Jovens Bruxas: O Quinto Elemento escrita por AlexW


Capítulo 7
Capítulo 7




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THE GOOD WITCH era provavelmente a loja mais antiga de toda Mystic Village. A Sra. Wilson sabia muito bem disso, mas isso não significava que ela gostava de frequentar aquele lugar. Ela não era fã número um de bruxas, feitiços e muito menos de objetos mágicos.

       Entretanto, era lá que a Sra. Wilson estava naquele momento. Gostando ou não, ela precisava estar lá.  

       Onika Woodard era proprietária e gerente da loja. Antes dela, o local pertencera a Geechee Woodard, mãe de Onika. A loja fora inaugurada pela avó de Onika, Ilanga Woodard.

       Conforme a Sra. Wilson se aproximava do balcão, Onika achava tudo muito engraçado.

       – Macacos me mordam se você não é Verônica Wilson, a primogênita de Esther Cooley. Eu soube que você nem usa o sobrenome da sua mãe. É verdade?

        – Oi pra você também, Onika.

        – Que bons ventos te trazem aqui? E quando eu digo aqui, estou me referindo a esta cidade. Da última vez que eu a vi, você jurou nunca mais colocar os pés por aqui de novo.  

        – Como você sabe, minha mãe morreu.

        – Há dois meses. Sim, eu sei.

        Onika Woodard era uma bruxa ancestral, ela recebia os poderes das familiares que vieram antes dela. A morte de uma bruxa ancestral raramente significava motivo de tristeza para a mais nova da família. Afinal, a partir daquele momento a nova escolhida poderia canalizar os poderes de todas as ancestrais que já morreram.

        A Sra. Wilson ainda se lembrava de como Onika ficara feliz quando recebeu a notícia de que a mãe estava morta.

        – O que você quer? Você precisa de um feitiço? Talvez uma poção do amor, talvez não? Não, da alegria. Bem, me diga você. Eu também posso ler as cartas pra você, se quiser.

       – Pode parar com esse teatrinho, Onika. Você sabe muito por que eu estou aqui e por que eu voltei para esta cidade.

        – Sim, eu sei, foi um dos dons que eu herdei da minha mãe e que ela herdou da minha avó: a intuição. Eu sabia que você estava de volta à cidade, mas, acima de tudo, eu sei o motivo da sua volta, as minhas ancestrais me contaram. O problema é a sua garota, não é? Como ela se chama?

        – Ally.

        – Um belo nome. Eu suponho que ela seja bonita. Afinal, Verônica, você é um colírio para os olhos. Beth, sua mãe, fazia muito sucesso com os garotos. Você sabe, quem sai aos seus, não degenera.

        – Eu receio que não seja o caso de All. Ela é, sim, uma garota bonita, mas não se parece em nada comigo. – A Sra. Wilson hesitou por um instante. – A minha filha se parece muito com a minha mãe, a personalidade das duas chega a me assustar.

        – E isso é uma coisa ruim? Digo, Beth não era uma pessoa má, aqueles que a conheciam tinham orgulho dela. No mundo mágico ela é até celebridade. – O papo estava bom, mas Onika gostava de ir direto ao ponto. – Por que você está aqui, Verônica?

        – Você sabe.

        – Será que sei? Eu sei de muitas coisas, mas às vezes eu apenas acho que sei. Acho que, na verdade, eu sei muito pouco.

        – Chega de joguinhos, Onika. Eu estou aqui pra saber se a minha filha é...

        – Uma bruxa? Por que você faz parecer algo ruim?

        – Chega, por favor, e me responda: Ally é ou não uma bruxa?

        – Cara Verônica, você não estaria aqui se já não soubesse a resposta, não é mesmo? Você só veio aqui procurando um pouco de paz de espírito, mas, infelizmente, eu ainda não tenho uma poção para isso em um frasquinho.

        – Onika, minha filha... minha Ally, ela foi...

        – Escolhida pela deusa? – Onika fez silêncio e olhou no fundo dos olhos da mulher que conhecia tão bem. – Pode ter certeza que sim. Sua Ally foi escolhida a dedo pela deusa para reger um dos cinco elementos.

