De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 35
Festival de verão.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo... de pouquinho em pouquinho acho que vamos recuperar o ritmo.
E quem sabe em breve não terei confiança o suficiente parar tirar o aviso de "Hiato" de uma vez por todas? XD

Glossário:

Obi: Faixa usada como cinto em roupas tradicionais japonesas.

Obon: Festival de origem budista dedicado a homenagear os ancestrais, atualmente celebrado no dia 15 de agosto.

Takoyaki: Bolinho de polvo frito.

Yukata: Uma espécie de quimono mais informal, muito comumente usada em festivais de verão ou em pousadas, especialmente após o banho ou até como pijamas.



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Myuga provavelmente havia se aferrado a idéia de que a vinda do outono tornaria o temperamento de Sesshoumaru mais brando, no entanto outra possibilidade era de que...

—Myuga, você faz uso de drogas? — Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha — Ópio talvez?

O rosto do velho começou a tornar-se vermelho como uma romã.

—Sesshoumaru! Onde está seu respeito para com os mais velhos? — questionou ríspido.

Sesshoumaru inclinou a cabeça minimamente de lado, de uma forma sutilmente jocosa.

—Claro. — ele cruzou as pernas — Então está bêbado?

Myuga bufou.

—Respeito rapaz! Respeito! — Exigiu — Só porque você e eu nos conhecemos há muito tempo, não significa que não me deva mais respeito!

Descruzando as pernas e levantando-se Sesshoumaru esclareceu:

—Só estou tentando entender o que o levou a acreditar que eu realmente concordaria com uma idéia tão absurda dessas. — ele recostou-se à parede com as mãos nos bolsos e arqueou a sobrancelha novamente — Whisky?

Perdendo a paciência Myuga ergueu-se batendo com ambas as mãos na mesa.

—Raios te partam homem! — vociferou — Eu só estou te dizendo para aceitar se deixar ser entrevistado! E não ouse me perguntar novamente se estou drogado ou bêbado!

Sesshoumaru o encarou.

—Não.

Myuga piscou deixando-se ficar boquiaberto, como se aquela resposta direta tivesse conseguido desconcertá-lo mais do que as troças de Sesshoumaru.

—Três diferentes repórteres nos contataram... — começou a balbuciar — Não estou dizendo que aceite falar com todos, mas se escolhesse ao menos um...

—Não. — voltou a dizer — Primeiro me convence a passar um dia inteiro dando autógrafos...

—Isso foi há vários meses homem! — Myuga defendeu-se.

—E agora quer que eu dê entrevistas? Você está caducando.

O velho suspirou cansado e suspirou sentando-se novamente enquanto massageava as têmporas e mantinha os olhos fechados.

—Afinal por que escolheu essa profissão?

—Isolamento social. — respondeu sem titubear.

—Dai-me paciência. — resmungou — É só uma entrevista Sesshoumaru! Apenas querem saber o que o levou a uma mudança tão repentina de gênero literário na criação de “Amor de vidro”.

—Diga-lhes que você me obrigou. — respondeu já com a mão sobre a maçaneta.

Myuga bufou balançando a cabeça.

—Tudo bem, esqueça isso por hora! — disse rabugento e espiando sua mão ainda sobre a maçaneta — Mas ainda há outra coisa sobre a qual quero tratar com você.

Sesshoumaru soltou a maçaneta e virou-se novamente.

—O que é?

O velho pigarreou.

—Há uma… certa artista que ficou interessada em seu conto. E… tem a esperança de poder trabalhar com você para transformá-lo juntos em um livro ilustrado infantil.

Sesshoumaru torceu a boca.

—Eu não escrevi exatamente um conto infantil. — comentou.

Myuga deu de ombros e Sesshoumaru girou os olhos e partiu dando aquela reunião por encerrada, pois agora ele tinha um encontro marcado com seu advogado, e não tinha interesse algum em se atrasar, pois embora o avô de Rin não houvesse mais voltado a aparecer pessoalmente, apesar de ter o novo endereço deles, ele ligava todas as noites para a neta e era óbvio que não pretendia deixar as coisas do jeito que estavam, e tampouco Sesshoumaru pretendia ficar de braços cruzados quando o velho finalmente resolvesse agir.

Há cerca de um mês, Sesshoumaru havia chegado com Rin e o encosto à nova casa.

—Sesshoumaru, mas o que é que você tem na cabeça?! — perguntou o imbecil cabeça de vento, quando o portão de aço começou a abrir-se para o carro — Esse prédio é muito menor do que o outro! Por que viemos para cá?  Vamos todos morar em um único quarto porque estamos com problemas financeiros?!

—Tio Inuyasha. — Rin chamou do banco de trás — Isso não é um prédio de apartamentos, é uma casa.

Ela explicou o que Sesshoumaru certamente não tinha paciência para explicar.

—Isso tudo é uma casa só?! — o idiota perguntou chocado.

—Você está de boca aberta. — Sesshoumaru o advertiu parando e desligando o carro.

—Mas Sesshoumaru-Sama, por que estamos na casa da sua mãe? — Rin perguntou soltando seu cinto de segurança e o cinto do urso de pelúcia gigante do seu lado.

—Essa aqui é a casa da sua mãe?! — Inuyasha exclamou tão espantado como se o carro deles estivesse prestes a se chocar diretamente com um caminhão.

Inuyasha só havia se encontrado com a Senhora Arina por umas poucas vezes, e apenas muito rapidamente, já depois de ter passado a morar com Sesshoumaru, pois ela sempre odiou a idéia de sequer ter de se aproximar da casa onde o ex-marido vivia agora com a nova esposa e o filho deles, mas ainda assim ele nutria por ela um inexplicável sentimento de pavor.

