Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo novo postado, espero que gostem e façam boa leitura.
Beijos e até o próximo!



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Capítulo 17 - Apollo

Freyre não está na cama quando acordo, pego minha roupa e visto e vou até o quarto em que era para eu estar dormindo junto com meus irmãos para tomar banho antes de descer para procurá-la.

Apesar da situação, um sorriso invade meu rosto enquanto deixo a água cair, a lembrança do corpo nu de Freyre enquanto ela se contorcia embaixo de mim era o suficiente para me deixar duro novamente.

O quarto está vazio, meus irmãos certamente já estavam explorando a fazenda, quando chegamos estava escuro e não deu para ver muita coisa, mas dava para perceber que era um lugar incrível.

Descendo a escada estreita escuto uma batida de violão e duas vozes cantando, o som vinha da cozinha e uma das duas eu podia dizer que era Freyre quem estava cantando.

Paro na entrada da cozinha e não reprimo um sorriso quando vejo Freyre e Ana sentadas em banquetas e ambas com violões, Corbin estava sentado no chão na frente delas e Brian não tirava os olhos de Ana.

Freyre me encara por um momento, cantando e sorrindo, como se estivesse questionando o porquê de eu estar parado como um poste olhando para ela.

Não tinha a mínima ideia de qual música estavam cantando, só sabia que era country.

— I'm a country boy, I've got a 4-wheel drive, climb in my bed, I'll take you for a ride... – Freyre canta ainda sem desviar os olhos de mim.

Ana não cantava como ela, e apenas era a segunda voz, mas tocava muito bem o violão. Amy tinha um sorriso orgulhoso no rosto enquanto cozinhava, e o que quer que fosse o que ela estivesse fazendo cheirava bem.

— Caíque ama essa música! – Ana fala animada.

— Ele ama. – Freyre concorda.

— Como se chama essa música? – Corbin pergunta as duas.

— Se chama: O vaqueiro play boy do interior. – Brian responde fazendo Ana rir e Freyre mostrar o dedo médio para ele.

— Country Boy é o nome. – Freyre responde e aponta o dedo para Brian. – Continue com essas piadas e dormirá no chiqueiro!

Brian ri e levanta as mãos em rendição, sorrio e vou até Freyre, me abaixando o suficiente para beijar sua testa.

— Como está se sentindo? – Pergunto.

— Melhor. – Responde e eu semicerro os olhos para ela, que revira os seus. – Estou bem, realmente, vou seguir em frente.

— Vocês dois são fofos! – Ana diz alegremente.

— O nome Freyre e a palavra fofa nunca foram usadas na mesma frase antes. – Brian fala com mordendo uma maça.

— Eu vou matar seu irmão, estou avisando! – Freyre fala mas tem um sorriso no rosto.

— Faça esse favor a humanidade. – Diz Corbin recebendo um olhar descrente de Brian.

— Você já fez até a mente do meu irmão mais novo, o mundo está perdido. – Resmunga Brian.

— Por que não canta mais? – Corbin pede com os olhos brilhando. – Você foi tão incrível no musical!

— Musical? – Ana pergunta confusa.

Freyre olha para a amiga com culpa e sei que ela não tinha falado com ela sobre isso.

— Participei de um musical, aconteceu uma coisa e não lembrei de te contar. – Explica encarando sua amiga cheia de culpa.

— Não foi culpa dela, Ana. – Vou em sua defesa.

— Você fique fora disso! – Ana rosna para mim.

— Não brigue com ele, se não fosse por Apollo e Brian eu certamente tinha sido estuprada no banheiro de um vestiário, então me desculpe se não quis te ligar para contar sobre isso e sobre um musical ridículo. – Freyre grita para ela.

— Você deveria ter me contado! – Ana grita de volta e a cozinha está parada assistindo as duas. – Sou sua amiga, caramba!

Encaro Ana furioso por ela ainda estar acusando Freyre depois dela ter falado sobre algo tão sério, mas logo me calo. Ana tinha um olhar horrorizado, mas mantinha a fachada para forçar Freyre a continuar a falar, a expor tudo o que ela tem guardado para si mesma, não precisei de muito para entender seu jogo.

Ela conhecia muito bem, não dava para negar.

