Depois do almoço, ninguém quis entrar na agua a não ser Heitor que entrou duas horas depois com toda a energia do mundo.

— Vocês não vao vir¿ - ele gritava de lá

Apenas ignorávamos a maluquice dele e continuamos descansando a tarde toda.

Entramos no hotel deixando areia espalhada por todo o saguão e elevador e fomos direto para o banheiro.

—Vamos tomar banho por ordem alfabética todos os dias, ok¿ - Greta falou – Mas tem que tomar assim que a anterior sair do banheiro, ou assim que entrar, para não dar preju pras outras.

—Sacanagem – falei – e quem quiser tomar no chuveiro¿

—Aí vai.

— Ok, mas eu vou tomar na banheira. - Ingrid falou levando roupa intima e toalha pro banheiro já a enchendo pra seu banho.

—Eu também - Greta sentou no chão esperando por sua vez

—Eu no chuveiro – eu e Eliana falamos juntas

Esperei sentado com Greta até que Eliana saísse, o que foi bem antes de Ingrid que enrolava com a agua quente. Todas tomadas banho estávamos de pijama sentadas no chão quando vi um papel ser jogado por baixo da porta. Fui até ele e o peguei.

“O hotel Boaventura convida os jovens de até dezoito anos para uma balada no centro da cidade. A saída do hotel será ás sete horas em ponto. Lembre-se: É proibido maiores de 18 anos”

—Que legal! – falei – eu nunca fui a uma boate.

—Nem eu – as três falaram juntas e gritamos animadas em seguida

Roupas para noite eu tinha trazido de monte, mas Ingrid e Greta se superaram. Fizeram a maior bagunça no quarto só para escolherem uma roupa. Tínhamos uma hora para nos arrumar e elas não haviam nem decidido que roupa usar. Aproveitei que estavam todas focadas na roupa e fui logo fazer a minha maquiagem. Eu raramente usava maquiagem, mas quando usava era sempre a mesma: lápis, rímel e sombra preta, e um batom vermelho que eu amava por ter a boca bem desenhada. Fiz rapidamente e já fui procurar o vestido novo que eu estava louca para usar.

—Pietra do céu – Ouvi Ingrid vibrar - que linda!

Eu vestia um vestido preto justo com um pequeno decote e apenas uma manga que ia até o pulso. Coloquei um brinco e um colar com um quartzo cor de rosa que eu usava o tempo inteiro. Esperei as meninas terminarem de se arrumar. Como sempre, Ingrid e Greta se vestiram parecidas, as duas de vermelho e com um vestido bem curto, mas de modelos diferentes, um tomara que caia e um de alças. Eliana colocou um vestido branco com um colar preto e pulseira combinando e todas nós escolhemos os saltos mais altos que tínhamos. Eu estava cansada mas não podia deixar de usa-los

Descemos ás seis e cinquenta já encontrando todos os meninos lá em baixo. As meninas foram descendo de pouco em pouco. Faltavam cinco minutos para sairmos.

—Onde está a Kamila¿ - Perguntei e todos deram de ombros

—Não acho que ela va – Heitor falou – não combina com ela

—Não, ela disse que não ia – Taís com um vestido laranja apareceu atrás da gente – disse que não gosta

Tirei meu salto e corri com ele na mao para o elevador e subi o mais depressa , encontrando mais duas das meninas descendo. Fui até o quarto numero 02 e bati, Amanda apareceu toda arrumada para sair.

—Qual o quarto da Kamila¿

—O três - ela apontou – porque¿

Apenas corri ate a porta ao lado e bati já me identificando. Ela apareceu de pijama e eu a puxei pelo braço até meu quarto.

—Qual sua cor favorita¿- Perguntei destrancando a porta

—O que está acontecendo¿

—Nem a pau que você não Vai nessa festa. – empurrei ela pra dentro do quarto e tranquei a porta – vai e vai me fazer companhia

—Mas eu nunca fui em um lugar assim, e nem sei dançar, não combina comigo...

