A Médica e o Monstro escrita por Ragnar


Capítulo 1
I




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Existe uma antiga lendo vivida e presenciada pelos antigos moradores residentes de uma cidade considerada amaldiçoada. Em Eichenwalde, na Alemanha, havia uma vila pequena e graciosa que abrigava os injustiçados pelo humanos, uma cidade que continha magia e se escondia a olhos normais. Era assustadora de noite, mas inabitada de manhã, deserta. Tendo destroços de casas caídas no chão e marcas de uma guerra. 

Mas a noite tudo voltava ao seu lugar, se reconstruía e moldava ao que era conhecida, afinal de contas era Eichenwalde, a vila do rei Reinhardt Cold. Um rei que vive amaldiçoado com seu vilarejo e se transformou num rei frio, literalmente.  

O vilarejo não abriga o horror de criaturas não compreendidas, abriga historias e conflitos internos, abriga o dissentimento de duas pessoas que ajudaram e trouxeram caos a ordem já conhecida. 

A bruxa da floresta do reino verde e o monstro yokai do Japão. As criaturas que apenas se encontraram por uma questão familiar e sumiram depois do ocorrido dos campos floridos de Vergesslichkeit. 

Era o fim do mês de outubro, um mês de luto para as bruxas de Eichenwalde que lançavam feitiços em memória das bruxas de Salem e as mulheres inocentes queimadas por "crimes" que os humanos tanto condenavam entre as curandeiras apenas de folhas, não de magia e feitiçaria. Angela era uma das bruxas da Suíça, a que tinha visto com seus próprios olhos mulheres inocentes sendo enforcadas e ajudando quando ninguém mais observava.  

Houveram dois tipos de sentenças em Salem, forca ou afogamento. Se a "bruxa" flutuasse ou cortasse a corda, era culpada; se a mulher não morresse afogada, era "bruxa"; mas todas morreram, menos as que Angela conseguiu salvar naqueles dias fatídicos, as fazendo esquecer suas memórias e as levando para um lugar longe de onde foram acusadas, em conventos ou orfanatos, mas nem sempre suas habilidades funcionaram. 

Foram muitas as vezes em que chorava em culpa por não ter chegado a tempo e salvo todas. Culpa era um sentimento ruim que levava qualquer bruxa ao decaimento, a loucura.  

Com o termino de palavras ditas, cada bruxa da cidade se retirou do pequeno memorial feito com velas pretas e laranjas, alguns retratos meio queimados que Angela salvou e bonecas de meninas mortas pelas falsas acusações.  

Um suspiro pesado e uma lágrima solitária, sentia o peço em seus ombros. Levantando-se, pegou sua vassoura e a montou, voando até o bar mais famoso da cidade e onde encontraria Satya, o nome humano dessa antes de se tornar uma vampira e se tornar Symemetra. 

Seguindo pela cidade, ao oeste o Pumpkin Reaper brigava novamente com o Imortal Soldie em outro bar, quase explodindo uma barraquinha de doces para crianças skull e bruxinhas. Parada no ar, um sorriso surgia no rosto de Angela ao ver a briga já terminada, tendo Pumpkin Reaper a notando mesmo de longe. Esse tirou sua cabeça de abobora e a reverenciou, ignorando Imortal Soldier caído no chão.    

Não se tardou a demorar, fez uma pequena reverencia em retorno e voltou a voar até o bar, Three Heads of Hell. 

A placa de madeira com um cerberus estava não apenas entalhada em madeira na fachada como pintada nas laterais do bar. Pousando com leveza, a desmontou e a segurou, rumando para dentro do bar e sentando no fundo ao avistar Satya. 

Os olhos vermelhos e as roupas do mesmo tom, seu braço mecânico ainda se movia como se nunca tivesse tido a ausência do membro do corpo. Seu rosto tinha apenas uma expressão e um olhar que poderia confundir alguém por realmente prestar a atenção.  

— Doutora Ziegler — Até mesmo seu tom era num tom, bebendo seu sangue pelo canudinho do copo — Trouxe o que pedi?  

— Por favor, Symmetra, me chame apenas de Angela ou bruxa da floresta — Pegando algo da sua bolsinha de couro e colocando na mesa, um pequeno frasco branco — Como prometido — Sorriu levemente. 

