“A vida é uma aventura aberta, exposta. Não protejam as crianças. Fortifiquem-nas interiormente para que brinquem bem com qualquer espécie de brinquedo.”

Londres era uma das cidades mais incríveis que aquelas garotas poderiam ter o prazer de conhecer. Mal as jovens haviam deixado o aeroporto, agradecendo a Zeus pelo voo tranquilo, e elas já estavam absolutamente encantadas com a cidade da Rainha. Um sorriso aventureiro brotou nos lábios de Blake, a cria de Hermes era a responsável pela ida das quatro semideusas a Europa e não poderia estar mais feliz com tudo aquilo. Os saltos de Mary-Kate faziam barulhos contra as calçadas, e a jovem estava super feliz por finalmente poder exibir toda a sua classe e elegância sem ter que se preocupar se um monstro apareceria para fazê-la de refeição. Elas estavam à milhas de distância do poder central dos deuses, duvidavam que um monstro as encontrasse tão cedo com tanto poder antigo nos Estados Unidos. As belas garotas seguiam para o hotel em que ficariam nessas duas semanas em Londres, não era longe do aeroporto, mas mesmo assim elas pegaram um taxi.  

— Quíron vai pirar quando descobrir que sumimos e ainda levamos duas “inocentes” romanas juntas – Blake comentou quando já estavam no quarto de hotel, focando seu olhar em Davina, que apenas revirou os olhos.

— Sou tão vítima sua quanto elas – a filha de Atena indicou as garotas romanas, que limitaram-se apenas a rir – Quando Quíron e Reyna descobrirem sobre nossas férias não-autorizadas longe dos Estados Unidos é capaz de mandarem até Hades para nos levar de volta.

— Provavelmente seremos expulsas da Segunda Corte e passaremos o resto dos nossos dias trabalhando na cozinha do Acampamento Júpiter porque nem a bondosa Quinta Corte vai querer nos acolher – Stella brincou, mas Mary-Kate parece ter levado a sério, tratando rapidamente de contrariar a amiga.

— Não diga isso em voz alta, por favor, minhas unhas choram só com a mínima menção de lavar louças – dito isso, as outras meninas desabaram em risos, mas Mary não desmanchou a cara de pavor – Além do mais, não sabemos cozinhar nada, seria mais provável que colocássemos fogo em Nova Roma inteira.

As amigas riram novamente, e dessa vez Mary não aguentou e as acompanhou nas risadas. Aquela cena era hilária só de se imaginar, Mary-Kate e Stella jamais se entenderiam com fogões e facas que não servem para matar monstros. Após as risadas cessarem, Davina decidiu impor ordem naquelas meninas.  

— O.k, podemos descansar o resto do dia e amanhã sairemos para conhecer um pouco da cidade – a loira dissera e alcançou um guia turístico em sua bolsa – Tem alguns lugares muito legais aqui por perto, galerias de artes e museus maravilhosos – afirmava folheando o panfleto.

Stella abriu um largo sorriso ao ouvir a palavra “Artes”. Como uma boa cria de Apolo, a loira caçula tinha uma forte obsessão por todos os tipos de artes, especialmente as plásticas. Já Mary-Kate e Blake torceram o nariz, a filha de Vênus nunca entedia nada naquele monte de pintura e escultura sem sentido, enquanto a de Hermes odiava o tédio que se estendia depois de 5 minutos nesses locais.

— Acho que vou passar a manhã em algum lugar bastante agitado – Blake destacou bem o “bastante”.

— Eu vou com ela, parece bem mais divertido do que olhar coisas sem sentido pra mim – Mary-Kate concordou com a amiga grega, já na intenção de arrastá-la para um lugar cheio de gatinhos, em outras palavras, algum shopping badalado.

As quatro semideusas conversaram mais um pouco e foram se preparar para dormir. Mary-Kate e Davina foram para o quarto que dividiriam, que era na frente do das irmãs Parker.

Blake e Stella eram como Jason e Thalia, irmãs somente por parte de mãe. Blakely era a mais velha, com seus 16 anos, uma perfeita filha de Hermes. Cabelos longos e castanhos, olhos escuros como amêndoas, nariz fino e sorriso peralta, alta e magra, como a maioria das crias do deus mensageiro. Stella era mais nova somente um ano e dois meses, completaria seus 15 anos no próximo mês (setembro). Stella era filha de Apolo na sua versão romana; era uma típica criança do deus Sol: cabelos loiros, pele bronzeada, olhos azuis safira e corpo escultural; não era tão alta como grande parte de seus irmãos romanos, não passava dos 1.55 de altura, enquanto Blake tinha uns bons 15 centímetros a mais. Definitivamente Blake e Stella não se pareciam em absolutamente nada, ninguém nunca desconfiava que elas eram irmãs até o momento que uma delas afirmava tal fato.

