A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 33
Capítulo 33 – Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Oi, o próximo capítulo só sairá no mês que vem!



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— Eu nunca havia mergulhado! Foi sensacional! – Heitor exclamava ansioso enquanto tirava a roupa de mergulho

—Achávamos que você havia se perdido – Greta me falou – você demorou

—Não vi quando chamaram para subir, estava bem empolgada com o fundo do mar.

—É realmente incrível – Kamila se aproximou

—Imagina quanta coisa deve haver no fundo do mar, perdido, às vezes para sempre – Diego falou chegando com Ivo, Jemima, Quirino e Erick

—Imaginem quantos seres marinhos – Felipe continuou parecendo perdido em pensamentos – até aqueles que nunca desvendaram, nunca conheceram.

Começamos a falar das maravilhas do mar e dos seus mistérios e permanecemos assim enquanto comíamos. Aos poucos foram se dispersando e mudando de assunto. Alguns foram tomar sol, outros deitaram nas camas que havia lá em baixo. Fiquei sentada na sombra olhando o mar balançar nosso barco atracado. Dava-me uma vontade de contar a todos o meu segredo, ao mesmo tempo em que eu tinha pavor de que alguém descobrisse essa esquisitice. Continuamos ali umas duas horas, alguns voltaram a mergulhar. Eu preferi ficar ali, olhando o mar, imaginando coisas, relembrando momentos. Adormeci.

Sonhei que estava em um farol, sentada no mais alto dele, com as pernas penduradas, olhando o mar.

“Eu pulo com você.”

Era a voz de Ivo que estava em pé atrás de mim.

“Eu não consigo.”

Eu falava quase chorando.

“Você não confia em mim¿”

“Totalmente”

Ele me dava à mão e eu segurava me apoiando para levantar e ficar em pé ao seu lado. Eu estava chorando silenciosamente.

“No três.”

Ele falava.

“Um, Dois...três”

Eu apertava a mão dele e ele a minha e então pulávamos no mar. Quando mergulhava, eu continuava como humana, porém respirava normalmente debaixo d’água. Ivo soltava a minha mão involuntariamente e começava a se afogar. Sereias carnívoras agarravam suas pernas e o puxavam freneticamente para baixo. Eu não conseguia me mover, apenas gritar.

“NÃO”

Abri meus olhos, eu estava no chão do barco e com a certeza de que eu havia gritado aquilo em voz alto.

—Esta tudo bem¿ - Felipe me de a mão para me ajudar a levantar – Você caiu...e gritou.

— Foi só um pesadelo – eu sorri para tranquiliza-lo

—Amiga, o que foi isso¿ - Ingrid me limpava com uma toalha – você esta toda cheia de areia.

—E refrigerante – Fabricio me estendeu a mão com meu álcool em gel – você caiu onde estava derramado refri.

Rapidamente me cobri de álcool em gel antes que pirasse.

—Com o que estava sonhando¿ - Heitor perguntou sentando ao meu lado

—Eu não lembro – menti

Ficamos sentados sentindo o sol quente na pele por um bom tempo antes de decidirmos entrar na água. Dessa vez sem roupa de mergulho, só para nadarmos livremente. Observei meus amigos pularem antes de mim e fiquei sorrindo sozinha imaginando se por acaso eu me transformasse quando pulasse, qual seria a reação deles. Espantei o pensamento e pensei apenas em ter pernas humanas. Pulei na água.

Não fazia nem dez minutos que estávamos ali brincando com o resto da turma quando o céu começou a escurecer com nuvens de chuva cinzentas. Era sinistramente lindo. Assustador, porém encantador. O vento parecia ter começado de repente, agitando as águas e a deixando mais fria.

—Acho melhor voltarmos para o barco – Ouvi Felipe gritando para todos.

—Voltem para o barco – ouvimos a voz de um dos salva-vidas em seguida

Observei que a maioria havia dado atenção a ele e estavam voltando ao barco, exceto por mim, Heitor, Eliana, Fabricio, Ivo, Jemima e Quirino. Havia alguma coisa errada. Eu sabia que sim.

—Voltem – ouvi novamente a voz, dessa vez o vento e o barulho do mar agitado fazia a voz dele parecer mais distante.

—Vamos – Fabricio gritou mesmo estando perto – precisamos realmente ir. A água esta nos levando para longe.

Mergulhei assim que ele terminou e falar, eu precisava ver como estava à situação lá em baixo. Nadei velozmente uns vinte metros para baixo. Nos primeiros cinco segundo parada ali olhando o mar, tudo parecia tranquilo, porém vi que um cardume vinha ao longe. Um cardume grande. Estava veloz demais para simples peixes. Comecei a ouvir o som tão desagradável aos ouvidos humanos, e então reconheci sereias vindo a toda velocidade, assustadas, sem sequer notar a minha presença. Estavam fugindo¿ Indo ao encontro de algo¿

Nadei velozmente para cima para fugir do “transito” e para que ninguém mergulhasse para me procurar. Submergi ao lado do barco e ouvi todos gritando pelo meu nome. Estavam em procurando.

—Aqui – gritei e engoli um pouco de agua de propósito – Socorro.

Alguém apareceu do lado do barco onde eu estava. Segundos depois eu já estava dentro dele tossindo agua e sentido a chuva gelada em meu rosto.

—Quase nos matou e preocupação – Greta me abraçou chorando

—As onda – respirei fundo – câimbra – eu achei melhor usar mais do que a desculpa do mar violento

—O salva-vidas ia entrar na água quando ouvimos a sua voz – estávamos falando gritando

—Estou aqui agora, esta tudo bem – falei tremendo.

Estava uma correria dentro do barco e eu não conseguia ouvir direito o que cada um estava gritando.

— O que estão fazendo¿ - perguntei

— Vamos ter que voltar, uma tempestade inesperada se aproxima – Um dos homens a bordo gritou para nós como se tivesse me ouvido perguntar – Vocês precisam descer e ficarem todos juntos. Vamos trabalhar ao máximo para chegarmos depressa porem não será fácil, a maré está contra.

Já havíamos nos levantado assustados e seguido para onde ele havia apontado que descêssemos. Se eu estivesse sozinha em um barco que virasse, hoje em dia pelo menos, eu não me importaria. Afinal, sou metade sereia. Mas o problema era todo o resto do pessoal. Isso sim me assustava. Eu temia por eles, não por mim.

Descemos as escadas e entramos em um porão com camas. A água descia pelas escadas e molhava todo o piso. Todos estavam sentados. As camas de cima dos beliches estavam desocupadas como a instruções que recebemos. Qualquer balanço maior do barco poderia derrubar alguém lá de cima, então a maioria preferiu ficar no chão.

—Quanto mais próximos vocês ficarem – o guia gritava antes de nos fechar dentro do porão – melhor para não escorregarem ou caírem.

A porta se fechou e o barulho lá de cima diminuiu um pouco. Estávamos todos com cara de assustados. Kamila choramingava e aparentemente fazia uma oração de olhos fechados.

Fabricio também reparou no desespero dela pois levantou-se do meu lado e sentou com ela abraçando-a.

Ao poucos, quando começamos a balançar demais e nossos corpos escorregarem, baterem cabeça, etc, começamos a nos aproximar mais de modo que todos estavam colados uns aos outros. Meu coração estava disparado.


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