De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 32
O doce amargo dia ensolarado.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas e muito obrigada por voltarem!
Eu sei que não sou a pessoa mais rápida do mundo para postar, mas mesmo assim preciso lhes dar uma noticia não muito boa: a partir desse capítulo em diante, De Repente Papai estará voltando a sua frequência de um capítulo a cada, em média, 30 dias.

GLOSSÁRIO:

Dorama: nas terras do sol nascente, todo tipo de produção para tevê são chamados de “television drama” que, na pronúncia deles, soa “terebí dorama”.

Hikikomori: na prática, são pessoas solitárias que se afastam de todo o contato social e, muitas vezes, ficam anos sem sair de casa.



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Mariko morreu no início do verão quando é época das chuvas intermináveis no Japão, mas ainda assim fazia um lindo dia ensolarado naquela vez, Rin lembrava-se perfeitamente disso, pois sua mãe amava aos dias ensolarados e como ela já não sorria mais tanto no final, parecia justo que ela tivesse partido em um dia assim, fazia exatamente um ano agora, Rin não havia visitado a mãe no dia das mães, então ela queria ao menos visitá-la em seu aniversário de morte.

O único problema era que o verão era certamente a pior época do ano para Sesshoumaru-Sama, tio Inuyasha dizia que naquela época o humor dele só tendia a se tornar cada vez pior, e quando chegassem ao auge da estação é que ele se tornaria insuportável mesmo, “não que o humor dele seja bom em algum dia do ano” — Rin realmente viera parar em sua porta na pior época possível, não é? —, mas ainda assim ele persistia em levar e buscá-la todos os dias na escola, embora ela tivesse lhe dito que, àquela altura, já conhecia o caminho bem o suficiente para ir sozinha, bem, talvez ainda não estivesse quente demais para ele e talvez acabasse mudando de ideia dali a algumas semanas...

—Sexta-feira à noite? — ele estava dizendo ao celular quando ela aproximou-se — Minha senhora, antes que lhe dê minha resposta, permita-me pergunta-lhe uma coisa: Isso por acaso é alguma espécie de condição que está me impondo para ajudar-me com… — olhou-a de relance, percebendo sua presença ali — Aquilo sobre o que conversamos? Ah, mesmo? — fez uma pausa arqueando a sobrancelha — Pois então a aconselho a buscar outro acompanhante o quanto antes, pois eu não tenho a mínima intenção de ir… sim… passar bem. — ele desligou e guardou o telefone no bolso — O que foi Rin?

Rin retraiu-se, ela realmente não queria incomodar o pai, mas já havia ido até ali então… ainda assim pediu a ele que a levasse para visitar sua mãe no cemitério em seu aniversário de morte.

Em um quente dia de verão.

—Dia 19? É domingo. — ele comentou checando o calendário no celular, oh certo, ele a estava levando todos os dias à escola mesmo odiando o verão, e mesmo dizendo que não queria incomodá-lo ela estava lhe pedindo que saísse de casa também em seu único dia de folga... — Quer levar flores para ela?

Rin ergueu a cabeça surpresa.

—O que?!

—Flores para sua mãe. — ele repetiu — O que acha de margaridas amarelas? Eram suas favoritas, certo?

—Mas… mas... — ela estava desconcertada — O senhor tem certeza?

Sesshoumaru-Sama arqueou uma sobrancelha.

—Prefere levar algum tipo de doce então para oferecer como oferenda? Ou quem sabe os dois?

Assim, no domingo, bem cedo pela manhã, Sesshoumaru-Sama a levou ao cemitério para visitar Mariko — esse era o melhor horário, pois o sol ainda não estava tão alto e o dia ainda não havia esquentado tanto —, mas diferente da última vez, dessa vez Sesshoumaru-Sama se manteve afastado enquanto ela conversava com a mãe.

—Você vai querer ir visitá-la no obon também? — Sesshoumaru-Sama lhe perguntou enquanto desciam a rua voltando para casa, para variar naquele dia ele havia deixado o carro em casa.

Mas antes que Rin pudesse responder os dois ouviram a voz de Sango-chan os chamar ao longe:

—Rin-chan! — Sango-chan os interceptou ainda na rua, e pegando as mãos de Rin entre as suas começou a dizer apressadamente: — Que bom que te encontramos Rin-chan! Eu te liguei sem parar, mas você não atendia!

—Eu deixei meu celular em casa. — respondeu ainda um pouco surpresa com aquela abordagem repentina.

—Você achou que eu a havia deixado numa caixa em frente a um orfanato com um bilhete para adoção? — Sesshoumaru-Sama ironizou com as mãos nos bolsos. — Para que tanto alvoroço Gata Selvagem?

Sango-chan apertou as mãos de Rin um pouco mais entre as suas.