Davina também tinha 16 anos, recém-completados, e Mary-Kate tinha 15. Como deixaram 4 garotas menores de idade viajar sem acompanhantes ou autorizações judiciais dos responsáveis? Digamos que Blake é a melhor quando o assunto é falsificar documentos e fraudar informações, e Mary-Kate ajudava com seu charme quando alguém suspeitava de alguma coisa. Além disso, as 4 aparentavam mesmo serem mais velhas, elas eram bem mais desenvolvidas fisicamente do que grande maioria de meninas da sua idade. Às vezes os genes divinos não servem só como alarme para monstros.

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No dia seguinte as jovens acordaram razoavelmente cedo, tanto que quando eram 8:20h da manhã as jovens já estavam devidamente prontas e de café da manhã tomado para sair do hotel. Blake já tinha um mapa com seu destino traçado em mãos e Davina estava com seu sagrado guia turístico. Mary-Kate havia subido para pegar sua inseparável bolsa mágica, de onde ela poderia tirar praticamente tudo que não fosse grande demais para caber numa bolsa básica de mulher, inclusive dinheiro; boa parte do dinheiro da viagem era por conta de Mary-Kate, que além de tirar cartões de créditos ilimitados da sua bolsa, ainda tinha uma boa quantia de dinheiro no banco, herança do pai que ela mal se recordava. As três semideusas esperavam a amiga na frente do hotel, e por sua demora, Stella foi à eleita para subir atrás da colega romana.

— Senhorita Parker – Stella foi chamada pela recepcionista quando passava pela mesma. A loira se aproximou da bancada temendo algum problema com os cartões que usaram para pagar a cara estadia naquele magnifico hotel.

— Algum problema...Brenda? – questionou um pouco receosa, lendo o nome da moça em seu crachá dourado. A mulher negou com a cabeça e se abaixou para buscar algo.

— Apenas correspondência para a senhorita e suas amigas – a mulher estendeu quatro envelopes meio amarelados para ela, que as pegou curiosa, nunca na vida havia recebido correspondência e o porquê disso agora que estava em outro país? – Nunca aconteceu de um hóspede receber correspondência aqui e muito menos se elas forem entregues por uma coruja que se chocou contra a vidraça da recepção. Espero que não seja nenhum trote, senhorita – a moça comentou atraindo os olhares confusos de Stella.

Corujas entregando cartas em plena luz do dia? Só podia ser coisa dos deuses. Stella agradeceu a recepcionista e focou seus olhos nas cartas, lendo o endereçamento na carta de cima, que era a de Mary-Kate:

Srta. Marie Katherine Lewis

Hotel Palace Plaza, Quarto Nº 23, 2º andar.

Rua Eaton Square, Nº 117.

Londres.

 O.k, aquilo era estranho, estava endereçado nos mínimos detalhes e foi entregue por uma coruja. Com certeza aquilo era coisa dos deuses, provavelmente seria um novo meio de dar broncas nos seus filhos semideuses desobedientes. Um meio direto e indireto ao mesmo tempo, portanto, Zeus não poderia reclamar. Stella não teve tempo de abrir a sua carta para saber do que se tratava, e nem mesmo terminou de examinar o envelope e o selo, que era uma cobra, um leão, um texugo e uma águia envoltos em uma grande letra “H”.

— Vamos Stella, não fique aí parada feito uma estátua – Mary-Kate passou ao seu lado a apressando. A loira enfiou as cartas na bolsa e seguiu a amiga até onde as outras estavam.

Não iria estragar um dia que acabará de começar com cartas idiotas dos deuses. Davina e Blake pareciam ter discutido turismo para um ano inteiro utilizando o mapa/bússola de Blake (uma bússola de ouro que emite um mapa holográfico de acordo com as coordenadas do local onde ela estiver).

— Eu e Mary-Kate vamos às compras, quem sabe estamos seguras para comprar ao menos uma polaroid para registrar alguns momentos – Blake dizia meio pensativa – Davina e Stella vão a uma galeria de artes aqui perto e nos encontraremos depois do almoço, às 13 horas na estação de King’s Cross. – concluiu, arrancando expressões confusas das recém-chegadas.

— Vai haver um evento muito divertido em Cambridge hoje, em homenagem ao aniversário de 18 anos do príncipe primogênito de lá. É somente uma hora de viagem daqui e tem um trem saindo às 14 horas na estação de King’s Cross – Davina explicou – Tudo bem para vocês se nós formos? – adicionou e as outras duas concordaram com um simples aceno.

— Ótimo, então até mais tarde – Blake se despediu sem dar a chance para as demais fazerem o mesmo, pois saiu correndo em direção ao ônibus de dois andares vermelho que havia acabado de parar no ponto de ônibus, arrastando consigo uma filha de Vênus meio atrapalhada com seus saltos.

As duas loiras restantes se encararam e desataram a rir, deixar Blake e Mary-Kate sozinhas em uma cidade com tantas lojas luxuosas não era algo muito esperto de se fazer, elas eram praticamente a nova definição de consumismo. Sem contar que Mary-Kate jamais aguentaria o ritmo de Blake e provavelmente chegaria cheia de calos nos pés hoje, a filha de Hermes parecia se alimentar de açúcar a décadas, sua energia era algo sobrenatural. Por fim, as duas loiras pegaram um táxi e rumaram para a Galeria de Artes de Christian Leen.