Cor do Pensamento escrita por Monique Góes


Capítulo 17
Capítulo 16 - Decisão


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoas! Finalmente, hein?
Não tenho muito a dizer além de que, além do meu bloqueio criativo e depressão, meu cérebro me ama, desenvolvi ansiedade -.- Isso deixa as coisas ainda piores, mas eu estou tentando me tratar, então não se preocupem!



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Capítulo 16 - Decisão

— Claire, caramba, o seu guarda-roupa precisava de uma reforma, hein? – Zoey reclamou quando finalmente fecharam a última sacola. – Tem roupa aqui de desde quando você tinha o quê? Doze anos?

— Por aí. – respondeu. Uma mecha de cabelo escapava de seu rabo de cavalo, grudando-se contra seu pescoço. Depois de alguma insistência de Sandy, finalmente concordara em dar uma geral em seu guarda-roupa, e depois de algumas horas, estavam sentadas no chão do closet. – Agora eu tenho que ver o quê eu vou vestir, já que mais da metade das minhas roupas estão aí agora. – Franziu o cenho, murmurando para si mesma esquecendo-se momentaneamente de suas amigas – Ótimo momento para se lembrar que o Vincent me deve uma calça nova.

— Como assim? – A expressão de Zoey mudou quase imediatamente para uma quase maliciosa. – Isso explica o sumiço do seu jeans rosa?

Claire sentiu o rosto esquentando quase imediatamente. Havia dito aquilo mais alto do que pensara?

— Ok, fiquei interessada também. – Sandy brincou, dessa vez fazendo a menor rolar os olhos. – E falando nisso, nós duas temos que bancar o papel de mães, ou seja: Precisamos conhecer o Vincent.

— E contar todas as suas histórias constrangedoras para ele. – a morena completou, rindo.

— Zoe, ele me viu doente. Vocês sabem como eu fico. Quer algo mais constrangedor do que isso?

Sandy fez uma careta. 

— Justo.

— Que tal a história dos panfletos?

— Não!

— Isso é constrangedor demais, se for contar alguma, conte a do jogador de futebol. Qual era o nome dele mesmo? – a loira perguntou.

— Ei, essa foi culpa de vocês duas! – exclamou. – E parem com isso, já me basta o Josh pegando no pé dele!

As duas caíram na gargalhada.

— Sério que o Joshua faz isso?

— Faz. Ele adora interromper também, mesmo que não estejamos em casa. Ele parece brotar nos lugares.

As suas amigas riram ainda mais. O celular de Zoey tocou e já sabiam que era o pai dela, que ligava praticamente de meia em meia hora para saber se já era hora de busca-la.

— O senhor já está aqui?! Ok, eu vou descendo...

Claire abriu a boca para dizer alguma coisa. Talvez para acompanha-la até o andar de baixo, ou talvez ainda brincar sobre o pai de Zoey sempre fazer isso e ela sempre se surpreender por algum motivo, mas este foi o momento em que o seu dito irmão mais velho chegou.

— Oh, ei garotas. – Joshua cumprimentou e a menor ergueu os olhos, tendo apenas alguns segundos para processar Drake ao lado dele antes de Zoey acabar soltando um gritinho.

— Zoey, para com isso, você teve a mesma reação quando viu o Will na escola! – Sandy ralhou, se levantando.

— Ele e metade da escola. – Claire murmurou.

— Enfim, oi unicórnio, deixe eu lhe dar um abraço suado!

— Argh, não Sandy, sai pra lá! – o seu irmão gêmeo reclamou enquanto tentava escapar de Sandy tentando lhe encurralar em um canto. – Oi Claire...

— Eu tenho que descer?! – Zoey reclamou. – Sério?!

— A menos que você queira que seu pai tenha um troço, sim. Vamos, eu vou lhe levar lá embaixo. E Drake, fique à vontade!

Quando voltou, Joshua havia saído, Drake estava sentado em sua cama e conversava com Sandy. Ele parecia muito desconfortável, ainda meio pálido. Reparou que ele estava com seu gesso no lugar.

— Ok, estou de volta. Como está se sentindo?

— Melhor. Eu, hã... – ele deu uma olhadela para a loira. – Eu queria pedir desculpa pelo susto que eu lhe dei semana retrasada.

— Oh... É. – repentinamente o fato de sua amiga estar lá se tornou bem maior, e o nervosismo do garoto entendível. – Hã, eu meio que tinha prometido explicar as coisas para Sandy...