        – Como você pode ter tanta certeza?

        – Não seja tola, Verônica. Eu sinto as coisas, eu sinto as mudanças antes mesmo de elas acontecerem. E agora eu sei que os cinco elementos, Fogo, Água, Ar, Terra e Espírito, estão prestes a se alinhar de novo e não há nada que você possa fazer para impedir isso. Caso você esteja cogitando pegar sua filha e ir embora antes do dia de amanhã, eu aconselho você a não fazer isso. Os cinco elementos estão próximos, eu consigo sentir.

        – O que vai acontecer? Você consegue ver?

        – Não, até as minhas visões são limitadas às vezes. Mas eu sei de uma coisa: se a deusa precisou escolher novas garotas, isso significa que um grande mal deve estar se aproximando, algo tão maligno quanto o primeiro dos males.

        – Você acha que... não, não é possível. Da última vez, minha mãe e as escolhidas aprisionaram o corpo dele nas profundezas de um vulcão. Ele jamais conseguiria escapar daquela prisão, tudo o que restou foram histórias.

        – O mal nunca irá acabar, Verônica. Assim como o bem, ele sempre estará presente, neste e em qualquer outro mundo. Por isso, eu não teria tanta certeza assim.

        – Mas, por que agora? Depois de tantos anos!

        – Como eu disse, às vezes eu acho que sei de tudo, mas às vezes eu simplesmente não sei de nada. Engraçado, não é?

        Onika não iria dizer mais nada, Verônica sabia disso. Ela então se virou sem dizer tchau e foi em direção à saída.

        – Anime-se, Verônica.

        A Sra. Wilson então se virou para encarar a velha bruxa.

        – Eu sei que a maioria dos pais deseja que seus filhos se tornem médicos ou advogados. Mas a sua filha agora é muito mais especial, ela foi escolhida pela deusa para reger um dos elementos mais poderosos deste e de qualquer universo. Ela é uma bruxa. Eu, em seu lugar, não poderia estar mais orgulhosa da minha cria.

        Depois que a Sra. Wilson saiu da loja, Onika gargalhou de um jeito que não havia gargalhado há muito tempo.

~

Ally pagaria mil dólares pra não participar da aula de Educação Física. Infelizmente ela não tinha este dinheiro e, pior que isso, a treinadora McGroove não tinha cara de quem aceitaria o gentil suborno de uma aluna.

        – Certo, meninas, juntem-se aqui. – McGroove utilizou o apito para chamar a atenção das alunas, que estavam dispersas em pequenos grupos pela quadra. Exceto Ally, que estava sentada sozinha nas arquibancadas. – Hoje nós vamos jogar queimada. – Ela então começou a escolher as garotas. – Você, garota que se parece com um gato molhado. Você, loira, a garota de nariz grande e a garota de pernas finas. – É um fato, a treinadora McGroove tinha um jeitinho todo especial de tratar suas alunas. – Segundo time: você, baixinha – esta era uma garota que estava parada ao lado de Ally. Sim, o apelido fazia jus à garota. – Você, garota que se parece com a Joan Van Ark quando era bonita. – Ally então percebeu que a treinadora estava se referindo a ela e juntou-se à baixinha no outro lado da quadra. Logo, outras duas garotas se juntaram a elas.

        O outro grupo estava com a bola, a garota que parecia um gato molhado foi a primeira a jogar. Ela não fizera muita força, por isso a garota com cara de raposa do time de Ally conseguiu pegar a bola sem esforço.

        – Vamos lá! – A treinadora gritou. – Coloquem mais força nisso! Até a minha avó, que tem reumatismo, joga melhor do que vocês.

        Cara de raposa jogou a bola com força, mas ainda assim a garota loira do time rival conseguiu segurar a bola.

        – Por favor, não prestem atenção em mim. – Ally ouviu a baixinha resmungar.

        – Você não é muito fã de esportes, não é? – Ally comentou.

        – Você está brincando? – A baixinha encarou Ally. – Eu odeio e o pior é que alguém sempre acaba me acertando em cheio. Eu não duro mais do que dois minutos nessas coisas. 