— Mesmo depois de sair daquele banheiro eu sentia as mãos dele em mim, eu não conseguia parar de vomitar, me sentia suja e descartável. – Freyre fala sem abaixar a voz. Amy olhava para ela com tanta dor que eu simplesmente não suportava olhá-la. – Ficava pensando no que poderia ter acontecido se eu não tivesse enviado a mensagem para Apollo, foi um dos três momentos mais terríveis da minha vida!

— Qual foram os outros dois? – Ana pergunta acariciando os braços de Freyre que respirava pesadamente, eu queria ir até ela, mas Brian estava ao meu lado com a mão no meu ombro me mantendo no lugar.

— Primeiro a morte do meu pai, e segundo saber que a mulher que eu deveria chamar de mãe está viva. – Freyre olha com lágrimas nos olhos para a amiga e suspira. – Eu sinto muito por não ter falado com você, eu simplesmente...

Ana a puxa para seus braços e assistimos as duas chorarem. Corbin rapidamente se levanta e vem ficar ao nosso lado, Amy secava suas próprias lágrimas tentando disfarçar o choro.

— Não te culpo, Frey. – Ana murmura. – Sinto muito que tenha passado por tudo isso, eu nunca te acusaria de verdade.

— Eu sei que você gritou comigo só para me irritar e me fazer falar, conheço seu rabo á muitos anos vadia. – Freyre fala.

— Cuidado com as palavras! – Amy chia, fazendo as duas rirem. – Freyre você deveria ter nos contado querida, nós nos preocupamos com você.

— Eu sei que sim, Amy. – Fala se afastando de Ana. – Estou bem agora tirando todo resto, Renan está na cadeia e eu tive a sorte de ter escapado ilesa, não são muitas que tem a minha sorte.

— Não mesmo. – Concorda Brian.

— Vamos parar de falar disso? Freyre não precisa ficar pensando sobre isso por todo tempo, apenas parem. – Corbin pede angustiado.

— Pararem com o que?

Me viro para ver o cara que entra na cozinha, de calça jeans velha, camiseta de flanela e botas de montaria, provavelmente tinha quase a minha idade.

— Caíque? – Freyre questiona secando rapidamente as lágrimas e sorrindo para ele.

— Quando Seu Jorge disse que a patroa estava de volta tive que vim ver com meus próprios olhos. – Ele responde sorrindo ternamente para ela. – Como está, Freyre?

Freyre corre até ele e joga seus braços em seu pescoço, os dois se abraçam e ela a gira no ar antes de colocá-la de volta no chão. Não estava gostando daquilo, meu maxilar cerrado certamente mostrava isso.

— Respira fundo, bro! – Brian diz e Corbin ri baixinho.

— Eu estou bem, e você? – Freyre pergunta a ele. – Como está Bron?

— Tô bem e Bron também. – O tal Caíque responde. – Estamos a passeio ou voltamos para casa?

— Hm, ainda não sei, é complicado. – Freyre se vira para mim e respiro fundo, acho que em parte aliviado. – Estes são os filhos de Tobias, Brian, Corbin e Apollo...

— Seu namorado. – A interrompo, esticando a mão para ele.

— Sou amigo dela à muito anos cara, não se preocupe comigo. – Caíque fala brincando e Freyre ri. – Então, o que vão fazer hoje?

— Eles não estão fazendo nada antes do almoço. – Amy se apressa a dizer. – Saiam desta cozinha antes disso e passaram fome!

Fico no mesmo lugar com Freyre enquanto os outros se sentam ao redor da mesa, certamente atentos a seriedade do aviso.

— Namorado? – Freyre sussurra.

— Tenho que proteger meu território. – Respondo sorrindo.

Ela me soca no ombro mas acaba dando um sorriso também.

— Eu vi, quase pensei que iria descer a calça e mijar em mim. – Ela ri me olhando. - Não precisa se preocupar com isso, Apollo. Se eu estiver com você não existirá outro, deve saber como tenho pavor de pessoas infiéis.

Seus lábios tremem por um momento e eu a abraço rapidamente.

— Tudo bem, chega de falar sobre isso, ok? – Digo beijando seus cabelos. – Você vai ficar bem, apenas aproveita que está aqui novamente.

Ela balança a cabeça concordando.

— Que tal cantar uma música para mim? – Peço. – Você é feliz enquanto canto.

