In your dreams escrita por JM


Capítulo 9
IX - Please


Notas iniciais do capítulo

Oii oi pessoas!

Aqui está um novo capitulo pra vocês, e este aqui vai tratar de começos e do começo de um termino. Espero sinceramente que gostem!

Obrigaada as lindas da Cath Locksley Mills e da Edilene Queen pelos comentários. Por favor continuem por aqui, hahaha

Boa leitura a todos!



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"Não. Eu não consigo viver mais assim, simplesmente não suporto mais esta situação.

Sim, eu sei muito bem que estas palavras já haviam passado por minha cabeça por muitas e muitas vezes nos últimos tempos, e que no entanto eu nada fizera para mudar a realidade que as ensejavam, mas desta vez será diferente. Cheguei ao meu limite, não posso continuar me escondendo em palavras bonitas e gestos cavalheirescos.

Tenho plena consciência de que muito provavelmente nada do que eu dizer irá adiantar. Sei que provavelmente ela não vai deixar de me enxergar como seu amigo e confidente, que é muito improvável e irreal que ela nutra qualquer outro tipo de sentimento por mim, mas ainda assim preciso tentar.

Preciso contar a ela, colocar tudo para fora e estar preparado para que ela me diga que ainda tem sentimentos por seu ex-namorado, o cavalariço arrogante e metido chamado Daniel, mesmo que isso doa em mim, mesmo que eu saia desta conversa sentindo como se nada mais fizesse sentido.

Enquanto caminho em direção a sua morada, o castelo, minha mente da voltas e mais voltas como um redemoinho a mercê de uma forte ventania, imaginando como será esta conversa, tentando encontrar as palavras que estão embaralhadas em meu coração como peças de um intrincado quebra-cabeças.

O caminho até lá nunca me pareceu mais distante. Quanto mais passos eu dou, maior é a sensação de que estou distante de meu destino, o que me faz pensar se na hora em que finalmente chegar irei ter coragem de falar sobre os meus sentimentos, se vou conseguir dizer tudo que preciso.

Depois do que parece ser um pequeno e angustiante infinito, me encontro diante dos portões do castelo, ligeiramente ofegante por conta da caminhada apressada e do nervosismo intenso que me aflige.

Por um momento, considero desistir, deixar tudo como está, continuar apenas como um bom amigo para a Majestade, mas esta ideia é logo rejeitada por meu coração aflito. Não, chega de esconder a realidade, está na hora de deixar tudo as claras, mesmo que esta seja a ultima vez que eu tenha a chance de estar perto dela, tenho que tentar.

Àquela hora da tarde os portões estão abertos, como se incentivassem que as pessoas comuns, de fora da realeza, adentrassem e disfrutassem de seus magníficos jardins.

Apesar de estar um tempo agradável, bom para um passeio, não encontro muitas pessoas por ali, e me dirijo rapidamente às escadas de acesso ao salão de audiências, esperando encontra-la ali. Nenhum dos guardas postados às entradas tenta barrar minha passagem, há algum tempo que me tornei conhecido por ali, desde que passara a visita-la, algum tempo depois de nossa conversa na floresta.

Para minha decepção a sala de audiências está vazia. Refaço meus passos de volta a porta de acesso e me dirijo a um dos guardas, tentando obter informações sobre o paradeiro dela: - Com licença Senhor, sabe me informar onde a Rainha se encontra? – as minhas próprias palavras não conseguem deixar de sorrir intimamente. Desde que passara a conhecê-la melhor, não usávamos qualquer titulo ou formalidade. Para mim ela não era a Rainha, mas sim Regina, a morena estonteante que roubara meu coração.

— Está em um dos jardins Senhor, o das rosas. – me responde o guarda, sem nem mesmo me dirigir o olhar, permanecendo em sua pose de serviço.

— Muito obrigado. – respondo simplesmente, sem me demorar muito mais por ali.

O jardim das rosas é o mais belo que há no palácio, preenchido por rosas de todas as cores, especialmente vermelhas, e no qual há uma linda cúpula de observação, onde é possível se ver toda a extensão do castelo.

