Estou bem, aparentemente. Pra quem me vê sorrindo e brincando, eu to bem. Uma piadinha ali, uma gracinha lá, sempre de frege. Sempre ‘de boa’. Só fachada, só a casca mesmo, porque por dentro eu sinto cada tremor cabuloso que brota nem sei de onde e vem tomando conta de mim.

Daí passa um filme na minha cabeça; a fraqueza, o choque, a rendição, o nervosismo, o arrependimento – quase que instantâneo – e a culpa. Tudo isso voa na minha cabeça em um ou dois segundos; o suficiente pra me deixar pra baixo o resto do dia.

Quanta cagada eu consegui fazer em um período tão curto de tempo, penso, nessa eu me superei...

Até aí tava suportável.

De uns dias pra cá eu tenho sentido algo muito parecido com raiva. Uma ansiedade fudida, uma vontade de gritar, dar um soco na parede, sei lá; botar pra fora. Meter o loco. Mandar à merda. Daí me bate um nervosismo tão forte que perco até o foco, às vezes parece que nem raciocino mais.

Não durmo direito há semanas e isso tá começando a me afetar de verdade. Deito cedo, viro de um lado pro outro até vir o sono, mas daí meu peito começa a saltar, e cara; parece que eu vou explodir. Começo a pensar bobagem. Só queria dormir e não acordar por uns três anos. Deixar a vida no piloto automático. Mas não existe isso de piloto automático. Dirige essa porra ou pula fora enquanto é tempo.

Daí eu já não estou mais bem, nem mesmo aparentemente. Pra quem me via sorrindo e brincando, eu tô pra baixo e não consigo nem disfarçar. Um suspiro ali, uma fungada lá, sempre fumando. Sempre ‘de cara’. Transparece.

Não tô tendo maturidade pra isso e nem posso dizer se um dia terei.