— Sou feliz em outros momentos também. – Ela rebate olhando para mim.

— Eu sei lobinha, você apenas é mais feliz quando canta. – Digo colocando uma mecha do seu cabelo cacheado atrás da sua orelha. – O que me diz?

Freyre me surpreende com um beijo antes de se afastar e pegar seu violão.

— Então Corbin, o que você quer que eu e Ana cantemos agora? – Ela pergunta para meu irmão.

                                        Freyre

— Ai meu Deus, acho que mijei na roupa! – Ana fala engasgando com sua risada.

Estamos rindo tanto que tenho que secar as lagrimas que descem pelos meus olhos, minha barriga dói e eu não aguento mais ver aquela cena em nossa frente.

Brian e Corbin corriam furiosos atrás das galinhas que haviam escapado do poleiro, Apollo e Jorge apenas gritavam com os dois, também se dobrando ao meio de tanto rir.

O almoço tinha sido maravilhoso, não só pela comida maravilhosa, mas estar ali com todos eles me fez sentir realmente bem, só faltava Vivian e Tobias para tudo estra perfeito. Apollo tinha dito que Tobias chegaria a noite, pois tinha que resolver alguns assuntos antes.

— Por favor, parem, apenas parem! – Ana implora aos dois que ainda corriam atrás das pobres galinhas. – Eu não posso mais rir!

Apollo finalmente fala para os dois pararem, mal conseguindo falar de tanto rir.

— Isso ai no seu cabelo é merda de galinha? – Corbin pergunta apontando para Brian.

Eu não seguro, uma gargalhada sai da minha boca e eu quase fico sem ar de rir, Ana e eu uivamos deitadas no chão.

— Sestra se não parar de rir de mim vou chutar sua bunda! – Brian rosna furioso.

— Eu não consi-go... – Falo tentando parar de rir, Brian não tinha apenas cocô de galinha no cabelo mas estava coberto de penas, Corbin não era muito diferente. – Sabe como você cheira? Você cheira a Felipa, Brian!

Ele tenta parecer irritado, mas desata a rir também.

— Você é má, lobinha! – Apollo fala oferecendo sua mão para me ajudar a levantar.

— Tudo bem – Digo respirando fundo. – quem ai quer aprender a montar?

Brian e Corbin me olham com olhos arregalados e logo acenam a cabeça.

— Seus covardes! – Acuso e olho para Apollo. – Amorzinho, o que me diz?

— Não é estranho que a primeira vez que você me chama de amor seja para me pedir algo? – Ele pergunta sorrindo. – Que tal você montar e nós apenas assistirmos antes de tentar algo assim, é perigoso eu cair de bunda no chão.

— Estou decepcionada com vocês. – Falo brincando para eles. – Vamos mostrar como se monta para eles, Ana!

Minha amiga me dá um sorriso malicioso.

— Apenas sentem e aprendam como é que se monta. – Ela diz para os três.

Chegando perto da baía eu corro em direção de Bron, que já estava selada e pronta para mim.

— Como eu senti falta de você, menina! – Digo acariciando seu pelo liso e ela bufa feliz. – Pronta para passear?

— Andei com ela algumas vezes, apenas para ela não se sentir sozinha. – Jorge diz.

— Obrigado velhote, de verdade. – Agradeço contente.

Espero Ana enquanto ela termina de selar Nina, a outra égua que tínhamos. Era inteligente não pegar um cavalo, ainda mais quando estava com Bron.

— É um bom momento para falarmos de Vivian? – Pergunto calmamente á ela quando começamos a caminhar em direção a cerca, aonde os três meninos já estavam encostados.

— Freyre, você é minha melhor amiga e eu te amo, se você fez amizade com essa garota ela realmente deve ser boa. – Ana responde.

— Você está falando sério? – Pergunto um pouco chocada.

— Sim, quero conhecê-la também, seus amigos são meus amigos. – Ela sorri.

— Eu te amo também, senti muito sua falta. – Digo retribuindo seu sorriso. – Tenho que te contar tanta coisa.

— Estou esperando por isso, apenas não quero te pressionar nem nada, mas não pense em deixar nada de fora.

— Não sonharia com isso, Ana Banana!