Mas aquele idiota não valia a atenção de Sesshoumaru, por isso ele escolheu voltar-se para Rin e responder à pergunta dela:

—É aqui que vamos morar agora.

—Com a sua mãe?! — Inuyasha gritou com os olhos tão arregalados como se aquele caminhão imaginário dele estivesse bem em cima do carro agora — Sesshoumaru você está louco?!

O idiota estava agora se afundando tanto contra o assento do carro como se quisesse se fundir a ele, enquanto agarrava firmemente a alça de segurança no teto, e apesar de que Inuyasha ainda não tinha carteira de motorista, ele parecia a ponto de saltar sobre o volante e tentar arrancar com o carro dali a qualquer momento, por isso Sesshoumaru girou os olhos e esclareceu de uma vez:

—Nós não vamos morar com minha mãe, e ela não está esperando por nós aí dentro. — provavelmente. — A Senhora Arina me deu a casa de presente.

Inuyasha olhou-o desconfiado.

—Por quê?

E Sesshoumaru abriu a boca prestes a responder àquela pergunta repetindo exatamente a mesmas palavras de sua mãe “considere como um presente atrasado, por todos os aniversários e natais perdidos”, quando ouviu o chamado choroso de Rin:

—S-Sesshoumaru-Sama... — ela gaguejou com os olhos arregalados — O senhor tinha me dito que não estava pretendendo se casar ainda.

Suspirando enfadado Sesshoumaru massageou com a ponta dos dedos o ponto entre suas sobrancelhas, e então se inclinou para frente apoiando a testa sobre o volante.

Levou algum tempo, mas ele finalmente conseguiu convencer aqueles dois de que nem a mãe dele, e muito menos qualquer esposa, estava esperando por eles dentro da casa, e os convenceu a entrar enquanto os funcionários da empresa de mudanças descarregavam as coisas do caminhão.

E embora Inuyasha tenha agido o tempo todo como se Sesshoumaru os estivesse levando para alguma armadilha como, por exemplo, uma casa amaldiçoada pelo espírito da antiga proprietária e que exigia sacrifícios do novo proprietário que também era, por acaso, seu único herdeiro direto — Ora, isso seria uma boa idéia para um livro — ele também foi o primeiro a acostumar-se a ter de volta um quarto só para si, além de todo o espaço extra e as mordomias de ter um empregado agora, pois, embora a Senhora Arina não tenha mencionado nada enquanto assinavam os papéis, ele acabou vindo junto com a propriedade.

—Eu sou Jaken, trabalhei com sua mãe durante os últimos seis anos, e sirvo à família há quase quarenta, e ela me disse que o senhor provavelmente precisaria dos meus serviços agora. — ele apresentou-se quando os três o encontram já os aguardando na entrada da casa, e então lançou um olhar a Rin.

Sesshoumaru não tinha dúvidas do que a Senhora Arina havia dito àquele velho sapo “ele é pai solteiro, mas com certeza não faz idéia de como cuidar de uma criança!”, e também tinha certeza de que, mais do que qualquer coisa, Jaken estava ali para relatar todos os passos de Sesshoumaru à mãe.

Mas ainda assim o deixou ficar… porque ele com certeza não tinha disposição alguma para cuidar diariamente de uma casa daquele tamanho. Obviamente se dependesse dele, voltaria naquele exato instante para seu apartamento ou, melhor ainda, nunca teria saído de lá!

Mas não dependia dele… tudo era por Rin.

E Rin, aliais, também teve dificuldades para se adaptar à nova casa, muito mais do que quando simplesmente chegou ao apartamento de Sesshoumaru e instalou-se lá, a casa era “vazia e fria demais”, ela dizia, embora estivessem bem em meio de um escaldante verão, ela era “grande demais para apenas três pessoas morarem”, e teimava não precisar de um quarto só para si.

E também não gostava de “Jaken-san” estar sempre tentando fazer coisas por ela, “posso arrumar minha cama sozinha!” dizia, batendo o pé.

—Esse é o trabalho dele. — Sesshoumaru tentou explicar-lhe, apesar de ele mesmo ter proibido Jaken de entrar em seu escritório ou no quarto.

Talvez ele também já estivesse se acostumando, um pouco rápido demais, às mordomias de ter alguém trabalhando para si.

—Não preciso que ele arrume e dobre minhas roupas! — Rin teimou.

Ela também andou “disputando” serviço com Jaken durante boa parte do mês, fosse correndo na frente para lavar a louça, ou de repente acordando antes do raiar do sol em um dia qualquer para varrer todo o andar de baixo!

Ela era uma criança estranha assim mesmo, que gostava muito mais de serviços domésticos do que de brincar com bonecas — e, pensando nisso, ela nem seque possuía bonecas.

Sesshoumaru bem que gostaria de saber da onde vinha toda aquela teimosia dela, Mariko era muito mais afável, mas esse com certeza era um problema que ele precisava resolver.

—Sesshoumaru-Sama, o senhor quer um picolé? — ela lhe ofereceu em certo dia, quando voltou da rua junto com Pervertido.

O dia estava quente demais novamente, então Sesshoumaru estendeu a mão a ela aceitando o doce.

—Jaken me contou que você tranca a porta de seu quarto agora. — comentou abrindo o pacote de picolé.

A expressão de Rin fechou-se um pouco, e ela desviou o olhar, emburrada.

—Eu só não quero que ela fique mexendo nas minhas coisas. — resmungou.

Observando-a, ele mordeu o picolé e arqueou uma sobrancelha.

—E também me disse que ontem quando ele chegou você estava lavando as janelas. — acrescentou.

Naquele momento Pervertido já escapava de fininho com o resto dos sorvetes e picolés que ele e Rin haviam comprado juntos enquanto ela, por sua vez, manteve os olhos fixados nos próprios pés, relutando ainda por algum tempo antes de finalmente encará-lo.

