Ela era a lei escrita por Gabii Vidal


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Fiquei ontem sem postar porque tive que fazer algumas mudanças no capítulo, mas espero que gostem. ^^

Boa leitura.



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 Carlos estendeu o braço e tirou uma foto da caixa. Na foto estavam ele e Angélica ajoelhados na grama. Angélica empurrava-o enquanto ele tentava passar terra nela.
Os cabelos castanhos dos dois estavam cheios de lama, e as roupas tinham pedaços de grama em todas as dobras.

 -Você era uma capetinha... -O jovem riu fazendo cosquinha em Angélica.

 -Quem é que estava tentando fazer tratamento no meu cabelo com terra?

 -Eu tinha boas intenções. –Os dois riram e Angie tirou outra foto da caixa.

 Dessa vez eles deviam ter já uns 12 anos. Era uma foto mais formal, eles não se lembravam da ocasião, mas provavelmente era só mais uma ida à igreja.

Na foto em preto e branco, as únicas que se destacavam eram os olhos de Carlos, que saiam mais claros que dos outros por serem quase verdes.

—Você estava bonito nessa foto...

—Sempre, querida.

 Carlos usava um terno enquanto Angélica usava um vestido claro e rodado batendo nos joelhos com um rabo de cavalo.

 -E você não estava nada mal, pequena...-Ele sorriu de lado e ela deu uma leve cotovelada nele.

 -Foi nessa época que você disse que gostava de mim. -Angélica encarava a foto, com um pequeno sorriso ao se lembrar da época.

 -E foi nessa época que você me recusou...- Completou Carlos com a voz triste.

 -Foi a maior besteira que eu fiz na minha vida! Não vamos falar disso...

 -A maior? E quando você me recusou novamente dois anos depois?

 -Eu achei que você estivesse brincando...Você raramente fala sério!

 -Machucou, sabia? Mas não vamos falar do passado. Porque agora você finalmente está comigo, então tudo valeu a pena. -Ele a apertou mais.

 -Você está grudento demais hoje. –Ela riu e ele beijou a mão dela.

 -Só estou compensando o tempo perdido, não posso? -Angélica ignorou o companheiro e voltou a olhar para a caixa.

  Os dois tiraram juntos outra foto de lá, e Carlos teve vontade de devolvê-la para a estante, ou talvez jogar a foto no lixo.

 Na retrato estavam Angélica bebê, provavelmente com poucas semanas de vida, sentada no colo do Dr.Suliver que já devia ter uns 30 anos...Talvez um pouco mais.
Os pais da pequena Angélica estavam cada um de um lado do vizinho, utilizando roupas mais informais e sorrindo, mas não de forma forçada, pareciam mesmo felizes.

 -Chega de fotos. –Ele devolveu a foto para a caixa e fechou-a.

 -Concordo... -Angélica forçou um sorriso e deitou no colo de Carlos, mas não pode ficar assim por muito tempo.

 Ruby entrou no quarto sem nem mesmo bater e puxou Carlos da cama.

 -O patrão chegou mais cedo. Vá pela janela! -A empregada saiu empurrando o jovem, só parou para que não fosse responsável por uma morte ao jogá-lo da janela.

 Carlos apertou a mão de Angélica antes de saltar pela janela e sair correndo.

—Nos vemos depois! Até mais!

 -Se te vissem assim eu perdia meu emprego...-Ruby sentou-se na cama e suspirou olhando para o chão.

 -Mas não aconteceu. Agora é melhor você ir recebê-los. -A jovem sorria, feliz pelo momento que pode ter.

 A empregada concordou com a cabeça e caminhou rapidamente até a porta, enquanto a jovem deitou-se encarando o teto e começou a pensar em tudo e qualquer coisa que viesse à mente. Mas tudo que vinha era Carlos, ou memórias com ele, ou um futuro com ele. Angélica sentia-se tão ridícula quanto uma personagem de um romance. Mas sentia-se feliz, e isso era muito mais importante!

 Ouviu os pais chamando da sala, calçou-se e foi até eles.

 -Querida! Passou bem a tarde? –Perguntou a mãe abraçando carinhosamente a filha.

 -Sim, foi uma ótima caminhada. Até mesmo conversei com Valentina.

 -Valentina? –Indagou o pai confuso – Aquela garota ainda está na cidade? Faz anos que não à vejo.


 -Sim, pai. Trabalha como voluntária na tenda médica. -Angélica explicou em um tom calmo, não achava raro o pai não ter visto Valentina, ele só saia de casa para o trabalho, Igreja e restaurante.

 -Está casada? -O pai perguntou em um tom seco, sentando-se no sofá.

 -Isso é importante? - A jovem sorriu embora achasse a pergunta um pouco desnecessária.

 -Se pergunto é porque é, e então?

 -Sim pai, ela está casada e terá um filho em breve...

 -Que sorte para a família! Depois deveria convidá-la para jantar, será um prazer recebê-la. –Comentou a mãe lendo uma de suas revistas.

 -Chamarei, será incrível tê-la aqui conosco.

 -Ah, querida! –Ela tirou os olhos da revista e pegou uma sacola no chão. –Compramos para você usar no sábado! Parecerá uma verdadeira dama!

 -Obrigada, mamãe. –Ela retirou a peça da sacola. Era um conjunto em tons escuros, uma blusa de manga comprida e uma saia lápis. Angélica definitivamente não gostou, mas sabia que teria que usar mesmo assim.

 -Achei a sua cara! -A mãe parecia animada, havia até deixado a revista fechada.

 -É mesmo? –A garota estava desanimada. Amava seus pais, mas por vezes eles eram extremamente sem noção.

 -Sim. Mas mudando de assunto, já almoçou, não é? -Não durou muito, logo a revista já estava aberta e cobria a cara da mãe.

 -É claro, Ruby fez frango assado.

 -É uma pena que comi fora...-Lamentou o pai –Adoro frango assado, fazem meses que não como um!

 -Semana que vem eu faço novamente, senhor. –Ruby sorriu no fundo da sala enquanto pendurava os casacos dos dois.

 -Estarei ansioso! Mas agora por que você não vai com Angélica ao mercado? Ela deve estar entediada de ficar em casa todo o tempo!

 -Claro. Quer ir, senhorita? -Ruby se dirigia para o centro da sala, em direção a Angélica.

Angélica sorriu e se levantou do sofá.

 -Seria incrível, preciso mesmo sair de casa.

 Ruby assentiu e pegou seu xale que estava atrás do sofá.

  -Mas vamos rápido que logo todas as empregadas da região irão para lá. –Ruby voltou-se para os patrões –Querem algo em específico?

 -Não, só queremos uma grande variedade no sábado. -O patrão respondeu sem dar muita importância.

 -Entendido. Vamos, querida. -Ruby segurou a jovem pela mão e a puxou até a porta.

 Angélica acenou para os pais e saiu para a rua.


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Notas finais do capítulo

Bem, foi isso aí! Vejo vocês nos comentários.



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