Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 1
"Oi, quer casar comigo?"


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoinhas!
Espero que enfrentem esse desafio junto comigo!
Por favor, leiam os disclaimers!
Especial para a Dama do Poente e para a Risurn que estão me dando o máximo de ajuda e apoio! Obrigada, meninas!
Ademais, boa leitura!
NaNoWrimo!



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— Oi, quer casar comigo?

Estas foram as palavras do pequeno. Seus cabelos negros batiam na testa pálida, fios finos que escapavam da touca azul e eram castigados pelo vento forte da manhã. Ele mantinha as mãozinhas gorduchas dentro da calça jeans, um sorriso envergonhado emoldurado pelas bochechas levemente rosadas. Mas, apesar do sorriso, os olhos azuis elétricos demonstraram seriedade.

Nico di Angelo franziu a testa observando, entretido, o garotinho que estava há poucos centímetros dele. O menino, obviamente, não estava falando com Nico, e sim com a menininha que estava de mãos dadas com o Di Angelo.

— Eu? — A menininha perguntou com a voz fina e confusa.

— Sim. — O menino confirmou, sem alterar a expressão.

— Não. — Ela entoou firme, balançando a cabeça em negativa, os cachinhos castanhos batendo no rosto moreno.

—  Por que não?  — O menino questionou, dando um muxoxo e fazendo um bico.

—  Eu nem sei seu nome! —  A menina retrucou, a expressão muito séria para uma criança de seis anos.

—  Meu nome é Dimi. Dimitri, na verdade.  —  respondeu, levando a informação ao pé da letra. —  Quer casar comigo?

A garotinha revirou os olhos, um gesto aprendido com o pai, Nico, que aliás, assistia aquilo com um interesse peculiar.

— Não vou casar com você. Esses meninos! — murmurou pra si mesma. — Eu nem sei quem você é!

— Mas eu já disse meu nome!

— Por que você quer casar comigo? — Ela tentou mudar o rumo da conversa.

— Porque você é bonita. — Dimi explicou simplesmente e Nico conteve a risada, decidindo interferir.

— Meu amor, — Chamou a filha. — Por que você não se apresenta? Acho que ele só está querendo uma amiguinha.

— Tudo bem, papai. — A garotinha respondeu e se virou para Dimitri. — Eu sou Hazel. — Anunciou com todo o orgulho do mundo. — Hazel Di Angelo.

— É um nome bonito. — Dimi assentiu sério. — Mas eu não quero uma amiguinha. Eu quero casar com você.

— Eu não posso! — Hazel retrucou.

— Por quê?

— Eu sou muito nova! Só tenho seis anos! — Explicou, os olhos arregalados.

— Quanto é seis? — Dimitri perguntou e Hazel mostrou seis dedinhos. — Eu tenho isso. — O menininho mostrou a mão direita, com apenas um dedinho abaixado.

— Um… Dois… Três… Quatro! — A Di Angelo contou os dedinhos do menino e sorriu. — Viu? Tem que ter isso pra casar! — Ela mostrou todos os dedinhos esticados, fazendo o pai rir. — Os meus e os seus. Vinte anos.

— É muito tempo. — Dimitri falou triste. — Mas eu posso esperar. Você casa comigo quando eu tiver assim? — Ele negociou, esticando todos os dedinhos, mostrando dez anos.

— Não sei. — Hazel falou, pensando na ideia. — Pergunta meu papai.

— Eu posso casar com ela quando tiver assim? — Dimitri perguntou à Nico, mostrando os dez dedinhos. Nico riu e deu de ombros.

— Se ela quiser, a gente conversa.

— Posso ou não? — Dimitri questionou sério, não aceitando a meia resposta.

— Se ela disser sim.

— Promete? — Perguntou, os olhos azuis com uma intensidade anormal para uma criança. Dimitri era intenso demais para uma criança.

— Prometo. — Nico respondeu, torcendo pra Hazel dizer não e ele não precisar quebrar uma promessa.

— Você vai casar comigo? — Dimitri virou-se para Hazel e a menina balançou a cabeça.

— Quando for grande. — Ponderou e Dimitri sorriu.

