O Olho de Jade escrita por xPrimrose


Capítulo 6
Shae


Notas iniciais do capítulo

Daqui uns dois dias vou viajar, então já vou deixar três capítulos aqui pra vocês lerem.
Qualquer erro me avisem, revisei agora (to com sono), então posso ter deixado algo passar.
Como vou demorar um pouco pra voltar aqui já quero desejar um feliz natal e um próspero ano novo pra todos vocês.
Que 2017 venha cheio de coisas boas pra todo mundo!



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Cinco dias. Shae estava há cinco dias sem falar com a mãe, elas nunca tinham ficado tanto tempo sem trocar palavras de afeto. Ela pretendia acabar com isso naquela noite.

Depois de se encontrar com Ely, voltou para casa. O garoto não estava muito a fim de conversar, o trabalho como pescador exigia cada vez mais dele, deixando-o mais cansado do que deveria com frequência. Shae entendia, mas aquilo não a agradava nem um pouco. Já tinha dado a ideia de que ele procurasse outro barco, mas ele gostava de seus companheiros atuais.

A porta da casa estava escancarada quando chegou, parecia que havia algo de errado. Logo que entrou ela confirmou isso, sua mãe estava caída no chão. Guardas reviravam todos os cômodos.

— O que vocês estão fazendo aqui? — ela perguntou sem se importar com o fato de que eles carregavam espadas.

Ajudou a mãe a se levantar e encarou cada um até obter sua resposta.

— Fomos avisados que nessa casa há planos de conspiração contra o rei. Estamos apenas verificando.

— Conspiração?  — Ela tentou esconder o nervosismo em sua voz. — O que ganharíamos nos rebelando contra o reino? Pelo amor dos deuses, somos apenas mulheres, são os homens que tem capacidade para tal coisa. — As palavras tinham um gosto amargo em sua boca, ela odiava dizer esse tipo de coisa, mas sabia que numa situação de perigo tinha que dizer o que queriam ouvir.

Ela ouviu uma gargalhada.

— Parece que você sabe o que diz. Vamos, a casa está limpa.

Um a um os soldados saíram da casa, deixando-a sozinha com sua mãe. Não sabia se deveria dizer algo.

— É por isso que eu disse para você abandonar essa ideia de vingança. — A Senhora Huntsman mal olhou para a filha enquanto caminhava para o quarto.

Shae ficou magoada, ela sempre ficava. Mas olhou aliviada para o quadro da cozinha onde escondia seus planos, dessa vez tudo ficara bem.

[...]

No domingo o mercado de peixe ficava insuportável. Shae não ficaria surpresa se dissessem que um milhão de pessoas passavam por ali só naquele dia, apesar de achar que a conta não chegava nem perto de tanto.

O cheiro dos animais mortos, das pessoas suadas, da lama nas botas e as fezes dos cachorros serviam para deixar a experiência ainda pior. Estava frio, mas ela se sentia grudenta com o suor que escorria pela sua testa e seu pescoço. Como Ely aguentava trabalhar ali?

Ele passava a maior parte dos dias pescando com seu chefe, mas as vezes era escalado para ficar na barraca de venda. Nesses dias Shae geralmente tentava passar algum tempo com ele, mas nunca aguentava ficar muito por ali e o namorado a entendia o suficiente para não reclamar quando ela decidia ir embora.

No fim das contas o garoto não estava no lugar de sempre, um homem fumando um cigarro estava em seu lugar.

— Onde está Ely? — ela perguntou sem se importar em ser educada, não podia parecer frágil com aquele tipo de gente.

Ele a encarou por um minuto a mais que deveria, a avaliando de cima a baixo, tirou os cabelos sebosos dos olhos.

— Você é a garota do Ely?

Ela confirmou com a cabeça.

— Onde ele está?

— É mais bonita do que pensei. — Ele abriu um sorriso amarelado. — Ele foi pegar mercadoria no porto. Se quiser pode ficar aqui comigo. — O homem piscou com um dos olhos.

— Eu dispenso — Shae disse enquanto saia andando.

