De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 27
Um pai surpreendemente zeloso.


Notas iniciais do capítulo

Hellou pessoinhas!
Muito obrigada por voltar! XD



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Rin queria lhe dizer alguma coisa.

Ela era uma criança extremamente transparente, então era fácil para Sesshoumaru saber quando ela queria alguma coisa, ele havia acabado de tomar banho quando abriu a porta do banheiro e encontrou-a já de sentinela ali.

—Você quer usar? — questionou saindo e movendo-se para o lado, dando espaço a ela para que entrasse.

—Não. — ela balançou a cabeça — É que… é… Que eu queria…

Sesshoumaru a observou, mas Rin repentinamente calou-se, correu para dentro do banheiro e fechou a porta com um baque atrás de si.

Arqueando a sobrancelha para aquele comportamento tão estranho da menina, Sesshoumaru resolveu deixar para lá, ela falaria quando estivesse pronta… ou quando ele perdesse a paciência e a fizesse falar de uma vez. O que acontecesse primeiro.

Talvez ele tivesse exagerado comprando aquele quebra cabeça de 500 peças e agora ela estivesse nervosa porque havia perdido alguma peça ou algo assim.

Ele foi à cozinha pegar uma garrafa de chá verde na geladeira quando ouviu uma exclamação surpresa atrás de si, e ao virar-se se deparou com uma garota desconhecida parada a entrada da cozinha, a garota corou ao se flagrada ali e fugiu rapidamente.

Ótimo. Pensou consigo mesmo. E agora o número de parasitas em seu apartamento estava aumentando também.

Menos de um minuto depois Domadora surgiu ali para lhe dar sermão.

—Sesshoumaru! Por que está andando seminu pela casa?!

—Porque acabei de tomar banho. — ele virou-se — E também porque estou na minha casa. Quem é a nova parasita?

—Sara não é nenhuma parasita. — Domadora colocou as mãos nos quadris — Ela é uma colega de escola, está nos ajudando a estudar para as provas de semestre.

—Então, ela não é nenhuma parasita. Isso implica que vocês são?

Domadora franziu o cenho.

—Coloque uma camisa, isso não é pedir muito.

—Não negou que são um grupo de parasitas? Interessante. — ele observou-a enquanto tomava mais um gole de chá.

Ela girou os olhos e foi embora dali, mas Sesshoumaru não deixou de notar que, mais uma vez, não negou pertencer a um grupo de parasitas, assim como também não deixou de notar Rin parada na entrada da cozinha, espiando-o meio escondida.

—Rin. — chamou, para o sobressalto dela. — Venha aqui. — ela aproximou-se de cabeça baixa e com passos miúdos até parar à sua frente, Sesshoumaru deixou a garrafa vazia de chá sobre a pia e a observou. — Você está me seguindo pela casa há oito dias. Fale. — Rin ergueu o rosto olhando-o com olhos arregalados de espanto, será que ela achou mesmo que ele não a perceberia espreitando-o por todo aquele tempo? — E então?

Ela baixou novamente os olhos, torcendo a barra da camisa, como geralmente fazia quando estava ansiosa com algo.

—Acontece que… em breve vai haver um dia esportivo na minha escola, com várias gincanas e… a professora disse para convidarmos os nossos familiares. — começou a dizer, Sesshoumaru esperou — Mas...! Não estou dizendo que Sesshoumaru-Sama precisa ir! — apressou-se a dizer, e Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha, a partir daí todas as palavras da menina foram jogadas de forma apressada e nervosa: — Eu sei que Sesshoumaru-Sama odeia aglomeração de pessoas e espaços ao ar livre...! E não quero, de jeito nenhum, incomodar Sesshoumaru-Sama, eu posso muito bem ficar sozinha no dia...! Só queria avisá-lo antes para… que pudesse me levar no dia, já que vai ser no sábado e...

—Qual sábado?

Rin hesitou.

—Esse de agora.

—Hoje é sexta-feira.

—Eu sei. — ela curvou-se com as mãos sobre as coxas — E sinto muito por incomodá-lo com isso tão em cima da hora! Eu devia ter dito antes! Sinto muito mesmo!

—Imagino que vá durar o dia todo. — supôs.

—Sim, mas vou preparar meu próprio almoço. — ela garantiu.

Sesshoumaru colocou a mão sobre sua cabeça.

—Irei ao evento.

Rin arregalou os olhos.

—Sesshoumaru-Sama...!