—Rin-chan, você gostaria de vir dar um passeio conosco?

Os olhos de Rin brilharam com esperança.

—Conosco...? Você quer dizer Kag...?

—Eu vou levar Kohaku e Sota para passear, mas não quero ser a única garota, você quer vir conosco Rin-chan? — Sango-chan despedaçou suas esperanças em uma fração de segundos.

—Aonde vocês vão? — Sesshoumaru-Sama quis saber.

—Ah… bem... — Por que Sango-chan parecia nervosa agora? — Bem, na verdade Kohaku e Sota ainda não decidiram.

Ela riu sem graça.

—Não dê sorvete demais a ela, e voltem antes das 21h ou chamo a polícia. — Sesshoumaru-Sama instruiu tirando a carteira do bolso e pegando dali duas notas de ¥1.000,00[i] as quais entregou à Sango-chan. — Rin, você tem as chaves de casa?

—Ah, sim, mas... Sesshoumaru-Sama!

Só que ele já estava indo embora, se afastando e acenando displicentemente com a mão sem nem olhar para trás.

—Passei tempo demais ao sol. — foi tudo o que disse.

Sesshoumaru-Sama havia acabado de fazer com ela o que sempre fazia com tio Inuyasha, usando dinheiro para ver-se livre dela?! Então ele provavelmente estava ocupado com mais um livro ou artigo, e ainda assim havia tirado aquele tempo só para levá-la ao cemitério. Talvez fosse melhor Rin lhe dar uma folga mesmo.

—Tempo demais ao sol? Sequer são 10h ainda, Sesshoumaru por acaso pretende se tornar um hikikomori? — Sango-chan resmungou consigo mesma, guardando o dinheiro de Sesshoumaru-Sama no bolso. — Bem Rin-chan, você vem?

—Sim! — respondeu alegremente.

—Que ótimo. — Sango-chan a pegou pela mão — Kohaku e Sota estão logo ali.

Ela apontou para a entrada do prédio, onde Kohaku as esperava ao lado de um garoto um pouco mais baixo.

Rin conhecia o irmão menor de Sango-chan, Kohaku, mas não sabia quem era Sota-kun, embora o nome não lhe fosse estranho.

—Sango-chan, quem é Sota-kun? — perguntou enquanto deixava-se ser guiada por Sango-chan.

—Ah, você ainda não o conhece, não é mesmo, Rin-chan? — Sango-chan lhe sorriu — Ele é o irmão mais novo de Kagome.

Ah sim, Kagome-chan já o havia mencionado uma vez...

—E onde os quatro estão indo? — Miroku-kun perguntou repentinamente atrás das duas.

Sango-chan ficou tão surpresa que deu um salto e largou a mão de Rin imediatamente, como se tivesse acabado de ser flagrada cometendo algum crime — do tipo sequestro, por exemplo — e virou-se com a mão sobre o peito.

—Miroku! — arfou — O que faz aqui?!

Miroku-kun estava atrás das duas com os braços cruzados.

—Eu sabia que você ia aprontar alguma coisa. — suspirou.

—Mas eu ainda não disse nada! — Sango-chan defendeu-se.

E Rin não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo ali.

—Então onde vocês quatro estão indo? — ele insistiu.

—Hoje nós vamos seguir o irmão cachorro e a mana no encontro deles. — disse o garoto, Sota-kun, se aproximando junto com Kohaku.

—Encontro?! — Rin espantou-se. — Quer dizer um encontro romântico? De verdade? Tipo como nos doramas?

—Seguir?! — repetiu Kohaku, tão espantado quanto ela. — Ninguém me disse nada sobre seguir ninguém!

Sango-chan bagunçou os cabelos do irmão.

—Pense nisso como uma aventura de espiões, ok? — ela piscou.

—“Irmão Cachorro”? — Miroku-kun franziu o cenho.

—É como a mana o tem chamado nas últimas semanas “aquele cachorro”. — explicou Sota-kun.

—Claro que é. — suspirou Miroku-kun mais uma vez, agora parecendo cansado e levando a mão ao rosto. — De qualquer forma, Sango, você precisa deixá-los em paz. Não pode simplesmente decidir segui-los e...

—Se ficarmos aqui por mais tempo seremos logo descobertos. — Kohaku comentou. — Sota e eu viemos dizer que o vimos, mas ele parou para amarrar os cadarços, então acho que não nos viu.

Sango-chan soltou uma palavra tão feia que fez com que Rin arregalasse os olhos, e de repente ela agarrou sua mão e ao braço de Miroku-kun e correu com os dois para se esconderem junto com Kohaku e Sota-kun — que os seguiram sem hesitar — atrás de um carro estacionado no meio fio no exato instante em que seu tio saia do prédio.