Quando meus passos se aproximam do jardim, escuto vozes que parecem estar discutindo de forma acalorada. A voz dela chega aos meus ouvidos de forma estridente e entrecortada, e sei que ela está prestes a desabar em lágrimas. Esta constatação faz com que meu coração, antes ansioso pela conversa que tinha pela frente, se contorcesse de dor e preocupação.

Estou mais próximo agora, consigo vê-los e ouvir sua discussão, embora eles ainda não tenham se dado conta de minha presença, de tão emersos que estão em sua briga particular.

Penso em me aproximar e descobrir o que está acontecendo, mas algo me impede. De certa forma, não consigo deixar de me sentir como um intruso, alguém que não tinha absolutamente nada a ver com o conflito que estava observando. Por mais que eu detestasse vê-la no estado em que estava, prestes a sucumbir, por um momento imaginei se não estaria invadindo seu espaço. Afinal, eu não tenho a menor ideia de se o que sinto por ela é ou não correspondido. E se a minha interferência fosse interpretada como invasão de privacidade, de intimidade?

Enquanto permaneço ali parado, ainda me decidindo sobre o que fazer, as vozes alteradas de Regina e Daniel continuam a chegar até mim, cada vez mais inflamadas e nervosas.

— Como se atreve a voltar aqui para me insultar Daniel?? Logo você, que há pouco tempo atrás deixou bem claro que ter se envolvido comigo foi o pior erro da sua vida? Se foi uma escolha tão ruim, porque simplesmente não vai embora? Porque não me deixa em paz? – falou Regina, parecendo desesperada para se ver livre daquele tormento.

— Ir embora e o que? Deixar que a majestade se divirta com seu novo brinquedinho? Quanto tempo acha que isso vai durar? Quanto tempo acha que ele aguenta ficar com você antes de se dar conta de como você é seca por dentro? Cheia de rancores e mágoas? Que se culpa pela morte de seu querido paizinho?

— Não fale do que não sabe Daniel! Eu não tenho nada além de amizade com ele, e mesmo que tivesse isso não é mais da sua conta! – respondeu à morena, em um tom cortante, bem diferente da tonicidade magoada e ferida que havia preenchido sua voz na fala anterior.

— É ai que você se engana Regina. Tudo que acontece a você me diz respeito. Por ter me envolvido com você, minha vida mudou por completo, e para muito pior. Agora vou garantir que você tenha o mesmo destino infeliz, pode ter certeza disso. – a voz de Daniel soou repleta de rancor e desprezo.

— Você não tem nada a ver com a minha vida Daniel. Agora suma daqui, desapareça da minha frente, antes que eu resolva ordenar aos guardas que ponham fim a sua vida de uma vez! – a aquelas palavras, ela se virou e começou a andar na direção contraria, parecendo ter a intenção de se afastar do jardim, de se afastar de Daniel.

Antes que ela conseguisse dar mais do que alguns passos na direção que escolhera, a mão de Daniel voou para o seu braço, apertando-o com força e forçando-a a se virar para encara-lo.

Se eu tinha alguma duvida sobre se deveria ou não intervir na discussão que estava presenciando, ela se extinguiu no momento em que vi aquele gesto bruto e violento, seguido da voz alarmada de Regina: - Daniel, me solte! Me larga, você está me machucando!

Tudo aconteceu muito rápido, rápido demais para que eu pudesse registrar e entender minhas próprias ações. Em um segundo, eu estava parado perto dos jardins, no seguinte, estava ao lado dela, erguendo minha voz na direção de Daniel.

— Você não ouviu? Solte o braço dela, agora! – as palavras saíram de minha boca de forma natural, como se sempre tivessem estado ali, apenas esperando o momento certo para serem utilizadas.

Minha repentina aparição pareceu surpreender a ambos, e o cavalariço a soltou, parecendo surpreso e muito irritado por ter sido interrompido por mim em meio a sua exibição de força.

— Olha só Majestade! O ladrão veio em seu socorro! Mas que cena mais bonita não é mesmo? O cavaleiro apareceu no momento exato para salvar a dama em perigo! – ironizou Daniel, seu tom de deboche servindo apenas para me deixar ainda mais irritado.

— Você não tem nada para fazer aqui Daniel. Vá embora, desapareça daqui. – respondi, tentando fazer com que meu tom de voz soasse controlado, mas sem muito sucesso.