—Está tudo bem. — garantiu indo embora, mas antes de sair lembrou-se de algo e virou-se — Não faça comida demais para o jantar, se os alimentarmos tanto esses parasitas só tendem a se proliferar aqui e nunca mais irem embora.

Rin piscou, mas logo em seguida abriu um grande sorriso.

—Sim! — concordou alegremente.

Dias mais tarde Sesshoumaru ainda lembrava perfeitamente de ter dito à Rin que compareceria ao evento escolar dela no sábado, mas também se lembrava de ter dito para ela não alimentar demais àqueles parasitas, para que eles não ficassem mais acomodados do que já eram, o que era exatamente o oposto de convidá-los para ir à sua escola no sábado e prometer-lhes fazer o almoço também.

O problema era que Rin era uma criança boa e ingênua demais e aqueles parasitas se aproveitavam disso.

Aquele era um agradável dia de primavera, com temperatura amena e o sol brilhando em um céu límpido sem sinais de chuva. Um dia péssimo para o humor de Sesshoumaru.

—Sesshoumaru-Sama, por favor, não fique irritado, é mais divertido quando todos estão juntos. — a menina pediu saindo do carro quando estacionaram — Além do mais, se o senhor fosse o único familiar presente então seria obrigado a participar de todas as atividades familiares, e com tio Inuyasha e os outros aqui eles podem lhe substituir e o senhor pode ficar sossegado. — Garantiu.

Ora talvez ela não fosse tão ingênua assim.

—Boa menina. — Sesshoumaru a parabenizou pondo a mão em sua cabeça fazendo-a sorrir orgulhosa.

—Sabe Rin-chan, eu me sinto um pouco usada ouvindo isso. — Gata Selvagem reclamou saindo pela porta de trás do carro.

—Sinto muito. — Rin virou-se com um grande sorriso nem um pouco arrependido — Mas eu fiz almoço para todos!

—Feh, eu acho que Rin já está começando a passar tempo demais com Sesshoumaru. — Inuyasha reclamou saindo logo atrás de Gata Selvagem.

—Bem, eu não me incomodo de ser usado, desde que ganhe um almoço feito pela Rin-chan por isso! — Pervertido, que foi o último a sair do carro, garantiu.

Girando os olhos Sesshoumaru pegou o embrulho com o obento box de três andares das mãos dele — como se era de esperar, Pervertido chegara ao apartamento deles naquela manhã, depois de pegar o primeiro metrô do dia —, pegou o cooler no porta-malas do carro e seguiu na frente do grupo em direção à escola.

Que ironia, até o ano passado a ideia de comprar um cooler nunca sequer passara por sua cabeça, e agora ele não só tinha um, como também o estava usando pela segunda vez em menos de três meses! Assim como aquela obento box que fora comprado por seu pai e Izayoi numa das visitas deles em anos anteriores, em uma tentativa fracassada de fazê-lo ir ao hanami com eles, e ficara guardado em completo esquecimento desde então.

Além do mais, se não lhe falhava a memória, a última vez em que Sesshoumaru participara de um evento esportivo escolar como aquele fora mais de dez anos atrás, em seu último ano de primário, quando era um pouco mais velho do que Rin agora, e mesmo então fora só porque fora obrigado, e ainda assim não participara de nenhuma das atividades de fato, resignando-se a ficar na torcida — embora não tenha torcido em momento algum — assistindo ao resto dos competidores, contando os minutos para todo aquele suplicio acabar de uma vez.

Ter uma criança de repente em sua vida fazia tudo dar uma reviravolta completa e inesperada… bem, ao menos ele escapara à fase de ter que trocar fraudas.

—Sesshoumaru-Sama me espere! — Rin o chamou, correndo para alcançá-lo e agarrar sua mão livre.

Naquele dia Sesshoumaru havia prendido o cabelo dela em duas tranças — como no dia em que ela chegara ao seu apartamento — e se certificara também de que ela havia passado protetor solar antes de sair, já que a menina ficaria durante todo o dia exposta ao ar livre praticando atividades físicas.

E já que Rin havia atraído àqueles estepes para substituí-lo, Sesshoumaru também não precisaria se preocupar em ter que ficar correndo com um bando de pirralhos.

—Rin-chan! — Domadora acenou para eles, próxima ao portão da escola.

Largando sua mão sem pensar duas vezes Rin correu para ela.

—Kagome-chan! — a abraçou. Ela era uma criança muito afetuosa. — Você podia ter vindo de carro conosco!