Em resposta, Drake cruzou as pernas e arrancou seu gesso num puxão. Os olhos azuis da outra se arregalaram imediatamente.

— Ei, sua perna...? Mas você não quebrou?

— Magia.

— Haha, engraçadinho.

— Na verdade... Ele não está de todo mentindo. – Claire respondeu cautelosamente, olhando para sua porta aberta. Tinha certo medo de sua mãe aparecer, mesmo que ela com certeza estivesse trabalhando, como sempre. – Mas você sumiu da mansão de Celeste e só apareceu no dia seguinte na sua casa. O que aconteceu?

— Boa pergunta. – Drake bufou, e também parecendo incomodado com a porta, com um movimento de sua mão ele a fechou com magia. Claro que aquilo fez Sandy pular.

— Mas o quê?!

— Magia. – foi o que Claire respondeu dessa vez. Então deu um pigarro. – Eu disse que ia te explicar toda a situação sobre eu e o Drake sermos gêmeos e tudo mais, e... Vamos dizer que magia existe. Por que existe.

— Ironicamente, eu estou numa banda chamada Magick. – Ele deu uma risada sem muito humor antes de se jogar de lado em sua cama. – Ok, nunca precisei explicar isso, mas eu provavelmente sou tão ruim quanto a Claire: Nós somos bruxos. Eu, ela e o Joshua.

— E o papai era também.

— Espera. Vocês estão falando que... Ah, esperem aí... – ela pressionou suas têmporas. – O Drake acabou de fechar a porta do outro lado do quarto e curou um osso quebrado em tempo recorde. Caramba...

— É. Você está indo muito bem, não surtou nem nada.

— Ainda.

— Então, hã... O papai tinha um problema familiar com o nosso avô que, digamos, tinha uma obsessão com bruxos puro sangues? – Claire olhou para Drake. – A mãe do Josh era uma Allaway.

— Bom, mais puro sangue do que nós dois.

— Espera, o Joshua não é filho da sua mãe?

— Sandy, o papai e a mamãe tem cabelo castanho e olhos escuros, o Joshua é ruivo de olhos verdes.

—... Eu nunca tinha percebido isso, e vendo agora... Cara, que burrice.

— Enfim, ele não gostou muito da história do papai ficar com a nossa mãe, que não é nem bruxa nem nada e...

— Deu merda. – Drake completou.

— É, adiantando as coisas. – pigarreou. – Pra evitar o pior, ele teve que nos separar.

O cenho da loira estava franzido. Ela não parecia estar levando as coisas no absurdo, o que era de certa forma surpreendente.

— E... Apagou, ou selou? As memórias da mamãe sobre o Drake pra evitar...

— Drama.

— Nossa vida já é um drama, vamos dizer que é para evitar estresse.

— Vendo a sua mãe agora, não sei se ela se importaria.

Claire suspirou.

— É, tem isso agora, mas essa é a história de como nós fomos separados e a nossa mãe não sabe.

Dragan estava com uma de suas orelhas erguidas para eles do outro lado do quarto, olhando-os com atenção. Claire conseguira dar uma desculpa esfarrapada para explicar o porquê do “cachorro” estar ali, e ele se mantivera quieto o tempo todo, como de costume – embora parecesse apreciar quando as meninas passavam e lhe davam um carinho.

— Mas Drake, o que aconteceu semana passada quando você sumiu? Além de assustar todo mundo.

Ele gemeu.

— Eu acordei na casa de um cara, outro bruxo. Aparentemente eu estava perambulando na rua como um louco e ele quase me atropelou.

Ambas as garotas o olharam preocupadas.

— Você fala como se fosse algo... Simples! – Sandy exclamou.

— Realmente não tem muito o que dizer. Quer dizer, ele tinha três lobos feitos de aço e teve que chamar o cunhado dele pra ver a minha perna, mas fora isso...

Claire franziu o cenho.

— Três lobos de aço?

— É.

— Ele era um cara mega alto, loiro, cheio de piercings?

Drake piscou.

— E-era.

— E o cunhado dele é albino?

— Exatamente.

— Olhem as coincidências. – Sandy deu uma risadinha.

— Então... Você foi parar na casa do James. Ele é primo do Vincent.

Os olhos dele vaguearam por um segundo, absorvendo a informação.

— Vincent, seu namora... – Drake então se pôs sentado de supetão. – Espera, então... Ele é um Rockstone?!