        A garota poderia considerar aquele o seu dia de sorte. Enquanto ela estava distraída, conversando, a garota de pernas finas do time rival resolveu pegá-la de surpresa. Infelizmente ela não podia contar com os bons reflexos de Ally, que fez o favor de pegar a bola a poucos centímetros de atingir o rosto da garota baixinha.

        – Jesus! – Baixinha exclamou. – Obrigada, você tem ótimos reflexos.

        – Vocês duas – a treinadora utilizou o apito de novo. – Isso aqui não é o chá das cinco. Menos conversa e mais ação.

        Com a bola nas mãos, Ally passou na frente das outras garotas. Ela mirou na aluna de nariz grande e em seguida jogou a bola.

        A garota mal pôde perceber o tiro de canhão que vinha em sua direção. Quando ela se deu conta, a bola que Ally jogou já havia acertado o lado esquerdo do seu rosto. Ela buscou ajuda em uma das garotas do time para não cair, mas foi inevitável. Com uma bolada, Ally derrubou duas garotas.

        – É disso que eu estou falando! – A treinadora comemorou.

        As garotas do time parabenizaram Ally enquanto ela voltava para seu lugar.

        – Caramba, garota, você é forte! Você come espinafre? – Baixinha perguntou.

        – Pode-se dizer que sim. – sorriu. – Eu me chamo Ally.

        – Bonnie.

        Onika estava certa.

        Cinco minutos depois o time de Ally foi declarado campeão, elas tiveram apenas uma perda. Enquanto Ally comemorava com Bonnie e as outras garotas, ela viu algo que repentinamente despertou seu interesse.

        A porta no fundo da quadra, que dava acesso ao campo de futebol, foi aberta e alguns jogadores do time de lacrosse começaram a atravessar, indo até o vestiário masculino. Eles estavam sujos e suados.

        Um deles tirou o capacete enquanto atravessa a quadra e Ally pode ver Finn pela primeira vez desde que chegara a Mystic High. Naquele instante ela cogitou ir falar com ele. O plano parecia bom, mas ela teve que deixá-lo de lado quando ouviu uma das garotas do time rival chamar Finn pelo nome e em seguida correr para poder falar com ele.

        O jogador estava conversando com ela, Ally notou que eles já se conheciam. Finn parecia estar à vontade e a garota tinha toda liberdade para tocá-lo no ombro, enquanto sorria de alguma coisa que ele dizia.

        Era bom demais pra ser verdade.

        – Está tudo bem? – Bonnie perguntou.

        – Sim. – Ally respondeu por educação.

~

Bonnie era super a fim de Jake Stowe, isso todas as amigas dela já sabiam. Ally também estava perto de ficar a par da situação.

        Elas estavam caminhando juntas pelo corredor, a aula de Educação Física havia acabado dois minutos antes de o sinal tocar. Ally queria pegar um livro dentro do armário antes da próxima aula.

        – Você é jogadora profissional, não é? – Bonnie perguntou. – Eu nunca vi ninguém acertar uma bola com tanta precisão.

        – Não, nada disso. Na verdade, eu acho que tive muita sorte.

        – Queria eu ter essa sorte.

        Bonnie então viu Jake. Eles não tinham aulas juntos na terça-feira, o que, para Bonnie, era uma tortura. Ele estava parado na frente do armário, colocando alguns livros dentro da mochila.

        Cabelos e olhos escuros, sobrancelhas grossas e lábios finos. Nem se Bonnie soubesse um feitiço de criação ela conseguiria criar um garoto mais bonito do que Jake.

        – O que foi? Por que você parou? – Ally perguntou.

        Bonnie virou de costas, como se estivesse prestes a fazer todo o caminho de volta para o vestiário, mas ficou parada.

        – Você está vendo aquele garoto parado na frente do armário? – Bonnie perguntou.

        Ally não havia visto Jake, mas agora ela via.

        – Que gato!

        – Shh! Fale baixo! Pois é, mas, só pra você saber, ele e eu estamos, você sabe, juntos, tipo, pra valer.  