—O carro já estava lotado. — Sesshoumaru discordou.

Domadora lançou-lhe um olhar torto, mas ainda assim voltou-se para Rin novamente e explicou de maneira afável:

—Achei que seria muito mais prático vir direto para cá e encontrá-los aqui. — e acrescentou confiante: — Mas não se preocupe Rin! Sango e eu ganharemos todas as medalhas para você! Eu sou campeã na corrida de três pernas, fui vencedora por três anos seguidos no ginásio!

—E Sangozinha tem muita habilidade para acertar coisas em alvos móveis também. — Pervertido comentou recebendo de Gata Selvagem uma tapa no braço, certamente era ele o “alvo móvel” em quem ela costumava treinar.

—Sou muito boa em jogar a bola no cesto. — ela admitiu a contra gosto.

—Isso é incrível! — a menina exclamou cada vez mais animada.

E então se virou para Inuyasha e Pervertido obviamente na expectativa de que eles também revelassem os seus “grandes talentos” a ela.

—Ninguém os derrota em uma competição de quem come mais. — Sesshoumaru comentou.

—Acho... Acho que não temos competição de quem come mais, esse ano. — a menina respondeu confusa — Há uma corrida em que você precisa segurar uma colher sobre a boca e equilibrar um ovo, mas é apenas para os alunos...

—Feh! — Inuyasha cruzou os braços — Eu corro mais rápido que Kagome! E também sou melhor lançador que Sango!

Bem, o orgulho ferido serviria como motivação adicional para ele ganhar as competições, isso deixaria Rin feliz.

Sesshoumaru passou levemente a mão sobre os cabelos de Rin ao passar por ela para entrar no colégio, mas ela logo se apressou a se colocar ao seu lado e segurar sua mão novamente.

—Então acho que primeiro deveríamos arranjar um bom lugar de onde podemos assistir Rin-chan competindo. — Domadora sugeriu.

—Tudo bem. — Rin concordou — Vou mostrar onde os familiares ficam. Eu estou no time azul...

—Rin! — alguém a chamou ao longe.

Uma menina, provavelmente com a mesma idade de Rin, de cabelos e olhos castanhos usando marias-chiquinhas acenava enquanto vinha correndo em direção a eles.

—Soten! Bom dia! — Rin animou-se.

A menina recém-chegada — e que era um pouco mais baixa que Rin, embora Rin já fosse pequena para a idade — curvou-se ligeiramente.

—Bom dia.  — ao erguer-se ela os observou — Você realmente trouxe bastantes pessoas dessa vez!

Admirou-se.

—Ah! — Rin voltou a falar — Soten, essa é minha família: Meu tio, Inuyasha, e também Kagome-chan, Miroku-kun, e Sango-chan, e você já conhece meu pai, Sesshoumaru-Sama. — apresentou-os indicando cada um deles ali, sem largar a mão de Sesshoumaru em nenhum momento sequer — Pessoal essa aqui é minha amiga, Soten.

Ela os tinha apresentado como “sua família” de uma maneira muito natural, e também o chamara novamente de “pai”, mesmo que ele já a tivesse proibido explicitamente de fazer isso, mas Sesshoumaru não sentiu vontade de repreendê-la, então fingiu que não ouviu e deixou passar daquela vez.

—É um prazer. — a menina, Soten, os cumprimentou educadamente. — Rin me falou sobre vocês.

Ela olhou significamente para Sesshoumaru, e ele inclinou levemente a cabeça no que, com muita imaginação, quase poderia parecer um pequeno cumprimento.

—Olá. — o grupo a cumprimentou por trás dele.

Um deles disse que ela era fofa, outro alguém disse que estava feliz em conhecer uma colega de “Rin-chan” e mais uma porção de comentários descartáveis.

E então se voltando novamente para Rin, a garotinha continuou:

 —Rin, eu estou com Shiori e a mãe dela, vamos levá-los até lá também para ficarmos todas juntas.

Chamou-a já se afastando e indicando a direção.

Rin inclinou a cabeça levemente de lado enquanto a seguia.

—Você está com Shiori e a mãe?

—Estou. — a amiguinha confirmou e, sentindo necessidade de explicar a situação, voltou-se mais uma vez para eles — Shiori é nossa outra amiga e ela é muito gentil. O pai dela é estrangeiro e está sempre viajando por causa do trabalho, então ele não pôde vir hoje, por isso ela veio apenas com a mãe.

