Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 19
Capítulo 19




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Capítulo 19 - Freyre

Entro no bar com Ana ao meu lado, e os três logo atrás, como se fossem nossos malditos guarda costas.

Era o mesmo lugar de sempre, colorido e animado, Joe trabalhou por um bom tempo nesse lugar para ficar do jeito que ele queria, sem dúvidas era o seu maior orgulho. Quando namorávamos eu costuma fazer shows no fim de semana, não pelo dinheiro, mas apenas para ajudar mais com o movimento do local. Continuei fazendo por um tempo, mesmo depois de terminar com ele nós ainda erámos amigos afinal.

Não demoro muito para encontrá-lo perto do pequeno palco no canto esquerdo, o lugar estava cheio mesmo no meio de semana. Vejo quase em câmera lenta quando Joe levanta o olhar e olha diretamente para mim, primeiro encontro surpresa em seu rosto, depois um largo sorriso brilhante.

Ele delicadamente pede licença ao passar pela pequena multidão até chegar em mim. Nos encaramos por um momento antes dele me agarrar e me abraçar forte, suspirando nos meus cabelos.

Sabia que naquele momento os punhos de Apollo provavelmente estavam cerrados, mas ele teria que lidar com aquele ciúme idiota.

— Não acredito que você voltou, morena! – Joe fala sorrindo enorme. – Você fez falta por aqui, vários clientes perguntando quando voltaria a cantar aqui.

— Não estava nos meus planos voltar agora, mas vim mostrar a fazenda para meu tutor e os meninos. – Mentirosa!

— Ana não vem aqui quando você não está, como um bom cachorrinho. – Joe brinca, mas Ana mostra o dedo médio para ele.

— Vai se foder, Joe. – Fala ela.

— Joe deixa eu te apresentar os meninos. – Digo me afastando dele. – Estes são Brian, Corbin e Apollo, meu namorado.

Sinto a surpresa de Joe, estava me preparando para isso, mesmo não sendo realmente namorada de Apollo. Não oficialmente.

Joe educadamente aperta a mão dos três, mas fixando o olhar principalmente em Apollo que retribua com a mesma intensidade, um verdadeiro caso de mijo mais longe.

— O que estão achando do lugar? – Joe pergunta, seguindo os movimentos de Apollo quando ele me puxa pela cintura.

— Incrível! – Corbin responde. – Muito melhor que a cidade.

— Tem algum lugar pra trilha aqui? – Brian pergunta a Joe.

— Vocês fazem motocross? – Joe questiona intrigado.

— Sim, corremos em um pequeno círculo, nada profissional apenas um hobby. – Apollo responde.

Que merda? O que eu tinha perdido ali?

Há alguns minutos atrás estávamos brigando por causa do meu ex, agora eles simplesmente entram em uma conversa sobre motos?

— Caramba, então vocês têm que vir comigo para a corrida de domingos! – Joe exclama animado.

Ana sorri para mim, percebendo minha confusão.

— Olha, enquanto vocês se tornam amigos e conversam sobre isso, vou beber com Ana. – Aviso saindo do aperto de Apollo.

— Lobinha? – Ele me chama com a voz suave.

— O que? – Pergunto nada amigável, bipolar do caramba!

Apollo chega mais perto de mim deixando seus irmãos conversando com Joe.

— Sinto muito pelo o que ouve no carro. – Ele sussurra acariciando meu rosto. – Me perdoa?

— Você é estranho, Apollo, melhor segurar esse ciúme ou vou chutar sua bunda, tô falando sério! – Falo para ele.

— Isso é um sim? – Pergunta com um sorriso torto.

Maldito!

— Veremos. – Respondo, mas não resisto ao seu sorriso.

Ele coloca a mão na minha nuca e me puxa em direção a sua boca, eu respondo o seu beijo mesmo sabendo o que ele estava fazendo.

— Te vejo daqui a pouco. – Digo suspirando.

Ana e eu vamos para uma das mesas do fundo e nos sentamos, esperando pela rodada de bebidas que tínhamos pedido. Cumprimento várias pessoas conhecidas que passam por nossa mesa, o ambiente era agradável e cheio de risadas.

Fazia falta o sentimento familiar que eu sentia naquele momento.

— Você e Brian, hm? – Questiona para Ana.

— Nem vem, Brian é um idiota! – Ela responde mas sorri em seguida.

— Sei, Ana, sei! – Sorrio.