—Sango pare de uma vez com essa loucura! — Miroku-kun exigiu por entre os dentes, embora estivessem longe demais para serem ouvidos pelo tio de Rin.

—Se não vai me ajudar faça o favor de não atrapalhar também! — Sango-chan respondeu irritada, empurrando-o para o lado e esticando-se sobre Miroku-kun para espiar.

Levada pela curiosidade Rin também se esticou para espiar, mas não havia nada de interessante para se ver, seu tio estava apenas parado em frente ao prédio mexendo no celular.

—Droga, ele está vindo para cá! — Sango-chan a puxou de volta de repente.

E apesar de todos os protestos de Miroku-kun para que “eles parassem com aquilo” ele acabou se esgueirando com o resto do grupo, rodeando o carro para esconder-se de tio Inuyasha quando ele passou ao lado do veículo sem notar nada.

—Ele deve estar indo para a estação de metrô. — comentou Sota-kun.

—Então vamos logo atrás dele, antes que o percamos de vista! — Sango-chan os instigou.

Mas Miroku-kun a deteve segurando-a pelo pulso.

—Mas por que arrastar as crianças junto? — reclamou.

—Sota estava preocupado com a irmã! — Sango-chan afirmou se soltando.

—Eu queria ter ido jogar futebol! — Sota-kun protestou imediatamente, Sango-chan nem sequer o olhou, mas suspirou e tirou do bolso uma moeda de ¥500,00[ii] e deu a ele fazendo-o mudar de opinião da mesma hora: — Mas eu estava muito preocupado com a mana.

—Viu só?

Sango-chan cruzou os braços com ar vitorioso, fazendo Miroku-kun girar os olhos.

—Somos o seu álibi! — Rin percebeu de repente — Se for pega dirá que foi uma coincidência e que estava apenas nos levando para uma volta.

Sango-chan a olhou.

—Rin-chan, você quer uma moeda também?

Mas Rin sacudiu a cabeça.

—Não precisa! — negou.

Afinal ela também estava preocupada com Kagome-chan e seu tio, e queria saber se os dois iriam ou não se reconciliar. Era mesmo como uma aventura de espiões, tal como Sango-chan havia dito, embora se todos usassem máscaras, óculos escuros e bonés para se disfarçarem, assim como ela sugeriu ao entrarem na estação de metrô, eles certamente acabariam se destacando ao invés de se misturarem com as pessoas e seriam logo facilmente descobertos — além de que não havia tempo para voltar para casa e buscarem todas aquelas coisas, sem perderem tio Inuyasha de vista no processo —, por isso, ao invés disso, optaram por apenas manter uma distância segura.

—Espero que esse idiota não a leve a um lugar do tipo parque de diversões, lugares cheios de filas são péssimos para primeiros encontros, porque você pode ficar rapidamente sem assunto nenhum para falar enquanto esperam e fica aquele clima estranho e pesado! — Sango-chan reclamou espiando o vagão de trás através da janelinha da porta de conexão.

—Acho que Inuyasha e Kagome já estão acostumados demais com a presença um do outro para que as coisas acabem assim. — Miroku-kun discordou desinteressado, sentado ao lado de Rin enquanto mexia no celular.

—E se eles forem ao cinema? — Kohaku sugeriu de pé ao lado da irmã — Podem ficar um bom tempo quietos e sem que fique estranho e depois ainda poderão usar o filme como assunto para conversarem.

—Aí eu não poderei vê-los! — Sango-chan sibilou irritada.

Miroku-kun suspirou cansado, mas não disse nada, pelo jeito ele já havia se dado completamente por vencido.

Sentado do outro lado de Rin, Sota-kun a cutucou.

—Ela sempre arrasta Kohaku para esse tipo de coisa, e eu fui trazido por que sou irmão da mana, mas e você?

—Eu sou a sobrinha do seu “irmão cachorro”, estou morando com ele e o papai. — respondeu achando graça daquele apelido.

Não podia se esquecer de contá-lo para Sesshoumaru-Sama mais tarde.

—Ah, eu não sabia que o irmão cachorro tinha um irmão.

—Ele tem. — confirmou — Mas você não pode chamá-lo de “irmão cachorro” também!

Tio Inuyasha não pareceu perceber seus perseguidores em momento algum e foi se encontrar com Kagome-chan em frente ao aquário.

—Você sabe que com um grupo grande desse jeito é muito mais fácil ser descoberta, não é? — Miroku-kun comentou andando a alguma distancia do grupo.

—Então vá logo embora de uma vez! — Sango-chan o expulsou, sem largar a mão de Rin — Sem você aqui o grupo diminuirá 20% de tamanho e nossas chances de sermos flagrados diminuem também.