Os olhos do cavalariço estavam fixos em mim, como se ele estivesse me avaliando, a procura de alguma falha. Eram olhos frios, sem vida. Por um instante, me perguntei se ele fora sempre fora assim, e em caso positivo, como uma criatura tão doce e cheia de vida como Regina podia ter se interessado por ele?

Ele estava prestes a responder, mas a voz de Regina ecoou pelo jardim antes que ele tivesse a chance de completar a primeira silaba, cheia de segurança e autoridade, como se ela nunca tivesse estado prestes a se entregar ao choro, chamando por seus guardas: - GUARDAS! LEVEM ESTE HOMEM DAQUI! SUMAM COM ELE DE MINHAS VISTAS, E GARANTAM QUE ELE NÃO VOLTE A ENTRAR AQUI!

A estas ordens, um grupo de guardas surgiu de cantos diferentes do jardim e arrastaram um Daniel aos berros e chutes para longe dali. Por um ou dois segundos, permaneci em silencio, apenas acompanhando a cena com o olhar.

Quando a figura de Daniel finalmente desapareceu de meu campo de visão, virei-me para procurar Regina, mas ela não estava mais ali. Felizmente, não demorei muito a encontra-la, apoiada no parapeito da cúpula de observação, de cabeça baixa, em uma flagrante atitude de cansaço, de desistência.

Aproximei-me devagar, e não demorou a que conseguisse ouvir seu choro. Baixo e contido, como se ela se reprimisse e repreendesse por estar chorando, como se estivesse brava consigo mesma.

Parei atrás dela, sem saber muito bem como deveria agir. Tudo que eu mais queria era abraça-la, conforta-la, dizer que tudo ficaria bem, mas não conseguia pensar em qual era o melhor jeito de consola-la.

Não pensei no que estava fazendo, agi simplesmente pelo impulso de fazer algo para ajuda-la e toquei seu ombro de leve, pousando minha mão ali para que ela soubesse que não estava sozinha, que havia alguém com quem ela poderia contar sempre que precisasse.

Sem pronunciar uma única palavra, ela se virou e me abraçou, finalmente permitindo que as lágrimas viessem por completo. Senti seu corpo tremendo em meus braços, soluçante, apertei meus braços ao seu redor, tentando de todas as formas possíveis fazer com que ela sentisse que estava segura, que tudo iria melhorar.

— Me desculpe....me desculpe...me desculpe...- ela repetia baixinho, como se me pedisse perdão por algo que havia me feito passar.

Tentando tranquiliza-la, falei em seu ouvido palavras de conforto, utilizando a voz mais calma que consegui encontrar: - Calma milady, eu estou aqui ,vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem...Shhhh....não se preocupe com Daniel, não se preocupe com mais nada. Tudo vai ficar bem, eu prometo.

Por alguns minutos permanecemos assim, abraçados um ao outro, enquanto eu tentava de todas as maneiras possíveis fazer com que ela ficasse mais calma. Aos poucos senti que seu corpo relaxava. O choro, antes convulsivo, se tornava mais calmo, diminuindo pouco a pouco sua intensidade.

Quando o choro havia praticamente cessado e sua respiração estava se normalizando, ela se afastou de nosso abraço, virando-se de costas para mim, como se de alguma forma estivesse se sentindo envergonhada.

— E aqui estamos nós de novo não é? Apenas algumas luas depois e eu estou aqui, chorando histericamente enquanto você me consola, me conforta. Eu não sei nem o que te dizer, acho que tudo que me resta é agradecer não é? Obrigada pelo ombro amigo. Obrigada por estar aqui, de verdade. – a voz dela estava mais controlada, calma até, mas ainda conservava alguns vestígios do choro que a havia tomado nos últimos minutos.

Suas palavras fizeram com que eu me lembrasse do real motivo que me trouxeram ate o castelo. Contar toda a verdade, abrir meu coração. Talvez aquele não fosse o momento ideal, por conta de toda a confusão que havia acontecido, mas eu não posso mais guardar todo esse sentimento dentro de mim. Preciso que ela saiba, mesmo que seja para me enxotar de sua vida.