—Está zangado?

Ele deu-lhe as costas.

—Venha comigo ao meu escritório. — convocou-a, dando mais uma mordida no picolé. — E feche a porta.

Todos os seus livros haviam sido postos ali por ordem dele, e ele também havia substituído a cadeira da Senhora Arina pela sua própria cadeira de vidro, ela o seguiu quieta e obediente, mas ao chegarem ao escritório, Sesshoumaru mal tinha se acomodado em sua cadeira de vidro quando Rin perguntou repentinamente:

—Onde o senhor comprou uma cadeira assim? Eu sempre tive curiosidade de saber, foi na internet?

Sesshoumaru comeu a última porção de seu picolé.

—Um pouco antes de largar a faculdade conheci uma mulher que era designer de interiores ou decoradora, qualquer coisa assim, ela havia ido até lá para dar uma palestra a uma turma.

Rin sentou-se a sua frente, do outro lado da mesa.

—E vocês saíram juntos?

—Por umas nove semanas, talvez. — respondeu girando o palito de picolé entre os dedos.

Ela fez uma careta.

—E ela lhe deu uma cadeira dessas apenas por isso? — quis saber, e acrescentou: — Ela parece bem cara.

—Eu nunca disse que ela me deu a cadeira de presente. — a corrigiu — Certa vez a acompanhei a uma loja de móveis chiques e a vi, é feita inteiramente de vidro reforçado a prova de balas, e exclusiva, portanto não há outra igual. Levei cinqüenta meses para terminar de pagá-la.

—Cinqüenta meses! — exclamou boquiaberta.

Sesshoumaru deu de ombros.

—Foi um bom incentivo para que eu continuasse escrevendo.

Findado o assunto ele a encarou, querendo saber se Rin buscaria ainda mais alguma forma de sair pela tangente, talvez com a esperança de que ele se esquecesse do por que a havia chamado até ali. Mas, quer planejasse ou não continuar protelando, por fim ela acabou sustentando seu olhar por tanto tempo que desistiu da idéia e, baixando os olhos, torceu a barra da blusa e murmurou:

—O senhor está zangado?

Segurando o palito entre os dedos da mesma forma que costumava segurar seus cigarros antes, e apoiando o rosto na outra mão perguntou:

—Por que está disputando os trabalhos domésticos com Jaken? Gosta tanto assim de lavar, passar e limpar?

Ainda sem encará-lo e torcendo a barra da camisa, ela começou a tentar se explicar:

—Não... Quer dizer, eu gosto, mas não é por isso. Jaken-san não é uma pessoa ruim, mas...

—Mas…?

Rin engoliu em seco e ergueu os olhos um pouco.

—Ainda é difícil deixar outras pessoas tomarem conta de mim, e fazer tantas coisas por mim. — confessou.

Sesshoumaru endireitou-se na cadeira, arqueando as sobrancelhas em uma breve expressão desconcertada.

—Difícil? — repetiu. — Rin, se isso é por causa de Mariko, você sabe perfeitamente que não foi sua...

—Eu sei! — ela o interrompeu fechando os olhos, e então relaxando um segundo depois e suspirou — Não quero causar problemas a ninguém, de verdade mesmo Sesshoumaru-Sama. É só que… ainda é difícil. O senhor Jaken deve ter a mesma idade do vovô. — voltou a torcer a barra da camisa mais um pouco e murmurou: — Me desculpe.

Sesshoumaru recostou-se para trás com um longo suspiro massageando as têmporas com a ponta dos dedos. Por que criar uma menina precisava ser tão difícil?

—Eu certamente não quero que você se torne uma parasita preguiçosa. — disse por fim, Rin ergueu a cabeça arregalando os olhos, e ele continuou: — Talvez você possa cuidar sozinha da sua cama e da organização de seu quarto em geral. Mas precisa deixar as janelas para Jaken.

—Hum… certo. — concordou hesitante.

—E não quero que Inuyasha se torne ainda mais inútil, então continuar com a tarefa de por o lixo pra fora certamente não vai fazer cair os braços dele. E no outono ele terá de varrer as folhas, você pode ajudá-lo se quiser. Também não precisa lavar os banheiros, e você nunca lavou suas próprias roupas então basta que por agora apenas continue as separando por cor para a lavagem. — seguiu falando, conforme se lembrava de mais coisas. — Quanto à cozinha... — Rin enrijeceu nesse momento — Enquanto estiver de férias você pode seguir preparando o desjejum, eu penso em como ficará quando você voltar às aulas quando chegar a hora, também pode seguir preparando o seu próprio obento, o almoço fica por responsabilidade de Jaken, entendeu? Mas nos dias de folga dele você pode fazê-lo, pode ser que eu a ajude, o jantar será revezada entre você e eu assim como antes.

—Mais eu do que o senhor, Sesshoumaru-Sama. — ela acrescentou com um sorrisinho brincalhão.

Sesshoumaru deu de ombros.

—Se estiver de acordo, passarei os novos parâmetros para Jaken...

—E quanto ao senhor, Sesshoumaru-Sama? Qual será a sua tarefa?

Por acaso ela estava achando que ele também podia acabar tornando-se um “inútil preguiçoso”? Sesshoumaru arqueou a sobrancelha.

—Eu já cuido da limpeza do meu escritório e quarto. — respondeu, mas ela continuou olhando-o como se esperasse que ele continuasse, ela havia se esquecido de ele tinha um emprego do qual nunca tirava férias? — E te acompanharei ao mercado para as compras do mês, ou então Inuyasha vai quando eu estiver ocupado.

Finalizou dando de ombros.

Então o “conflito” de Rin com o empregado estava resolvido… mas ela continuava tendo pesadelos.