        – Sério? Que demais! Você tem mais sorte do que eu. Mas por que você está de costas? Você não deveria, sei lá, ir até lá e enfiar a sua língua dentro da garganta dele ou algo do tipo?

        – É complicado. – Bonnie então começou a explicar. – Jake e eu estamos juntos, o problema é que ele ainda não sabe disso.

        – Entendo.

        – Eu pareço louca?

        – Não, que nada, nem um pouco. – Totalmente louca, louquinha de pedra, no mínimo virada da cabeça, Ally pensou.

        Ally abriu seu armário, que coincidentemente ficava ao lado do de Bonnie, e tirou lá de dentro o livro de Química.

        O sinal tocou.

        – Onde fica a sala cento e um? – Ally perguntou.

        – No segundo andar. – Bonnie respondeu.

        – Certo. Eu preciso ir, até mais.

        – Tchau. – Bonnie quis completar. – Ah, e obrigada de novo por me salvar da bolada.

        Ally foi em direção ao segundo andar.

        Bonnie estava guardando um caderno dentro do armário quando ouviu alguém perguntar atrás dela:

        – Você tem um lápis extra, que possa me emprestar?

        Lentamente ela virou para trás e quase gritou quando encarou o belo Jake Stowe parado há poucos centímetros dela.

        – O que... O que você disse?

        – Eu tenho aula de Matemática agora e não consigo encontrar o meu lápis. Você tem algum sobrando por aí, que possa me emprestar?

        Bonnie estava com um lápis nº 2 na mão, ela indicou que ele poderia pegá-lo, se quisesse. Quando Jake segurou a outra parte do lápis, os dedos dele encostaram nos de Bonnie. Naquele momento ela sentiu uma imensa vontade de abrir uma cratera no chão, só de felicidade.

        – Você está bem? – Jake perguntou. Bonnie notou que ainda estava segurando o lápis, então rapidamente ela soltou o objeto.

        – Sim, estou ótima.

        – Nós temos algumas aulas juntos, certo?

        – Matemática na quarta-feira. – Bonnie sabia o horário de cor. – E Literatura nas sextas.

        – Legal. Valeu pelo lápis, depois eu devolvo – Após dizer isso, Jake se afastou.

        Bonnie estava tão feliz que poderia até começar a atirar fogos de artifício do meio dos peitos, igual à Katy Perry. Mas, para a segurança dos alunos, era melhor que ela não fizesse isso.

        Ela teve que se contentar em exibir um sorriso vitorioso até a sala de aula.

~

Skylar Robinson odiava as panelinhas da escola. Primeiro, porque ela não fazia parte de nenhuma delas e, segundo, porque ela era quase sempre o alvo destes grupos fechados.

        Todos já consideravam Skylar uma garota estranha. Mas, agora que ela resolveu manter o cabelo azul-turquesa, as piadinhas que ela estava costumada a ouvir haviam atingido um novo nível. Skylar não iria aceitar isso, ela nunca se autodeclararia uma pária.

        – Ouvi dizer que ela começou a usar LSD. Será que é verdade? – Skylar ouviu uma garota sussurrar atrás dela na aula de Química.

        – Quem duvida? Você sabe de quem ela é filha.

        Skylar queria, mais do que tudo, transformar as duas garotas em sapos-bois. Mas nenhum feitiço que ela havia decorado poderia ser feito sem chamar a atenção de toda a turma.

        Skylar era filha de Maureen Robinson: mãe, ex-professora da Universidade Village, cozinheira e traficante de metanfetamina. Maureen foi presa no final do ano passado, mas Skylar e o Sr. Robinson não sabiam de nada. Eles, assim como metade da cidade, foram pegos de surpresa quando Maureen foi presa. Por culpa da mãe, as coisas nunca mais foram as mesmas para Skylar.

        O caso, no ano passado, foi descrito pela imprensa como “Breaking Bad da vida real”. Skylar visitou a mãe na cadeia apenas uma vez.

        – Eu soube que a mãe dela ainda trafica na cadeia.

