O Destino do Amor escrita por Lilissantana1


Capítulo 16
Capítulo 16 - Cheiro de Jon...


Notas iniciais do capítulo

Um pouco mais dos dois.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713868/chapter/16

Aquela foi uma manhã de temperaturas mais baixas, onde uma chuva fina e consistente caía suavemente sobre a terra. Annie abriu os olhos e sentiu o peso de um braço sobre sua cintura, uma mão grande, masculina batia contra seu umbigo nu.

Mesmo que sua mente estivesse nebulosa pelo recém despertar, ela sabia de quem se tratava.

Jon respirava cadenciadamente contra seu pescoço, demonstrando que ainda dormia profundamente e várias imagens entrecortadas da noite anterior tomaram conta do quarto e de seus pensamentos. As mãos, os lábios, alguma coisa de doçura nos gestos, nos beijos e nos olhos dele.

A colcha de algodão recobria os corpos nus, mantendo a caloria que o torso masculino espalhava pelo pequeno espaço. Se não fosse pela presença de Jon colado em suas costas, ela com certeza estaria gelada.

Pela fresta da cortina observou a rua, a claridade, o vidro molhado, o movimento das árvores sob o impulso do vento e fechou os olhos novamente. Era preguiça de se mover? Ou ela estava gostando daquela posição? Daquele contato acolhedor. De repente a mão que apenas tocava seu abdômen se moveu, achegando-se mais, pressionando-a contra o peito firme atrás dela.

Jon fez um som abafado, suspirou lenta e pesadamente contra a nuca dela sentindo o cheiro dos cabelos de Annie contra seu rosto. A pele macia em contato direto com a sua. Ela se mexeu, passando a mão sobre a que ele mantinha na cintura dela. Dobrou as pernas e imediatamente Jon se encaixou perfeitamente naquele espaço.

Poderia ficar ali o dia todo.

— Bom dia... – sussurrou no ouvido dela antes de soltar um beijo na pele delicada do pescoço feminino.

Annie se encolheu arrepiada e sorriu internamente.

— Bom... dia... – respondeu afagando o braço dele.

— Estou com fome. – Jon falou sem desfazer o cerco apertado na cintura dela.

— Quer que peça a Leisa para... - Annie deu a entender que se levantaria, mas ele a segurou com mais força, junto ao seu corpo. – Acabou de falar que estava com fome, eu...

Interrompendo-a ele a girou, obrigando-a a deitar-se de costas e se acomodou sobre o corpo feminino retrucando:

— Não é tanta fome assim, posso aguentar um pouco mais. - Encaixando uma perna entre as dela, ele sorriu sedutor. Annie sentiu o pênis dele contra sua coxa. Aquela era o tipo de intimidade que jamais se imaginara tendo com qualquer homem. Menos ainda com o “famigerado” futuro Duque de Hawkins, o odiado futuro marido, o... ela se perdeu quando ele a beijou.

Lentamente se movendo, Jon trocou de posição, aninhando o rosto entre os seios de Annie, respirando fundo, inalando o aroma da pele dela. Os dedos femininos afagavam carinhosamente seus cabelos. Ele tinha medo. Medo daquele desejo, da sede que sentia de sentir aquele toque.

Ela segurou o rosto dele entre as mãos e o ergueu, observando-o silenciosamente.

Os fios loiros esparramados sobre o travesseiro branco pareciam brilhar como na noite anterior. Ele deitou sobre ela a apertando contra si, recostando a cabeça sobre o ombro  estreito fechou os olhos.

As mãos de Annie faziam movimentos circulares sobre suas costas, subiam e desciam pela linha do coluna enquanto ele ouvia o som ritmado do coração dela.

— Estou com fome. – seu estômago começava a doer reclamando. - Mas não quero sair daqui... – ele confessou ainda na mesma posição.     

— Então fique... – ela concordou olhando a rua novamente.

A resposta foi um longo e puxado suspiro, falando daquele jeito, Annie não ajudava em nada. E de repente ele viu, sobre a mesa de cabeceira o livro que ela lia.

— Está com você... há dias que procuro por ele! – falou esticando o braço para pegar o manual.

