In your dreams escrita por JM


Capítulo 11
XI - Books


Notas iniciais do capítulo

Oii oiii pessoas!
Como vocês estão?? Espero que tenham sobrevivido ao ultimo capitulo e que não queiram mais minha morte, hahahaha

Não se preocupem, prometo que as coisas se resolverão em breve!
Sobre o capitulo de hoje: não posso dizer muito, só espero que gostem.
Obrigaada as lindas da Cath Locksley Mills, da Edilene Queen e da Ellryn pelos comentários no capitulo anterior e obrigada também a quem está acompanhando a fic, espero que todos estejam gostando!!

Boa leitura!



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Já fazia alguns minutos que Robin estava ali sentado, perdido em sua solidão, a imagem da morena rodando em sua mente, como um espectro de felicidade, como algo perdido no tempo, que por mais que ele tentasse não conseguiria alcançar.

Sentia-se vazio, estático. Nem mesmo chorar ou gritar para que ela o escutasse ele conseguia. Simplesmente sentia-se sem forças, sem vontade. O vazio que a falta da voz dela provocava em sua mente parecia funcionar como um buraco negro, que sugava tudo em volta, deixando-o completamente perdido no meio do caos que sua vida se tornara nos últimos minutos.

Por mais que tentasse, não conseguia entender o que a levara a tomar aquela decisão. Tinha certeza que ela não era feliz no casamento, que não amava Daniel...então porque escolhera continuar com aquela vida, servindo como um objeto de fina raridade ao invés de se aventurar em uma vida nova?

É claro que havia coisas sobre ela que ele não conhecia, detalhes de sua vida sobre a qual eles nunca conversaram...mas seriam estes fantasmas do passado suficientes para afasta-la dele para sempre? O loiro simplesmente não conseguia aceitar que estivesse acontecendo.

Ainda assim, ele decidiu naquele momento, desistir de Regina não era uma opção plausível. Talvez se ele desse um tempo a ela as coisas voltassem a ser o que eram, com eles conversando o dia todo, e ai talvez em outro momento, as coisas poderiam ser diferentes para o relacionamento deles.

Ele não sabia exatamente o que iria fazer, mas sabia que não iria ficar de braços cruzados enquanto o amor de sua vida ia embora. Marian sempre o acusara de não lutar pelo que queria, mas desta vez ele não permitiria que o destino lhe tirasse alguém querido sem lutar. Não desta vez.

As horas foram passando sem que ele se desse conta, e o dia virou noite sem que parecesse ter passado minutos suficientes. Em algum momento daquele dia estranho e solitário, Robin finalmente desabou, permitindo que as lágrimas viessem e lavassem a dor de sua perda, que o deixassem limpo para continuar a luta no dia seguinte.

Quando a noite já estava alta em um céu sem estrelas, a raiva pelo que havia acontecido pela manhã já havia passado. Já não estava mais revoltado ou furioso com Regina por ela ter decidido desistir do amor dos dois. Tudo que lhe restara era a tristeza de não ter mais a voz dela em sua mente. Tudo que sentia agora era tristeza. Tristeza e determinação de que não iria permitir que a história deles terminasse daquela forma, com tantas coisas por serem ditas.

Antes que se entregasse a exaustão que batia a sua porta, sua mente voltou à imagem da morena, e sem que ele realmente pensasse no que estava fazendo, voltou a falar com ela como fazia todas as noites antes daquela desastrosa discussão. Ela poderia não responder, mas ele tinha certeza de que iria ouvi-lo. 

Boa noite morena. Eu não vou desistir de você, e espero que você não desista de mim.

Como esperado a resposta não veio, mas ele não se importou com isso naquele momento. Sabia que a história deles não estava morta, não ainda, e iria lutar para que ela sobrevivesse.

—-------

Aquele fora o pior dia de toda a sua vida, ela tinha certeza disso. O peso de sua decisão era esmagador, e parecia afunda-la cada vez mais no desespero. Ela se sentia exausta, sem forças até mesmo para levantar da poltrona na qual passara o dia todo sentada, simplesmente permitindo que o dia passasse sobre ela sem realmente nota-lo.

Seus olhos estavam inchados e vermelhos, irritados com a quantidade de lágrimas que ela derramara durante todo o dia, mas ela simplesmente não conseguia evitar. Toda vez que os olhos azuis e o sorriso aberto voltavam a sua mente, elas recomeçavam, quentes e salgadas.

