A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 19
Capítulo 19 – No fundo do mar


Notas iniciais do capítulo

Ola leitores! ♥
A história tem várias tramas envolvidas então tente não se perder.



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Chegamos ao porto e eu conseguia sentir o cheiro de peixe e álcool desde longe. O barulho não era muito. Algumas conversas aqui outras ali. Marinheiro e pescadores bêbados riam alto e então chegamos a um cais com uns barcos atracados e uns cinco pescadores juntos rindo. Ao nos ver chegando eles fizeram silencio e nos observaram entrar no barco. Eu mais atrás receosa puxando meu short para baixo e cobrindo meus braços com o casaco fino que estava. Paramos de frente para a roda de truco deles e eles esperaram que falássemos algo.

—Algum de vocês tem lancha para alugar¿

Eles riram debochadamente e voltaram a tragar seus cigarros e beberem suas bebidas.

—Trago de volta antes das seis. - ele jogou um bolo de dinheiro na mesa e aguardou resposta

Os caras se calaram e o mais gordo deles pegou a quantia dando uma folheada e nos olhou por cima dos óculos arranhado. Levantou e fez sinal para que o seguíssemos. Ainda com medo eu segui atrás de Ivo para dentro do barco vendo o velho pegar algumas coisas e sair novamente. Seguimos ele para fora do barco ouvindo os cochichados dos outros pescadores.

—Aquela lancha se chama “Maria”, vocês vão nela. Seis horas em ponto vocês vão me encontrar no mesmo lugar de antes – ele entregou uma chave grande para Ivo e ressaltou – não deixem a guarda costeira pegar vocês, e se pegarem, vou dizer que roubaram meu automóvel.

Balançamos a cabeça afirmativamente e o velho gordo voltou para seu barco contando as varias notas de cinquenta em sua mão. Assim que nos afastamos dele e que seguíamos para a Maria, eu apressei o passo ao lado de Ivo confusa.

—Você sabe pilotar essa coisa¿

—Claro que sim – meus tios são fãs de lancha e me ensinaram desde pequeno.

—Legal – eu estava morrendo de medo

Entramos na lancha e jogamos nossas mochilas num determinado local nos dirigido a outro. Ele a ligou, ligou seus faróis e então seguimos na direção que eu apontei. Ele não correu muito por não conhecer nem o mar nem a lancha, fomos numa velocidade boa e antes de chegarmos, ele desligou os faróis e fomos bem devagar até um local de onde avistávamos a casa e Igor.

—Devemos estar a no mínimo cem metros de distancia da praia.

—Acha que devemos ir mais para o fundo¿ - perguntei

—Não sei. Vamos começar por aqui, espera que vou me trocar.

Esperei alguns minutos com frio, sentada perto da ponta e olhando o mar calmo e escuro. Queria ver algum movimento na água, mas nada se movia e nem via o rosto que esperava ver.

—BU!  Ivo gritou apertando meus ombros de repente me fazendo gritar de susto

—Imbecil! Que roupa é essa¿

Ele estava totalmente coberto com uma roupa de mergulhador bem estranha e com o “capacete” nos braço que mais parecia um de astronauta.

—Comprei ontem, daora né¿

—Você nem sabe usar isso.

—Claro que sei! – ele observou o equipamento – vai entrar assim¿

Tirei a roupa que estava e fiquei apenas com a calcinha e o sutiã respirando fundo.

—Vamos¿ - eu subi na pontinha

—Espera! – ele foi até o outro lado e fez algo que eu não sabia o que era – Não queremos que a lancha vá embora enquanto estivermos lá fora

—Tem certeza do que estamos fazendo¿ - eu estava quase pedindo para voltarmos

—Absoluta – ele me estendeu a mão

—Não vou segurar a sua mão – pulei antes de perder a coragem e senti meu corpo bater na agua gelada afundando devagar

Eu podia enxergar claramente tudo a minha volta e comecei a sentir meu corpo formigando ao mesmo tempo em que via o corpo de Ivo cair pesado na agua. Ele me olhava, eu não podia ver eu rosto muito bem por causa das grandes bolhas de agua que começaram a subir, mas via que ele estava parado boiando um pouco mais a frente olhando o que estava acontecendo. Cobri meus seios com os braços já sabendo que minha roupa desapareceria, porém como uma escama de peixe, algo apareceu cobrindo-os e fazendo parecer quase como se eu estivesse com um biquíni sem alças. Quando a agitação na água passou eu subi para pegar ar e voltei encontrando Ivo dando piruetas agarrado a uma corrente que vinha da lancha. Fiz sinal para que ele me seguisse e então, só então percebi como era perfeito nadar com aquilo. A cada impulso eu nadava bons metros a frente deixando Ivo “comer poeira”. Aquilo realmente era divertido. Fiquei andando em volta dele e acelerando, voltando, fazendo tudo que pudesse para mostrar que eu podia nadar bem mais rápido do que ele. Os peixes não se incomodavam com a minha presença, mas não chegavam perto de Ivo. Decidi que mostraria a ele o que era nadar rápido então estendia minha mão para que ele a agarrasse, mas ele só sabia ficar apontando para seu rosto falando algo que eu não fazia ideia do que era. Ele continuava apontando para seu rosto, para a boca e o nariz e sem sucesso ele em chamou mais perto e então encostou o dedo no meu nariz e no meu peito em seguida e então eu entendi. Ele mostrara o movimento do meu peito subindo e descendo, eu estava respirando. Sorri nervosamente. Eu realmente estava respirando. Ivo me olhava rindo, mas ainda com uma cara confusa. As coisas só ficavam mais estranhas.

Novamente eu estendi a minha mão e ele a segurou firme sendo em seguida puxado por mim nadando rapidamente e dando voltas. Quando finalmente paramos de brincar e decidimos resolver - ou pelo menos tentar – aquele grande mistério, seguimos na direção que eu achei que deveríamos. E eu estava absolutamente certa. O local era como uma floresta de algas e com peixes enormes que eu nunca vira. Eu estava com medo, mas como eles no se aproximavam de mim isso me deixava mais tranquila. Ivo soltou a minha mão e fez sinal para que voltássemos enquanto eu dizia que não. Estava ficando bem escuro ali, era como se a lua não alcançasse aquele lugar e eu deduzi que era porque estávamos muito fundo. Continuei nadando devagar sentindo a alga em minha cauda, Ivo veio para o meu lado segurando uma lanterna desligada e então apontou ela para frente acendendo-a para que enxergássemos melhor.

Não sei dizer exatamente quem ficou mais assustado o momento. Eu, Ivo ou a sereia na nossa frente brincando com um peixe feio.


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Notas finais do capítulo

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