A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 24
Capítulo 24 - Helena


Notas iniciais do capítulo

Gabriela, Helena e Ivana respectivamente na foto



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Adentrei ao hotel e me sentei no sofá da recepção jogando a mochila de canto. Quanta informação ao mesmo tempo. Eu não podia simplesmente aceitar que agora eu tinha rabo de peixe. Não era algo legal e divertido como vemos nos filmes. Claro que a parte de nadar rápido, nadar com peixes, respirar de baixo da água, tudo isso era incrível, mas eu era uma aberração. Sereias não existiam. Pelo menos era nisso que eu acreditava até pouco tempo, e agora eu era uma. Estava perdida em pensamentos até ver Ivo entrar pela porta da frente do hotel e caminhar cabisbaixo. Ele me viu, mas apenas ignorou e subiu. Decidi subir para o meu quarto alguns minutos depois.

—Chegou cedo – Ingrid estava fazendo a unha sentada em sua cama

Sorri e joguei a mochila em baixo da cama já pegando uma toalha

—Aconteceu algo¿ - Eliana me olhava por cima de seu notebook

—Não, ué! – falei entrando no banheiro e trancando a porta

Fiquei sentada no chão um tempo ouvindo-as se perguntar entre si o que será que havia acontecido comigo, quando começaram a mudar de assunto e só reclamar do cheiro forte de esmalte no quarto, decidi ir para o banho de uma vez.

Esforcei-me para sair do banheiro com uma boa cara, a fim de evitar perguntas, mas não funcionou. Puxei assunto enquanto me trocava e recebia respostas curtas. Sabia que elas queriam era saber como havia sido a minha noite, e eu com certeza não estava a fim de falar.

—Saiu com o Ivo¿ - Greta falou antes que eu começasse outro assunto

—Ah, sim. E vocês o que fizeram¿

—Nada. Porque você voltou com essa cara de bosta¿

—Não estou com cara e bosta, Greta.

—Ah está sim – Eliana interrompeu – fala logo o que foi.

—Vocês brigaram¿ - Ingrid se aproximou

—Ela não estria assim por ela e o Ivo brigarem – Eliana virou os olhos como se aquilo fosse óbvio – Não estaria não é¿ - me olhou assustada

—Não. Não foi isso – pensei em algo – eu e o Ivo não nos damos bem, as coisas estão chatas e eu quis voltar para casa. Sei lá. Não estou de bom humor. Acho que vou dormir.

Elas se entreolharam confusas, mas decidiram deixar para lá.

—Bom – Ingrid finalizou – é só o Ivo sendo o Ivo. Finalmente você está voltando a si

Elas riram e eu ri junto mesmo sem ter achado graça, mesmo querendo apenas que ficassem em silencio e me deixassem em paz. Deitei-me e nem sei a hora que peguei no sono.

Acordei com alguém me chacoalhando e dei e cara com Kamila de olhos inchados me pedindo que levantasse. As outras meninas estavam sentadas acordando e tão confusas quanto eu.

—Kamila, o que houve¿ - falei assustada

— A Helena – ela começou a chorar – ela não está bem, ela esta sendo levada ao hospital.

—Como assim¿ - olhei para o relógio e era três e dez da madrugada – O que houve exatamente¿ - falei me levantando e procurando meu roupão vendo as meninas fazerem o mesmo

—Eu não sei! – ela disse alterada – eu só sei que faz alguns dias que ela estava sentindo dores, se sentindo fraca e agora ela foi levada ao hospital.

Abri a porta e corri pelas escadas sem paciência de esperar o elevador. Havia outros alunos descendo também desesperados e percebi que estávamos quase todos no saguão querendo respostas. Havia uma ambulância saindo do hotel e vi Gabriela e Ivana abraçadas chorando.

— Pessoal – o diretor Lucas chamou a nossa atenção – não precisa desse desespero, ela já foi mandada ao hospital e esta sendo acompanhada pela professora Olívia. Assim que amanhecer, irei eu também para lá e traremos notícias do estado de saúde da colega de vocês. – Ele respirou e esperou objeções, o que não houve – Voltem para os seus quartos e durmam o quanto puderem para descansarem e amanha estarem dispostos a conhecer a cidade, fazer compras e também visitar a amiga de vocês.