—Eu também nunca fui.Qual a cor¿ -interrompi ela com a porta do guarda roupa aberto

—Eu...

—Só temos dois minutos – falei olhando o relógio

—Azul – ela falou nervosa – verde também...

—AZUL!  Eu gritei me lembrando de um vestido que tinha

Puxei e dei para que vestisse. Enquanto ia separando as coisas para a maquiagem dela.

´-Acho que ficou curto – ela falou meio sem graça

—ESTAO TODOS NA VAN TE ESPERANDO – ouvi a voz de Greta na porta

—Desça e diga que só estou trocando meu sapato

Olhei para Kamila, o vestido estava um palmo acima do joelho, nem vulgar nem santinha. Sorri gostando do que via e comecei a maquia-la com tons delicados para realçar seu rosto super feminino.

— Você usa salto alto¿

—Sim, eu uso.

—Ótimo - falei já abrindo a  porta do quarto – prefere usar um meu ou um seu¿

—Tenho um que ficara lindo com esse vestido – ela sorriu

—Vou chamar o elevador, pegue identidade e dinheiro, não precisa de bolsa se não quiser, coloco na minha.

Coloquei meu salto e caminhei até o elevador recuperando o fôlego, chamei e esperei ela aparecer.

A van estava com o motor ligado e buzinando quando chegamos ao saguão.

—Você esta divina – comentei sorridente

—Obrigada – ela corou

Acho que nunca Kamila havia recebido tantos elogios e assovios. E com certeza Fabricio era o mais encantado ali. Ele empurrou Heitor do banco assim que entramos e chamou Kamila para sentar com ele.

—Tudo bem, pode ir – eu empurrei ela quando vi que ficou receosa de me deixar.

—Ei Kamila – Ivo gritou lá de trás – a meia noite a Cinderela voltou a ser apenas a Cinderela – caiu na gargalhada coma companhia de alguns

—Acho que você não leu até o final o livro, Ivo – Fabricio retrucou irritado.

—Aaaanw – o príncipe defendendo sua princesa – ele caiu na gargalhada novamente e vi quando Fabricio tentou animar Kamila desviando do assunto.

Chegamos quinze minutos depois já morrendo de calor e descemos animado em frente a uma boate colorida e cheia de neom em seu nome “-18”. Havia uma fila do lado de fora e precisávamos pegar ela.

—Não se preocupem – falou Lucas que nos acompanhava até ali – não é como uma boate normal onde você precisa ficar esperando um grupo de jovens sair para poder entrar. Aqui tem poucos jovens e o lugar é grande. A fila é apenas para organizar.

Fomos nos encaixando até formar uma fila decente e eu não conseguia ver nenhum dos meus amigos por perto. Ivo estava bem atrás de mim assoprando meu cabelo enquanto eu fingia não perceber.

—Que tal uma aposta¿

—Ta falando comigo¿  virei para ele

—Claro, olho de gato. – fazia tempo que ele não me chamava assim – quem ficar com mais gente nessa festa ganha.

—Ain Ivo, me erra vai! – virei os olhos e voltei a  virar para frente, eu já era a próxima a entregar a identidade.

—Está com medo de perder¿

—Eu não vim pra ficar com ninguém Ivo. Vê se cresce.

—Oi – o segurança falou e eu reconheci a voz

— Igor! Oi! – reconheci o rosto que sorria lindamente para mim – você é o segurança...

—Pois é... – ele conferiu a minha identidade e me devolveu – infelizmente não posso mais entrar – ele apontou para o “-18” na parede acima de nossas cabeças

— Se liga cara, a fila tem que andar! – Ivo falou rispidamente

Virei os olhos e guardei minha identidade dando espaço para que ele pegasse a de Ivo e antes de entrar em despedi.

—Legal te ver novamente. Qualquer dia apareço no seu quintal – eu ri e ele soltou uma leve risada balançando a cabeça concordando enquanto eu entrava.