Do contrário não teria batido à porta do escritório dele às duas da manhã, naquela vez.

—O senhor não estava em seu quarto. — murmurou quando ele abriu a porta.

Ele arqueou a sobrancelha.

—Estava trabalhando. — respondeu.

—E quando pensa em ir dormir? — Rin remexeu os pés, mantendo a cabeça baixa. — Devia descansar um pouco Sesshoumaru-Sama, não é saudável passar a noite em claro...

—Realmente estou um pouco cansado. — concordou retornando para dentro do escritório para desligar o notebook.

Ela esperou do lado de fora até que ele saísse, e então o seguiu quietamente escadas acima até que ambos estivessem em frente à porta do seu quarto, e ele não se surpreendeu quando ela perguntou-lhe se poderia dormir com ele.

—O meu quarto é muito vazio. — justificou-se.

E ele deu-lhe passagem para entrar.

—Rin. — a chamou vendo-a subir na cama — Com o que você sonha?

É claro que ela sonhava com a mãe.

Rin não quis entrar em detalhes, mas nem sempre se tratavam de pesadelos, às vezes ela simplesmente sonhava com Mariko, que podia vê-la e tocá-la novamente, ou simplesmente falar com ela ou andar ao seu lado, mas então quando acordava sentia-se desolada demais para conseguir voltar a dormir.

E como poderia ser diferente? Ela era apenas uma criança e tinha perdido a mãe cedo demais.

Mas talvez por ter respondido à sua pergunta Rin sentiu-se no direito de fazer uma a ele também:

—Sesshoumaru-Sama. — chamou-o. — Se eu não tivesse ido buscá-lo, até que horas o senhor teria ficado no escritório?

Deitado ao seu lado, encarando o teto com os dedos entrelaçados sobre a barriga, Sesshoumaru respondeu:

—Não havia pensado nisso… provavelmente até o amanhecer.

—Então o senhor iria dormir lá?! — ela surpreendeu-se.

Na verdade ele nem sequer planejara dormir.

Mas a essa altura Rin já estava bocejando ao seu lado.

—Queria que o seu cabelo fosse maior, Sesshoumaru-Sama. — balbuciou, sonolentamente tocando sua orelha.

Claro que ele não tinha idéia do que ela estava falando, girou os olhos.

—Rin, você gostaria de prestar homenagens à Mariko durante o obon?

Ela não lhe respondeu, e foi quando ele percebeu que a menina já estava profundamente adormecida ao seu lado… mas de qualquer forma, no final ela não quis ir ver a mãe, Sesshoumaru imaginava que fosse doloroso para ela e, de uma forma ou de outra, ela já havia visitado-a dois meses atrás. Então imaginava que Mariko a perdoaria por aquilo.

E por que será que ele ainda ficou surpreso quando, na noite seguinte, encontrou um futon em seu escritório?

E também é claro que mesmo a mudança de endereço não serviu para afastar os parasitas de sua casa por mais de vinte e quatro horas, óbvio, afinal enquanto ele tivesse que levar o meio-irmão consigo, o resto dos parasitas os seguiria aonde quer que fossem, embora Sesshoumaru suspeitasse que mesmo que houvesse alguma maneira de se livrar de Inuyasha, aqueles parasitas continuariam seguindo Rin.

De qualquer forma ele fez questão de deixar claro que as regras do endereço antigo ainda valiam para o novo.

—Já sabemos Sesshoumaru! — Gata Selvagem exclamou irritada depois que ele repetiu as regras ao avistá-los subindo todos juntos para o quarto do imbecil do Inuyasha. — Não precisa repetir tantas vezes, o que pensa que somos?!

Eles estavam indo supostamente estudar, porque os “exames de admissão para as faculdades estavam logo aí”, Sesshoumaru nem sequer sabia que o meio irmão tinha tais inspirações de ir para qualquer faculdade.

—Adolescentes. — respondeu categórico. — Eu já fui adolescente, sei o que os adolescentes fazem no quarto.

—Sesshoumaru, por favor! — Domadora guinchou com voz esganiçada agarrando-se ao corrimão das escadas com o rosto rubro — Não seja tão vulgar, temos uma criança em casa!

Rin estava na sala naquele exato momento, colocando flores — que ele não fazia idéia de onde ela arranjara — em um jarro com água, e ergueu os olhos com sua atenção capturada ao ser mencionada na conversa.

Sesshoumaru arqueou levemente a sobrancelha.

— Eu sei bem disso, e é justamente por isso que estou citando as regras novamente.

—Pensando bem, também havia uma criança em casa na época da adolescência de Sesshoumaru. — Pervertido comentou casualmente olhando para Inuyasha alguns degraus mais acima, recebendo uma cotovelada de Gata Selvagem por isso.

Inuyasha fez uma careta.

—E isso não o impediu de coisa alguma, não é mesmo?

Os dois olharam então para Rin, o suposto resultado da inconseqüência juvenil de Sesshoumaru, que parecendo surpresa voltou seu olhar para ele.

—Do que estão falando, Sesshoumaru-Sama? — perguntou.

E não apenas Mariko, mas também recebeu Setsuka em casa, enquanto Inuyasha assistia desenhos na sala, Sesshoumaru pensou consigo mesmo coçando o maxilar, e era por coisas como aquela que Eleonor gostava de chamá-lo “Devasso-Sama”. Mas quando ele abriu a boca para responder, Domadora rapidamente se interpôs no caminho:

—Nada Rin, não estão falando de coisa alguma! — ela desceu apressadamente às escadas ao encontro da criança — Apenas besteiras e coisas idiotas!

Rin a olhou solenemente.

—Sesshoumaru-Sama não fala idiotices. — afirmou.