Ela virou o rosto e percebeu de que ele falava.

— Gostei muito desse livro. Se algum dia resolver cultivar rosas posso emprestar? Há ótimas informações ai.

Ele se afastou um pouco do corpo dela antes de soltar o livro no lugar onde estava e falou:

— Vou fazer melhor do que isso... – disse de forma enigmática e a beijou movendo suavemente o quadril contra a coxa dela.

— O que pode ser melhor? – Annie perguntou enquanto ele beijava seu pescoço.

— Depois lhe mostro... –  a resposta veio rápida, em forma de sussurro, e os beijos se intensificaram.

Desceram pelos seios dela, pela barriga dela, passaram pelas coxas dela. As mãos a pressionaram e fizeram sua mente se perder e seus lábios gemerem. O calor de Jon tomava conta dela, se apoderava de seus poros, de sua respiração, das batidas de seu coração.

********************

Passava do meio dia quando ele finalmente saiu do quarto. Annie permaneceu deitada, enrolada na colcha de algodão, Jon foi diretamente para a cozinha. Ainda vestindo a roupa da noite anterior, ele adentrou no pequeno espaço onde quatro pessoas conversavam exatamente sobre o baile.

— Bom dia senhor! – Joseph disse ficando em pé, assustado, acreditando não ter ouvido a campainha tocar. E já pronto para se desculpar.

Sir Hawkins estava desnorteado, todos notaram, entretanto isso parecia comum para um homem que estava trancado no quarto da esposa desde a noite anterior. A camisa mal abotoada pendia para o lado de fora das calças, os pés descalços, isso não era raro, ao menos Joseph estava acostumado a essa imagem. Sem falar nos cabelos, completamente fora de controle.

— Bom dia... – Jon retrucou estendendo rapidamente a mão, mandando: - Pode ficar sentado. – ele tinha outra pessoa na mira.

— Leisa... – chamou se voltando para a criada da esposa que também o encarava com olhar assustado – Annie precisa que você prepare o banho para ela...

— Sim senhor... – a mulher saltou da cadeira tão rápido que Jon teve de gritar para segurá-la.

— Leisa! – a moça o observou ansiosa, o que ele poderia querer? Atrapalhar?  Mas o tom de voz de Sir Hawkins era tranquilo: - Acalme-se mulher! Não é para agora, vamos comer alguma coisa primeiro.

— Bridgite!

— Senhor...

— Prepare algo rápido para comermos...

— Temos carne assada fria senhor. – Jon se sentou à mesa, perto dos empregados. Cruzou as mãos sobre a madeira ouvindo atentamente a moça ruiva enumerar as possibilidades culinárias mais rápidas. E logo tinha o pedido na ponta da língua.

— Faça sanduiches com essa carne... quero o vinho, azeitonas e ovos mexidos.

— Mais alguma coisa senhor?

— Não. Isso será perfeito. – e continuou sentado sob os olhares silenciosos do quarteto. – Pode fazer... – estendeu a mão para Bridgite indicando a despensa – Vou esperar aqui.

Joseph se interpôs:

— Posso levar a bandeja quando estiver pronta senhor.

— Sem necessidade. Já estou aqui. Espero.

Contestar? Ninguém pensava em fazer isso. Jon era geralmente considerado um patrão fora dos padrões. Ele não costumava fazer as exigências que os outros faziam. Gostava de realizar muitas coisas por si mesmo. Como por exemplo: levar a comida para o quarto. Mas, detestava ser contrariado. Geralmente os empregados preferiam não entrar em choque com ele e acatar as ordens, mesmo as mais esdruxulas a se indispor com o futuro Duque.

*****************

Quando ele retornou ao quarto, encontrou Annie amarrando os cabelos numa trança. Ela não estava mais nua, vestia uma camisola simples, e estava sentada perto da janela, olhando a rua.

— Pensei que você continuaria como estava. – reclamou largando a bandeja sobre a cama. O único lugar grande o suficiente para acomoda-la.

— Senti frio. E depois... “o senhor” está vestido.

Se aproximando ele estendeu a mão para ela.

— Pois poderia ficar como estava, porque eu a aqueceria quando voltasse.