Que droga. Porque tudo tinha que ser tão difícil para ela? Porque ela não conseguia simplesmente seguir seu coração e fugir, desaparecer daquele casamento infeliz para viver algo novo? Porque simplesmente não conseguia se permitir recomeçar?

Estas eram perguntas para as quais ela infelizmente não tinha resposta. Por mais que tentasse, não conseguia entender o motivo de ter dito não a Robin. Ou melhor, ela sabia sim, tinha plena consciência da razão pela qual decidira afasta-lo de sua vida: medo.

É claro que havia Daniel e a divida de gratidão que ela sabia ter para com ele, mas não era só isso que a prendia naquela vida vazia. Ela tinha medo. Medo de que o sentimento que Robin dizia ter por ela não fosse suficiente, medo de que uma hora ele se cansasse dela e a abandona-se. Tinha medo de que Robin fosse embora de sua vida como todas as outras pessoas que ela amara haviam ido. O único que continuara ao seu lado, mesmo de um jeito torto, fora Daniel e era por isso que ela escolhera permanecer onde estava.

Quando seus olhos começaram a se fechar, pesados pelo sono que a atingia, a conhecida e melodiosa voz do loiro chegou a sua mente, fazendo-a despertar por completo, desesperada para ouvir apenas mais uma palavra.

Por um momento, ela pensou em voltar atrás. Pensou em simplesmente responde-lo, pedir desculpas, dizer que tinha se enganado, que estava errada e que iria ao seu encontro, mas então desistiu. Não, ela não podia fazer isso. Não podia dar esperanças a Robin para depois quebrar seu coração novamente quando o medo e a insegurança voltassem. Ele não merecia isso. Ela tinha que ser forte e aguentar calada, pelo bem dos dois, mesmo que sentisse seu coração se despedaçar ao ouvir o eco da voz do loiro deixando sua mente.

Tal como o dia, a noite foi avançando sem que a morena se quer percebesse o tic-tac do relógio, a exaustão vencendo a dor e a tristeza apenas nos últimos minutos de trevas sobre a luz, fazendo com que ela desabasse ali mesmo, na poltrona em que passara o dia todo.

—------

O barulho irritante do telefone tocando despertou o loiro de uma noite agitada, porém sem sonhos. Robin sentia-se cansado, como se tivesse passado a noite toda caminhando, e não dormindo em um quarto de hotel.

Nos poucos segundos que levou para despertar por completo, o celular continuou a tocar de uma forma insistente. Por um louco e maravilhoso segundo, ele pensou que a ligação poderia ser dela, que Regina estava ligando para dizer que tudo que acontecera no dia anterior não passara de uma briga sem sentido, que ela o amava e estava indo ao seu encontro. Mas então, tal como uma nuvem de fumaça que se esvai com o sopro do vento, a realidade o atingiu, tão pesada quanto uma tempestade.

Regina não iria ligar. Ela não tinha um celular, e mesmo que tivesse, não precisaria usa-lo para falar com ele, bastariam seus pensamentos. Mas não. Ela não queria falar com ele. Pedira que ele sumisse de sua vida, que a esquecesse, o que ele tinha plena certeza se tratar de um pedido impossível de ser atendido.

Frustrado por ver sua ilusão se despedaçar diante de seus olhos, o loiro pegou o aparelho, olhando o visor para saber quem era a pessoa que o ligava de forma tão insistente. Na tela do celular apareceu o nome de Belle, a secretária da firma de arquitetura.

Aquela era mais uma situação estranha. Embora fosse secretaria de Robin, Belle raramente ligava para o chefe. Tudo era tratado por mensagens, quando muito por um áudio. Preocupado e curioso para saber o motivo da ligação da moça, ele atendeu a chamada, sem saber o que o esperava do outro lado da linha.

— Alo? Belle? Aconteceu algum problema? – foi logo perguntando, já imaginando qual outr problema o destino iria colocar em sua vida.

— Robin? Desculpe ligar, eu sei que o senhor não gosta de falar ao telefone, mas é urgente. – respondeu a moça, em um tom de voz alarmado.

— O que aconteceu??

— É a sua esposa senhor, ela está aqui. Está fazendo um escândalo, dizendo que tem direito a metade da firma e que se o senhor não der ela vai denuncia-lo por agressão. – a resposta de Belle fez com que Robin pulasse da cama, exasperado com informação que recebera. O que Marian pretendia com aquele show em seu local de trabalho?