Antes que ela me xingue por dizer seu tão odiado apelido, coloco meu pé na pedaleira e monto Bron que parecia ansiosa por isso, bato levemente em seu traseiro e passamos pela cerca com Ana gritando comigo logo atrás.

Bron trota pelo cercado enorme da propriedade, elegante como era, Corbin me olhava maravilhado e eu sabia que apesar dele odiar a ideia naquele momento ele sentia vontade de aprender a montar.

— Você e Apollo, ein? – Ana questiona chegando perto com Nina.

— Acredita que tirei minha roupa para ele poder ver minha tatuagem no segundo dia após chegar em sua casa? – Conto ficando um pouco chocada com minha coragem naquele dia.

— Sua cínica! – Ana ri alto. – Então o bonitão aprovou?

— Quem não aprovaria, eu sou uma delícia! – Rebato sua provocação.

— Você é impossível, Frey. – Ana diz balançando a cabeça. – A fazendo não é a mesma sem você aqui.

— A fazendo não é a mesma sem meu pai aqui também. – Digo perdendo o sorriso.

— Seu pai estaria orgulhoso de você. – Fala então puxa as rédeas de Nina, a fazendo parar. – Posso te perguntar algo?

— Claro que sim.

— O que você vai fazer quando sua, hm, mãe vir até você?

A pergunta de Ana não me irrita ou me deixa triste naquele momento, enquanto vinha para cá me perguntei isso por todo caminho, e sempre chegava a mesma conclusão.

— Primeiro eu vou dizer o que está entalado na minha garganta, ela vai ter que engolir tudo caladinha. – Respondo. – Segundo, eu vou esfregar em sua cara como meu pai foi maravilhoso, como ele sempre foi tudo o que precisei na vida e que ela nunca fez falta para mim.

— Mas Frey, ela meio que estava na sua vida. – Ana diz constrangida.

— Uma vida cheia de mentiras não é uma vida de verdade. – Retruco. – E por último, vou perguntar a ela se valeu a pena abandonar a mim e ao meu pai.

— Você não quer conhecê-la? – Questiona.

— Não, ela também não quer Ana, se quisesse teria lutado para fazer isso anos atrás. – Digo amargurada. – Posso seguir minha vida sem ela.

Antes que Ana continue nesse assunto volto minha caminhada com Bron, um pouco mais rápido. Em pouco tempo estávamos galopando em círculo se os meninos não estivessem tão animados nos olhando e gritando eu teria ido para outro lugar para correr com Bron.

O vento batia em meu rosto soprando meus cabelos para trás, me fazendo respirar mais aliviada e me sentir mais leve. Estar de volta em minha casa era simplesmente libertador, doía ainda lembrar que uma grande parte daquele lugar estava com um grande vazio.

Eu não sabia ainda como iria tocar a fazenda da minha família, eu nem mesmo tinha dezoito anos e a simples ideia de lidar com tudo aquilo me fazia estremecer.

Sim, eu cresci a vendo funcionar, sabia de tudo que se passava ali, mas agora eu estava sozinha e era completamente diferente.

— Vocês querem ir na cidade vizinha daqui? – Pergunto aos meninos, parando com Bron perto da cerca.

— Tem uma cidade por aqui? – Pergunta Brian, surpreso.

— Sim, tem. – Ana quem responde, parando também. – É a típica cidade do interior, poucas pessoas, poucos lugares para sair e pouca coisa para fazer.

— Então por que ir até lá? – Brian volta a perguntar e eu quase rosno para ele.

— Por que não para de ser chato e apenas diga sim? – Questiono. - Abusado.

— Eu quero ir. – Corbin fala timidamente.

— Nós vamos. – Apollo responde pelos três.

— Tudo bem, se vamos sair temos que responder resolver o problema dos três. – Ana diz com desgosto.

— Qual seria nosso problema, espertinha? – Brian debocha.

— Suas roupas. – Responde com desgosto. – Não podemos deixar vocês vestirem isso quando vamos ao bar mais famoso daqui.

Eu seguro uma risada e balanço a cabeça concordando quando os três me olham, esperando por uma confirmação. Apenas imaginar os três com camisetas xadrez, calças apertadas e botas me fazia querer rolar no chão de tanto rir novamente.

Mal podia esperar para presenciar isso.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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