Bem, não era de se admirar, Sesshoumaru dificilmente conseguiria pensar em um motivo — ou mesmo se dar ao trabalho de tentar — de porque os dois pais se dariam ao trabalho de abrir espaço em suas agendas para uma tarefa exaustiva e inútil daquelas quando apenas um deles era mais do que o suficiente.

—Soten. — Rin a chamou — E o seu irmão?

A garota virou o rosto, fazendo uma expressão desconfortável.

—Meu irmão está trabalhando. — respondeu quase com um resmungo — Ele tentou tirar o dia de folga para me acompanhar hoje, mas seu chefe tirânico disse que ele já teve um dia de folga no domingo passado, e o próximo seria só no próximo domingo, não o de amanhã, o próximo, e que ele não podia folgar por duas semanas seguidas.

—Então… você está sozinha Soten? — Rin perguntou tristemente.

A menina acenou, fechando as mãos em punho ao lado do corpo enquanto andava.

—Eu não teria vindo, mas a presença era obrigatória. — afirmou.

A escola e suas irritantes obrigações, Sesshoumaru não sentina nenhum pouco de falta disso.

O lugar não estava tão lotado quantos outros aos quais Sesshoumaru já se prestara a ir desde que Rin fora inserida em sua vida — o parque no dia do hanami, por exemplo —, mas ainda assim continuava a ter gente demais: pirralhos correndo para todos os lados e pais babões com celulares apostos para filmar e fotografar tudo, como se seus filhos realmente fossem participar de alguma grande competição digna de ser guardada para a posterioridade. Todos falando ao mesmo tempo.

E pensar que ele teria de passar o dia todo ali… um rosto familiar pareceu ter cruzado sua visão periférica.

Sesshoumaru virou a cabeça procurando-a, mas não viu sinal dela em lugar algum por ali. Teria sido sua imaginação? Havia pessoas demais ali então isso era bem possível.

—... Ideia Sesshoumaru-Sama?!

Rin chamou sua atenção de volta.

O grupo havia parado de se mover.

— O que disse Rin? — ele voltou-se novamente para ela.

—Eu trouxe muitos acompanhantes, então eu podia emprestar dois deles para Soten, e assim ela não ficaria sozinha e poderia participar das competições com familiares também!

—Claro. — concordou — Empreste dois a ela.

Domadora franziu o cenho.

—Sabe Rin, claro que não nos incomodamos de ajudar sua amiga, mas nós não somos um par de sapatos, você não pode dizer que vai “nos emprestar”...

—Então você pode ficar com Miroku-kun e Sango-chan, Soten-chan! E Eu fico com tio Inuyasha e Kagome-chan! — Rin afirmou alegremente, visivelmente sem ouvir uma palavra sequer do que domadora dizia.

A amiga de Rin sorriu.

—Por mim tudo bem. — ela concordou, ela olhou para seus dois novos acompanhantes — Devo chamá-los de irmão e irmã? Ou quem sabe tio e tia?

—Chame como achar melhor. — Gata Selvagem respondeu com um sorriso que pareceu um tanto sem jeito.

—Então vou chamá-los de Miroku-kun e Sango-chan, como Rin. — Ela decidiu.

—Eu os chamo de Gata Selvagem e Pervertido. — Sesshoumaru comentou.

E esquivou-se casualmente quando Domadora tentou pisar em seu pé por isso.

A garotinha se afastou olhando desconfiada para Pervertido.

—Pervertido por quê? — perguntou cuidadosa — Meu irmão me avisou para ficar longe de pessoas suspeitas. E eu tenho um apito!

Um irmão responsável esse. Rin por outro lado era muito ingênua… talvez Sesshoumaru devesse dar um apito a ela também.

—Calma Soten-chan, não dê ouvidos ao que Sesshoumaru diz. — Domadora tentou acalmá-la.

—Sim, eu não sou ninguém suspeito, Soten-chan. — Pevertido garantiu, com a mão sobre o coração. — Sesshoumaru só estava brincando.

—É que esse idiota não sabe como falar com crianças. — Inuyasha completou estalando a língua.

A garotinha o olhou, talvez esperando que ele confirmasse que havia tudo sido uma piada ruim, como o idiota do Inuyasha dissera, Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—Está tudo bem, Soten. Miroku-kun é inofensivo. — Rin garantiu.

Isso, aparentemente, fez a menina finalmente ceder.