Annie encarou os pratos com uma variação grande de comida e sentiu o estômago reagir.

— O senhor demorou. – retrucou.

Ele a puxou para que o observasse. Estava sendo relegado a segundo plano. Os olhos dela estavam fixos na comida. E era ele quem estava com fome.

— Annie, olhe para mim... – o tom de voz de repente perdeu o ar de brincadeira que eles estavam tentando manter desde a noite anterior, então, ela realmente o observou com atenção e Jon continuou: - Por favor... pare de me chamar de senhor!

Era só isso? Por que ele se incomodava com isso?

— Por que o... “você” não gosta? É apenas um pronome de tratamento.

Provocou se sentando na ponta do colchão, pronta para pegar um pedaço de queijo.

Ele também sentou, mesmo que ela estivesse considerando aquele pedido sem importância, para ele era importante.

— Quando você me chama de senhor, eu me sinto como se fosse seu pai... seu patrão... qualquer coisa, menos seu marido.

Ela o encarou enquanto mastigava prazerosamente o queijo junto com a azeitona.

— Quase todos os casais se tratam assim.

Era uma boa justificativa. Porém, uma justificativa que Jon não considerava condizente.

— Mas eu já lhe disse isso. Não sou como os outros. Realmente não quero ser chamado de senhor pela minha mulher.

Minha mulher. Annie repetiu mentalmente.

Ela era realmente a mulher dele. A mulher de Jon Hawkins. Então, nada mais justo do que atender a esse pequeno pedido. Até porque, ela gostaria de chama-lo pelo nome. Depois de todas as intimidades trocadas, não havia motivos para continuar com a formalidade.

— Você não vai comer Jon? Pensei que estava morrendo de fome!

Ele sorriu de leve antes de responder:

— E estava. Mas algumas coisas precisam ficar esclarecidas antes que um homem acabe com a fome.

— Então! Agora que está tudo resolvido, faça o favor de comer. – pegando uma fatia de pão ela a levou a boca do marido.

Jon aceitou o carinho e a puxou para perto, sentando-a entre suas pernas. Mesmo que a posição não fosse exatamente confortável, era bastante agradável.

— O que vamos fazer hoje? – ele perguntou de repente – Eu tinha planos, mas com essa chuva...

Annie demorou a fazer um comentário sobre o assunto, pois estava mastigando um pedaço de sanduiche.

— Quais eram seus planos?

— Além de ficar na cama até o horário do almoço? Coisa que conseguimos fazer com louvor. – explicou risonho e satisfeito – Queria levar você para conhecer um lugar...

— Qual lugar?

Era uma surpresa. Ele não falaria no assunto até que pudessem ir até lá. Por isso, desconversou:

— Mas não faltará oportunidade. Poderíamos ver a estufa hoje... já que minha esposa demonstra tanto interesse em rosas.

— Há uma estufa aqui? – Annie perguntou se voltando para ele. Surpresa pela informação.

— Sim... eu a convidei para ir até lá, você se recusou alegando “mudança de clima”. Estava brava comigo.

Aquele expressão de auto piedade não combinava em nada com Jon Hawkins. Annie pensou analisando o rosto dele.

— Não estava brava com você! – era a vez dela se explicar. – Estava apenas perdida com o seu comportamento.  – diante do sorriso sarcástico do marido ela achou que precisava se justificar melhor: - Você precisa concordar comigo que nem sempre age de forma a ser entendido... sem falar no seu humor.

— O que tem meu humor? – ele quis saber.

— Seu humor não é dos melhores.

Fingindo não compreender onde ela pretendia chegar Jon rebateu:

— Diga-me quando demonstrei a você mau humor?

Aquilo era brincadeira. Annie pensou. Mesmo assim ela não perderia a oportunidade de falar:

— Bem, você muda de humor tão rapidamente que mal consigo acompanhar...

Ele balançou a cabeça não concordando com ela.

— Em termos de pessoa com temperamento alternado, Annie, você não pode reclamar. Pois é igual a mim.

Pronta para revidar Annie o encarou séria. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele a calou com um beijo rápido.

