Seus lábios tinham um gosto de paz. Nossos lábios se encostaram lentamente e suspiramos juntos naquele momento. Um alívio correu por nossos corpos. Nós estávamos vivos! Depois de tudo o que passamos, essa certeza era a única que queríamos ter naquele momento e saboreamos isso. Mas seus lábios logo revogaram mais espaço nos meus. Ele me abraçava. Não só com suas mãos mais ali, mas agora também com sua língua percorrendo minha boca. Era tão bom, tão celestial senti-lo ali pra mim. Mas eu queria mais. Queria estar cada vez mais próxima, senti-lo cada vez mais vivo.

Suas mãos pressionavam seu corpo com o meu e nossos corpos balançavam em harmonia. Eu puxei por cima dos seus ombros o seu terno e nosso beijo foi quebrado quando ele olhou. Nossos lábios estavam extremamente vermelhos, mas isso só deixava o seu olhar mais vivo pra mim, o brilho de sua íris ainda mais suplicante.

— Eu não vou mais lutar contra isso. — Eu disse sussurrando.

Ele me observou e passou a me ajudar a tirar sua camisa e a minha também.

POV KURT

Eu não poderia estar mais tranquilo naquele momento. Jane estava ali, pra mim. Finalmente estávamos um com o outro, vivos. A cada vez que ela encostava seu peito no meu, eu ficava feliz em sentir rapidamente a batida de seu coração. Aquela era minha batida preferida, que estava me fazendo suspirar em paz.

As coisas logo esquentaram entre nós, e logo ela estava puxando meu terno, reivindicando uma tirada. Eu a olhei profundamente e como eu a queria. Porém, com todas as outras eu fui cuidadoso, cauteloso, porque com ela eu dormiria em um canto improvisado? Ela merecia mais. Mais de mim, principalmente. Esse pensamento porém foi embora quando ela me olhou suplicando e pediu para nós não lutarmos mais contra isso. Eu decidi não lutar mais. Eu decidi ser inteiramente dela.

Tiramos nossas blusas e sua mão passou sob meu peito. O calor de seus dedos fez eu me arrepiar e ela voltou a me beijar. Eu a agarrei ainda mais forte e logo minhas mãos estavam tirando seu sutiã. Meus beijos saíram de sua boca e ela remexeu-se em meu colo com um sorriso no rosto quando eu passei a beijar seu pescoço. Eu só queria que cada parte do corpo dela soubesse o quanto eu a amava e a cada centímetro do corpo dela que eu tocava a minha certeza disso aumentava. Ela me retribuiu com tanto carinho. Sua mão e seus lábios eram tão ternos que aqueciam cada vez mais meu coração. Logo sua mão deslizou sob minhas calças e eu também deslizei sob sua linda cintura.

Estávamos exalando suor, mas não só isso. Estávamos exalando paixão, desejo, carinho, ternura e algo novo, algo que eu não havia provado com ninguém antes disso: amor. Logo meu corpo a invadiu e a maneira com o qual nosso corpo encaixou-se fez com que aquele momento começasse a transbordar pelos nossos lábios. Sua língua esbarrava com a minha enquanto eu adentrava dentro dela, e sentia seu celestial movimento em cima de mim e nossa boca gemia junto. Eu a abracei novamente, gostando da sensação de sentir o suor pelo nosso corpo, de sentir seu corpo se flexionando sob mim. Eu queria gritar pro mundo o quanto aquela mulher me fazia feliz, o quanto eu me sentia completo ali. Entre um beijo e nossos gemidos eu a olhei, ela sorriu pra mim e logo relaxou, exalando sob nós seu prazer. Eu a abracei mais ternamente, querendo colocar ela pra sempre sob meus braços e também exalei prazer sob ela.

Suspiramos fundo, ainda recuperando fôlego, e ela deitou sua cabeça sob meus peito. Eu fiz carinho em seu cabelo bagunçado e ela brincou com sua mão em meu peitoral. Eu a observei ternamente e não pude evitar sorrir. Eu a amava muito. Independente de como eu demonstrava isso, que não era da melhor maneira. Eu só queria que ela ficasse sabendo disso. Não só por palavras ditas, mas por atitudes.