— Não posso negar que ele é atraente, mas você sabe que eu gosto de Caíque. – Meu sorriso morre na hora, odiava discutir aquele assunto com ela.

— Ana...

— Eu sei Frey, Caíque deixou claro que não gosta de mim da mesma forma da última vez, mas não é fácil simplesmente ignorar tais sentimentos, é? – Questiona com um quê de acusação.

— Não, não é.

— Aqui estão, quatro shots e uma porção de batatas. – Fred deixa tudo na mesa. – Bom ver vocês de volta garotas, vão cantar?

— Apenas Freyre. – Ana se apressa a dizer eu olho mortalmente para ela.

— Não é certeza Fred, mas vou tentar. – Digo e ele sorri antes de se afastar.

— Á melhor amiga que volta para casa sem qualquer aviso. – Ana fala quando pegamos o primeiro copo e depois viramos.

Espero até acostumar com a sensação quente que desce pelo meu peito antes de pegar o segundo shot e falo.

— Ás merdas que deixaremos para trás sem nem ao mesmo repensar! – Viramos e sorrimos uma para a outra. – Amy vai encher o saco por estarmos bebendo.

— Provavelmente vai vim com aquele discurso de, ‘’vocês ainda não tem dezoito anos, mocinhas”! – Rio dela imitando a voz da mãe, Deus, Amy realmente falaria exatamente isso.

— Ela sabe que somos uma causa perdida desde que meu pai nos defendia sempre que bebíamos desde nossos dezesseis anos. – Falo suspirando com a lembrança.

— Consigo até ouvir a voz do Seu Matthew quando ele dizia que deveríamos aproveitar a vida da melhor forma, mas com responsabilidade. – Ana diz. – Lembra quando ele enfiou camisinhas em nossas mochilas escolares?

— Só as descobrimos quando a minha rasgou e tudo caiu no chão, meu pai era impossível! – Concordo e nós duas começamos a rir descontroladamente.

Levo as mãos ao rosto para secar as lágrimas que caiam.

— Vamos beber mais! – Ana exige e levanta o dedo para Fred para pedir.

Viramos mais dois shots cada e comemos a porção como duas loucas, rimos e conversamos muito antes dos meninos chegarem em nossa mesa.

— Vocês duas já estão bêbadas? – Brian pergunta chocado. – Não ficamos longe nem por trinta minutos!

— Claro que não estamos bêbadas idiota, precisamos mais do que quatro shots cada. – Ana retruca com uma careta.

— Tudo bem? – Apollo pergunta no meu ouvido.

— Sim, e você? – Meu corpo incendeia quando sua mão desliza pela minha cintura.

— Ótimo, Joe é um cara legal, vamos correr com ele domingo. – Ele fala.

Olho para ele com um sorriso debochado. Há!

— Bom, pelo menos não vai continuar com aquela merda para ver quem mija mais longe. – Digo e olho para Corbin que parecia descolocado. – Quer dançar comigo?

Corbin me olha horrorizado, mas antes que ele responda um grande e claro não, agarro sua mão e pulo as pernas de Apollo. Paro no bar apenas para beber mais um shot e arrasto um Corbin em pânico para perto do palco.

— Freyre eu realmente não sei dançar. – Ele fala desesperado.

— Eu vou te ensinar. – O acalmo. – Coloque a mão na minha cintura.

Corbin obedece, mas fica mais vermelho que um pimentão, eu sorrio carinhosamente e coloco a mão em seu ombro.

— A música é um pouco rápida, mas vamos começar com dois passos para a direita e dois para a esquerda, vamos fazendo isso em forma de um círculo. – Sua outra mão aperta a minha e eu rio. – Vamos lá querido, apenas olhe para mim e esqueça que há outras pessoas aqui.

— Nossa, ficou mais fácil fazer isso agora, obrigado. – Corbin diz com sarcasmo.

— Vamos lá garoto, agora!

No começo Corbin pisa no meu pé várias vezes, mas não me importo e continuo o incentivando, e não demora para ele mostrar ser um ótimo aprendiz, estava orgulhosa.

— É isso aqui, Corbin! – Falo rindo quando ele pega meu ritmo. – Não foi tão difícil foi?

— Não, não foi, até gostei! – Ele afirma com um sorriso.

— A próxima coisa que irá aprender é montaria, vai ser mamão com açúcar para você. – Digo.

Ele concorda e voltamos para a mesa.

— O que você está fazendo com meu irmão caçula, sestra? – Brian pergunta alegremente.