— Vou contar pra mamãe! — Ele falou e saiu correndo pelo hospital, rindo.

— Esse menino é louco! — Hazel resmungou e voltou a encostar-se no pai, entediada. Estava ali ao que parecia ser um milhão de anos e ela sequer queria estar ali. Morria de medo de agulhas, médicos então, eram seu pesadelo. Mas claro que Nico tinha que ser super protetor e fazer acompanhamento no hospital perto de casa.

Ela até gostava do médico, doutor Apolo, como o chamavam. Ele sempre era carinhoso e lhe dava um pirulito ao final da consulta, mas, às vezes, era mal e pedia exames de sangues, que faziam os olhos castanhos de Hazel se encherem de lágrimas no consultório antes mesmo de ir ao laboratório.

A garotinha Di Angelo esperava que hoje fosse um dia feliz, que o médico só lhe desse um pirulito e depois o pai a levasse na praça, já que havia pegado folga, mas era entediante demais esperar ser chamada, mesmo o jogo no celular de Nico a qual era viciada, se tornou chato. Até Dimitri aparecer e a tirar um pouco do tédio, mas o menino já havia ido e agora ela estava novamente sozinha, olhando para o teto e cantarolando “brilha, brilha estrelinha”.

Já estava na terceira repetição quando chamaram seu nome.

— Hazel Caterina Levesque Di Angelo. — Uma funcionária gordinha e bem humorada a chamou e ela levantou em um pulo, a seguindo para dentro do consultório segurando a mão do pai.

(...)

Hazel saiu do hospital com os olhos vermelhos e ainda choramingando, sendo consolada pelo pai.

— Não fica assim, principessa¹. — Nico pediu, o coração em frangalhos. Ele realmente odiava ver a filha chorar, principalmente quando tinha que segurá-la para tomar uma vacina, o que havia acontecido há poucos minutos. — Que tal irmos no parquinho? Vai sarar brincar um pouco no balanço?

— E sorvete? — Hazel passou a mão no rostinho, limpando as lágrimas.

— Com muita calda de chocolate. — Nico riu, sentindo seu coração se aquecer com o sorriso da menina. — Vamos, piccola.

Ela saltitou até o parque, contando sobre a “tia” da escola e seus coleguinhas, uma verdadeira maritaca, e Nico mantinha parte da atenção na menina, parte no trânsito e no que acontecia à sua volta e parte nos problemas: como arranjar uma babá para Hazel se conseguisse passar e pagar a faculdade a distância que tanto queria.

Seu sonho era ter um diploma na mão, mas mal havia conseguido se formar no ensino médio enquanto cuidava de Hazel. Nunca teve aptidão para estudos — não lhe perguntem como passou nas matérias de exatas — e agora, com quase vinte e três anos e uma filha pra cuidar, não tinha certeza se possuía coragem, ânimo e inteligência para encarar um professor novamente.

— Papai! Papai! Olha! — Sua mente foi desperta com os gritos da menininha. — Olha! É o Dimi! — Ele estava prestes a perguntar quem era Dimi quando viu pra onde a filha apontava. No escorregador, logo à frente, havia um menino correndo para subir as escadas novamente, era o mesmo que estava no posto.

Sem avisar, Hazel soltou a mão do pai e correu até o menino, que sorriu radiante e a pegou pela mão, esquecendo do escorregador e correndo pra gangorra. Nico se sentou em um banco vazio, observando o local deserto.

Só havia ele e as duas crianças ali, o movimento dos carros ao redor da praça era pouco e a maioria das casas ali perto estavam fechadas. Além de ser uma manhã de segunda-feira no meio no período escolar, era um dia nublado e frio, o que fazia as crianças preferirem passar o tempo assistindo desenho animado do que correndo na rua. O que era uma pena, Nico pensou, quando criança os dias fechados eram os seus favoritos.

— Dimitri! — Uma voz feminina o tirou dos pensamentos, fazendo com que ele olhasse em volta, mas não encontrasse a dona da voz. — Ei! Aqui em cima!

Automaticamente ele olhou para cima, encontrando um playground de madeira não muito alto — bom, sequer chegava aos ombros de Nico — com uma casinha acima da escada que dava para um escorregador no lado contrário. O que ele estranhou foi encontrar a dona da voz ali.