— Regina, eu...vim aqui por que preciso conversar com você. Simplesmente não consigo mais continuar do jeito que as coisas estão, não mais. Preciso que você saiba tudo que estou guardando dentro de mim.

A estas palavras, ela voltou a se virar para mim, seus olhos castanhos se fixando nos meus com uma preocupação evidente. – O que foi? O que aconteceu? – perguntou, parecendo verdadeiramente alarmada.

Durante alguns instantes, permaneci em silencio, tentando encontrar a forma certa para começar a falar, mas não consegui encontrar nada que me parecesse minimamente correto, então simplesmente disse a primeira coisa que me veio à cabeça, deixando que os sentimentos me guiassem.

— Olha Regina eu...eu não posso mais ser seu amigo. Não somente isso. – comecei, ainda sem saber muito bem onde aquelas palavras iriam me levar. – Preciso de mais entende? Preciso que a nossa relação passe a um outro estágio, caso você também queira isso, é claro.

Neste momento, ela me interrompeu, uma expressão de genuína surpresa girando em seu olhar e em seu rosto: - Robin...o que exatamente você está querendo dizer com isso?

As palavras dela me feriram de alguma forma. Meu coração, desesperado para que ela dissesse sim, para que correspondesse ao que eu sentia, pareceu se entristecer com a pergunta, como se aquele questionamento já mostrasse que ela não estava interessada, que não sentia nada por mim além de carinho e amizade, o que fez com que eu me perguntasse se deveria continuar a falar ou deixar aquela historia morrer ali, sem nunca ter começado.

Antes de falar, no entanto, aproximei-me dela, decidindo naquele momento que talvez um gesto pudesse falar mais do que mil palavras que eu tentasse escolher. Uma lágrima solitária escorria por sua face, um resquício de seu pranto anterior. Aproximei-me devagar e estendi minha mão até seu rosto, limpando aquela memória da tristeza.

Eu não estava mais pensando com clareza, agia por impulso, como se um forte imã me leva-se para mais junto dela. Colei minha testa a dela e senti sua respiração descompassada se misturar a minha, nossos olhares conectados um ao outro como se não existisse nada de mais bonito para se ver no mundo.

Sua pele era quente ao toque, e ela fechou os olhos por um instante, aproveitando aquele momento. Coloquei minha outra mão em sua cintura, puxando-a para ainda mais perto. Agora eu podia sentir as batidas de seu coração, tão aceleradas quanto as minhas.

—Robin...eu...- ela começou a dizer alguma coisa, mas eu não permiti que terminasse, por medo do que iria ouvir. Esse ela dissesse para que eu me afastasse? Que fosse embora? Não sei como iria lidar com uma fala dessas, não agora, que estava tão perto de ter ao menos um beijo com o qual me recordar.

Antes que ela continuasse sua fala, colei meus lábios aos dela, no inicio um beijo leve, apenas um roçar de lábios, mas que aos poucos foi se aprofundando, tamanha a necessidade que ambos pareciam sentir um do outro. Ela não ofereceu qualquer tipo de resistência, ao contrario, senti suas mãos, que estavam surpreendentemente geladas, em volta de meu pescoço, puxando-me para mais perto.

Quando a necessidade de ar se fez presente, nos separamos, arfando ofegantes, e eu decidi que estava na hora de usar as palavras, era a minha chance de dizer tudo que eu estava guardando dentro de mim.

Respirei fundo, decidido a falar tudo de uma vez, despejar meus sentimentos, e recomecei a falar: - O que estou querendo dizer com essas minhas palavras tortas e confusas, é que estou completamente e enlouquecidamente apaixonado por você! Eu não sei como ou quando isso aconteceu, mas a verdade é que você não sai da minha cabeça. Toda vez que está por perto meu coração acelera, e eu sinto como se ninguém além de você importasse no mundo. Sei que parece loucura, e que nos conhecemos há pouco tempo, mas esta é a mais pura verdade: estou apaixonado por você Regina! Eu amo você! Amo você de uma forma que eu jamais pensei que pudesse amar alguém.

Quando finalmente terminei de falar, senti como se um grande peso tivesse sido tirado de cima de meus ombros. Esperei que ela dissesse alguma coisa, que esboçasse algum tipo de reação, mas ela permaneceu em silencio, chocada demais para dizer algo.