Aquilo fez nascer por um breve momento um sorriso nos lábios de Sesshoumaru, enquanto Domadora piscava desconcertada.

—Oh… certo. Claro. Apenas venha conosco Rin, vamos lá para cima, não quer me mostrar seu quarto novo? — chamou-a pegando-a pela mão.

Por outro lado uma das vantagens de morar em um lugar maior agora, é que Sesshoumaru podia ignorar a existência de todos ainda mais facilmente… ou assim devia ser.

—Sesshoumaru. — Domadora chamou-o certo dia batendo à porta de seu escritório, obviamente ele não respondeu. — Sesshoumaru tem algo que preciso falar com você.

—Estou ocupado. Depois. — dispensou-a.

E depois significava nunca

Mas infelizmente Domadora não era uma mulher de desistir fácil, e já havia se preparado previamente para essa situação:

—Sesshoumaru-Sama, por favor, abra a porta. — Rin suplicou-lhe — É importante.

Sesshoumaru passou a mão sobre o rosto e relembrou de épocas mais simples, quando podia ficar em seu quarto trancado por dias sem que ninguém nunca se preocupasse em bater à sua porta para confirmar, sequer, se ele continuava vivo.

—O que é tão importante que não podem me falar através da porta? — questionou abrindo a porta.

Rin estava sorridente e tão alegre que mal conseguia conter seus pulinhos de animação.

—Ouça, ouça Sesshoumaru-Sama! — exclamou — Vai haver um festival de verão amanhã à noite!

Sesshoumaru arqueou a sobrancelha.

—Creio que há alguns desses todos os anos, durante essa época do ano. — respondeu.

Domadora cruzou os braços e girou os olhos antes de, por fim, pigarrear e informa-lhe:

—Nós todos vamos ao festival, e levaremos Kohaku e Sota também, e queremos a sua permissão para levarmos Rin conosco.

E era apenas isso o que queriam?

—Façam como quiserem. — respondeu já lhe dando as costas para retornar ao escritório…

…Quando foi detido pelas pequenas mãozinhas de Rin agarrando a sua.

—Sesshoumaru-Sama, venha conosco!

Convidou-o inesperadamente, surpreendendo não apenas a ele como também à própria Domadora.

—Rin! — guinchou a colegial.

Sesshoumaru franziu o cenho.

—Ir junto? — repetiu — Rin, você faz idéia de que temperatura está fazendo lá fora?

34°C para ser mais exato, e a previsão para o dia seguinte não era muito melhor, enquanto que seu escritório se mantinha a agradáveis 15°C graças ao seu potente aparelho de ar condicionado.

Rin soltou sua mão abruptamente e baixou a cabeça.

—Perdão Sesshoumaru-Sama. — murmurou remexendo-se desconfortável. — O senhor tem razão, eu não queria incomodá-lo.

Sesshoumaru encarou-a com um leve retorcer de um dos lados da boca… ele tinha trabalho a fazer, e estava quente demais lá fora… então arrumou um par de yukatas para os dois e a advertiu que não ficaria por muito tempo.

—Mariko nunca aprendeu a vestir roupas tradicionais então vovó sempre tinha que arrumar eu e ela. — Rin contou feliz enquanto ele a arrumava — Mas o senhor é mesmo incrível Sesshoumaru-Sama!

—Fique quieta ou seu obi não vai ficar no lugar. — a advertiu seriamente.

E percebeu que ela imediatamente ficou parada feito uma estátua, inclusive, parando de respirar enquanto a faixa verde era devidamente posta em seu lugar, até que ele lhe dissesse que já estava pronta e podia voltar a se mexer.

—Tem alguma coisa que o senhor não sabe fazer Sesshoumaru-Sama? — perguntou-lhe alegremente girando com sua yukata quadriculada em tons de laranja e amarelo para encará-lo.

—O que eu não sei eu posso aprender. — respondeu-lhe levantando-se — Agora vamos logo, cachorros podem ficar estressados e urinar pela casa inteira se não forem levados para passear no horário correto.

As risadas de Rin enquanto ela corria para alcançá-lo e pegar sua mão encheu-lhe os ouvidos de uma forma muito mais agradável que as enervantes reclamações de Inuyasha sobre eles estarem atrasados, pois Domadora já havia lhe enviado sete mensagens avisando que ela e o remelento do irmãozinho dela já os estavam esperando, mas pelo menos ele não urinou pela casa toda. E gata Selvagem e o irmãozinho nem sequer haviam chegado quando eles chegaram… mas infelizmente Pervertido sim.

—Sesshoumaru veio junto?! E está vestindo uma yukata?! — exclamou o imbecil quando os viu chegando. — Eu tenho que mostrar isso para Sangozinha agora! Para que ela se apresse em vir logo!

Sesshoumaru havia deixado o carro há algumas quadras de distâncias e percorrera o resto do caminho a pé junto com Rin e Inuyasha.

—Kagome! — Rin exclamou largando sua mão e correndo para abraçar a colegial.

Ela sempre agia como se não visse Domadora há anos.

—Usar yukata é apenas o padrão para essas ocasiões, Pevertido. — explicou impaciente.

Embora ele fosse o único entre os homens vestindo uma yukata ali, já que até mesmo o irmãozinho da Domadora estava vestindo camisa e bermudas.

—Ei! — Pevertido protestou quando Sesshoumaru arrancou de suas mãos o celular com o qual pretendia tirar-lhe fotos.

—Confiscado. — sentenciou.

Mas isso não adiantou de nada já que Domadora também sacou o celular de sua bolsinha e tirou ela mesma uma foto dele vestindo sua yukata branca e vermelha.

