguém já deve ter falado de você.

– Claro... – parou na frente da porta que entraria, arrumando a liga.

– Espero que o anime o suficiente – Luca falou passando a mão na coxa de Emily antes de sair.

Ela fingiu não se importar e assim que viu o chefe desaparecer abriu a porta da sala. A luz fraca não permitiu que ela visse claramente o homem sentado do outro lado. Mas assim que fechou a porta o ouviu dizer:

– A pessoa que eu procurava.

– Bom ouvir isso, estranho.

– Se aproxime lentamente de mim, garota.

Ela caminhou até o homem, ainda sem conseguir ver completamente sua face, apesar de perceber que ele possuía cabelos escuros e usava terno.

– Agora você vai fazer exatamente o que pedir...

– É exatamente para isso que estou aqui.

– Sente-se do meu lado.

Emily se sentou e ao olhar o estranho, agora perto o suficiente para ser reconhecido disse sem esconder seu medo:

– Você...

– Não tente fazer nenhum movimento. Eu sei que eles não gravam nada aqui dentro, mas também sei que se você gritar um segurança vai aparecer aqui a qualquer momento, não é mesmo?

Ele a puxou em sua direção pelos cabelos e continuou:

– Feliz em me ver, Jillian?

Não podia ser possível. Eles haviam a descoberto. Não depois de tudo que passara para fugir; agora ela reencontrara seu passado.

– Steve, como você me achou aqui? – perguntou tentando se controlar.

– Foi difícil, meu amor. Primeiro eu pensei que tivesse morrido e isso me deixou extremamente irritado! Pense bem: se alguém tinha permissão para te matar, essa pessoa seria eu! Imagine como eu fiquei ao pensar que alguém poderia ter roubado meu brilho? Depois eu soube que não... Você estava viva! Afinal de contas, nós dois sabemos como você é esperta! Eu duvidava que estivesse realmente morta. Alguém com seu talento não morreria depois de tudo que fez. Roubar todo aquele dinheiro... – apertou seu pescoço. – Para depois morrer? Não, não você.

– Eu pensei que perderia você para sempre! Talvez já estivesse na Colômbia com todo dinheiro! Mas não! Você estava bem debaixo do meu nariz! Foi esperta em escolher uma cidadezinha de merda que nem essa... Eu imagino como deve ter sido para você vir morar aqui, depois de tantos anos em Chicago, Miami, Los Angeles... Onde mais você passou?

– Se quer me matar, por que não corta logo o papo furado?

– Depois de tanto tempo longe de você? Acha mesmo que vou desperdiçar essa oportunidade? Não... Nós vamos lembrar os velhos tempos, Jillian...

Ele se levantou e a trouxe junto pelo braço.

– Nós vamos sair juntinhos... E qualquer coisa que você fizer eu te mato, certo? – a ameaçou mostrando uma pistola em uma das mãos.


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