Este estado de choque pareceu confirmar meus temores de que meus sentimentos não eram correspondidos, fazendo com que meu coração afundasse em uma tristeza repentina e profunda.

Sem mais esperar por uma resposta, virei-me para ir embora, certo de que nossa historia havia terminado por ali, que havia me enganado, me iludido, ao pensar que poderia haver alguma coisa entre um simples ladrão sem calibre ou propriedades e uma Rainha.

Dei apenas alguns passos incertos para fora da cúpula antes que a mão dela chegasse a minha, barrando meu progresso. – Espera! – ela pediu, em um tom de voz caloroso e surpreendentemente feliz.

— Não vá embora, eu não sei se consigo ficar sem meu ladrão por perto. Não sei se consigo mais viver sem estes oceanos azuis que você carrega em seus olhos....eu....acho que também estou completamente apaixonada por você Robin. – enquanto falava, ela foi se aproximando de mim, sem nunca quebrar o contato visual entre nós.

Ela se aproximou ainda mais, a ponto de nossos corpos estarem colados um ao outro, nossas respirações se misturando uma à outra. Senti seu perfume doce, e como imã, nossos lábios se colaram. Primeiro em um beijo doce e calmo, mas que aos poucos foi ganhando intensidade, tornando-se um beijo quente e cheio de desejo.”

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 Regina acordou se sentindo leve, os oceanos azuis e o sorriso franco de Robin vindo a sua mente de imediato. Virou-se na cama, quase esperando encontra-lo ali, sorrindo e lhe desejando bom dia.

Diferente do sonho no qual estivera emersa, no entanto, ele não estava ali. Ao se dar conta deste fato, a morena repentinamente sentiu como se um grande vazio tomasse conta de seu coração. Sentia frio, seu coração e seu corpo reclamando que o abraço de Robin estava lhe fazendo, o que era extremamente estranho, já que os dois nunca haviam tido nenhum tipo de contato físico e que a única vez que haviam se visto havia sido no dia anterior, através do espelho.

Ainda assim, mesmo que soasse irracional, ela sentia uma falta extrema dele, do som de sua voz, do calor que emanava de seu corpo quando estavam abraçados. Naquele momento, ela daria qualquer coisa para ter um momento com ele, nem que fosse por um instante. O mais estranho de tudo, era que aquela sensação decorria de um sonho, um sonho do qual ela não se lembrava de quase nenhum detalhe, a não ser Robin. Tinha certeza de que havia sonhado com ele.

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— O que está acontecendo comigo? – pensou o loiro, pelo que pareceu ser a milésima vez em um intervalo de poucos minutos. Por mais que tentasse focar sua mente em outras coisas, desde o episódio com o espelho, simplesmente não conseguia tirar a imagem de Regina, sorrindo radiante, não saia de sua cabeça.

Para piorar as coisas, havia sonhado com ela. Um sonho do qual não conseguia lembrar-se de nada, a não ser ela. Era como se visse a cena de  outro ponto de vista, observando a si mesmo e a Regina, abraçados como se quisessem se fundir um ao outro. Ainda assim, lembrava-se perfeitamente da sensação do abraço, do calor que sentira em seu coração, da alegria que experimentara.

A verdade era que desde o dia anterior, quando haviam se visto pelo espelho, as coisas estavam ligeiramente estranhas entre eles. Ainda conversavam quase que todo o tempo, é claro, mas apenas sobre assuntos banais. Como se estivessem com medo de falar sobre o que estavam sentindo desde o “quase encontro”.

Robin? Você está ai?— a voz de Regina chegou ao ouvidos do loiro, que como de costume, abriu um largo sorriso, contente em escuta-la.

Sem nem permitir que o eco de sua voz desaparecesse, ele respondeu, em um tom de voz genuinamente alegre: - Bom dia milady. Estou aqui sim. Como você está? Dormiu bem?

O que ele queria mesmo era perguntar se ela havia sonhado com ele como ele sonhara com ela, mas não sabia como fazer essa pergunta, não tinha como prever qual seria a reação dela, e além do mais, podia ter sido apenas um reflexo das fortes emoções que ele tinha experimentado no dia anterior ao ve-la pelo espelho, e portanto, não ter nenhum significado real.