— Você realmente tem uma língua afiada, e antes que saia daí algo que perturbe “nosso” humor tão variado, melhor mudarmos de assunto.

A fome lentamente dava lugar à saciedade, e isso também ajudava o humor a se manter inalterado. Por isso, Annie acabou aceitando sem reclamar.

— Certo... voltemos ao assunto da estufa. Quando poderemos ir até lá?

— Assim que você tiver tomado seu banho.

*************************

A estufa ficava há alguns metros da casa, eles seguiram lado a lado, por um caminho de pedras, depois de passarem pela cavalariça e pelo pomar. O prédio de vidros foscos não era grande, mas, estava repleto de rosas. Rosas de variadas cores, de todos os tamanhos. Era encantador. E enquanto caminhava pelo estreito corredor que separava os canteiros Annie lembrou que seu marido não morava ali.

— Quem cuida das rosas quando você não está?

— Alfred... irmão de Bridgite.

— Ele o ensinou?

Annie estava curiosa, mas ele não se recusaria a sanar a curiosidade dela.

— Aprendi a gostar de mexer com rosas na época da escola...

Muito estranho. Annie pensou. Não sabia que havia esse tipo de conteúdo nos internatos masculinos. E pela forma como observou o marido, logo recebeu a resposta para sua pergunta muda:

— Com o jardineiro.

— Não! – ela disse rindo.

— É a verdade! Veja. – ele a puxou em direção a um vaso em especial - Esta foi uma das primeiras que cultivei.

Era uma rosa vermelha, uma rosa vermelha aveludada...  Annie lembrou de algo.

— As rosas... – se voltou para Jon que olhava distraidamente para as flores, obrigando-o a encará-la  – que estavam em meu quarto na noite do nosso casamento?

Ele sorriu parecendo encabulado.

— Minhas...

Eram um presente. Ela se deu conta.

— Obrigada! – agradeceu se aproximando para oferecer um beijo ao marido.

O gesto dela era sincero, um agradecimento verdadeiro por algo que ele fizera sem pensar. Apenas desejara dar a esposa algo que fosse realmente dele.

— Você as cultivou? Onde? – ela perguntou.

Era surpreendente descobrir que Jon Hawkins cultivava rosas.

— Na minha antiga casa. Agora elas estão em nossa casa, na estufa de lá. Foram todas transferidas.

Ele se moveu pelo lugar remexendo aqui e ali, acomodando vasos.

— É claro que a estufa de nossa residência é enorme... bem diferente da anterior, por isso está praticamente vazia.

— Por que você não me contou que cultiva rosas?

Os olhos escuros se detiveram sobre os dela.

— Que diferença faz para você saber que eu cultivo rosas?

Na verdade, não deveria fazer diferença alguma. Mas fazia. Ela não sabia porque. Mas fato era que fazia. Annie olhou em volta. Para as flores dispostas em seus espaços. Perfumando e enfeitando o ambiente.

Jon continuou falando:

— Faço isso porque me ajuda a relaxar, enquanto estou mexendo na terra me sinto menos mal humorado... – e riu ao dizer isso - não é nada demais.  

— Isso é tão... tão inusitado... achei que sabia muito sobre você... – ela o surpreendeu em usar de completa sinceridade - mas na verdade, sei apenas o que os outros me falaram.

Outra vez Jon a encarou sério.

— E aposto que não falaram nada que fosse bom... ou agradável.

— Ganhou a aposta.

— Ah! Eu sou bom nisso! – exclamou provocando um riso suave em Annie. – Em cultivar uma péssima fama.

Ele se moveu, encostando-se em uma mesa onde vários instrumentos e sacos estavam empilhados.

— O que posso lhe contar que esclareça suas ideias sobre mim?

Annie remexeu em uma das rosas vermelhas, sentindo o aroma da flor bem próximo ao seu nariz. Cheiro de verão. Cheiro de Jon.

— Tudo o que quiser me contar. – concluiu ainda sem olhar para ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Digo e repito. Eles precisam se conhecer, e parece que isso vai começar a acontecer. BJ e obrigada a quem acompanha, mas especial a Felicity e Luzilane que sempre, sempre, sempre comentam.