—Para a posterioridade. — declarou. — Afinal nós sempre te vemos usando apenas jeans e camisas desbotadas e andando descalço por aí…

Ela mesma também era a única além dele e de Rin a estar usando uma yukata ali.

—Ei Kagome, não sei se gosto de você ter fotos do meu irmão no seu celular. — Inuyasha aproximou-se reclamando.

—Então tire uma foto de Sota e ficamos quites. — ela respondeu-lhe mal parecendo ouvi-lo enquanto digitava no celular.

Provavelmente enviando aquela foto para Gata Selvagem.

—Não é a mesma c...! — o imbecil calou-se quando foi repentinamente cegado pelo flash da câmera do celular de Domadora.

—Pronto, agora tenho uma sua também, satisfeito? — ela sorriu-lhe balançando a tela diante de seus olhos — E vou colocá-la como protetor de tela.

—Feh. — resmungou o idiota virando o rosto para o lado para que a garota não o visse corando.

Sesshoumaru girou os olhos. Por que mesmo que ele havia deixado o conforto refrescante de sua casa para sair à noite com aquele bando de crianças? Mas um suave aperto em sua mão o fez relembrar o motivo.

—Sesshoumaru-Sama. — Rin, que em algum momento havia retornado para o seu lado, o chamou — Posso comer algodão-doce?

—Algodão-doce? — repetiu o irmãozinho da Domadora, puxando a irmã pela manga da yukata que ela vestia — Mana, posso comer algodão-doce também?

—Oh! Então significa que começaremos com o algodão-doce?! — Gata Selvagem perguntou se aproximando deles enquanto trazia o irmão pela mão. — Pois para mim está perfeito!

—Sangozinha, meu amor! Achei que não chegaria nunca! — Pervertido exclamou indo recebê-la de braços abertos.

Mas a garota facilmente esquivou-se dele.

—Sesshoumaru, você está usando yukata! — exclamou surpresa, ela mesma e o irmão vestiam-se em roupas simples e casuais.

—Sango! Você não viu minha mensagem? — reclamou Domadora.

E fazendo uma careta Gata Selvagem começou a explicar-se:

—Acontece que eu deixei meu celular em casa…

De inicio o plano de Sesshoumaru era simplesmente comprar o algodão doce para Rin e então deixá-la com os parasitas e voltar para casa, afinal ele tinha muito trabalho para fazer e já havia avisado-a de que não ficaria por muito tempo… e para alguma coisa aqueles parasitas teriam de servir.

No entanto aquele bando já estava um passo a sua frente e, de alguma forma que Sesshoumaru não conseguia entender até agora, ele acabou ficando com as três crianças enquanto os quatro adolescentes haviam sumido completamente de vista.

—Mas que droga! — o irmãozinho da Domadora praguejou depois de perder pela quarta vez no jogo de tiro ao alvo.

Talvez Sesshoumaru devesse arranjar alcunhas para eles também.

E o garoto já estava tirando mais dinheiro do bolso — como era bom ser uma criança de posses, não é? — quando Sesshoumaru tomou-lhe a arma de brinquedo das mãos.

—Ei! — ele protestou.

—Diga quais prêmios vocês querem. — declarou empurrando-o para o lado, já cansado daquelas tentativas patéticas.

Rin foi a primeira a saltar a frente, apontando para a prateleira de prêmios.

—Ali Sesshoumaru-Sama! A ampulheta com areia colorida!

O irmão da Gata Selvagem, mais tímido e contido — o completo oposto da irmã — indicou uma caixa de tintas aquarela e o irmão da Domadora apontou avidamente para um par de raquetes com bolinhas de ping-pong.

—Você sabe que com o dinheiro que já gastou aqui poderia ter comprado uns cinco kits desses, não sabe? — indagou com um arquear de sobrancelha, ganhando um prêmio após o outro para as crianças, atrás de si Rin exclamou surpresa, querendo saber novamente se “havia algo que ele não sabia fazer?!” — Como pode ser tão ruim em tiro ao alvo? Na sua casa há um videogame de tiro com consoles em forma de pistola.

—Eu prefiro jogar futebol! — o garoto defendeu-se contrariado.

—Inuyasha também gostava bastante de correr atrás de bolas quando tinha a sua idade. — comentou.

—E o senhor Sesshoumaru-Sama? O que fazia quando era criança? — Rin questionou.

—O normal: Eu dobrava origamis. — respondeu mirando o último prêmio — Depois me cansei deles. Comecei a assistir séries e filmes criminais, e a ler livros, e então a colecioná-los. Houve uma época em que Inuyasha passou a caçar cigarras no verão e colecionar suas cascas, uma vez ele encheu minha gaveta com as cascas desses bichos. Ele tinha o hábito de sempre se jogar na cama como se estivesse mergulhando de cabeça numa piscina, quando ia dormir, então eu tirei o colchão e toda a parte que o sustentava e deixei somente o lençol esticado sobre a armação da cama, quando Inuyasha pulou ele desabou e do jeito que caiu no chão ficou… ele ficou desacordado, eu acho, mas na manhã seguinte, levantou-se como se nada tivesse acontecido e depois disso nunca mais entrou no meu quarto. Mas sua mãe reclamou disso comigo durante uns três dias.

Rin arqueou um pouco as sobrancelhas.

—A minha mãe? — repetiu surpresa.

Ele arqueou uma sobrancelha, entregando-lhe a ampulheta cujos grãos de areia, na verdade eram minúsculas estrelas multicoloridas.

—Não me lembro de ter conhecido à mãe de nenhum deles.