—É um peixe lua! — Kohaku exclamou de repente.

—Uau! Ele é gigante! — Rin exclamou admirada e, sem pensar, soltando-se da mão de Sango-chan para aproximar-se do aquário. — Deve ter o seu tamanho Miroku-kun!

—Rin! Kohaku! — Sango-chan os chamou.

—Isso não é nada. — Miroku-kun aproximou-se esfregando o queixo — Uma vez eu vi um vídeo de um que tinha três vezes o tamanho desse aí.

Rin e Kohaku o encararam boquiabertos sem conseguir acreditar no que ouviam.

—Olhem! Eles têm show de pinguins aqui! — Sota-kun meteu-se de repente entre eles, segurando um folheto com as programações do aquário. — E podemos alimentá-los também!

—Pessoal...! — Sango-chan tentou chamá-los novamente.

—Ah, eu quero alimentar os pinguins! — Rin animou-se.

—Gente, foco!

—Querida Sango. — Miroku-kun voltou-se para ela — Você não pode trazer um bando de crianças ao aquário e esperar que elas não se divirtam.

—Eu sei, mas...!

—Mana eles têm tubarões baleias! — Kohaku a chamou levando até ela a programação do aquário.

—Mesmo? Onde?! — Sango-chan puxou o cronograma das mãos do irmão.

Rin tinha certeza que eles haviam ido até ali em uma super missão no estilo aventura espião, para saber se o encontro de seu tio e Kagome-chan estava indo bem, ou se ela já o tinha jogado em algum tanque cheio de águas vivas, mas ainda assim em algum momento, embora não soubesse dizer qual, todos decidiram ir ver o tanque das arraias gigantes.

E agora todos estavam a caminho da cantina e Miroku-kun contava quanto dinheiro tinha na carteira para saber se teria o suficiente para comprar uma camisa com estampa de tubarão na loja de lembrancinhas, quando Sango-chan recebeu uma ligação e ela atendeu sem nem olhar:

—Alô, aqui é Sango. — Seus olhos se arregalaram um pouquinho — Sesshoumaru?! Aconteceu alguma coisa ou...? — franziu o cenho — Claro que ela está bem, viemos ao aquário… Sim, normal, o estranho aqui é você. Você realmente só ligou para isso? Como assim se ela está sorrindo...? Sesshoumaru o que você está planejando agora?! E afinal desde quando tem esse n...?! — ela afastou o telefone do rosto, olhando-o furiosa — Desligou!

Rin a olhou.

—Era Sesshoumaru-Sama? — perguntou o óbvio.

—Sim, ele queria saber se você estava bem e se estava sorrindo e agindo normalmente. — Sango-chan franziu o cenho guardando o celular no bolso. — Rin, Sesshoumaru te fez alguma coisa?

—Não.

—Tem certeza? — Miroku-kun intrometeu-se na conversa — Ele não tentou… sei lá, quem sabe enchê-la de selos e mandá-la pelo correio para algum lugar da antártica talvez?

—Claro que não! — exclamou ultrajada — Papai não faz mais esse tipo de coisa!

—Quer dizer que ele fazia antes?! — Sota-kun perguntou-lhe chocado.

A menina deu de ombros, sentindo-se um pouco desconfortável.

—Uma vez ele tentou me deixar em uma delegacia, e noutra na porta da casa dos meus avós… mas ele não faz mais isso! Ele só demorou um pouco a se adaptar! Só isso!

Sango-chan largou sua mão, ela a havia segurado durante praticamente o passeio inteiro, e ergueu as mãos como que para se desculpar.

—Tudo bem Rin, não precisa se irritar. — quis tranquilizá-la — Mas… apenas por curiosidade, onde você e Sesshoumaru foram essa manhã?

—Fomos visitar Mariko no cemitério. — respondeu sem hesitar. — Hoje é o primeiro aniversário de morte da mamãe.

No entanto aquela resposta deixou todos repentinamente quietos e desconfortáveis, e talvez até um pouco culpados, a julgar pelos olhares de Sango-chan e Miroku-kun, mas a culpa era deles mesmos, eles não deviam ter falado aquelas coisas horríveis sobre seu papai!

—O aniversário? Oh Rin… desculpe-me, eu não sabia... — Sango-chan mordeu o lábio inferior.

Kohaku-kun a tocou no ombro.

—Rin-chan, quantos peixes que estão ali você consegue nomear? — apontou.

Rin virou a cabeça e arregalou os olhos, aquele era simplesmente o maior aquário que ela já havia visto na vida!