—Tudo bem. — ela suspirou, mas tornando-se séria novamente logo em seguida ela o relembrou convicta: — Mas eu tenho um apito!

E então ela virou-se e seguiu guiando o grupo.

A segunda garota era muito mais quieta e retraída que a primeira, o que era ruim, pois os cabelos claros, assim como os seus próprios, certamente a destacavam na multidão, ao contrário da mãe, que parecia do tipo que se pode perder facilmente na multidão, então ela certamente havia puxado ao pai.

Rin fez o favor de apresentá-los a ela também, enquanto a mãe da garota os cumprimentava educadamente, é claro que Sesshoumaru se lembrava de já ter sido apresentado às duas meninas anteriormente, mas esperar que ele lembrasse também dos nomes — ou até mesmo dos rostos — delas já era pedir demais.

—Sesshoumaru-Sama, Sesshoumaru-Sama. — Rin o chamou, acenando para que ele se abaixasse à sua altura.

Sesshoumaru apoiou-se sobre um joelho.

—O que foi Rin?

Rin puxou-o o medalhão de Mariko de dentro da camisa e tirou-o do pescoço.

—O senhor pode guardar isso para mim? Não quero correr o risco de perdê-lo durante as competições.

—Por que não o deixou em casa? — questionou, mas ainda assim estendeu a mão para pegá-lo.

—Como eu nunca o tiro do pescoço, acabei esquecendo.

Sesshoumaru acenou e levantou-se colocando o medalhão no bolso.

—O senhor vai colocá-lo no bolso?! — a garota perguntou de maneira tão ultrajada que chamou atenção até mesmo das pessoas ao redor.

Sesshoumaru-olhou-a.

—Você me disse para guardá-lo. — relembrou-a.

—Mas se colocá-lo no seu bolso ele pode cair! Coloque-o no pescoço!

Sesshoumaru podia perceber Inuyasha, Domadora, Pervertido e Gata Selvagem o olhando em silêncio e, possivelmente, prendendo a respiração a espera de sua reação, mas Rin estava genuinamente preocupada que ele pudesse perder o medalhão da mãe dela, ele era muito importante.

—Muito bem então. — cedeu pondo o medalhão no pescoço.

E ignorou o suspiro coletivo que veio em seguida.

Quando as competições em fim começaram, Sesshoumaru preferiu afastar-se de toda aquela algazarra e sentar-se em um lugar mais quieto, a mãe da garotinha loira o avisou que ele não seria capaz de assistir a nada, mas ele não estava interessado nisso.

Foi dali daquele canto mais afastado de todos que Sesshoumaru pensou tê-la visto novamente, atravessando furtivamente a multidão de pais torcedores e se misturando entre eles, desaparecendo um segundo mais tarde.

Ali, cercado de pirralhos barulhentos correndo sem parar de um lado para o outro, Sesshoumaru começava a repensar sua decisão de ter parado de fumar.

—Só gostaria de relembrá-lo que é proibido fumar nas dependências da escola. — ouviu Abi-sensei lhe dizer às suas costas.

Sesshoumaru olhou por cima dos ombros para vê-la se aproximando.

—Abi-sensei. — cumprimentou — Eu não puxei nenhum cigarro ainda.

—Só estou me prevenindo. — ela parou ao seu lado cruzando os braços — E eu já disse para parar de me chamar de “sensei”, não disse?

—Por quê? Você é uma “sensei”, não é? — ele colocou as mãos nos bolsos olhando em frente, parecendo contrariada Abi-sensei nada respondeu. Um momento depois Sesshoumaru perguntou — Alguém poderia entrar aqui hoje sem estar acompanhado de nenhum pirralho?

Abi-sensei o olhou.

—Talvez, não há exatamente um professor reparando os portões hoje, como você talvez tenha reparado. — deu de ombros — Estamos abertos ao público, mas por que alguém não relacionado aos nossos alunos entraria?

Sesshoumaru moveu os olhos procurando-a na multidão, não poderia tê-la imaginado uma segunda vez.

—Para levar uma criança? — sugeriu.

—Duvido muito que alguém tentaria isso com tantos olhos postos nas crianças o tempo todo. — ela respondeu despreocupada.

—Você é ingênua.

—Você é um pai inesperadamente zeloso Sesshoumaru! — Abi-sensei afirmou em tom surpreso.  

Sesshoumaru não respondeu àquilo, mas então, ao desistir de procurá-la um momento mais tarde, comentou:

—Eu parei de fumar meses atrás.

