A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 32
Capítulo 32 - Mergulho


Notas iniciais do capítulo

Oi!



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Voltávamos pela orla em direção ao hotel. Aquele caminho já estava virando nossa rotina. Eu havia me esquecido completamente da raiva que estava de Ivo por ter me feito fazer papel de idiota mais cedo.

—Obrigado por me tirar da água.

—Você tenta me afogar duas vezes e eu te salvo de um afogamento, olha como são a coisas.

—Muito engraçadinha.

O dia seguinte chegou rápido.

—Podem me chamar de “o rei da mulherada”! – ouvi a voz do Heitor dentro do quarto e abri meus olhos

—Nem sei do que você está falando – Greta falava arrumando a cama

Sentei-me e observei que só eu ainda dormia.

— Heitor – falei me sentando – se te pegam nos quartos femininos, te matam.

—Eu consegui um encontro com a Caroline.

—Quem é Caroline¿ - perguntei confusa, indo em direção ao banheiro

—Lembra da aposta que fizemos¿ - ele me seguiu – eu consegui!

—Ficou com ela¿ - eu ri – Sério¿

— Ainda não... Mas marquei um encontro. Não ta bom¿

Eu ri e fechei a porta do banheiro. Ainda podia ouvir ele se gabando para as meninas e elas mandando ele sair do quarto.

“Você não vai escapar!”

12 de dezembro de 2016 ás 04:40

Provavelmente o mesmo numero do dia anterior. Ignorei. Tomei um banho e vesti biquíni. Separei tudo que era necessário. Hoje iríamos ao passeio de barco com mergulho. E pela primeira vez nos últimos dias, eu não estava com medo de me transformar em peixe.

Descemos para pegar o nosso ônibus era oito da manhã. Passei por Ivo e preferi não olhar para ele para não levar outro fora irritante. Sentei ao lado de Heitor que estava de joelhos no banco conversando com Felipe e Erick sobre como ele havia conseguido o numero da garota da aposta, e como ela havia aceitado sair com ele no dia seguinte. A história parecia empolgante, mas meus pensamentos estavam no dia anterior e nos novos seres místicos que eu havia conhecido. Perigosos, diga-se de passagem.

—Você está muito calada – Greta que estava no banco da frente ficou de joelhos sobre ele me encarando – O que houve¿

—Nada, só estou com sono.

—Claro – ela elevou o tom da voz – fica saindo de madrugado com o I...

Tampei a boca dela rapidamente, já me bastavam todos os outros problemas. Vi que todos haviam se atentado para descobrir com quem eu estava saindo, principalmente Jemima.

—Quem seria o maluco¿ - Ivo falou alto

—Pois é – encarei-o – quem seria o maluco¿

Se antes as pessoas não desconfiavam de nada, agora tinham suas duvidas. Ninguém teria coragem de nos perguntar. Acho até que pensariam que isso era improvável demais para acontecer.

—Você é idiota¿ - sussurrei pra Greta,

A essa altura, Heitor, Fabricio, Eliana e Ingrid já estavam ali colados comigo.

—Porque você sai com ele¿ - Heitor falou de repente – é sério! É estranho!

—A gente sabe que não é pra fazer ciúmes no Igor – Eliana falou – ele mal vê vocês juntos.

—Está gostando dele mesmo¿ - Fabricio perguntou e vi a expressão de pena nos olhos de todos

—Não! – falei grossa e me levantei indo sentar numa poltrona vazia lá na frente

Eu não estava sabendo lidar com aquilo. Eu não poderia contar a verdade a eles, mas eu também não queria mentir. Fugir estava sendo a única saída. Mas até quando¿ Seria tão ruim assim se eu estivesse realmente “saindo” com o Ivo¿ Okay, eu sempre o odiei e ele a mim. Ele sempre foi um covarde, idiota e nojento. Asqueroso a meu ver. Mas será que eu estava digna de pena por estar “saindo” com ele¿

O ônibus parou perto de um porto e descemos todos com nossas mochilas, muito empolgados. Fizemos como sempre, unimos nosso quinteto de mãos dadas e corremos pela praia até o cai que o nosso barco estava atracado.

Ríamos ofegantes quando chegamos ao lugar e esperamos pelo resto da turma que se aproximava. Sentamos no chão e respiramos fundo.

—Desculpa a gente, Pietra – Greta falou segurando minha mão – a gente não quis ser chato. É que você não nos conta nada, você é sempre essa pessoa fechada, fica difícil te entender.

Eu sorri para ela.

—Tudo bem. Vocês já deveriam ter se acostumado – ri – Eu só prefiro deixar as coisas assim.

—Confusas¿

—Até para mim elas estão confusas...

A turma se aproximou e nos levantamos do chão para acompanhar o Lucas. Ele se posicionou a poucos metros do barco e virou para todos nós para passar instruções.

—O barco acomoda a todos perfeitamente e com conforto, temos quartos, banheiros e equipamentos de mergulho e de segurança a bordo. Tomem cuidados com os seus eletrônicos, pois não nos responsabilizaremos. Muito bem, façam uma fila e assinem aqui – ele levantou uma prancheta – antes de entrarem.

O barco era realmente espaçoso e confortável. A bagunça estava grande, ninguém parava quieto em um determinado local, e toda hora alguém estava tirando fotos. Eu era uma delas. Fazia tempo que eu não me divertia assim. Quando nos aproximamos do local de mergulho, dois guias começaram a passar instruções e distribuir equipamentos. Vinte minutos depois estávamos quase todos prontos para cair na agua. Havia cinco guias a bordo que desceriam conosco e três salva-vidas que ficariam no barco.

Ivo e Quirino foram os primeiros a pular na água, seguidos por Heitor e Greta. Esperei que boa parte já tivesse mergulhado para que eu fosse também.

A água era cristalina. O equipamento nos permitia enxergar com clareza uns aos outros, as plantas e peixes. A medida que descíamos, ficava mais escuro, mas nada que já não esperávamos. Vi Ivo me observando a alguns metros, ele fez um sinal discretamente para saber se estava tudo bem, e eu respondi com um “ok”. Meu pensamento sobre ter pernas era quase que constante. Tive medo de que se por alguns instantes eu parasse de pensar sobre aquilo, minha cauda apareceria. Os peixes fugiam dos outros, mas nunca de mim. Aquilo pareci estranho então preferi ficar perto das pessoas para eu elas não notassem isso.

Não sei exatamente quantos minutos passei ali em baixo, mas vi que algumas pessoas estavam subindo, provavelmente ordem dos guias. Continuei explorando a maravilha que era estar ali em baixo. Nadei alguns metros para baixo e para mais longe, e vi o que temia. Uma sereia.

Ela estava atrás de uma pedra, acho que pensou estar bem escondida. Era nova. Ela me olhava com curiosidade quando notou que eu a olhava e se escondeu. Continuei parada esperando que ela aparecesse novamente, e ela apareceu devagar. Acenei antes que ela sumisse, mas ela se assustou e nadou velozmente para baixo até eu não conseguir enxergar mais nada além da escuridão.

Fiquei algum tempo parada ali, olhando para o anda, esperando que ela surgisse. Senti alguém me tocar o ombro e virei assustada. Era o guia. Era hora de subir.

 


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Notas finais do capítulo



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