Sota, Kohaku e ela logo se juntaram todos na amurada apontando os peixes a distância e tentando reconhecer e nomear o máximo de espécies possíveis — embora ela só tenha sido capaz de reconhecer duas espécies: os peixes palhaços e os cirurgiões palleta, graças àquele filme “Procurando Nemo” —, enquanto fingiam não estar ouvindo absolutamente nada da conversa de Sango-chan e Miroku-kun logo atrás deles:

—Está vendo Sangozinha? É por coisas assim que eu te digo para não se meter...

—Oras! — Sango-chan exclamou ofendida — Você também pensou o pior!

—Mas não estou falando só disso. — Miroku-kun argumentou calmamente.

—E do que mais então?

—De tudo isso, é claro! — ele fez uma pausa e suspirou — Querida Sango, realmente era necessário seguir aqueles dois até aqui?

—Isso novamente? — Sango-chan irritou-se — É claro que sim!

—Escute, eu entendo que esteja preocupada, mas tê-la seguido até aqui...

—Não foi você que passou a noite com Kagome ouvindo-a chorar e tendo que consolá-la! — Sango o cortou.

—Olha, eu sei que Inuyasha provavelmente pisou na bola, mas você está exagerando Sango, não precisa ficar cuidando deles a cada segundo do dia, ao invés disso é melhor deixá-los resolver sozinhos...

—“Provavelmente pisou na bola”? — Sango-chan repetiu calma e docilmente.

—O-oh. — Koaku-kun deixou escapar.

— Você… você nem sequer entende o quão cretina foi a atitude do seu amigo, não é?— continuou Sango-chan — Afinal Inuyasha e Kagome nunca namoraram nem nada assim, então ela não pode reclamar por ele sair com outras, é, eu sei disso e ela também, não é disso que estamos falando, mas ele também não tinha direito de se intrometer entre ela e cada pretendente que podia sonhar em se aproximar dela, e muito menos chamá-la para tomar conta da sobrinha dele enquanto ele saia para um encontro, sabendo o que ela sentia. Como se ela fosse talvez alguma propriedade exclusiva dele que precisa estar a sua disposição sempre que ele bem entende. E agora que ela resolveu dar outra chance eu não posso me preocupar?

—Pode! — Miroku-kun bufou — Mas ao menos os deixe em paz! Não entende que segui-los dessa maneira...?!

—Mas claro, porque você acha que estamos apenas exagerando, não é? Seu amigo não fez nada de errado!

—Não foi isso que eu quis dizer! — Miroku-kun tentou defender-se.

Só que Sango-chan com certeza não queria ouvir mais nada:

—Quer saber Miroku?! Se realmente pensa assim porque é que não apoiou ao seu querido amigo ao invés de se por do nosso lado?! E se está mesmo tão inconformado com tudo isso por que veio junto? Por que não… sei lá! Foi logo até eles de uma vez e me denunciou?!

—Não sei! — Miroku-kun impacientou-se de uma vez — Talvez porque eu esteja mais preocupado com você já que eu te amo?!

É claro que Rin, Sota-kun e Kohaku-kun ainda estavam fingindo prestar atenção nos peixes do aquário gigante e não estarem ouvindo nada daquela conversa, mas isso não impediu que as bochechas e orelhas dos três começassem a ruborizar simultaneamente.

Atrás deles a voz de Sango-chan falhou e tornou-se mais hesitante, e ela gaguejou algo que podia ser tanto “o que foi que você disse?” quanto “por que está dizendo isso tão de repente?” ou até mesmo “repita agora mesmo o que acabou de dizer!”.

—O-olhem! Encontrei a mana e o irmão cachorro! — Sota apontou de repente.

Rin logo os avistou também, eles estavam sentados em uma mesa no térreo um pouco mais perto da parede e longe do aquário.

—Vamos até lá! — exclamou repentinamente aliviada por encontrar uma desculpa para escapulir dali e se afastando o mais depressa que conseguiu sem nem mesmo olhar para trás para saber se os meninos a seguiriam.

Ela desceu as escadas rapidamente, abaixando-se e tentando não chamar atenção, e escondeu-se atrás da primeira mesa vazia que conseguiu encontrar no térreo.

—Kohaku, agora você e o Miroku são cunhados? — Sota-kun perguntou repentinamente ao seu lado, também escondido atrás da mesa.

—Eu não sei. Talvez. — Kohaku-kun que também estava lá respondeu com uma careta — Acha que eles estão brigando?

E indicou o tio de Rin e Kagome-chan a algumas mesas de distância.

Rin semicerrou os olhos tentando vê-los melhor, só seu tio estava falando, e gesticulava sem parar com as mãos sobre a mesa, enquanto Kagome-chan mantinha o rosto apoiado sobre uma mão enquanto o ouvia calada com uma expressão muito severa no rosto.

—Eu não sei. Talvez. — respondeu por fim.

—Precisamos nos aproximar! — Sota-kun disse de repente — Não dá pra ouvir nada daqui!