Abi-sensei o olhou de forma desconfiada.

—Você parou? Depois de uma década inteira o que o teria levado a de repente tomar essa d...

—Sesshoumaru-Sama! Sesshoumaru-Sama! — Rin chamou ao longe, vindo correndo e acenando em sua direção.

—Ah. — Abi-sensei murmurou ao seu lado, como se houvesse acabado de compreender algo.

O grupo — agora com o acréscimo das duas amiguinhas de Rin e a mãe de uma delas — só voltou a reunir-se durante a pausa para o almoço, quando estenderam uma toalha sobre o chão e todos se sentaram nela para comer, Rin não parecia nem um pouco incomodada por ele não ter assistido a nada e, muito empolgada, contava-lhe sobre a competição de cabo de guerra da qual havia participado.

—Eu só não fui muito bem na partida de futebol. — confessou fazendo uma careta, censurando a si mesma.

—Você foi muito bem Rin!

Sua amiguinha mais energética a apoiou, ao mesmo tempo em que a mais tímida balançava a cabeça afirmativamente.

Mas Rin ainda estava hesitante.

—Mas naquela hora... — ela esfregava o braço de forma acanhada.

Sesshoumaru notou os olhares de Domadora e Gata Selvagem sobre ele, certamente esperavam que ele dissesse alguma coisa, mas ele não havia assistido a tal partida e não havia nenhum comentário que pudesse acrescentar.

Levando o copo com chá verde aos lábios ele olhou discretamente ao redor, procurando-a, já havia avistado-a — mesmo que muito rapidamente — duas vezes, por que então não uma terceira?

—Não precisa se cobrar tanto, Rin-chan. — Domadora passou a mão gentilmente em seu cabelo.

—Se você quiser Kohaku pode te ensinar um pouco, ele está no clube de futebol da escola dele. — Gata Selvagem ofereceu.

—Você não é tão ruim assim, devia ver como Sota joga, ele praticamente tem duas pernas de pau. — Domadora sorriu.

Rin a olhou.

—Quem é Sota?

—É o irmão dela. — Inuyasha respondeu com a boca cheia de comida.

—Você tem um irmão, Kagome-chan?! — Rin arregalou os olhos.

—Ah, é verdade, já faz um tempo que não o vemos. — lembrou-se Pervertido — Acho que ele tem a sua idade, Rin-chan.

—Sota é um pouco mais velho. — Domadora o corrigiu — Ele fará 11 no mês que vem. Você não o conheceu quando foi à minha casa porque ele estava...

Ali estava ela.

E dessa vez Sesshoumaru definitivamente não a estava imaginando.

Parada, ela observou-os — observou-a — por longos dezessete segundos, até finalmente perceber que ele a havia flagrado e, franzindo o cenho com uma expressão azeda, virou-se e afastou-se dali.

Ele não voltou a avistá-la durante o resto do evento, o que o fez imaginar que talvez ela houvesse ido embora depois de perceber que sua presença ali havia sido descoberta, e isso só o deixou mais desconfiado, ela estava com medo da reação de Rin? Ou pretendia levá-la às escondidas?

—Sesshoumaru, você podia ter assistido ao menos uma das competições de Rin. — Gata Selvagem o repreendeu ao fim quando tudo acabou e eles já se preparavam para irem embora.

—Esqueça isso Sango, já foi bem surpreendente ele ter vindo. — Inuyasha comentou — Eu podia jurar que ele ia ficar no carro o tempo todo.

—E eu achei que ele ia nos jogar em frente ao colégio e depois ir embora. — acrescentou Pervertido.

—E por falar nisso, cada um dos dois me deve quinhentos ienes. — Domadora estendeu a mão para ambos com um sorriso triunfante.

Sesshoumaru os ignorou, Rin estava agora terminando de se despedir de suas amigas e Sesshoumaru voltou a olhar em volta, procurando-a, desde que seus olhares haviam se encontrado ele não a avistara mais, então ela tivesse ido embora depois de perceber que sua presença fora descoberta ali afinal.

—Sesshoumaru-Sama. Sesshoumaru-Sama. — Rin chamou sua atenção de volta, fazendo-o notá-la agora parada à sua frente — É hora de irmos para casa.

—Tudo bem. — concordou.

