Cor do Pensamento escrita por Monique Góes


Capítulo 1
Prólogo - Um dia qualquer em 1920


Notas iniciais do capítulo

Ah, a continuação de Coração de Porcelana xD Provavelmente vai flopar que nem a outra, mas vou postar do mesmo jeito!
Espero que gostem! Haverá dois narradores diferentes nesta fic, e retirarei dois da fic passada :v
.
.
.
E se vocês leram os avisos e a sinopse... Vai ter um monte de coisa diferente da fic anterior :v



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713226/chapter/1

Prólogo — Um dia qualquer em 1920

Fausto viu o meio demônio sentado nas escadarias da igreja.

Que visão irônica.

Os cabelos pretos caíam sobre seu rosto, ele era pequeno e pálido, as roupas desarrumadas, e as pessoas o ignoravam enquanto passavam. Elas nem sonhavam o que ele poderia ser.

Já havia visto aquela criaturinha antes em duas situações diferentes nos últimos dias. Se ele houvesse caído na mão de qualquer outro necromante, poderia ter se considerado perdido, mas Fausto tinha um coração deveras mole.

Mas agora ele não parecia estar pronto para roubar nada de ninguém. Ele parecia... Perdido.

“É só um meio demônio, Fausto. Pare de se preocupar. Se você for falar com ele, ele vai tentar roubar a sua carteira”.

Claro que não conseguiria ficar só com aquilo na cabeça.

Atravessou a rua, indo parar bem na frente dele. A cabeça abaixada o impediu de vê-lo de primeira, mas logo depois ele a ergueu. Os olhos azuis ficaram surpresos, depois em dúvida.

— Está se incomodando com um meio demônio de novo?

— Você não deveria estar com o seu grupo aplicando golpes em alguém?

— Você não deveria estar em sua mansão, sendo um sanguessuga do Príncipe?

Aquele era um ponto. Que, aliás, não gostava, mesmo que grande parte dos nobres tentasse sugar tudo o que poderiam do Príncipe Icarus.

Os olhos esverdeados desceram. Parecia que o... Garoto usava a mesma roupa há dias. “Garoto”. Talvez ele fosse mais velho até mesmo do que Fausto. Não saberia dizer.

Ficava um pouco irritado apenas de vê-lo. Fazia-o lembrar da situação constrangedora que o encontrara na primeira vez. Com certeza não era o tipo de situação que algum nobre do império Almishak gostaria de ser lembrado.

Um sorriso havia tomado lugar nos lábios finos do meio demônio.

— O que você quer?

— O que eu quero? – a criatura se fez de ofendida. – Bom, eu quero muitas coisas... Uma casa, roupas boas, comida, talvez um carro...

Fausto franziu o cenho para ele, que deu um longo suspiro.

— Quando o senhor nobre Tinea me pegou semana passada, meus... Colegas assumiram que eu havia sido pego e seria levado ao policiamento. E a nossa regra é... Era clara. Se você for pego, nós não te conhecemos.

O nobre ergueu as sobrancelhas.

— Eles lhe chutaram?

— Basicamente. E como as minhas coisas foram compradas com o dinheiro dos golpes que nós aplicávamos... Bom. Agora estou aqui, no frio, na rua... Não é maravilhoso?

— A sua ironia dói.

 - Ora, sinto muito, senhor lorde não sei das quantas. Devo me curvar e beijar seus pés?

Por que Fausto tinha ido falar com ele mesmo?

— E o que pretende fazer agora?

— Não é como se eu nunca houvesse ficado sozinho sem nada. Eu vou fazer alguma coisa. – ele respondeu. – E não, senhor, prostituição não está na minha lista.

— Eu não tenho interesse.

— Não? Há duas semanas você parecia bem interessado...

— Eu pensei que você era uma mulher. Era diferente.

O sorriso pareceu congelar por um segundo. Fausto considerou aquilo uma pequena vitória pessoal. O meio demônio se recuperou logo depois.

— Bom, eu provavelmente vou fazer o mesmo de sempre. Bater carteiras, arranjar informação, vender informação... É lucrativo. Principalmente se você sabe como fazer isso.

Cruzou os braços. Ele estava falando como se já estivesse tentando vender os seus serviços. O nobre não era burro, e o meio demônio muito menos. Ele se criara nas ruas e era exatamente o que a sociedade considerava sendo uma escória.

E Fausto tinha visto suas habilidades antes. Poderia ser uma troca.

— O que poderia fazer?

— Não sei. – ele deu de ombros. – Procurar documentos, fraudes, orquestras de assassinato. Os nobres normalmente fazem essas coisas no submundo, então procurando nos locais certos, é fácil de encontrar. – ele então o olhou. As pupilas de seus olhos azuis eram meras fendas. – É perigoso, mas arriscar o pescoço por dinheiro também é um dos negócios mais lucrativos que existe.

Disso, tinha certeza.

— Qual o seu nome, então?

O outro lhe ergueu uma sobrancelha antes de responder.

— Grisha.

— Faça o seu trabalho direito, e eu pagarei bem. É um negócio.

O sorriso dele aumentou, antes de apertar a mão do necromante. Com a outra, escondia a carteira que deveria estar no bolso de Fausto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cor do Pensamento" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.