— Não faça nada Belle. Tente acalma-la, eu estou a caminho. – respondeu simplesmente, desligando o telefone em seguida e aprontando-se em poucos minutos para descobrir qual era o inferno pelo qual Marian iria fazê-lo passar.

Alguns minutos depois, o loiro chegou ao escritório, podendo ouvir desde antes de entrar a gritaria que Marian estava fazendo, sua voz estridente e irritante o fazendo sentir como se batessem em sua cabeça com enormes pratos que ele tocava na banda da escola em sua época de estudante.

Ao chegar a recepção, encontrou sua ex mulher apoiada no balcão de vidro, falando aos berros com sua secretária, que estava com uma cara tão pálida quanto uma boneca de porcelana.

— Eu já disse senhora, seu marido está a caminho, tente se acalmar, por favor. – Belle tentou mais uma vez, parecendo tão exausta quanto um soldado que luta sozinho uma guerra a muito perdida.

— Belle! Tire o resto do dia de folga. Pode deixar que eu resolvo este assunto. – falou Robin, utilizando-se de um tom calmo que ele não sabia que ainda era capaz de encontrar.

— O senhor tem certeza disso? Não quer que eu chame alguém? – perguntou a moça, parecendo insegura em deixar Robin sozinho com Marian.

— Isso secretáriazinha! Chama alguém para ajudar o pobre do seu chefe, tenho certeza que ele não vai conseguir lidar comigo sozinho. Tadinho do Robin...tão indefeso..- ironizou Marian, com uma expressão de raiva e desprezo brilhando em seus olhos.

— Chega Marian! – explodiu Robin, conseguindo por um milagre fazer com que a mulher se calasse, ao menos por alguns segundos, que ele aproveitou para voltar sua atenção para a secretária, que parecia cada vez mais assustada: - Pode ir Belle, aproveite para descansar um pouco, você anda trabalhando demais. – falou, em um tom mais calmo.

— Se o senhor tem certeza....mas vou estar com o celular ligado, caso precise de alguma...ajuda. – respondeu a moça, que em seguida lançou um olhar de indignação a Marian e saiu pela porta.

Quando os passos de Belle se afastaram, Robin se virou para encarar a ex – esposa, perguntando-se pela milésima vez em pouco tempo onde fora parar a criatura doce e encantadora por quem ele se apaixonara há anos atrás.

— O que quer Marian? Por que veio fazer escândalo no meu trabalho? – perguntou, tentando manter um tom de voz controlado, embora sentisse a irritação borbulhar na boca de seu estomago.

— Não quero nada Robin, ainda não. Só vim aqui entregar a encomenda que aquela vadia com quem você sonha todas as noites te mandou. Pessoalmente, achei de péssimo gosto, mas eu sabia que vindo de você não podia ser algo muito elaborado mesmo. – com estas palavras a mulher tirou da bolsa enorme um embrulho de caiza de correios, com um lacre rompido.

Demorou um instante até que Robin compreendesse o real significado das palavras de Marian, até que ele conseguisse se lembrar da ideia de troca de livros que ele e Regina haviam tido. Regina. Aquele era o livro que ela enviara para ele. Quando esta informação finalmente chegou ao seu cérebro, foi como se uma luz se acendesse em sua mente.

Se ele estava recebendo o livro que a morena lhe enviara, significava que muito em breve ela também receberia o livro que ele mandara. Aquela constatação fez com que um fiozinho de esperança se ligasse ao coração de Robin. Quem sabe aqueles livros não fossem a chance de uma reaproximação com a mulher de sorriso brilhante que lhe roubara o coração?

Ainda assim, uma sombra de preocupação passou pela mente do loiro. Qual era o real motivo da visita de Marian? Conhecendo a mulher, ele tinha certeza de que ela não fora até ali apenas para entregar uma encomenda. Não, ela queria alguma coisa, restava saber o que era.

— Você não me engana Marian.- começou, pegando o pacote das mãos da mulher. – Diga logo, o que você quer? – terminou, em um tom frio que denunciava o quão cansado e irritado ele estava.

— Nossa Robin, como você é mal educado com alguém que veio lhe fazer uma gentileza. – respondeu a mulher, com um tom de falsa ofensa.

