Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7 - Freyre

É sábado e eu acordo resmungando com a batida que soa na porta, quero ignorar e voltar a dormir mas quem quer que seja não está de planos a deixar isso acontecer.

— O que você quer? – Pergunto para Apollo, quase cochilando em pé.

— Bom dia dorminhoca, o correio passou e deixou algo pra você. – Ele me entrega um pacote e eu fico confusa. Era da minha tia Elisa.

— Estranho. – Murmuro e ele olha curioso. – Você vai entrar ou vai sair fora do meu quarto?

Apollo sorri e entra, fechando a porta.

Estávamos passando muito tempo juntos ultimamente e eu não era burra ao ponto de não saber que ele queria alguma coisa.

— Pijama legal. – Ele comenta se jogando na minha cama.

— Ha-ha! – Digo com falso sarcasmo. Meu pijama era fofo, cheios de pequenos pandas, tanto no short quanto na regata. – Fique aqui e não mexa em nada.

Ele levanta as mãos e coloca atrás da cabeça sorrindo levemente. Coloco o pacote sobre a penteadeira e pego um vestido bege no guarda-roupa para me trocar no banheiro.

Tia Elisa morava na Flórida há muito tempo, sempre me mandava coisas mas ela sempre avisava por telefone quando ia mandar, enviar algo sem telefonar e ainda no endereço de Tobias era estranho pra caralho.

Fecho a porta do banheiro e faço minha higiene pessoal antes de tirar o pijama colocando o vestido bege de alcinhas, era bonito e delicado – coisa que eu pessoalmente não era -, tinha um elástico na cintura que o fazia ficar mais caidinho na saia. Resolvo fazer apenas um coque no cabelo, mas tarde eu o levaria, graças ao ser divino eu já estava sem o gesso.

— Vai sair? – Pergunta Apollo.

— Hm, não, eu raramente saio como sabe. – Digo finalmente me sentando perto da penteadeira para abrir o pacote.

— Trent vai dar uma festa hoje, venha comigo. – Chama ele, mas eu não consigo pensar em uma resposta coerente olhando para a pilha de cartas na minha frente.

Que merda era aquela?

— Freyre? – Apollo me chama.

— Hm? – Questiono despregando os olhos da pilha de cartas que estavam amarradas firmemente em um laço.

— Você está bem?

Ele se senta na beirada da cama e toca meu ombro, um simples toque, mas já atiçava a pequena chama dentro e mim.

— Isso – Aponto para as cartas. – é fodidamente estranho e sem sentido.

— São cartas, talvez devesse ler a primeira para saber do que se trata. – Fala dando de ombros como se fosse simples.

Com as mãos tremendo puxo a primeira carta devagar para que não rasgue, meus dedos parecem geleia pois demora uma eternidade para abri-la, era como se eu soubesse que não viria nada de bom daquilo.

Meus olhos correm pela letra perfeita da minha tia e eu começo a ler.

“Olá meu toquinho,

Tudo bem, eu sei que liguei para você há alguns dias atrás – quando isso chegar até você, provavelmente serão meses -, mas eu quero que saiba que eu sempre vou sentir muito pela sua perda, que queria estar ai por você nesse momento tão difícil, o momento em que você precisa tanto de alguém.

Seu pai era um bom homem, cuidadoso, carinhoso e cuidou perfeitamente bem de você.

Você deve estar me achando louca por enviar todas essas cartas, sem qualquer explicação e nem nada. Mas querida, essas cartas vão responder todas as suas perguntas.

Essa era a vontade de seu pai. Você saber toda a verdade, mesmo que vá doer.

Não te aconselho a ler todas de uma vez, e por favor escute sua velha tia. Leia um por semana ou por mês, leia com paciência e com o coração aberto.

E se, por alguma razão você nos perdoar, eu irei até você em breve.

 

                                                      Com todo meu amor, Elisa.’’

 

Eu estou chorando, mas minhas lagrimas são silenciosas enquanto caem. Seguro a respiração e rapidamente pego a segunda carta, sem me importar com o pedido da minha tia.

Sinto o olhar preocupado de Apollo em mim, mas ele não diz nada quando começo a segunda carta.

“20/01/1994 – São Paulo.

 

Eu sei que não deveria entrar em contato com você ainda mais quando ele está tão perto. Ele te ama, mas eu também, sinto sua falta querida.