Depois disso o pirralho rico — isso é: o irmão da Domadora — quis pagar takoyaki para todos, inclusive para o próprio Sesshoumaru, e se Domadora estivesse ali agora ela certamente reclamaria por ele está aceitando o dinheiro de uma criança, mas ela havia saído por aí com o estúpido do Inuyasha e o deixado ali como babá, então não podia reclamar de nada. E o pirralho tímido — ou seja: o irmão da Gata Selvagem — sugeriu logo depois que eles fossem brincar no jogo de pescaria, no qual demonstrou uma surpreendente habilidade enquanto Sesshoumaru sentava-se em um banco mais distante, porém ainda de uma distância da qual ele podia observá-los atentamente, e terminava de comer os últimos takoyakis da caixa.

—Aceita uma bebida? — alguém disse ao seu lado.

Sesshoumaru olhou-a pelo canto dos olhos, permitindo-se desviar sua atenção das crianças apenas por um breve momento, era preciso ser cuidadoso, nunca se sabia que tipo de maluco poderia haver por perto, ele não a conhecia, mas ela era uma mulher de estatura mediana usando rabo de cavalo e uma blusa verde de um ombro só.

—Achei que a comida desceria melhor com alguma bebida. — ela justificou-se sorrindo.

Possivelmente tinha uma idade próxima à dele, ou talvez fosse até um pouco mais velha, segurava uma lata de refrigerante em cada mão e com certeza não era nada desagradável ao olhar.

—Se eu aceitasse estaria dando um péssimo exemplo. — respondeu por fim.

Parecendo encarar aquilo como um encorajamento a mulher avançou sorrindo e sentou-se ao seu lado.

—Eu te vi com as crianças antes. — contou — Cuidando dos irmãos?

—Nenhum deles é meu irmão. — negou terminando o ultimo takoyaki. — Os meninos são os cunhados do meu meio-irmão e do estúpido amigo dele, e a menina é minha.

—Sua cunhada? — perguntou levemente decepcionada.

—Filha. — corrigiu-a.

E a decepção da mulher foi rapidamente substituída por surpresa:

—Mas é tão jovem!

Ele assentiu.

—E era ainda mais jovem na época de seu nascimento.

A mulher começou a levantar-se.

—Oh sinto muito, eu não pensei…

—Não sou casado. — esclareceu, ela não era desagradável ao olhar afinal.

E ela voltou a sentar-se ainda que desconfiada, olhando agora atentamente para suas mãos bem a vista, obviamente não havia ali aliança ou qualquer marca de que um dia houvera uma.

—E a mãe dela?

—Falecida.

—Oh! — os olhos dela arregalaram-se levemente — Sinto muito, não foi minha intenção…

Assentindo, Sesshoumaru apresentou-se:

—Chamo-me Sesshoumaru.

—E eu sou Maria.

—Estrangeira? — Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—Não. — ela negou rindo — E creio que poderia perguntar a mesma coisa a você!

—Não sou estrangeiro. — negou. — Mas a cor do cabelo é natural.

—É lindo. — Maria elogiou-o, e então pigarreando comentou: — Sabe, eu sou muito boa com crianças…

Porém Sesshoumaru não estava precisando de babá alguma, virando-se ele lançou-lhe um longo e minucioso olhar avaliativo.

—E gosta de café?

Ela sorriu e parecia prestes a dizer alguma coisa, quando Sesshoumaru levantou-se ao ver que Rin e os pirralhos vinham em sua direção.

Ainda assim ela levantou-se logo atrás de si para sussurrar-lhe próximo ao ouvido.

—Um café seria ótimo.

Deixou um pedaço de papel qualquer em sua mão e então se afastou logo antes das crianças chegarem.

—Com licença, Sesshoumaru-Sama. — pronunciou-se o pirralho tímido, olhando o relógio de pulso — Acho que seria bom se fossemos agora tentar arranjar lugares para ver os fogos de artifício, antes que esteja tudo lotado.

Sesshoumaru não tinha um relógio — e mesmo que tivesse ele não fazia a menor idéia de qual seria o horário dos fogos de artifício — então decidiu confiar nele e estendeu sua mão a Rin.

—Sesshoumaru-Sama quem era aquela moça? — Rin perguntou-lhe.

—Maria. — respondeu simplesmente. — Você não quis nenhum peixinho?

—Não senhor.

Chegaram assim a uma área gramada próxima ao rio onde algumas pessoas já se arrumavam para apreciar os fogos de artifício dali, algumas haviam inclusive trazido suas próprias toalhas para sentarem-se sobre elas, mas Sesshoumaru não tinha nada disso, então se deitou diretamente na grama e fechou os olhos ali mesmo.

—Sesshoumaru-Sama, o que está fazendo?! — Rin perguntou surpresa — Desse jeito o senhor não vai conseguir ver os fogos de artifício!

—Estou exausto. — replicou cobrindo os olhos com o antebraço — Então fiquem por perto e não sejam seqüestrados.

—Acho que todas aquelas séries e filmes criminais o deixaram paranóico. — ouviu o pirralho rico comentar.

Ele escrevia suspenses criminais, histórias sobre psicopatas, e histórias de terror, e sabia o que o mundo tinha a oferecer de pior. Então de que outra maneira poderia pensar?

De qualquer forma ele ainda conseguiu ter alguns momentos de paz, até pouco depois de os fogos de artifício começarem a estourar e ele escutar a voz de Inuyasha gritar:

—Ali estão eles!

E a voz da Gata Selvagem se uniu a dele exclamando aliviada:

—Ah ainda bem! Eles estão bem!

Eles estavam bem? O que aqueles parasitas pensavam? Que ele iria seqüestrar Rin e os pirralhos? Ele só queria um pouco de paz!

E a voz de Pervertido exclamou acima de si:

—Vocês sumiram!

Sesshoumaru afastou o braço do rosto, abriu os olhos e o encarou.

Vocês sumiram. — retorquiu.

Domadora sentou-se sobre os calcanhares ao lado de sua cabeça e suspirou.