— Quem quer fazer gentilezas não chega fazendo escândalo no local de trabalho da outra pessoa. – foi à resposta do loiro, em um tom cortante.

— Tudo bem, se você prefere assim então vamos direto ao ponto. Preciso de dinheiro. Urgente, para ser mais exata. – respondeu Marian, deixando de lado seu falso tom de moça ofendida.

— E o que te faz pensar que eu irei te dar algum dinheiro Marian? – falou o loiro, descrente com o que estava ouvindo.

— Simples Robin: ou você me dá o dinheiro que estou pedindo, que não é muito considerando que tive que te aturar todos estes anos, ou eu vou a policia e te denuncio por agressão. O que você prefere? O dinheiro ou a cadeia? – falou a mulher, seu tom parecendo até mesmo alegre com o tormento que estava fazendo seu ex – marido passar.

A ameaça de Maria fez o estomago de Robin embrulhar. Como aquela mulher podia descer tão baixo a ponto de chantageá-lo? Inconscientemente, ele procurou ajuda na pessoa que sabia que iria entendê-lo, a pessoa de quem mais sentia falta naquele momento.

O que eu faço morena? O que eu faço pra me livrar dela agora? – perguntou a Regina, logo em seguida se lembrando de que muito provavelmente não receberia qualquer resposta.

—-----

A voz de Robin invadiu a mente de Regina sem aviso prévio, como acontecera da primeira vez em que haviam se falado, fazendo com que ela se sobressalta-se e derrubasse o copo de suco que segurava na mão.

Uma explosão de cacos de vidro espalhou-se pelo chão com o impacto do copo com o solo, e a morena sentiu que seu coração se despedaçava mais uma vez, quebrando-se em milhões e milhões de pedacinhos, tal como ocorrera com o vidro.

Robin estava lhe pedido ajuda. Mesmo depois de tudo que havia acontecido no dia anterior, mesmo depois de tudo que havia sido dito, ele continuava falando com ela, lhe pedindo um conselho, o que só a fazia se sentir pior ainda.

Como ela estava conseguindo? Como conseguia suportar a voz dele em sua mente e permanecer em silencio. Como pudera deixar que o medo continuasse a fazer dela sua prisioneira?

Mais uma vez, aquelas eram perguntas para as quais ela não conseguia encontrar nenhuma resposta, o que só conseguia deixa-la ainda mais irritada e confusa. Antes que ela conseguisse encontrar uma luz em meio aquele turbilhão confuso que sua vida se tornara, a voz de Daniel chegou aos seus ouvidos:

— Regina? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – perguntou, sua voz de falsa preocupação fazendo com que Regina sentisse seu estomago se revirar, enjoado.

— Nada, nada. Eu só me distrai e acabei deixando o copo cair no chão. – respondeu, tentando manter sua voz em um tom neutro, que não demonstrasse o quão destruída ela se sentia por dentro.

— Hum. – respondeu Daniel, parecendo ligeiramente desconfiado. – Você não parece bem...está com uma aparência de quem chorou a noite toda...o que está acontecendo?

— Já disse Daniel, não está acontecendo nada. Eu não dormi direito e estou com uma irritação nos olhos, só isso. – falou a morena, irritada com o interrogatório que o marido estava fazendo. O que Daniel achava que ela era? Uma criança que tinha chorado por cair do balanço e ralado o joelho?

— Tudo bem então. – falou, sem parecer estar minimamente convencido. – Estou de saída para o trabalho, tenha um bom dia. Ah, já ia me esquecendo, chegou uma encomenda para você, está em cima da mesa da sala.

Com aquelas palavras, Daniel saiu da cozinha e se dirigiu a porta da rua. Poucos porém angustiantes segundos depois, a morena ouviu o barulho da porta se fechando. Foi só ai, depois de ter certeza de que seu marido tinha partido, que ela tomou coragem e se dirigiu a sala, dando de cara com um embrulho na mesa de centro, que ela sabia exatamente do que se tratava.

—-----

— E então Robin, o que me diz? – Marian voltou a falar, despertando o loiro de seus pensamentos, que mais uma vez haviam se desviado até Regina.

Demorou alguns segundos até que ele conseguisse se concentrar para decidir o que iria fazer, mas acabou decidindo não ceder. Marian não tinha nada para provar a sua teoria de agressão, e se ele desse dinheiro a ela agora, nunca mais conseguiria por fim a chantagem.