Ela estava ajoelhada dentro da casinha, os cabelos negros e curtos caindo na frente do rosto, completamente bagunçados, e ela estava maquiada e vestida como uma recepcionista, apesar de Nico só conseguir enxergar a camisa social branca amassada  formando um decote por causa posição dela e mostrando parte dos seios que não eram tampados pelo sutiã branco. Nico desviou o olhar, corando por ver tanto, mas ela nem percebeu.

— Olá! — A mulher cumprimentou. — Você não viu um garotinho por aqui, viu?

— Serve aquele? — Nico apontou.

— Dimi! — Ela chamou e o menino olhou para a mulher como se tivesse se esquecido da presença dela. — Estava te esperando.

— Desculpa!

Ela resmungou e empurrou as pernas para a fora da casinha, planejando pular na parte onde havia uma escada pras crianças subirem. Nico viu que aquilo não daria certo.

— Quer ajuda? — Perguntou e ela negou, empurrando mais o corpo, a saia social subindo no gesto. — Certeza? — Automaticamente, Nico deu um passo à frente no momento em que ela pulou e atingiu o chão, cambaleando e quase caindo. Nico a segurou com força, erguendo a sobrancelha e repetindo irônico. — Certeza?

— Talvez um pouco! — Ela admitiu, sem fôlego, percebendo estar apoiada com as mãos espalmadas no peito de Nico. Sentiu-se constrangida, ao mesmo tempo em que se questionava a quanto tempo não se aproximava de um cara assim. — Obrigada.

Ela se desvencilhou dele, dando-lhe as costas para ir em direção as crianças na gangorra.

— Não tem de quê. — Nico resmungou, a seguindo.

— Dimi! Você me deixou sozinha ali em cima! — Ela brigou com o menino, mas havia um tom de brincadeira na voz. Nico percebeu que ela estava descalça, a meia-calça bege suja e desfiando.

— Desculpa! — O menino pediu, saindo do brinquedo e correndo até a mulher. — Mamãe! Mamãe! Essa é minha… minha… — Ele murmurou, tentando lembrar o nome.

— Noiva? — A moça perguntou, sorrindo e abaixando.

— Isso! Nova. — Dimi falou feliz. — Haziel.

— Hazel. — A garotinha corrigiu, sorrindo.

— Muito prazer, Hazel. —  Ela sorriu, — Eu sou Thalia, a mãe do Dimitri.

— Eu sei. — A Di Angelo falou em um tom como se fosse óbvio.

— Esse é o papai dela. — Dimi apontou para Nico, que estava parado assistindo aquilo. — Ele dessou.

— É verdade? — Thalia perguntou, sorrindo para o moreno que se sentia constrangido.

— Desde que ela aceite. — Nico deu de ombros.

— Mamãe! Mamãe! A fita! — Dimitri começou a pular. — Cadê?

— Dentro da minha bolsa. — Thalia respondeu, apontando para uma árvore no meio do parque. Debaixo dela, encontrava-se uma bolsa preta, assim como um par de sapatos de salto alto.

Dimitri correu até lá, seguido por Hazel, e puxou de dentro da bolsa um livro infantil com a capa branca desenhada, revirando as páginas até encontrar um embrulho colorido.

— Toma! — Ele estendeu o embrulho pra Hazel. — Um pesente.

— Obrigada! — Hazel se esticou e abraçou o menino, o que deveria ser estranho, porque ela era alguns centímetro mais alta, mas fazia ambos parecerem mais adoráveis ainda. Ela rasgou o embrulho e de lá caiu uma fita larga, de um tom azul royal.

— Eu gosto de azul. — O menino explicou o presente com um sorriso. — E eu gosto de você.


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Notas finais do capítulo

Traduções do italiano:
¹Principessa: Princesa;
²Piccola: Pequena;

Essa vai ser uma fic fofinha, ok? Sem medo de mortes e maldade ♥
Eu realmente estou nervosa com esse desafio e agradeceria muito o apoio de vocês!
Quem mais está participando do NaNoWriMo?
Obrigada por lerem e espero que vocês apareçam para dar um "oi".
Beijos!