— Mas antes de se dedicar totalmente a magia era uma socorrista de guerra, uma médica — Falou, pegando o frasco e o sacudindo — Esse é mais forte do que o último? — Perguntou. 

— Não, consegui uma erva do Nepal que consegue diminuir as contrações da carne, não terá riscos dessa vez — Sorriu de forma satisfeita, franzindo o cenho com a tentativa de Satya em sorrir, mas sendo um sorriso torto demais. 

O momento foi cortado entre ambas quando um globo atravessou a madeira do bar, em seguida um homem surgir e atravessar a parede de madeira e ficar aos pés de Angela. A pele escura, preta e cinza, cheia de marcas familiares. Seus olhos se abriram e não havia íris, apenas o completo branco em seu olhar. O globo retornou e Angela soube reconhecer quem era o dono. Zenyatta Skull, o que tinha lhe dado as ervas do Nepal. 

— Não irei repetir novamente, fique longe do meu irmão! — Rosnou, se levantando e olhando de soslaio para Angela. 

O braço dele parecia ferido e tinha um fluido que não era sangue, mas poderia se assemelhar a tal. Ficando ao lado do Skull, um homem de vestimentas pretas e braços mecânicos, uma espada desembainhada e a preocupação estampada em sua face. 

— Zeny, pedi para que não ouvisse as provocações dele! — O outro falou, o movimento do bar parou e todos encaravam os invasores de forma hostil — Temos que partir... 

— Ele ofendeu nossa união, Genji — O Skull Zenyatta falou de forma tranquila. 

— Quer que eu ofenda mais? — Rosnou e Angela olhou um pouco alarmada para Satya, mas essa olhava interessada para a discussão — Um Skull... — Falou com desprezo, ouvindo alguns resmungos e protestos baixos de poucos Skull's no estabelecimento. 

— E você é um yokai — Rebateu — Seu irmão se tornou um shinigami, não me rebaixe ao que sou pela culpa que sente pelo seu ato impensável ao tenta-lo fazer mal no passado — Ditou, mais firme que a última vez — Vamos, Genji — Pediu, sendo seguido pelo rapaz pelo buraco que fizeram. 

— Interessante... — Satya sussurrou e Angela notou que essa olhava para ferida no braço do "yokai" — O sangue dele...  

O olhar dela estava fitado aquele sangue e aquilo poderia ser um problema, o relicário estava com Angela e o colocando na mesa com presa. Satya se levantou e andava lentamente até o yokai e Angela abriu o relicário e com sua magia conseguiu abrir na parte que prenderia a vampira, não tinha força física o suficiente para derruba-la, mas sua magia era o suficiente. 

O yokai ouvia as reclamações da dona do bar, uma Kitsune branca que andava sobre duas pernas. Antes que ele pudesse reagir ao ver Satya indo até ele, Angela conseguiu derruba-la, a prendendo no chão com um feitiço, o único em latim em seu relicário. 

— Me solta! — Bradou com raiva, dificultando para conseguir se prender — Angela! 

— Sinto muito, você irá me agradecer novamente depois — Falou para que ela pudesse ouvir — Você! — Apontou para a Kitsune — Traga panos e o seu melhor sangue AB — Pediu, a Kitsune olhava nervosa para Satya no chão, se sacudindo — E também folhas de sabugueiro, agora vá! — Gritou. 

Os clientes se retiraram, deixando apenas os três ali, Angela tinha pedido para que esse permanecesse ali para cura-lo, o sangue dele poderia atrair qualquer vampiro na rua e mata-los já que nenhum nunca provou sangue de yokai. 

Dois panos foram deixados na mesa onde Angela estava, um saco de sangue hospitalar AB e as folhas da qual pediu. Mesmo que a Kitsune se recusou no inicio, levou o saco de sangue para Satya para isso acalma-la, o que acabou dando certo. 

— A sua garrafa de sake, por favor — Ela pediu, desdobrando uma toalha e estendendo a mão para o yokai. 

— Claro... — Sussurrou incerto, deixando de olhar para Satya desmaiada por um feitiço de Angela e entregando a garrafa — Para que a garrafa? — Perguntou. 

