Lost In Time escrita por VitóriaWolf


Capítulo 18
Lost on top of each other


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! Meu cap favorito, espero que gostem como eu gosto haha
rimos muito então cuidado para não ler em público
Boa leitura



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POV Arthur 

Sinto o líquido ácido descer por minha garganta arranhando. Tenho uma súbita vontade de vomitar, como em todos os goles anteriores, mas continuo, porque a dor em permanecer são é maior do que a tontura e a loucura de um bêbado. É engraçado me imaginar em uma situação como essa e não sei o que diriam se me vissem em um estado tão deplorável assim. Bebo para esquecer meus problemas, seu sofrimento e principalmente a minha culpa. Ele está morto e já não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Eu falhei, e talvez acabar com o álcool do reino não seja o melhor jeito de enfrentar meus temores, mas é definitivamente a forma mais fácil. 

Escorrego na cadeira e olho para o armário do meu escritório tentando contar a quantidade de garrafas de vinho, rum e qualquer outra substância que encontrei na adega real que pareciam minimamente saborosas. Oito. Achei que a essa hora eu já estaria cambaleando pelos corredores sem consciência do certo e do errado, mas ainda consigo sentir minha mente me assombrando. Bufo de cansaço e levo à garrafa a boca, só para notar que já estava vazia. Me levanto e tropeço no pé da mesa, caindo no chão humilhantemente e batendo no armário, que por consequência deixa as garrafas quebrarem em pedaços, fazendo mais barulho do que eu poderia aguentar. Me ergo e piso nos cacos para chegar as garrafas cheias. 

—O que houve aqui?- uma voz grita alarmada e me viro lentamente para a porta para ver America me olhando assustada, seu cabelo molhados e pingos molhando o chão enquanto anda em minha direção. - Meu deus, você está péssimo. 

—Acho que conseguiria notar isso sem a sua ajuda. - cato a primeira garrafa de vidro que vejo e a abro com um pouco de dificuldade e dou para America, que a segura desentendida. - Pode beber. Não é pecado se deixar sofrer pela morte de um ente querido. É um luxo que a maioria não tem. - ela abaixa a cabeça, triste e encara a garrafa por um tempo, mediando se realmente deveria fazer o que sugeri.

 _É sua?- ela pergunta sem desviar o olhar.

—Meu pai. - respondo sincero e ela logo faz uma careta e deixa que o líquido asqueroso desça por sua garganta. Ela arqueia as sobrancelhas e abre a boca, fazendo uma cara de nojo, mas logo toma um segundo gole, seguido de um terceiro e de muitos outros. - Era para você me devolver. - comento sabendo que ela ficaria brava. E ficou.

 _Vai pro inferno, Arthur. - ela entorna a garrafa e se senta confortavelmente na cadeira onde eu antes estava. Cambaleio para tentar não pisar no vidro quebrado do chão e me aposso de uma nova garrafa. Me sento na sua frente e continuo fazendo o que já fazia havia horas. 

—O que estava fazendo aqui para ouvir o barulho?- ela abre uma nova garrafa e me olha, os olhos perdidos, e gargalha. Ela bebeu uma garrafa e já está completamente bêbada, rio do pensamento.

—Fui tomar banho no quarto do lado. - Sua voz estridente e alta. - Como eu odeio minha casa. - Ela segura sua garrafa e a bate, fraco, na minha.- Saúde.- ela estende a mão para o alto e deixa o líquido cair por entre sua boca. Rio. 

—Acho que vou pegar um copo pra você. - ameaço me levantar, mas ela segura um de meus braços com força. 

—Não! Sem copos, porque estragar? Está tão delicioso. - rio e dou de ombros, já não conseguindo pensar claramente. A noite não poderia ter sido mais agradável. Esvaziamos dúzias de garrafas, uma por uma, rindo e gritando como dois adolescentes irresponsáveis. Chegou uma hora que a conversa parou de fazer sentido. Eu dizia algo como as estrelas estão bonitas hoje, e ela me respondia que não, que nunca perdoaria os rebeldes pelo o que fizeram. Simplesmente não conseguia me lembrar mais do motivo pelo qual estávamos ali, antes tristes e melancólicos. Nos levantamos e dançamos desengonçadamente, sempre caindo, rindo para em seguida nos erguermos e fazermos o mesmo novamente. Abria a porta do armário a cada cinco minutos procurando algo novo, mas depois de algumas horas a encontrei vazia.

 _Acabou?- ela me pergunta, os lábios fazendo um biquinho de decepção. 

—Ainda tem o barril. - respondo animado, mas ela não me ouve. Está deitada em cima da mesa, como se fosse sua própria cama, seu vestido desajeitado em seu corpo, deixando grande parte de seus ombros descobertos, o cabelo para o outro lado, deixando sua clavícula visível. Sinto minha pulsação ficar mais rápido, meu coração bater com mais velocidade. 