— Esqueça Marian, não vou dar dinheiro algum a você. Já te sustentei por bastante tempo, está na hora de você aprender a se vira, não acha? – respondeu, buscando uma forma de encerrar logo aquela discussão. Simplesmente não aguentava mais ouvir a voz de sua ex - esposa, e agora, que tinha a encomenda de Regina em mãos, estava muito curioso para saber o que ela havia lhe enviado.

— Você tem certeza disso Robin? Garanto que irá se arrepender se não fizer um acordo comigo agora....- a mulher tentou mais uma vez, determinada a não sair daquela conversa de mãos vazias.

— Já tomei minha decisão Marian. Agora por favor, suma das minhas vistas. Simplesmente não aguento mais olhar pra essa sua cara deslavada. – falou o loiro, finalmente perdendo a paciência.

— Você vai se arrepender por me tratar assim Robin, eu juro que vai! – foi a ultima fala de Marian, antes que a mulher saísse porta a fora, seus saltos ecoando os passos duros que ela deu enquanto marchava para fora do escritório de Robin.

—------

Regina caminhou a passos lentos até o local onde o embrulho do correio se encontrava, seu coração disparando quanto mais perto ela chegava. Ela não tinha mais Robin, mas ao menos teria algo dele para guardar consigo, para servi-lhe de conforto por conta da dura escolha que ela havia feito.

Com os dedos trêmulos de excitação e expectativa, ela pegou a caixa nas mãos, sentando-se no sofá branco no canto oposto ao da mesa para abri-lo. Com algum esforço, conseguiu remover a caixa de papelão que revestia o embrulho, deparando-se com um papel de celofane vermelho que revestia um livro de grossura média.

Quando puxou o livro do papel celofane que o revestia, viu-se encarando um livro rosa de brochura, cujo titulo se destacava na capa, aparecendo em preto por cima da figura de um pássaro. “O sol é para todos”, leu em voz alta, passando um dedo pelas palavras em alto relevo enquanto lia.

Ela já ouvira falar desse livro. Era mundialmente conhecido, diziam que se tratava de uma “obra humana, uma obra que tratava da essência do ser humano”. Realmente, aquele livro parecia ser algo que Robin leria. Enquanto examinava o livro, a morena se permitiu imaginar a cena dele com aquele livro em suas mãos, perdido nas palavras contidas naquelas páginas...

Lembrou-se de que eles haviam combinado que enviariam livros novos um para o outro, mas a julgar pelo estado amarelado daquelas páginas, Robin não havia conseguido cumprir aquela parte do trato. Aquela constatação a morena não pode deixar de sorrir, afinal, ela também não cumprira o trato como haviam combinado.

Ao abrir na primeira página, deixou algo cair no chão, um envelope, uma carta de Robin. Sentindo seu coração aos pulos, Regina pôs o livro de lado e abaixou-se para pegar o envelope do chão, abrindo-o logo em seguida.

Dentro, havia uma foto e uma carta. Passaram-se alguns minutos, durante os quais ela permaneceu com o olhar preso no retrato que tinha em suas mãos. Era um retrato de Robin em um terno preto elegante, que contrastava com seu sorriso aberto e com os oceanos azuis que era seus olhos. Ele estava um pouco mais jovem do que a imagem que ela vira refletida no espelho, mas seu brilho inconfundível permanecia intacto.

Quando finalmente conseguiu desviar os olhos da fotografia, passou a examinar a carta que ele a escrevera, deparando-se com as seguintes palavras escritas em uma caligrafia fina e elegante:

“ Olá Milady!

Como você está?

Se está lendo isso, significa que minha encomenda chegou ao destino final, o que me deixa extremamente feliz!

Foi extremamente difícil achar um livro para te enviar, mas como você me disse para escolher um dos que eu mais gostara, um que havia verdadeiramente mexido comigo, acabei me decidindo por este. A história é narrada por Scout, uma criança de oito anos. Mas não se engane, não é porque vemos as coisas por um prisma inocente que elas realmente são assim.

Eu já li e reli este livro incontáveis vezes, e sempre encontro algo novo no que pensar, espero que você tenha a mesma sorte que eu, e também se encante com esta história! Não vou contar mais noda sobre ela, quero que você leia sem influencias externas, para que possa ter suas impressões por si mesma. Sei que você é amante de literatura, então realmente espero que este livro consiga tocar seu coração de alguma forma.