E dessa vez foi ele a disparar na frente sem nem parar para saber se estava sendo seguido ou não.

Os três se aproximaram esgueirando-se entre as mesas e passando despercebidos — não completamente, porque várias pessoas lançaram olhares estranhos aos três, mas o importante é que seu tio e Kagome-chan não os notaram — até conseguirem uma posição boa o suficiente para escutá-los com clareza:

—... Corajoso. — estava dizendo Kagome-chan, parece que agora era a vez dela de falar — Mas eu não sei.

Se eles ao menos pudessem chegar mais perto… Rin era a menor dos três, talvez ela pudesse se esgueirar para debaixo da mesa deles sem que seu tio e Kagome-chan se dessem conta.

—“Não sabe”? — tio Inuyasha reagiu às palavras de Kagome-chan — Por que não sabe? Você ainda gosta de mim. — ele hesitou — Não gosta?

As orelhas e bochechas de Sota-kun e Kohaku-kun já estava começando a se ruborizar, Rin queria pensar que ela estava conseguindo manter o rosto inexpressivo como o do pai, mas já estava sentindo suas faces afogueadas.

Os três ouviram o longo suspiro de Kagome-chan

—É claro que gosto. — ela respondeu calmamente — Coisas assim não somem em apenas uma noite com muito sorvete e lenços de papel.

—Então o que é? — seu tio exigiu saber.

—É só que eu acho que a única razão para você estar me dizendo isso é porque está com medo. — Kagome-chan voltou a suspirar.

—C-com medo?! — Tio Inuyasha arregalou os olhos e acusou-a: — Você acabou de dizer que minha declaração foi corajosa!

—Sim, eu sei, mas...

—Declaração? — reclamou Sota-kun fazendo uma careta — Mas o que é isso? Eros veio passar uma temporada de férias no Japão?

Rin esticou o pescoço, para vê-lo além de Kohaku-kun.

—Eros? — repetiu.

—É um deus grego do amor. — ele explicou voltando-se para ela — Ele tem aparência de criança e asas, e voa por aí atirando flechas encantadas de ouro que fazem quem quer que seja atingido por elas, se apaixonar.

—Mas esse não é o Cupido? — perguntou reconhecendo-o.

—Cupido é o nome romano dele, mas o original em grego...

—Flechas encantadas? — interrompeu Kohaku-kun — Achei que os deuses se reuniam em Izumo para amarrarem as linhas vermelhas do amor.

—Claro, mas isso é aqui no Japão — Sota-kun girou os olhos — Mas na Grécia antiga...

—Eu não posso ouvi-los! — Rin chiou de repente dando-se conta de que haviam perdido o foco novamente.

Era um milagre que seus alvos ainda não os houvesse notado ali, pois àquela altura eles já estavam atraindo muitos olhares estranhos de várias pessoas que passavam, embora na verdade o mais provável fosse que eles estivessem tão concentrados um no outro que não os perceberiam mesmo se eles pegassem três cadeiras, as arrastassem para junto da mesa e se sentassem com eles.

—… que estou apaixonado por você?! — Tio Inuyasha bateu com as mãos espalmadas na mesa.

E por um instante os olhares que antes estavam sendo atraídos por Rin e seu grupinho foram todos direcionados para a mesa de seu tio por ter falado aquilo tão alto, que já havia começado a ficar com as orelhas e bochechas intensamente vermelhas, enquanto Kagome-chan permanecia sentada rigidamente à sua frente, com as costas tão eretas que sequer precisava do encosto da cadeira, mas cujas faces também estavam gradualmente assumindo um tom rosado.

Por fim ela relaxou e suspirou.

—Se está assim tão resoluto, acho que podemos fazer um teste se você quiser. — disse casualmente.

Àquela altura, por sorte, as pessoas já tinham perdido o interesse no grupo de espiões de Rin.

—Um teste? — Tio Inuyasha repetiu incerto.

Kagome-chan concordou.

—Podemos sair por… talvez um mês? E aí vemos como ficamos: Se paramos ou continuamos. — deu de ombros. — E você pode usar esse tempo para tentar me convencer, se quiser.

Tio Inuyasha franziu o cenho.

—Você é uma mulher teimosa, eu quero sete semanas. — afirmou.

Rin já estava sentindo as pernas formigando pelo tempo que estava agachada, ser uma ninja espiã não era tarefa fácil.

Os dois se encararam por um momento, e então Kagome-chan assentiu.

—Tudo bem. — concordou — Mas primeiro... — ela virou-se e Rin e os garotos se abaixaram tão rápido que quase se jogaram uns sobre os outros — Eu quero devolver isso.

—O que? Por quê?! — tio Inuyasha reagiu surpreso.