—Venha, vamos. - caminho em sua direção e ela vira seu rosto, me encarando, seus grandes olhos azuis completamente abertos, refletindo a luz da lua. Ela consente em silêncio e se senta na beira da mesa. Dou um passo para frente, esperando que ela se levante, mas ela continua parada, então sem conseguir mais me controlar, a beijo. Sinto seus braços em minha nuca, suas pernas enlaçadas em minhas costas me puxando para si, para se apoiar. Sua boca tem gosto de álcool e nossas línguas se movimentam com selvageria, mas não desgrudo nossos lábios nem mesmo quando escancaro a porta que dá acesso ao meu quarto, ou quando tento desesperadamente desatar os nós nas costas de seu vestido. A deixo cair na cama e retiro minha camisa, para depois me inclinar sobre seu corpo e beijá-la novamente. Entre beijos e suspiros rimos como loucos, alegres e inconsequentes, gargalhando como malucos.

Sinto a luz por minhas pálpebras e a dor latente em minha cabeça, resmungo alguma coisa indecifrável e me viro para continuar dormindo, mas sinto algo duro em minha cabeça. Me mexo novamente tentando distinguir o que Merlin poderia ter colocado na minha cama de sacanagem. Parece osso, penso, mas não poderia ser, poderia? Ouço o som de uma respiração leve em meu ouvido e cócegas em meu pescoço. Me levanto alarmado e vejo seus cachos ruivos, o osso de seus ombros onde antes dormia. Permaneço estático, sem entender o que aquilo significa, tento relembrar algo da noite anterior que possa me ajudar, mas só vejo borrões. Saio de cima de seu corpo e me deito ao seu lado, em choque. 

—Por favor, Lucy, só mais cinco minutos. - ela resmunga ainda de olhos fechados e se mexe debaixo das cobertas, segurando meu braço e o usando como travesseiro. A olho estático e depois para o teto, sem saber o que saber.

 _America, acorde. - retiro meu braço de debaixo de seu rosto e a balanço. - ela resmunga novamente e abre os olhos, o mínimo possível para provavelmente xingar essa tal de Lucy, mas quando me vê, solta um gritinho agudo e se senta na cama, puxando rapidamente os lençóis para se cobrir. 

—O que diabos? Alguma coisa aconteceu? O que aconteceu? Nós, nós....?- ela gagueja, seu rosto completamente vermelho. Ela respira fundo e levanta o cobertor e olha para dentro.- Você por acaso também está sem roupa?- sinto a esperança em sua voz e assinto. 

—Me desculpa por seduzi-la. - digo rapidamente antes que ela possa falar alguma coisa, com certeza me acusaria. 

—Eu não me lembro...- diz mais para si mesma. 

—Eu também não. - confesso e ela me olha incrédula. 

—Então porque está se desculpando? Não acredita que eu poderia ter te seduzido?- dou de ombros, tentando escapar de sua fúria. 

—Talvez. Mas é bom pedir desculpa adiantado. - me deito novamente e bufo. - Eu vou pro inferno. Tenho certeza. Não deveria ter feito isso. Meu Deus eu vou pro inferno. - começo a praguejar em silêncio. 

—Cala a boca!- fico em silêncio. Tenho medo de olhar para ela, meu rosto está quente de vergonha, meu coração cheio de arrependimento. Eu não deveria ter feito isso. Não consigo nem ao menos olhá-la. Subitamente a ideia vêm em minha mente. Pulo da cama, esquecendo completamente que estou nu e jogo meu lençol no chão. 

—Arthur!-ela grita e se cobre. Olho para baixo e rapidamente me enrolo no cobertor que joguei no chão. 

—Ops. Já pode olhar. - ela abaixa lentamente o lençol, para ter a certeza de que já estou coberto.

—Porque fez isso?- ralha. 

—Você é virgem?-pergunto realmente interessado.

Pov America 

—Você é virgem?- ele me pergunta sem pudor e perco o dom da fala. Sei que corei, tenho certeza.

—O... o q... pra q...porq...- tento dizer algo, mas acabo por respirar fundo. Fecho os olhos pra não ter de vê-lo me encarando.

 _Se era na noite anterior então continua sendo. Não tem mancha de sangue, nem nada. - o olho confusa. - Você sabe...- ele fica envergonhado e começa a gesticular.- o que acontece...- ele engole em seco. 

—Como sabe disso. Pra ter tanta certeza?- ele assente. 

—Prefiro não ter que explicar essa parte. - respeito seu desejo, ainda é muito cedo para mais revelações, o dia já foi agitado demais.