Porém, ele mal havia dado um passo à frente quando a avistou novamente, e sua cabeça girou num movimento rápido a tempo de vê-la desaparecer por trás das tendas que haviam sido montadas — e que nesse momento começavam a ser desmontadas — para providenciar sombra à plateia.

—Miroku você quer uma carona? — Domadora estava dizendo — É caminho de casa.

—Isso seria ótimo. — ouviu Pervertido responder — Então Sangozinha, nós nos vemos amanhã...

—Inuyasha. — Sesshoumaru chamou, sem desviar o olhar do caminho pelo qual a vira indo — Leve Rin para o carro e me esperem lá.

—O que...? Sesshoumaru! — o idiota o chamou quando Sesshoumaru começou a se afastar a passos rápidos dali. — Onde você está indo imbecil?!

Se Sesshoumaru não estivesse com tanta pressa, ele teria voltado para sacudir os miolos de Inuyasha, mas ao menos eles não o seguiram.

Ele encontrou a velha na parte de trás do colégio, próxima às torneiras, ela estava parada ali com expressão fechada e as mãos bem apertadas uma na outra em frente ao corpo, como se o estivesse esperando-o.

—Eu sabia que era a senhora. — Sesshoumaru confirmou — Se queria ver a menina por que não veio diretamente até ela?

—Rin parecia feliz. — a avó de Rin comentou, como se não o tivesse escutado.

—Se está preocupada com o desenvolvimento dela pode ir vê-la em casa. — afirmou, embora não tivesse o menor interesse em receber mais gente em sua casa. Mas Rin provavelmente ficaria contente em ver a avó. — Eu lhe darei o end...

—Quero levar minha neta de volta! — a senhora disse de repente.

Sesshoumaru calou-se por um instante, e então, colocando as mãos nos bolsos e arqueando uma sobrancelha questionou:

—Por quê?

—Por quê? — a velha repetiu, como se não pudesse compreender a razão de sua pergunta.

—A senhora desfez-se dela, por que a quer de volta agora?

A boca dela abriu-se, e uma coloração vermelha e raivosa espalhou-se por suas bochechas.

—Eu nunca me desfiz de Rin! — negou ultrajada.

—Se lembro bem, quando tentei devolver a menina a senhora disse que a mandou para a casa da sua sobrinha. — Sesshoumaru a relembrou — E não descobriu que ela nunca chegou lá até eu bater na sua porta. O que significa que sequer ligou para saber sobre Rin. — a mãe de Mariko tentou dizer algo, talvez defender-se, mas Sesshoumaru seguiu falando — E mais do que isso, quando tentei devolvê-la a senhora me disse para ficar com ela.

—Mas isso foi...!

—Deixou sua pequena e única neta com um homem que já não via há dez anos, e que agora não era mais que um completo estranho, sem hesitar. — ressaltou

—Você é o pai dela!

—A senhora não pode provar, e mesmo que pudesse eu ainda assim podia ser alguém de índole duvidosa. Podia ter feito muito mal a menina quem sabe?

A velha senhora arregalou os olhos, e seu rosto empalideceu até ficar branco como papel.

—Se o senhor fez algo à minha neta, eu juro...!

—Dei-lhe onde morar, o que vestir e o que comer. Foi o que fiz. — Sesshoumaru a interrompeu — Mas ainda que a senhora não estivesse tentando deliberadamente livrar-se de sua neta, como insiste em negar, ainda assim posso acusá-la de negligência. — ele a encarou diretamente — Eu podia tê-la denunciado por isso, sabia? — dessa vez a senhora não tentou retrucar, e Sesshoumaru seguiu falando — Claro que a senhora provavelmente poderia alegar insanidade temporária. Mas ainda assim não creio que alguém tão instável assim possa criar uma criança.

—Rin é minha neta! — a mãe de Mariko repetiu furiosa, esse parecia ser seu único argumento. — Ela é tudo o que restou de Mariko!

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—E eu não pretendo devolvê-la. Disse-me para ficar com ela, pois bem. — ele deu meia volta, mas antes de ir embora olhou para trás uma última vez — Mas a senhora ainda pode visitá-la quando quiser.

Inuyasha e Gata Selvagem haviam se instalado no banco de trás do carro, enquanto Rin se acomodara no banco do carona e jogava um joguinho qualquer de celular.

—Sesshoumaru, onde você foi naquela hora? — Gata Selvagem lhe perguntou.

—Rin, coloque o cinto. — ele mandou, pondo o próprio cinto.

—Tudo bem! — ela apressou-se em obedecê-lo.