O trio voltou a espiá-los. Por cima da mesa Kagome-chan segurava um familiar bracelete, que Rin reconheceu como sendo aquele mesmo do Dia Branco.

—Não é óbvio? — ela indagou. — Você deu um idêntico a Kikyou.

—Caramba mulher! Você não vai se esquecer disso nunca?! — seu tio reclamou impaciente — E se eu pedir o bracelete dela de volta?

Kagome-chan apoiou o rosto numa mão e sacudiu o bracelete levemente diante dos olhos de Tio Inuyasha.

—Isso não é necessário. — negou — Até onde eu sei Kikyou não tem culpa de você ser um canalha insensível.

Tio Inuyasha piscou como se houvesse levado uma tapa.

—U-uau! Estamos namorando há uns dois minutos e essa é a primeira coisa que você me diz?

Kagome-chan deu um sorriso sabido.

—Não estamos namorando ainda, só estaremos depois que você pegar o bracelete de v...

Tio Inuyasha pegou o bracelete tão rápido que Rin mal viu o movimento da sua mão, mas depois ficou olhando para o acessório na palma de sua mão quase como se não soubesse direito o que era aquilo, e então ergueu os olhos lentamente para Kagome-chan.

—Então… estamos namorando agora? — perguntou incerto.

—Eu acho que sim. — Kagome-chan respondeu, mesmo não parecendo muito segura de si, os dois se encararam por um instante, e então ela começou a dizer: — Agora o que você acha que nós deveríamos...?

De repente Rin teve seu braço agarrado e foi içada para cima.

—Rin, aqui está você! — Sango-chan exclamou cheia de exasperação — Como puderam sumir desse jeito?!

Miroku-kun estava logo atrás dela, com as mãos apoiadas sobre os joelhos, e uma marca rosada no canto da boca.

—Eu disse que eles não haviam ido longe. — ele comentou.

Sango-chan nem pareceu ouvi-lo, pois ainda estava concentrada demais em repreender às crianças.

—Não podem se afastar assim, eu sou responsável por vocês aqui!

—E-eu sinto muito! — Rin balbuciou de olhos arregalados.

—Sim, mana, sentimos muito. — Kohaku-kun concordou.

—Muito mesmo. — acrescentou Sota-kun.

Àquela altura todos os olhares que haviam se esquecido deles já haviam se voltado novamente em sua direção, inclusive atraindo mais alguns novos:

—Sango! — Kagome-chan chamou-a com expressão ultrajada.

Sango-chan largou Rin no mesmo instante.

—Oh droga. — ela murmurou, e então se recuperando rapidamente virou-se para Kagome-chan: — Kagome! O que faz aqui?

Kagome-chan parou com as mãos nos quadris e os olhos semicerrados.

—Estou com Inuyasha, e você, o que faz aqui? — perguntou desconfiada.

—Rin estava um pouco desanimada hoje, então eu quis trazê-la para dar uma volta com os garotos e por acaso encontramos Miroku. — respondeu inocentemente, mas Kagome-chan ainda não parecia convencida.

Tio Inuyasha se aproximou também.

—E você cara? O que faz aqui? — perguntou se dirigindo a Miroku-kun.

Miroku-kun deu de ombros e não hesitou em por as cartas na mesa:

—Francamente eu saí para tentar impedir Sango de segui-los, mas acabei sendo arrastado junto.

—Miroku! — Sango-chan exclamou traída.

—Sango! — Kagome-chan exclamou ainda mais ultrajada.

Enquanto isso o tio de Rin parecia estar se esforçando para não começar a rir. Mas o dinheiro de Sango-chan havia sido bem empregado e logo Sota-kun interveio:

—Me desculpe mana, a culpa foi minha, é que eu estava preocupado com você!

Kagome-chan voltou seus olhos desconfiados para o irmão menor, e parecia ainda estar tentando decidir o que pensar a respeito daquilo quando Kohaku-kun de repente comentou com Miroku-kun:

—Tem batom no canto da sua boca. — e tocou no próprio rosto para indicar o lugar. — Devo chamá-lo de “onii-san” agora?

Miroku-kun agradeceu e limpou o local com as costas da mão, mas por alguma razão o rosto de Sango-chan tornou-se tão vermelho que quase ficou roxo.

—Kohaku! — ela guinchou.

E sem conseguir mais se conter, tio Inuyasha caiu na risada, enquanto Rin observava a todos.

—Eu não gosto disso. — disse repentinamente, atraindo a atenção para si.

—Não gosta do que pirralha? — tio Inuyasha perguntou ainda com um sorriso bem humorado.

Rin franziu o cenho.

—Todos aqui se tratam sem o uso de honoríficos, eu sou a única exceção. — comentou. — Apenas o tio Inuyasha me chama pelo nome.