Os alunos foram se dirigindo para as escadas e elevadores cada um para o seu quarto com cochichados sobre o que havia acontecido. Gabriela, Ivana e Kamila choravam baixo enquanto eram consoladas por Tais e Juliane que não sabiam exatamente o que fazer.

—Garotas são tão idiotas – Ivo comentava rindo atrás da gente – choram por cada babaquice – olhei para ele com olhar reprovador, mas ele me ignorou.

Voltamos a nos deitar sem falar muita coisa além de desejar que Helena estivesse bem. O sono estava maior que a preocupação então adormeci rapidamente.

Ás sete da manhã eu já ouvia as meninas conversando baixo no quarto, mas fingi estar dormindo até umas sete e meia quando decidi que era hora de me arrumar para sairmos. Coloquei um vestido preto comprido e de alças que apesar de não parecer, era fresquinho e calcei uma rasteira com uma bolsa de pano grande onde cabia de tudo. As meninas estavam com pressa então descemos logo para o refeitório. Alguns já haviam saído, mas Gabi, Ivana e Kamila se recusaram a sair enquanto a amiga não voltasse.

— Gente – Fabricio apareceu – vou ficar aqui com elas.

—Como assim cara¿ - Heitor bateu na mesa – a gente ia naquela loja daora que vimos.

—Foi mal, vou ficar...com a Kamila – parecia ter se esforçado para falar de uma vez antes de desistir

Todos, aparentemente, haviam se engasgado de uma vez com a frase de Fabricio.

—Vou lá.

Ele saiu sem deixar tempo de ninguém fazer nenhum comentário e voltou ao saguão onde elas estavam chorosas.

—Alguém pode me explicar o que aconteceu com o mundo¿ - Heitor nos olhava complexado – primeiro essa bendita decide que ta afim de beijar a boca suja do Ivo – apontou para mim e eu virei os olhos observando se ninguém estava ouvindo aquilo – depois essa outra maluca decide que pegar o professor é super de boas...

—SHIII – fizemos as três quando ele apontava e falava de Ingrid

—Shiu nada - ele se levantou – vocês envenenaram a cabeça do Fabricio, agora ele gosta de uma nerd esquisita – falou mais baixo como se aquilo fosse vergonhoso – vou sair daqui, vai que pega.

Saiu nos deixando lá com cara e idiotas que não sabiam se ele estava chateado ou não.

—Vamos ás compras, isso vai nos ajudar – Greta falou

—Ajudar como, criatura¿ - Eliana retrucou mesmo assim se levantando para irmos

Saímos do hotel era por volta de oito e meia da manhã. Fazer compras geralmente era algo divertido, mas eu não estava animada para isso naquele momento, não com tudo aquilo acontecendo. E ainda tinha – dessa vez sem ajuda do Ivo – que me encontrar com a Pérola em algum momento livre meu. Nem horário eu tinha marcado com ela. Já deveria ser umas dez horas da manha quando paramos em uma padaria linda para tomarmos algo e descansar. Senti meu celular vibrando assim que nossos sucos chegaram. Ele tinha vibrado três vezes já e eu ainda não tinha parado para olhar. As duas primeiras eram de Fabrício.

Acho que a Helena não está bem, venham para o hotel, Lucas ligou.

10 de dezembro de 2014 ás 09:00

Abri a segunda mensagem desejosa de que ele falasse sobre a Helena, nos desse alguma notícia. Alertei as meninas sobre as mensagens dele e li em voz alta:

ONDE VOCÊS ESTÂO¿ O DIRETOR CHEGOU!

10 de dezembro de 2014 ás 09:30

—É melhor irmos – Ingrid falo virando o copo de suco e entrando para pagar ao invés de chamar o garçom.

Fizemos o mesmo enquanto eu lia a ultima mensagem só para mim, ela era de Ivo.

Pelo que eu estou entendendo, Helena não está nada bem. Se eu fosse você, voltava para o hotel. Os pais da Helena já foram alertados e o diretor chamou um helicóptero de emergência para leva-la para um hospital perto de casa especialista no que ela tem, seja lá o que for.

10 de dezembro de 2016 ás 09:40

Depois de ler, com o coração disparado li novamente para as meninas enquanto entravamos em um táxi apressadamente indicando o destino.


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