        Skylar virou o rosto para trás, apenas um pouco e sem chamar a atenção de ninguém. Porém, ela viu justamente o que precisava ver. A garota que acabara de falar mal da mãe dela estava segurando uma garrafa com água há poucos centímetros da boca. Antes que a garota pudesse beber, um jato de água voou da garrafa, acertando-a em cheio no rosto. A aluna então começou a tossir e a enxugar o rosto com a manga da blusa.

        – Você vai precisar de fones de ouvido. – Skylar escutou a menina ao lado dizer. Ela não a conhecia.

        – O quê? – Skylar perguntou, desconfiada.

        – Por conta dos comentários idiotas. Nada melhor do que ignorá-los. Acredite, eu sei e, neste caso, o melhor remédio são fones de ouvido.

        – Valeu pela dica. – Skylar sorriu. – Eu não havia pensado nisso.

        – Olha só o cabelo dela, ela tá parecendo um saco de metanfetamina ambulante. – Skylar e Ally ouviram a menina, que há pouco estava se afogando, comentar.

        – Mais alguma dica? – Skylar perguntou.

        – Bem, se os fones de ouvido não funcionarem, você poderá sempre usar o plano B: chutar a bunda dela daqui até a cidade mais próxima.

        Skylar sorriu.

        – Mas eu preciso alertar você: fazer isto pode trazer alguns probleminhas.

        – E eu achando que seria fácil e indolor. – Skylar sorriu e a garota também. – Obrigada. Ah, qual é o seu nome?

        – Ally. Eu acabei de me mudar.

        – Bem-vinda a Mystic Village, Ally. Eu me chamo Skylar. – Ela apertou a mão de Ally. – Agora me diga: o que diabos você fez para vir parar aqui?

        Foi a vez de Ally sorrir.

        – Eu tenho sido uma garota muito má.

        – Bem-vinda ao clube.

        – A propósito, eu gostei do seu cabelo.

        Era oficial: Skylar gostava de Ally.

~

O almoço seria provavelmente a parte mais difícil do dia, Ally já estava ciente disso. Na verdade, ela acordou imaginando que teria que almoçar nas arquibancadas do lado de fora. Ou pior, no banheiro.

        O refeitório já estava abarrotado de alunos, cada grupo reunido, enquanto Ally estava parada no meio do refeitório com uma bandeja nas mãos. 

        Ela pensou que ficaria ali parada até o sinal tocar, mas um vulto azulado, no fundo do refeitório, chamou a atenção dela. Esticando o pescoço ela avistou Skylar, a garota que conheceu na aula de Química, mas ela não estava sozinha. Marissa, a garota da aula de Biologia e Bonnie, da aula de Educação Física, estavam todas juntas. Normalmente Ally não chegaria de supetão, mas, naquele momento, ela sentiu uma estranha simpatia por aquelas garotas. Algo a dizia que, se ela se aproximasse, as garotas não a mandariam embora. E aquilo era tudo que ela precisava.

        Ally se aproximou como se já conhecesse aquelas garotas há muito tempo, ela se sentia estranhamente confiante.

        – Oi. – Ally disse.

        – Oi, garota. – As três responderam em uníssono.

        Skylar, Marissa e Bonnie se entreolharam.

        – Vocês a conhecem? – Skylar perguntou.

        – Sim. – Marissa e Bonnie disseram juntas.

        Ally sorriu.

        – Coincidentemente eu tive aula com vocês três.

        – Que demais! – Bonnie sorriu.

        – Sente-se. – Marissa disse.

        Era tudo que Ally precisava escutar, então ela puxou uma cadeira e se sentou.

        – Como foi o primeiro dia de aula, até aqui? – Marissa perguntou.

        – Cansativo. Na maior parte do tempo eu estou atrasada para as aulas. Eu não sei onde ficam as salas e raramente alguém resolve me ajudar.

        – É melhor você ir se acostumando – disse Skylar. – A maioria dos alunos aqui são abutres rudes.

        – Exceto vocês três. Vocês foram gentis comigo.

        – Você me salvou de levar uma bolada na cara. O mínimo que eu posso fazer é ser gentil com você. – Bonnie sorriu.