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A morena ficou em silencio por alguns segundos, rodando em sua mente a resposta que daria a Robin, sem por nenhum momento conseguir desviar seus pensamentos dos profundos oceanos azuis que no dia anterior pareceram-lhe tão familiares, como se já os tivesse visto em algum lugar.

Pensou em contar a ele sobre o sonho. Dizer-lhe que tinha certeza de ter sonhado com ele. Contar-lhe que desde que despertara tinha a nítida lembrança de seu abraço, e de como era bom estar com ele. Mas acabou pensando melhor e desistiu da ideia. Não tinha como prever qual seria a reação de Robin aquelas palavras, e se ele não ligasse? E se dissesse a ela que não era nada, apenas um reflexo da emoção que haviam passado no dia anterior? Ela não sabia se conseguiria lidar muito bem com alguma daquelas hipóteses, então deu uma resposta simples, ligeiramente enigmática:

Bom dia! Eu dormi bem sim, tenho a sensação te der tido um sonho muito bom, mas não consigo me lembrar. E você, teve uma boa noite?

A resposta dele chegou em poucos instantes, em um tom de voz que parecia ter perdido um pouco do entusiasmo original, como se ele estivesse esperando por uma resposta diferente da que recebera: - Ah sim, dormi bem sim. Tanto que já estou atrasado! Você viu que horas são milady? Eu deveria estar trabalhando há muito tempo.— brincou, a risada voltando a sua voz.

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A resposta de Regina não fora a que ele esperava. Tinha esperanças de que ela dissesse se havia sonhado com ele, mas talvez ela não mencionara isso porque somente ele não conseguisse desviar os pensamentos da figura dela. Talvez somente ele estivesse vivendo um conflito interno, e ela estava muito bem do jeito que as coisas estavam...

Ainda assim, o loiro não conseguiu deixar de nutrir um fiozinho de esperança. E se ele estivesse naquele sonho bom do qual ela falara e Regina somente não mencionara ou não se lembrava?

Robin estava prestes a fazer outra pergunta a morena, para sonda-la um pouco mais sobre este tal sonho quando ouviu o barulho da porta da frente se abrindo, anunciando a presença de Marian que chegava em casa depois de ter saído de manhã bem cedo, sem que o marido tivesse notado sua ausência.

Aquela constatação desanimou o loiro, que desde a discussão do dia anterior não tivera mais nenhum contato com sua esposa, e nem se achava pronto para conversar com ela. Afinal, tinha certeza de que a conversa se transformaria em uma ferrenha discussão em menos de cinco minutos.

Preparando-se para o que estava por vir (tinha certeza de que Marian iria reclamar por ele ainda estar em casa a aquela hora),  Robin se levantou da cama e seguiu em direção a porta do quarto, parando com a mão na maçaneta quando ouviu as vozes que conversavam.

— Amor, tem certeza de que não tem problema estarmos aqui? Seu marido não pode chegar de surpresa? Não estou afim de confusão pro meu lado....- a voz era grave e forte, mas desconhecida para Robin. Quem seria aquele homem que Marian trouxera para a casa deles? Um amante?

— Pare de se preocupar! Há esta hora Robin já foi trabalhar a muito tempo, ele nunca perde o horário. Além do mais, duvido muito que ele perceba alguma coisa, mesmo que esteja na cara dele. É muito lerdo, tem uma tendência horrível a tentar achar o melhor lado nas pessoas, e isso o cega para a realidade. – a voz de Marian soou aos ouvidos de Robin carregada de rancor e maldade, e mais uma vez, o loiro se perguntou o que o levara há ficar tanto tempo com ela.

As palavras sumiram, e Robin abriu a porta devagar, sem fazer qualquer barulho, apenas para se ver diante de uma cena extremamente desagradável, que o fez ficar por alguns segundos parado na soleira da porta, tentando entender o que seus olhos estavam vendo.


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Notas finais do capítulo

E então?? O que acharam??
Preparem-se, porque no proximo capitulo teremos tretas, muuuuitas tretas, hahaha

Deixem um olá pra eu saber como estou me saindo ok? espero teorias e ideias, hahaha
Beijooooos



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