— Se um dia se cansar dele, eu estarei aqui! — Ela conseguiu ouvir o homem gritando e rindo enquanto ela se afastava.

O porto não ficava muito longe, a feira era um lugar estratégico. Decidiu continuar andando, talvez encontrasse Ely no meio do caminho. Ou eles poderiam ficar juntos alguns minutos no porto, antes de voltar para a multidão.

Naquele dia não havia muitos barcos. Por algum motivo tudo parecia um pouco mais vazio do que o normal, mas havia um navio inteiramente negro que Shae nunca tinha visto antes. Não era muito comum navios estrangeiros atracarem naquele porto, mas acontecia as vezes.

Não foi difícil encontrar Ely, ele estava a poucos metros de distância, perto do barco pesqueiro e com uma enorme sacola cheia de peixes aos seus pés. Shae pensou em se aproximar, mas viu que ele conversava com uma menina e sentiu receio.

Não se considerava uma namorada muito ciumenta, Ely nunca dera motivos para crises e ela tentava evitar esse tipo de sentimento, não era saudável. Mas por algum motivo se sentiu ameaçada por aquela garota, não parecia o tipo de pessoa que tentaria roubar seu namorado, porém tinha uma energia estranha em volta dela, quase de poder.

Seus cabelos eram compridos e ruivos, a pele tão clara quanto a de Ely. Não pode deixar de pensar que eles formariam um belo casal, mas afastou aquilo, não era racional pensar assim, os dois estavam apenas conversando.

Ely percebeu que Shae o observava no momento em que ela começava a pensar novamente em se aproximar. Ele sorriu para a namorada e fez um gesto pedindo que ela se aproximasse. Com a confiança renovada, Shae parou ao seu lado.

— Shae, essa é Eve. Eve, essa é Shae, minha namorada — Ely as apresentou.

— Prazer em conhecê-la. — A garota ruiva encarou Shae por muito mais tempo do o normal, com uma expressão assustada no rosto. Por fim, sorriu. Shae ficou em dúvida do que fazer, mas retribuiu o gesto.

— Shae, Eve acabou de me salvar. Ela impediu que eu caísse na água alguns segundos atrás. — O namorado parecia realmente animado com o que havia acontecido.

— Te salvou? Como? — Shae ergueu uma sobrancelha.

— Ela... — Ely abaixou a voz. — Ela é um oráculo. Ela tem visões, viu que eu ia cair e chegou a tempo de me segurar.

A garota estreitou os olhos, aquilo era loucura. Não acreditava nesse tipo de coisa, olhou para a ruiva pensando que ela estaria com uma expressão de superioridade, mas ela parecia aflita, olhava de um lado para o outro como se estivesse sendo observada.

— Está tudo bem?

— Sim, eu só... não sei o que fazer agora. — A menina pálida soltou as sacolas que segurava.

— Ela acabou de chegar do Segundo Reino — Ely explicou. — Não conhece ninguém por aqui, não tem onde ficar.

— E por que veio para cá tão despreparada?

A garota encarou Shae por mais um tempo antes de responder. Aquilo estava se tornando desconcertante.

— A vida de um oráculo não é exatamente fácil, temos algumas regras, algumas eu quebrei. Resumindo, tive que fugir.

— Você podia deixar que ela ficasse na sua casa, Shae. Só por um tempo até ela pensar no que vai fazer — Ely insistiu.

Ela pensou um pouco, ela mal conhecia a garota, achava uma maluquice essa história de ser um oráculo e sua mãe não gostaria nada disso, mas dada a situação ela ficaria muito feliz em irrita-la.

— Tudo bem, mas só por um tempo. Antes eu preciso saber: que regra você quebrou? — Se fosse alguma lei ou algo que tornasse o caráter da garota questionável, ela jamais poderia aceita-la sob seu teto. Shae podia estar fazendo algo arriscado, mas tomaria as precauções.

Eve fitou o chão por um momento e depois ergueu os olhos para Shae, parecia que estava travando uma batalha interna de sentimentos.

— Eu me apaixonei.


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