Eu precisava amá-la e precisava demonstrar isso pois ela merecia. Ela merecia mais do que eu poderia dar, mas a minha missão agora era fazê-la sentir isso, me fazer poder dar a ela tudo que ela merecia. Eu estava tão hesitante quanto a dormir ali com ela ou não, mas no final tudo havia sido diferente, porque independente do lugar eu não tinha feito sexo com qualquer uma; eu tinha feito amor com a mulher que eu mentalmente estava jurando amar pela minha vida.

XXX

Eu estava fazendo massagem em seu peitoral, ouvindo seu coração ainda batendo tão forte. Fechei meus olhos sentindo a magia daquele momento. Eu gostava de verdade dele. Sorri involuntariamente sentindo-o mexer em meu cabelo, até que eu finalmente o olhei.

Seu olhar era transparente como água pura e me fez ver além do que as palavras podiam. Me fez ver o quanto aquele momento não tinha significado somente para mim, mas também pra ele. Eu o beijei novamente, porque palavras simplesmente me faltavam para expressar tudo o que eu queria.

Compartilhamos um sorriso natural e enorme, como eu nunca achei que fosse acontecer novamente, até que ele me olhou sério.

— Você é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci. — Ele disse com um sorriso.

Respondi com um sorriso, mas logo um bocejo o deformou. Ele riu disso.

Nos sentamos e eu voltei a vestir minha roupa. Ele fez o mesmo, mas nossas pernas ainda estavam entrelaçadas, simplesmente porque não queríamos que aquilo acabasse. Eu estava com sono, mas não queria sair do seu aconchego. Minha cabeça em seu ombro estava mais confortável do que quaisquer outros lugares do quais eu havia deitado antes. Fechei meus olhos apreciando cada centimetro do seu corpo que estava colado ao meu.

— Nós precisamos dormir. — Ele disse me tirando de um cochilo ainda em seu ombro. — Eu posso deitar com você aqui, mas se você quiser nós podemos ir para minha casa.

— Eu não quero sair daqui. — Eu disse depois de alguns segundos e o olhei. — Nem dos seus braços, mas eu não quero deixar Roman sozinho.

— Roman está na cela da Nas, Jane. Ele está seguro.  — Ele disse tentando me confortar.

Eu o olhei com hesitação.

— Eu também estava quando…  — Eu quase disse CIA, mas nem sequer conseguir dizer. Não conseguia nem pensar na hipótese de deixar meu irmão ir parar nas mãos de Keaton como eu fui. Eu faria de tudo para que isso não acontecesse.

— Isso nunca vai acontecer. — Ele disse firmemente me olhando sério. — Eu fiz um acordo ao Pellington quanto o acesso da CIA a qualquer um de nosso time e de nossos recursos. Seu irmão estará seguro. — Ele completou colocando a mão sob meu rosto e sussurrando. — Eu posso ter cometido esse erro antes, e não sabe o quanto eu sinto por isso, mas eu não erro duas vezes.

— Kurt… — Eu disse com os olhos cheios de água. — Por que você não me disse antes?

Ele riu alisando minha bochecha.

— Porque você é teimosa como um inferno e continuaria aqui de qualquer modo. — Ele completou e eu ri.

Me aconcheguei novamente em seu ombro e ele beijou minha testa. Eu beijei seus lábios novamente e sorrimos. Foi a vez dele bocejar. Eu o olhei séria.

— Você pode ir. — Eu disse tranquila. — Eu ficarei por aqui, mas você deve ir descansar. Me sentirei culpada se você dormir aqui mal comigo nesse lugar. Pelo menos por hoje eu ficarei aqui.

— Por hoje. — Ele disse me dando um beijo rápido nos lábios.

— Pelo menos por hoje. — Complementei sorrindo.

Ele me deu mais um rápido beijo.

— Boa noite. — Ele disse puxando minha mão.

Eu soltei cada um de nossos dedos lentamente.

— Boa noite. — Sussurrei até que ele saiu da sala.

Agarrei a coberta que havia pegado e me cobri. As luzes ficaram baixas e meus olhos também, mas antes de dormir eu pude dar mais um sorriso. Um sorriso por saber que pelo menos uma parte da minha vida eu não tinha mais medo. Eu não tinha mais medo de sentir algo por Kurt porque naquele momento em diante eu sabia que ele sentia o mesmo por mim.