Não posso esquecer da última vez que tive você em meus braços, você é tão doce mesmo com toda marra e seu estilo que eu tanto amo.

Sei que é errado o que fizemos, ele é meu amigo e parceiro, mas você é o amor da minha vida.

Preciso ver você, preciso ter você.

                                                                                     Seu, T.”

 

Fico olhando para aquela carta com confusão estampada em meu rosto. Eu queria simplesmente ler todas de uma vez, acabar com aquilo e me livrar daquela dor que rasgava meu peito novamente, mas eu não faria, pois duas simples cartas sem qualquer resposta já havia entrado em minha mente.

— Ei, você está bem? – Apollo me chama de novo.

Encontro seu olhos e balanço a cabeça, negando, sem qualquer pergunta ele me puxa para seus braços, me sentando em seu colo enquanto abraça meus ombros.

Enlaço sua cintura com meus braços e deito minha cabeça contra seu peito, não me importando de chorar em sua frente, não mais.

— Você quer conversar? – Pergunta baixinho.

— Não, agora não.

Perco o tempo que fico ali, remoendo as lembranças com meu pai, a pessoa mais importante na minha vida, que me criou e educou sozinho, nunca deixando que nada me faltasse.

Quero agradecer Apollo por ele ser a primeira pessoa em me deixar sentir toda essa emoção que guardei por esses quatro meses, me agarro a ele e choro, molhando toda sua camiseta.

Me afasto quando as lagrimas secam e olho para ele.

— Se sente melhor? – Pergunta me olhando profundamente.

Eu aceno com a cabeça e mordo meu lábio, não confiando em minhas palavras.

Nós nos encaramos e eu não soube porque fiz, não sabia se era para parar a tristeza no meu peito ou simplesmente porque queria há algum tempo, mas coloco minhas mãos no rosto de Apollo e o beijo.

Nenhum de nós dois se move por um tempo, ele parece surpreso com minha ação, eu também estava alias, mas agora era tudo ou nada. Ele é o primeiro a mover seus lábios, colocando sua língua contra minha boca, eu a abro deixando ele ter tudo de mim naquele momento.

Apollo se move me deitando sobre a cama e então ele paira sobre mim, eu passo minhas mãos por suas costas descendo-as para debaixo de sua camiseta e sentindo músculos firmes de seu abdômen.

Santa mãe!

Em um momento suas mãos então subindo pelos meus seios e eu já podia senti-los rígidos com seu toque, mas em então ele se afasta ofegante e olhando para mim com desejo estampado em seu rosto.

— Não podemos fazer isso. – Ele murmura.

— Me conte novidade, Don Juan. – Atiro de volta, descendo meu vestido.

— Não, não é pelo meu pai nem nada. – Apollo sorri torto e estica a mão para. – Venho querendo fazer há alguns dias, se não percebeu.

— Hm, mesmo? – Questiono aceitando sua mão.

Ele me puxa e me abraça pela cintura, entrelaço meus dedos atrás de seu pescoço e suspiro quando beija o meu.

— Você está claramente chateada e triste por alguma coisa que leu naquelas cartas. – Explica ele. – Não quero ser um cara que se aproveita de uma garota que está nessa posição.

— Certo. – Resmungo, ele estava certo apesar de tudo.

— E temos visita lá embaixo, estou surpreso que Brian não arrombou a porta ainda para nos fazer descer. – Continua. – Estamos há um bom tempo aqui.

— Quem está aqui? – Pergunto curiosa desta vez.

— Meu tio Thomas, ele mora fora do país é surpreendente que ele esteja aqui sem ser em um final de ano. – Conta e dá um pequeno beijo em meus lábios. – Temos que descer.

— Tudo bem, me dê apenas alguns minutos que eu vou. – Falo e quando ele está saindo pela porta acrescento. – Sobre a festa, acho que é uma boa ideia.

Apollo me dá um sorriso brilhante e sai, fechando a porta e me deixando com os pensamentos bagunçados.

Tínhamos nos beijado, não era grande coisa, talvez até poderíamos fingir que não tivesse acontecido, provavelmente era a escolha mais inteligente para nós.  

Mas merda, quem eu queria enganar?

Ele mesmo disse que passou um bom tempo pensando em fazer isso, e eu estive com os mesmos pensamentos recentemente, e eu queria de novo. Só imaginar me faz sorrir e por um momento até mesmo esqueci que eu ainda tinha alguns problemas para resolver, problemas que teriam que esperar.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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