Enviei junto uma foto minha (a melhor que consegui encontrar, hahahaha). Como nunca nos vimos, achei que seria bondade da minha parte saciar a sua curiosidade, que eu sei ser tão grande quanto a minha.

Bom, não vou mais me demorar aqui, afinal, não há nada que eu diga em uma carta que não possa dizer em seus pensamentos não é?

Espero que aprecie a leitura milady, foi uma honra e um prazer conhecer você!

Robin”

OS: Sei que havíamos combinados de enviarmos exemplares novos, mas não resisti e acabei mandando o meu velho e gasto exemplar, recheado de grifos e anotações, espero que não se importe.

—------

Depois que teve certeza que estava finalmente sozinho, o loiro pegou a caixa de papelão e tirou lá dentro um embrulho em papel crepom de cor azul. “A cor favorita dela” pensou, com amargura.

Dentro do embrulho azul havia um livro de capa preta e branca, com alguns pontos em vermelho. Uma capa simples, sem muitos adornos, mas que de alguma forma possuía certa força, certo magnetismo.

Curioso, o loiro folheou o livro, e dele deixou cair um envelope pardo. Então Regina tivera a mesma ideia que ele? Interessante, pensou Robin, que se abaixou para pegar o envelope que estava caído no chão, a curiosidade sobre seu conteúdo aumentando a cada segundo.

Sentindo seu coração martelar feito uma bigorna pela ansiedade que sentia, ele abriu o envelope, deparando-se com um conteúdo quase identico ao que ele próprio havia enviado. Uma foto e uma carta.

Na foto, Regina era nitidamente alguns anos mais jovem, mas não mais ou menos bonita do que era agora, ao contrario, seu encanto parecia ser o mesmo. Ela estava em uma espécie de parquinho para crianças, sentada em um balanço e sorrindo de forma espontânea. Deveria estar se divertindo muito no dia em que tirara a foto.

Robin passou algum tempo admirando aquela foto, perdido na tempestade castanha que eram os olhos de Regina, que pareciam prender sua atenção mesmo em uma foto.

Naquele momento, deu-se conta de como sentia falta dela, de como a ausência dela o feria. Mesmo em tão poucas horas de silencio, parecia-lhe que os dois estavam separados por anos e anos de distância, e seu coração doía de saudade.

Alguns minutos depois, a atenção de Robin se voltou para a carta que ainda estava em suas mãos, e ele a desdobrou, lendo as seguintes palavras na letra caprichada e curvilínea de Regina:

“Caro Robin,

Espero que esteja bem!

Não sei muito bem porque decidi escrever, talvez porque faça realmente muito tempo que não faço isso e estava sentindo falta, talvez porque quisesse falar com você por outro meio que não nossos pensamentos compartilhados.

Seja qual for o motivo, a verdade é que não tenho muitas coisas a dizer, ao menos não muitas que em algum momento de nossas conversas telepáticas eu já não tenha lhe dito.

Acho melhor começarmos pelo básico não é? Assim não corremos o risco de nos perdermos em palavras sem sentido. E o começo desta carta é...o livro.

Sim, o livro. Decidi lhe enviar este livro porque ele é um de meus favoritos. De certa forma, me mostrou que por mais que a situação esteja ruim, sempre há um jeito de nós as tornarmos melhores, mais suportáveis sabe? Este é um livro sensível e delicado, e espero que, de alguma forma, ele consiga chegar ao seu coração como chegou ao meu.

O titulo você já deve ter lido, mas vou dize-lo mesmo assim: “A menina que roubava livros”. Acredite em mim, este livro tem muito mais segredos do que este simples titulo aparenta, e eu tenho certeza de que você será capaz de desvendar cada um deles, assim como consegue descobrir os meus.

Bom, não vou me demorar muito mais por aqui. Espero sinceramente que goste a aproveite a leitura!

Ah, uma ultima coisa: sei que havíamos combinado de enviar exemplares novos, mas eu não consegui resistir e acabei enviando o meu. Ele está gasto, cheio de post-its e anotações, mas a história está toda ai, me arrisco a dizer até que há mais neste livro que esta em suas mãos do que em qualquer outro exemplar....

Beijos,

Regina”


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Notas finais do capítulo

E ai?
Gostaram?
Detestaram?
O que será que vai acontecer na vida desses dois hein?
Espero ansiosamente por reviews com muitas teorias!
Beijooos



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