— A Kitsune não conseguiria trazer água em suas pequenas patas — Explicou, usando as folhas de sabugueiro e utilizando sua magia para coloca-la dentro da garrafa, sacudindo a mistura e molhando a toalha — Sinto muito pelo transtorno — Se referiu a Satya, passando o pano na ferida e o sangue azul se misturar ao tecido, ouvindo o gemido de dor contido do outro. 

— A culpa foi minha por ter me exaltado — Falou de uma forma engraçada. 

— Ofendeu outra criatura e uma união, nunca ofenda a união de um Skull, eles são leais ao que amam, é feita uma promessa de ossos e morte dentro do relacionamento de Skull — Explicou — Me admira ele não tê-lo matado. 

— Então é impossível fazer ambos se separarem? — Indagou, desapontado com a explicação de Angela, resmungando e segurando um rosnado de dor com o pano molhado em sua pele. 

— Se aconteceu o ritual, provavelmente se você machucasse o Skull, o garoto que é seu irmão sentiria a dor do amado, mesmo sendo metade de duas criaturas que é a máquina e um Skull — Explicou — Não subestime alguém pelo que ela é — Aconselhou, terminando de limpar a pele do outro e utilizando o outro pano para amarrar a ferida — Pronto, só falta um detalhe... — Sussurrou, puxando seu relicário aberto, mas tendo sua mão impedida. 

— É uma bruxa? Não acho que uma bruxa poderia me curar — O homem yokai falou, sendo cauteloso com suas palavras e soltando a mão de Angela — Desculpe, é que as bruxas da minha terra são traiçoeiras... 

— De fato, as bruxas da terra do sol nascente são inteligente demais para caírem em truques falhos dos homens, são o que são por ouvirem muitas mentiras e serem enganadas, não tiro a razão delas por serem assim — Contava, seu olhar encarando o branco do olhar do yokai — Mas antes de ser uma bruxa, fui socorrista de uma guerra e de várias outras, então como humana, peço que confie em mim, não irei cobrar nada de você — Sussurrou, tendo apenas o aceno em concordância do outro. 

Ele parecia ter aceitado bem a ideia de ser curado no final para cicatrizas com magia de uma bruxa, ficando em silêncio quando Angela proferia de forma rápida, finalizando e fechando o relicário por fim. 

Desfez o feitiço que prendia Satya no chão e a pegou quase que arrastando para a parede, ouvindo a Kitsune voltando e reclamando em japonês para ambos, o yokai rebateu o que ela parecia falar.  

Angela de fato não cobrou nada e mandou um feitiço em papel para seu amigo ajuda-la com Satya, negando a ajuda do desconhecido. Notou que no final não perguntou o nome dele e o chamou antes de partir pelo buraco na parede, perguntando seu nome. 

— Sou Hanzo Shimada, madame — Curvou-se brevemente — E você, senhorita? — Perguntou. 

 — Sem ser meu nome de bruxa, sou Angela — Sorriu, virando-se para Satya quando essa resmungou com o sangue seco em sua boca. 

— Nome de bruxa? Seria como um nome de demônio? — Indagou, curioso. 

— Quase — Sorriu — Sou conhecida como a bruxa da floresta verde — Contou. 

— Então é uma honra conhece-la, bruxa da floresta verde — Curvou-se novamente — Apenas sinto muito por nos conhecermos dessa maneira — Desculpou-se e o sorriso de Angela desmanchava para algo melancólico. 

—  Não sinta, talvez algum dia a situação conspire ao nosso favor quando nos reencontramos — Falou. 

Então o outro partiu e Angela aguardou a ajuda Anúbis, essa que chegou a tempo antes do amanhecer e que queimasse a pele de Satya, levando-a até o cemitério e mausoléu onde estava o caixão dessa, a repousando dentro desse e fechando a tampa. Angela não se esqueceu de deixar o frasco que Satya tinha lhe pedido, o deixando no costumeiro lugar que as pessoas deixavam oferendas. 

Angela não sabia ao certo naquela época que o encontro com o yokai, ou melhor, Hanzo seria uma das coisas que colocaria em risco ambos para sempre. 


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Notas finais do capítulo

Mesmo não tendo terminado de ler o livro "O médico e o monstro", gostei da pegada do título e me utilizei dele para essa fanfic de halloween. Ship novo e por isso espero que tenham gostado.



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