—Estávamos com medo que você tivesse ido embora e os deixado sozinhos. — confessou.

—Não seria tão mal, os pirralhos não são tão pirralhos para não poderem ficar sozinhos por umas horas. — respondeu.

Mas ainda eram pirralhos demais para ficarem responsáveis por Rin.

Ainda sob os fogos de artifícios, Domadora riu e girou os olhos, enquanto Rin mostrava sua ampulheta para Inuyasha e Pervertido e o pirralho tímido mostrava à irmã os seus novos peixinhos dourados. E Sesshoumaru voltou a fechar os olhos e cobri-los com o antebraço, ainda segurando o provável número de telefone de Maria.

—Sesshoumaru. — Domadora o chamou momentos mais tarde.

—Que é? — respondeu sem abrir os olhos.

E então sentiu um volume repousar em seu peito e ao abrir os olhos viu ali um pequeno embrulho.

—Eu ia mandar por Rin, mas já que você veio ao festival não vi porque não entregar-lhe pessoalmente. — ela contou-lhe com os olhos fixos no céu, assistindo os últimos fogos de artifício — Feliz aniversário Sesshoumaru.

Sesshoumaru assentiu e voltou a fechar os olhos.

Domadora com certeza se achava uma garota hilária por tê-lo presenteado com uma versão de bolso de um de seus próprios livros.

Eleonor estava sentada de pernas cruzadas apertando repetidas vezes sua bolinha de massagem enquanto esperava por ele na recepção.

—Como foi a reunião? — perguntou guardando a bolinha na bolsa ao avistá-lo.

—Terrível. — respondeu estendendo a mão para ajudá-la a levantar. O advogado insistia que Sesshoumaru devia contar a verdade à Rin o quanto antes, porque se ele e os avós da menina chegassem às vias de fato seria terrível, talvez até devastador, ela descobrir tudo em pleno tribunal. Algo que Sesshoumaru era definitivamente contra. — Como está a mão?

—Excelente. — ela levantou-se e estendeu a mão com um arquear de sobrancelhas — As chaves?

Ela havia lhe ligado a pouco mais de uma hora atrás querendo saber se o carro estava disponível, e Sesshoumaru lhe respondera que não haveria problema algum em emprestá-lo… desde que ela não se importasse de ir pegá-lo no prédio do escritório de seu advogado, antes que ele saísse de lá.

—Já pensou em comprar o próprio carro?

—É muito mais econômico pedir o seu sempre que preciso e depois só precisar pagar pela gasolina.

—Também quero que mande lavá-lo antes de me devolvê-lo. E primeiro vamos para minha casa, não quero ter que voltar de metrô tendo carro. — respondeu deixando o prédio com ela logo atrás de si. — Quer dirigir?

—Dê-me as direções.

E então ele destrancou as portas do carro e jogou-lhe as chaves por cima do ombro.

—Eu e mais alguns dubladores estaremos participando de uma entrevista em um programa de variedades amanhã a noite no canal 09, deve ir ao ar lá pelas 19h, mas iremos gravá-lo hoje… possivelmente não terminaremos antes das 23h. — ela comentou dando a partida.

—Por isso precisa do carro. — Sesshoumaru comentou pouco interessado. — Siga em frente.

Eleonor assentiu.

—Os metrôs provavelmente já terão parado há essa hora, e eu certamente não quero pegar um táxi estando sozinha a essa hora da noite.

—Então finalmente adquiriu alguma autoconsciência. — observou.

Ela alegou sempre ter sido perfeitamente autoconsciente, porém quando ele perguntou-lhe, também confirmou que ainda continuava fazendo suas compras e indo lavar a roupa na lavanderia publica sempre no meio da madrugada. O que o fez girar os olhos.

O novo endereço era mais perto da escola de Rin que o anterior, ficando a apenas duas estações de metrô dela — apesar de que provavelmente havia dificultado bastante a vida de Inuyasha — e as compras do mês já estavam feitas, por isso não seria um grande incômodo para Sesshoumaru estar sem o carro durante a semana, mas ele iria precisar dele no próximo final de semana.

—Só vou precisar do carro durante a semana. — Eleonor lhe garantiu e quando ele lhe indicou qual era a casa comentou: — Que belo imóvel, Devasso-Sama.

—E por dentro também, mas eu não vou chamá-la para entrar hoje. — avisou-a.

—E eu tampouco tenho tempo. — ela deu de ombros.

—Não precisa trazer o carro também, apenas deixe-o na garagem do prédio e avise ao porteiro, que eu o busco.

Eleonor estacionou com o carro em frente à casa de Sesshoumaru, e avisou-o:

—A chave do apartamento está no mesmo lugar de sempre.

Assentindo Sesshoumaru abriu a porta e saiu do veiculo, porém mal havia cruzado a porta de casa quando Rin veio correndo ao seu encontro para abraçá-lo animadamente.

—Sesshoumaru-Sama! — exclamou — Vovô Myuga me disse que o senhor vai dar entrevistas!

E ao olhar naqueles olhos cheios de esperança e brilhando de empolgação Sesshoumaru praguejou internamente.

Aquele Myuga era um velho muito mais ardiloso do que ele pensara.


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Notas finais do capítulo

Sesshoumaru não consegue dizer não para Rin e seus olhinhos brilhantes, infelizmente para ele os outros também já perceberam isso kkkkkk

Curiosidades do Japão:

Dar uma casa como presente de casamento:
No Japão o terreno pode custar extremamente caro e muitas vezes ter uma casa própria é um sonho praticamente impossível, por isso alguns casais ao terem um filho costumam juntar dinheiro desde o dia de seu nascimento (ou até antes) com o intuito de que, quando ele se casar um dia, eles possam presenteá-lo com uma casa.



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