        – Então, Ally. De onde você vem? – Marissa perguntou.

        Ally deu uma mordida no sanduiche que trouxera de casa.

        – Daqui e dali, mas eu morei muito tempo por acolá.

        – Misteriosa. Gostei – disse Skylar.

        Marissa e Bonnie sorriram.

        – Você já encontrou alguma garota que quer estrangular? – Bonnie perguntou.

        – Uma porção, na verdade. – Ally então se lembrou. – Argh. Marissa, me desculpe, eu sei que aquela garota é sua amiga e, por favor, não me odeie, mas ela é irritante.

        – Que garota? – Bonnie perguntou.

        – Você está me perseguindo?

        Parada ao lado de Ally, com um saquinho na mão, estava Regan.

        Ally ergueu os olhos e encarou a ruiva furiosa, depois virou o rosto e viu as outras meninas, que estavam perplexas. Menos Marissa, ela já sabia que Ally e Regan haviam se estranhado feito dois gatos.

        – Deixe-me adivinhar: todas vocês são amigas?

        Bonnie balançou a cabeça, confirmando que eram. Marissa e Skylar responderam sim em uníssono.

        – O que você está fazendo aqui? – Regan exigia saber. – Por que você sempre está nos lugares aonde eu apareço?

        – Regan, vá com calma. – Skylar disse.

        – Nós convidamos Ally para se sentar aqui, ela é legal. – Marissa disse.

        – Bem, eu estou desconvidando você. Vá se sentar em outro lugar.

        – Regan! Não seja rude. – Bonnie estava quase chocada.

        Ally deixou o restante da comida na bandeja e se levantou. Ela e Regan estavam se encarando de igual para igual, nem uma mosca se atreveria a voar entre as duas.

        – Aproveite o seu almoço. – Ally disse educadamente.

        Ela pegou a bandeja de volta e começou a se afastar.

        – Ally, não vá. – Marissa a chamou de volta.

        – Tudo bem. Eu vejo vocês, garotas, mais tarde.

        Ally jogou a comida quase intocável na lata do lixo e depois deixou a bandeja de lado. Ela estava prestes a sair do refeitório quando alguém tocou em seu ombro. 

        – Então, nos vemos de novo. – Finn sorriu.

        Ally revirou os olhos e resolveu ignorá-lo.

~

Marissa estava encarando Regan com um genuíno olhar de desaprovação. Ela odiava aquilo, os olhares de Marissa eram tão sorrateiros quanto um caçador atrás de uma presa.

        – Precisava fazer aquilo? – Marissa enfim perguntou.

        – O quê? – Fez-se de desentendida. – Eu não gosto dela, é sério, aquela garota é um mau agouro de vestido.

        – Ally é uma garota muito gentil, ela foi legal com todas nós. – Bonnie disse.

        – Bem, ela foi rude comigo.

        – Talvez você tenha feito por merecer. – Skylar declarou. Ela também não aprovou a falta de respeito de Regan.

        – Meu Deus! Ela chegou hoje e já tem defensoras? Que droga! 

        Regan tirou uma maçã de dentro do saquinho que havia trazido para o refeitório. Ignorando o falatório reprobatório das amigas, ela deu uma generosa mordida na maçã e em seguida cuspiu o pedaço em cima da mesa.

        – Que nojo, Regan!

        O pedaço da maçã que Regan havia cuspido estava podre, escurecido e malcheiroso.

        – O que é isso? – Marissa estava encarando o restante da maçã que Regan ainda estava segurando.

        O estômago de Skylar embrulhou quando ela encarou a fruta podre na mão de Regan. Dentro da maçã viam-se até minhocas. 

        Regan deixou o restante da fruta cair em cima de mesa. Em seguida ela tapou a boca com a mão e saiu correndo do refeitório.

        Somente Marissa, Skylar e Bonnie viram os restos da maçã podre se desintegrarem em cima da mesa. Marissa sentiu os olhos arderem, Bonnie percebeu um aperto na garganta e Skylar notou um desconforto no estômago.   


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