Sandy a olhou como se pedisse ajuda para entender, mas seu avô viera busca-la, então ela teve de ir embora antes de mais respostas.

— Mas você vai me explicar tudo direitinho depois. – avisou antes de entrar no carro.

Retornando ao seu quarto, o seu gêmeo parecia quase perdido. Dragan estava cheirando sua perna e ele mal percebia. Conseguia vê-lo passando as unhas da mão direita pelo próprio pescoço, não exatamente arranhando.

— Drake?

— Ok, também o que eu tinha vindo falar aqui... – ele esfregou os olhos. Parecia nervoso. – Você ainda se lembra do convite que recebemos?

— Pro Coven?

— Sim. – ele respirou fundo. – Você foi ver alguma coisa sobre isso, ou algo do tipo?

— Não... Quer dizer, eu fui à mansão quando o levamos para lá, mas ninguém falou nada sobre isso por causa da sua situação. Você está pensando em entrar?

— Talvez. – Suspirou – Eu... Preciso de ajuda, porque aparentemente eu tenho magia demais e depois do que aconteceu da última vez... Eu realmente preciso de ajuda.

Claire olhou-o preocupada. Claro que ele precisava de ajuda. Ainda mais considerando como ele fizera todos os objetos de sua casa levitarem e ficarem pregados ao teto durante sua crise, e ele tinha uma vida pública.

— E cara, sendo um cantor... – ele continuou exatamente do ponto em que ela pensava. – Sei lá o que o que pode acontecer. Um holofote cair em alguém não me parece muito bom, nos palcos há sempre coisas pesadas... Argh.

— Dá para entender o seu lado.

— O nosso empresário é um bruxo também. – comentou. – Wynne, o que é de grande ajuda para mim, pelo menos. Ele falou que a Celeste é uma das poucas bruxas abertas para treinar e... Ajudar. Melhor até talvez que a Papillon, e os remédios que ela faz não estão mais fazendo tanto efeito quanto antes.

— Você não quer ir lá sozinho?

— Não. – admitiu. - E sei lá, eu não me sinto exatamente à vontade para o Jean ou a minha tia irem comigo.

— Eles não são bruxos.

— É.

— Ok... Eu vou com você. Eu quase não pensei sobre o coven – admitiu – mas é o tipo de coisa que precisamos ver antes de fazer qualquer decisão.

— Sério? Valeu... – Ele soou aliviado. – Quando nós podemos ir?

— Se você esperar eu tomar um banho e trocar de roupa, podemos ir agora. Ou melhor, até arranjarmos um jeito de ir. Você tem carro?

— Não, ainda não tirei a minha carteira de motorista, o Jean que me deixou aqui antes de sair com a titia. O Joshua não tem?

— Não... Mas podemos pegar um táxi então.

Logo depois disso foi tomar seu banho e se trocar, tentando ser o mais rápida quanto possível. Drake teve que por o gesso novamente por via das dúvidas, Dragan encarando os dois sem dizer uma palavra. Ninguém conseguia falar com o anjo direito, e algo incomodava a Claire, embora não fosse exatamente sua presença. Era... Algo, embora não soubesse exatamente o quê.

— Uma saia de gatinhos? Sério?

— Me deixa.

Avisou para onde iriam para Joshua, e depois de certo tempo conseguiram pegar um táxi. O problema foi que o táxi morreu pouco antes de chegarem ao local por algum motivo, e depois de extensivas desculpas do taxista, que deixou que eles não pagassem por conta do imprevisto, decidiram ir a pé. Drake não parecia se incomodar nem em esconder o pé “quebrado”, talvez porque fingir era cansativo. Entretanto, devido ao horário, as ruas estavam relativamente vazias, e aparentemente não tinha ninguém aparecendo para pular sobre o “cantor famoso” ao seu lado.

Assim, as coisas estavam pacíficas. O outono estava ali, então as ruas estavam longe de estarem quentes, deixando o clima agradável de andar.

Quando se aproximaram de um cemitério que Claire nem sabia que existia ali, alguém lhe chamou a atenção, sentado em um banco. Cabelo loiro, roupas visivelmente claras, estava ao lado de um buquê de rosas brancas, encarando as grades dos portões do outro lado da rua.

Não conseguiu se segurar.

— Near?


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Notas finais do capítulo

Todo mundo queria isso, admitam .-.
Eu já comecei o próximo cap (yay!) então espero não demorar tanto dessa vez...



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