—Rin-chan você também trata a todos com honoríficos. — Miroku-kun ressaltou.

—Então eu paro. — afirmou resoluta.

Embora não a incomodasse chamar o pai de “Sesshoumaru-Sama”, pois no caso dele o “Sama” parecia tão natural que era quase como se realmente fizesse parte de seu nome, mas ali e naquele momento ela queria o sentimento de familiaridade de realmente fazer parte do grupo, e não apenas sentir-se como alguém que fora acolhida ao acaso apenas e por tempo indeterminado.

Kagome-chan inclinou-se à sua frente, apoiando as mãos nos joelhos para ter os olhos mais próximos da altura dos seus.

—Por nós não há problema algum. — ela afirmou — E então, o que quer fazer agora Rin?

—Na verdade eu ainda não almocei! — exclamou sorridente — E também quero ir alimentar os pinguins no show aquático deles!

Então tio Inuyasha — afinal ele continuava sendo seu tio — e Kagome se mudaram para uma mesa maior onde todos pudessem sentar e comer juntos e depois foram ao show aquático dos pinguins, e embora Rin não tenha sido escolhida na plateia para dar de comer aos pinguins, foi um dia muito divertido.

Aquele era um lindo e feliz dia ensolarado, sua mãe teria amado aquilo, por isso Rin esforçou-se para não chorar quando se lembrou dela.

...

No entanto, assim que Kagome, Sango e Miroku voltaram a frequentar o apartamento, Sesshoumaru-Sama os fez se reunirem todos na sala e disparou a série de regras mais estranhas que Rin já havia ouvido falar:

01- Membros de sexos opostos não podem ficar a menos de 20 cm uns dos outros.

02- Qualquer cômodo ocupado por membros de sexos opostos (especialmente o quarto) deve manter a porta aberta em um ângulo igual ou superior a 60°.

03- O primeiro que esquecer de que há uma criança em casa vai levar um soco.

04- O primeiro que confundir o apartamento com prostibulo (Kagome ficou tão horrorizada por ele dizer uma coisa daquelas na frente de Rin que ela secretamente procurou em um dos dicionários de Sesshoumaru-Sama o significado de tal palavra depois) será chutado para fora pela porta ou janela, aquilo que estiver mais próximo.

05- Entrar no quarto de Sesshoumaru-Sama é sentença de morte, e ele escrevia livros criminais, sabia bem como se livrar de um corpo (embora Rin ainda possuísse passe livre).

E para o caso de alguém cogitar em ignorar as regras, ele podia ou não ter espalhado câmeras pelo apartamento — Rin achava que não, embora Miroku fosse da opinião de que não valia a apena fazer uma aposta que envolvia arriscar ter seu corpo desovado no mar.

Mas apesar desse evento tão estranho, tudo voltou a ser como antes… então é claro que Rin nunca pôde esperar que Sesshoumaru-Sama tentasse se livrar dela novamente. E muito menos de uma maneira tão explicita:

Estavam todos no quarto de seu tio jogando Twistter — bem, na verdade Rin só estava rodando o ponteiro — em mais uma feroz competição, dessa vez pelo último pote de pudim, quando seu pai entrou, ele olhou para aquela bagunça de corpos embaralhados e reclamações, arqueou uma sobrancelha e voltou-se para ela, parecendo ter decidido ignorá-los, mesmo que eles estivessem desrespeitando a regra n° 1.

—Rin, suas férias começaram ontem? — quis saber.

—Inuyasha seu joelho tá em cima da minha mão! — Miroku-kun reclamou.

—Aguenta aí, eu não posso me mexer idiota! — seu tio respondeu.

—Isso mesmo. — Rin confirmou sorridente, girando o ponteiro — Kagome-chan, mão esquerda no verde.

Sesshoumaru-Sama acenou.

—Então quero que comece a arrumar suas malas e empacotar todas as suas coisas. — ordenou.

Sem reação Rin fitou-o boquiaberta, e sobre o tapete de Twistter todos despencaram de uma só vez.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acham que Sesshoumaru está planejando dessa vez? XD

[i] Cada 1.000 ienes equivalem aproximadamente a R$ 53,24 na cotação de setembro/2020.

[ii] Cada 500 ienes equivalem aproximadamente a R$ 26,62 na cotação de setembro/2020.

CURIOSIDADES DO JAPÃO!

Festival Obon:

Comemorado no mês de agosto e de origem budista, o Festival Obon é um evento equivalente ao dia de finados no Brasil. Ele é o mais longo de todos Festivais no Japão e tem como finalidade homenagear os ancestrais. Acredita-se que, durante o festival, os espíritos dos antepassados retornam a este mundo para visitar seus parentes.



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