Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 41
Terceiro Dia - Rose


Notas iniciais do capítulo

Pessoal tá sumido...
Vamos aparecer aí que a coisa melhora, gente :)



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Transcorrido bons vinte minutos, Rose aproximou a mão da mãe, dormindo profundamente, e tocou em sua tez com cuidado. Ela estava quente, portanto tinha febre. Apreensiva, a garota observou ao redor impaciente porque seu pai não chegava nunca. O galpão, em contrapartida, não parava de se abarrotar de gente. Famílias chegando às dezenas e se apinhando cada vez mais num espaço que tinha tendência a diminuir conforme a massa humana aumentava. Rostos derrotados e ansioso a fitavam casualmente, pessoas vindo de diversos lugares do estado. Cada um com sua história… Suas perdas.

 

    Com alívio, finalmente os cabelos ruivos de Rony se destacaram entre aquela gente todo e, seguido por uma mulher grande e de aspecto esgotado, ele retornou para eles.

 

ー Hermione? ー ele chamou a mãe, o semblante alarmado.

 

ー Ela dormiu agora a pouco, mas está com febre ー Rose informou enquanto ela e Hugo se afastavam para dar espaço aos dois adultos.

 

   Rony se ajoelhou ao lado da morena e, carinhosamente, ergueu sua nuca, apoiando na perna dele. Hermione abriu os olhos lentamente, bastante letárgica. Ele lhe sorriu e acariciou a testa suada dela

 

ー Oi, eu trouxe uma médica. Ela vai dar uma olhada na sua perna. Como está se sentindo?

 

ー Péssima… ー admitiu após alguns segundos de silêncio.

 

  A mulher se agachou sobre o tornozelo inchado da paciente e ergueu a barra da calça até meio da perna. O local da lesão surgiu avermelhado e edematoso encobrindo totalmente a protuberância óssea do calcanhar. Com eficiência e precisão a profissional tocou na articulação de Hermione e girou para esquerda e para a direita. Ela reclamou de dor ao mesmo instante que Hugo apertava a mão de Rose, ansioso.

 

ー Calma…ー o pai fez um leve afago na cabeça dela e, se virando para a médica, quis saber ー Têm necessidade de ficar fazendo esse tipo de exame?

 

ー Senhor, estou examinando sua esposa ー a outra respondeu, carrancuda ー Olha… a febre e o inchaço é devido a inflamação na região, mas ainda não temos como saber se está quebrado. Não sem um aparelho de RX.

 

ー Que ótimo! ー exclamou, frustrado.

 

   Seu olhar cruzou brevemente com o dos filhos, assistindo ao exame médico, e ele capturou a atenção de Rose, informando:

 

ー Contornando o galpão pela direita, pelo lado de fora, tem um refeitório. Estão servindo pão e suco, filha. Vá lá agora, leve o Hugo. Tome conta dele por mim, por favor.

 

  Seu olhar suplicava por ajuda. Era mais do que ele poderia suportar… e Rose era a única salvação confiável depois de Hermione. A adolescente acatou ao pedido, tomada pelo senso da responsabilidade, pegou Hugo pela mão e partiu em direção ao refeitório. Em seu íntimo ela gostaria de ver sua mãe saudável, seus pais felizes e que, no fim do dia, houvesse alguém para lhe proporcionar colo e conforto. Hoje não seria este dia. Hoje ela tinha de ser confiante e madura o suficiente para fazer sua parte com eficiência.

 

   No refeitório, tão abarrotado quanto o galpão, os irmãos Weasley entraram na fila para pegar a alimentação. Seis grandes bancadas estavam dispostas pelo salão e conforme as pessoas eram servidas iam buscar algum lugar para sentar nelas, nos estreitos bancos.

 

   Havia um garoto um pouco mais novo que Rose, mas não tão novo quanto Hugo, de pé na frente deles. Ele estava acompanhado dos pais, duas criaturas pálidas e abatidas, e observava os irmãos ruivos com genuíno interesse. Não demorou para puxar conversa na fila.

 

ー Vocês já viram eles? ー perguntou, pressuroso.

 

ー Vimos quem? ー a garota também perguntou de má vontade. Se pudesse não gostaria de ficar de papo furado com ninguém, ainda mais um pirralho de olhos esbugalhados.

 

ー Os aliens, ué!

 

ー Você viu? ー Hugo retornou da sua apatia e deu corda para o garoto.

 

ー Claro que sim. Vocês não, né?

 

   O irmão balançou a cabeça rápido e negativamente. Ela preferiu se manter calada.

 

ー Eles são bizarros. Lembram os aliens dos filmes, mas são muito, muito mais feios. Têm umas cabeçonas gigantescas, que esticam para trás igual uma super-abobrinha saindo da terra.

 

ー Uma super abobrinha? ー Rose, sem querer, riu. De repente imaginou o mundo lutando com naves espaciais pilotadas por legumes mutantes.

 

ー Não ri não… é verdade ー o menino resmungou, ofendido.

 

ー E eles atacam como? ー Hugo o questionou. O assunto “alien” alucinava o irmãozinho de um modo exagerado.

 

ー Não sei os detalhes… Eles entraram na casa dos meus vizinhos e foi uma gritaria só…

 

ー Josh, chega. Vamos nos sentar ー a mãe do garoto o chamou a atenção, a mão carregando uma bandeja e a comida da família dentro.

 

  Aquela conversinha mole rendeu uma boa passagem de tempo e já era a vez dos Weasley. Rose se lançou sobre a bancada e surrupiou um pão a mais, além de dois belos copos de suco artificial de uva.

 

ー Eu dúvido que esse garoto viu alguma coisa, Hugo. Que ideia é essa de “cabeça de abobrinha” ー comentou descontraída, andando para encontrar uma vaga nos bancos, e preocupada em manter seu papel de irmã protetora, tirar da mente dele qualquer assombro desnecessários.


  Entrementes, nem bem se sentaram num espaço apertado entre os diversos comensais e o assunto mórbido, ets e morte permeava da boca de todos.


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