—Ei Sesshoumaru! — Gata Selvagem insistiu — Não me ignore!

—Ponham os cintos vocês também. — ordenou ligando o carro.

Parecendo dar-se por vencida afinal, Gata Selvagem suspirou colocando o cinto de segurança e recostando-se ao banco, em silêncio.

O silêncio só durou por mais uns dois minutos até que Rin avistou uma de suas amigas andando pela rua.

—Ah, é a Soten! — e num impulso ela baixou a janela do carro e chamou enquanto acenava — Soten! Aqui!

A menina virou-se e, arqueando as sobrancelhas, acenou de volta.

Apertando levemente os lábios, Sesshoumaru aproximou o veiculo do meio fio e Rin soltou-se do cinto de segurança e saltou do carro assim que ele o estacionou, Sesshoumaru saiu atrás dela um momento mais tarde.

—Você está indo para casa?

—Estou. — a menina confirmou, e ajeitou a alça da mochila no ombro — Eu estava indo para a estação de metrô agora.

—E onde estão Shiori e a mãe dela?

—Elas moram perto, então pegaram um ônibus no ponto lá atrás. — ela explicou — Mas tudo bem, porque eu tenho um apito. — parecia que, do seu ponto de vista, o apito era algum tipo de arma de autodefesa. — E eu também já liguei para avisar ao meu irmão que estou indo para casa, e quando chegar eu vou ligar de novo para avisar também.

—Onde você mora? Podemos te dar uma carona! — Rin ofereceu de repente.

E só então, parecendo ter percebido que falara demais, olhou-o hesitante por cima do ombro, esperando sua confirmação.

—Tem alguém esperando por você em casa? — Sesshoumaru questionou, ao invés disso, mesmo sem ter ideia do porquê.

A menina o olhou com o rosto contraído, sem parecer entender o propósito da pergunta.

—Meu irmão e eu moramos sozinhos. — respondeu a contra gosto — E hoje ele estará trabalhando até tarde da noite.

—Entendo. — ele assentiu — Não é seguro uma criança ficar sozinha em casa até tão tarde.

—Meu irmão é um ótimo irmão! — a menina eriçou-se de repente — Ele me deixa sozinha porque precisa trabalhar e ele cuidar bem de mim! Ele acorda muito cedo para cozinhar!

Talvez tentando apaziguar as coisas, Rin comentou:

—Sesshoumaru-Sama. O senhor sempre sai e some por semanas.

—Inuyasha e o resto ficam com você. — respondeu calmamente — Você não fica realmente sozinha, eles não servem para muita coisa, mas para isso ao menos servem.

A amiguinha dela bateu o pé no chão.

—Meu irmão é um ótimo irmão!

—Tenho certeza que sim. — assentiu, fazendo a menina cambalear confusa para trás, deixando-a de lado Sesshoumaru voltou-se para Rin novamente — Rin. Por que não convida sua amiga para vir dormir em casa?

O rosto de Rin iluminou-se de alegria.

—Seria ótimo, Sesshoumaru-Sama! — rodopiando ela agarrou as duas mãos da amiga de uma só vez — Soten! Venha dormir comigo lá em casa!

—O que? — a menina surpreendeu-se, ainda muito confusa com a situação — Eu não posso, eu… isso seria...!

—Venha! — Rin insistiu — Venha! Venha Soten!

Era difícil segurá-la quando Rin se punha assim, Sesshoumaru apenas a deixou.

—Eu gostaria, mas… mas isso...! Meu irmão! — A menina arregalou os olhos.

—Ligue para o seu irmão novamente, peça permissão e depois me deixe falar com ele. — Sesshoumaru a instruiu.

—Ah! Sim! — ela soltou-se de Rin e afastou-se para ligar para o irmão.

Ele virou-se ao ouvir um assovio próximo, Inuyasha e Gata Selvagem o observam por sobre a capota do carro.

—Quando Rin decide algo é impossível dissuadi-la. — comentou Gata Selvagem.

—Eu disse que ela e Sesshoumaru são parecidos. — afirmou Inuyasha.

Com apenas um olhar seu, Sesshoumaru os fez calarem-se e entrarem rapidamente no carro.

Que irritantes.


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Notas finais do capítulo

Agora não dá mais para o Sesshoumaru negar que, de fato, ele amoleceu kkkk
Mas e a avó da Rin, hein? O que acharam da aparição dela nesse capítulo?



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