—Então acho melhor eu trocar de roupa e ir embora. - digo depois do silêncio tenso e constrangedor que se instalou e tento me levantar sem deixar nada aparecer. O encaro e quando finalmente se toca, ele se vira para ficar de costas para mim. Me enrolo no cobertor e procuro pela minha roupa ao redor.- Você viu minha roupa?- pergunto tentando não olhar para seu peitoral exposto. 

—Essa? -ele me olha com pesar e culpa e me mostra o tecido em farrapos, rasgado em tantas partes que nem consigo contar.

 _Ótimo. -resmungo. 

—Vou pegar alguma coisa pra você. Com certeza devo ter alguma camisa aqui que caiba...- a porta se abre nesse exato momento. Não há tempo de esconder, ou de fazer qualquer outra coisa que não seja encarar o sujeito na porta. Constrangimento e embaraçamento não são nada em comparado ao que senti nesse momento, que conseguiu piorar. O lençol preso ao redor da cintura de Arthur cai, fazendo com que eu solte um grito e me vire, meu rosto queimando vermelho. O que eu fiz para merecer isso? 

Pov Arthur 

Me abaixo rapidamente e prendo o cobertor novamente em minha cintura. Merlin me encara, os olhos arregalados e a boca aberta, completamente em choque. America lentamente se vira, com medo o que encontraria. Ficamos em silêncio, os três, por mais tempo do que eu gostaria. Ninguém sabia o que dizer.

 _Não é o que você está pensando. - me apresso em dizer e Merlin parece finalmente sair de seu transe, fechando a porta atrás de si. 

—Não estou pensando em nada. Estou vendo!- ele grita. 

—Cala a boca, Merlin. Estou com dor de cabeça. - ralho de mau humor e ele alterna seu olhar entre nós dois, analisando América de cima a baixo. - Não olhe para ela, cara!- viro seu corpo para que ele fique de costas para America, mas Merlin ri. 

—Sabe que vão ter que se casar agora, não sabe?- ele continua gargalhando para minha infelicidade. -Você está adorando isso, não está?- ralho, mas ele não parece nem notar.

—Não acredito que você seduziu uma criada, ainda mais sendo ela. Se Morgana ver isso... Se Uther ver isso! 

—Nada aconteceu, Merlin. - America diz determinada. 

—Claro. - seu tom é irônico. - Vocês estão num quarto, sem roupas, enrolados em lençóis e querem que eu acredite que nada aconteceu?- sua pergunta é retórica, mas o olho como se fosse óbvia a resposta. - Vou buscar um chá para America, afinal ninguém quer ver um mini-Arthur correndo por aí. - sem dizer mais nada ele sai do quarto, mas ainda conseguimos ouvir seus risos depois de bastante tempo que ele se foi. 

—Então...- me volto para ela depois de todo esse tempo.- Acho que essa camisa servirá em você.- jogo para ela que tem dificuldades em segurar o pano sem soltar o lençol. Ela caminha em passos lentos até o banheiro e encosta a porta. Me apoio na parede ao lado da porta e a espero. -E o que fazemos agora?

 _Fingimos que isso nunca aconteceu. - ela responde abrindo a porta. -Por favor. - emenda. Minha camisa não ficou tão grande como eu esperava e as suas pernas continuavam visíveis. Tenho certeza de que encarei demais, porque ela pigarreou e me fez olhar para si. 

—Me desculpa. - digo sincero sem a olhar. - Isso não vai acontecer novamente. - minto. Essa é uma imagem que nunca sairá da minha cabeça, mesmo que eu tente.

 _ Acho melhor você trocar de roupa e buscar algumas minhas na minha casa. - assinto em concordância. Ela também não consegue me olhar.

 _Então você é virgem mesmo?- ela abre a boca chocada e me bate, o que me faz rir. - Só pra confirmar. - ela me olha sem acreditar que essas palavras realmente saíram da minha boca. 

— Fique tranquilo que você não me desvirtuou, Alteza. - Sorrio satisfeito e corro para fora do quarto, quase trombando com Merlin no caminho. 

—Está indo onde deixando a donzela sozinha?- ele tenta segurar o riso. 

—Buscar as roupas dela. - ele tenta disfarçar. -Nada aconteceu. - reafirmo com convicção ao ver a xícara de chá em sua mão. 

—É só por precaução. 

— Eu juro, Merlin, se olhar para ela e gostar do que vê...- ameaço.

—Eu sei, eu sei. - ele dá de ombros como se não desse muita importância. - Você me mata. Já sei disso. 

—Então terminamos por aqui. - me viro para continuar meu caminho. 

—Mas não é comigo que você deve se preocupar!- ele grita no fim do corredor e me viro rapidamente para respondê-lo, mas ele já sumiu. Ele está falando do ex-namorado dela? De um novo homem? Droga, Merlin! Porque você sempre tem que arruinar tudo?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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