— Eu não estou fazendo nada mauricinho. – Dou de ombros e pisco para Corbin.

— Vai me chamar para dançar também? – Apollo murmura.

— Nah, pra você eu tenho outra coisa. – Sussurro encontrando seus olhos.

— Que seria...?

— Uma surpresa. – Completo maldosamente.

Tudo bem, eu estava me sentindo um pouco alta naquele momento, não era tão forte para bebidas.

— Ana, o que pediu? – Pergunto para minha amiga que parecia discutir com Brian.

— Vodca e coca, e apenas refrigerante para Apollo e Corbin. – Ela diz. – Ah, e mais batata frita!

Conversamos e falamos sobre coisas aleatórias enquanto comíamos e bebíamos, Corbin ria tanto sobre as coisas que contávamos que chorava. Apollo beijava meu pescoço e acariciava minhas costas vez ou outra e aquelas caricias estavam me matando.

Estávamos terminando a segunda bebida quando Joe chegou na mesa para falar comigo.

— Você não pode ir embora sem cantar. – Ele fala seriamente.

— Eu não vou sem cantar. – Digo já me levantando. – Estava apenas esperando para fazer algum suspense.

— Como sempre. – Joe revira os olhos mas sorri.

— Por que não ficam perto do palco? Depois que eu cantar vamos embora, Ana está um pouco bêbada e eu tô quase também.

— Não tô bêbada nã-o! – Ana diz e começa a rir e roncar como um porco.

Sim, ela estava.

Brian passa o braço em sua cintura e caminha ao seu lado até o palco. Eu subo, pegando o microfone.

— Fred, será que podia vim até e ser usado como guitarrista por cinco minutos? – Pergunto falando no microfone.

Joe acena para Fred, pegando seu posto no bar de bom grado.

— Qual música, morena? – Fred pergunta passando a alça da guitarra no ombro.

Chego até ele e sussurro em seu ouvido o nome da música, ele sorri e acena. Olho para Apollo e lhe dou uma piscadela, ele sorri e cruza os braços contra o peito esperando por mim.

Oh querido, aguarde e aprecie seu show!

                                    Apollo

— Le’ts go! – Freyre fala com a voz sensual quando o som da guitarra faz uma pausa antes de começar.

— AI MEU DEUS, ELA TÁ CANTANDO SHANIA! – Ana grita tirando a mão de Brian da sua cintura então começa a pular.

Eu já tinha ouvido Shania Twain antes, a maioria das pessoas na minha idade certamente a conhecia, mas apesar da voz dela ser incrível eu estava vidrado ouvindo Freyre cantar.

Ela se mexia e rebolava, não tirando seus olhos de mim, estava ficando louco.

— Oh, oh, oh, I wanna be free - yeah, to feel the way I feel – Freyre se abaixa e lentamente passa a mão livre por sua perna, subindo por todo seu corpo e parando em seus cabelos. - Man! I feel like a woman! 

Todos no bar estavam a assistindo naquele momento, cantando e dançando junto a ela.

Não tinha como não ver que Freyre nasceu para fazer aquilo.

— Obrigado, agora parem por favor, estão me deixando constrangida! – Freyre brinca sobre os aplausos.

— Mais uma! – Um cara grita.

— Seria ótimo poder cantar mais, mas vamos deixar para a próxima, agora eu tenho que voltar para a casa! – Ela fala um pouco arrastado.

As pessoas acabam entendo e batendo mais palma para ela, espero Freyre se despedir do barman e Joe, eu e Brian também acenamos para ele e confirmamos a corrida de domingo.

Iriamos levar Corbin pela primeira vez, agora era só ter que lidar com meu pai sobre esse assunto.

— Gostou? – Freyre pergunta segurando meu pescoço.

— Você é minha coisa preferida no mundo. – Respondo com a voz rouca.

— Ok, vamos embora antes que vocês comecem a se agarrar novamente. – Brian fala arrastando Ana. – Não me façam vomitar!

— Vamos logo então, estou louca para chegar em casa. – Freyre diz.

Espero Brian colocar Ana com dificuldade no carro com a ajuda de Corbin, depois ajudo Freyre com o cinto de segurança, sua mão me segura antes que eu possa fechar a porta.

Me abaixo perto do seu rosto e engulo em seco quando ela sussurra em meu ouvido.

— É melhor você estar preparada amor, porque hoje nós vamos transar.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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