Loving Can Hurt escrita por Rafaela, SweetAngel


Capítulo 60
Relaxar?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que gostem!!
Comentem!! Isso me incentiva muito a continuar!



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P.O.V Annabeth

Depois de um longo dia de trabalho ao lado de Nathan, eu estava louca para chegar em casa e ficar com meu marido.

Quando abri a porta, a primeira visão que tive foi a de Percy em pé, com o braço escorado na parede de vidro, observando a cidade. Ele estava com uma camisa preta e uma bermuda jeans, os cabelos ainda estavam um pouco molhados, devia ter saído do banho tem pouco tempo. Como alguém consegue ser bonito até de costas?

Percy parecia distraído, já que nem notou minha chegada. A porta escapuliu da minha mão na hora de fechar e acabou batendo, o que fez ele dar um pulo e olhar para trás desesperado, como se algo fosse o atacar.

—Ah, é você —Percy disse aliviado, colocando a mão no peito.

—Quem mais seria? Sua amante? —sorri jogando minha bolsa no sofá.

—Lógico que não —ele veio até mim. —Ela saiu tem uns trinta minutos.

—Ha ha —fechei a cara, escondendo um sorriso enquanto ele me abraçava. — Como foi com Posei...

Achei que Percy ia ter um ataque de pânico quando eu comecei a falar o nome do seu pai.

—Não! —ele gritou e colocou a mão na minha boca. —Não fala o nome dele! NEM PENSA NELE!

Arregalei os olhos, assustada com essa reação. Eu sabia que a ideia de ir visitar Poseidon não era nada boa, mas nunca pensei que seria tão ruim assim.

—Tá... —tirei sua mão da minha boca. —Posso saber o porquê?

—Não —ele voltou para a parede, olhando os carros passando. Parecia estar procurando alguma coisa.

—Percy... —me aproximei com cautela, tentando ver alguma coisa estranha na normal rotina de Manhattan ao entardecer. —Devo chamar a polícia?

—Já tenho dois caras me protegendo, eu acho... —ele parecia distante.

—Okay, com certeza vou chamar a polícia —franzi as sobrancelhas e fui até minha bolsa pegar o celular.

—Não precisa —Percy me seguiu. —Só... —ele suspirou e se jogou no sofá. —Foi um dia estranho.

—Não quer mesmo me contar?

—Annie a gente precisa esquecer disso —Percy colocou a mão no rosto. —Esquecer nossos pais e tudo que está relacionado a eles.

—Até Sally e Frederick?

—Não... Só a parte estranha da nossa família.

—Tudo bem —sentei ao seu lado.

Na verdade, eu amei essa ideia. Não ter que lidar mais com Atena e pais assassinos correndo livremente por aí? Ótimo por mim.

—Vamos falar de outra coisa? —ele me olhou.

—Ah! —sorri. —Amanhã temos uma consulta com a doutora Mellark para começar o pré-natal.

—Então vamos conhecer nosso bebê —Percy se animou, acariciando minha barriga.

Assenti e aproximei nossos rostos, o beijando.

(...)

Percy me buscou às nove e meia para irmos até o consultório juntos. Durante todo o caminho, ele olhava constantemente para o retrovisor, o que estava me dando agonia. Tentei perguntar qual era o motivo dele estar tão paranoico sobre alguém estar o seguindo, mas Percy sempre mudava de assunto. Decidi não o pressionar, já que sempre que eu fazia isso, ele me olhava implorando para não insistir.

Eu conversava com as meninas no nosso grupo do WhatsApp para me distrair, quando de repente descobri que Nico e Will estavam desaparecidos.

—Você sabia disso? —olhei para Percy depois de contar, mas ele parecia tão confuso quanto eu.

—Nem imaginava, mas pensa pelo lado positivo, Nico vive sumindo —ele deu um sorriso sem graça, mas parecia muito preocupado.

—Mas o Will não —suspirei e me encostei no banco. —Espero que eles apareçam logo.

Percy ficou calado. Eu sabia que ele estava pensando em algo, mas achei melhor não perguntar se ele realmente não sabia de nada mesmo. Desde sua visita a Poseidon, ele está estranho... Quero saber o que havia acontecido, mas vou respeitar o espaço dele.

A doutora Mellark já nos esperava. Ela era uma mulher de pele negra e cabelos trançados, seus olhos eram de um preto brilhante. Sua postura era completamente elegante, passava um ar de sabedoria e poder.

—Bem, vamos lá —ela sorriu e entramos na sua sala.

Ela fez diversas perguntas, se minha família ou a de Percy tinha alguma doença, se eu usava remédios, como eu descobri a gravidez e a quanto tempo foi, como estava minha alimentação, enjoos e etc. Depois de anotar tudo e nos dar algumas dicas sobre a mudança hormonal que estava acontecendo, ela me pesou e mediu minha altura.

—Agora deite-se aqui por favor —ela apontou para a cama obstétrica. Me deitei e Percy se sentou em uma cadeira ao lado da cabeceira, acariciando meus cabelos. —Vamos ver como está esse garotinho ou garotinha —ela sorriu e passou um gel em meu ventre.

Eu e Percy olhamos para a televisão que começou a mostrar as imagens das ondas. Doutora Mellark começou a fazer anotações no computador e explicava para nós o que cada parte significava.

—E esse aqui —ela apontou para a TV, mostrando um pequeno embrião. —É o seu bebê.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu olhei para Percy, que estava com as sobrancelhas franzidas e a cabeça de lado, igual quando um cachorrinho tenta entender algo.

—Nosso bebê parece um cavalo marinho —ele comentou e eu o olhei cínica. —Mas é uma gracinha —Percy logo completou.

Doutora Mellark riu.

— Vou te passar uma dieta e alguns exames —ela me olhou e limpou o gel do meu ventre. —Quero que volte daqui dois meses.

—Tudo bem —sorri.

—Vou deixar vocês dois sozinhos para ter um momento com o bebê —ela sorriu e congelou a imagem na TV.

—Então —me sentei olhando o televisor. —O que acha?

—Do cavalo marinho? —Percy sorriu e eu dei um tapa em seu braço, segurando para não rir. —Bem, eu acho que nosso bebê tá bem confortável aí dentro —ele se levantou e se aproximou da TV. —Tem muito espaço pra ele pelo visto.

—Ainda —fui até Percy e o abracei por trás. —Quero ver daqui uns meses, quando ele não aguentar mais e começar a me espancar.

—Vou ter que colocar o Júnior de castigo, então —Percy sorriu e se virou para mim.

—Talvez —eu ri e encarei o televisor. —Ele nem tem rosto ainda, mas já acho a criança mais linda do mundo.

—Claro que é —Percy me abraçou. —Olha só o pai dele.

—A mãe também ajuda, convencido —sorri.

P.O.V Jason

Minha turma combinou de almoçarmos juntos. Eu ia com Thalia no carro e como sempre, ela me xingava.

—Eu falei para não assinar o contrato —ela resmungava.

—É ótimo para a empresa —respondi.

—Você não decide sozinho —ela me fuzilou com o olhar.

—Quero ver você reclamar quando o dinheiro cair na sua conta —revirei os olhos.

—Você é estupido —Thalia me xingou (novamente) e colocou o fone. O que eu achei ótimo, não queria mais brigar, ainda mais com a pessoa mais estressada que eu conheço.

Quando chegamos nossos amigos já estavam lá. Piper e Luke se levantaram, vindo até nós, notando nosso mal humor.

—Fiquei sabendo o que o senhor aprontou —Piper sorriu e me beijou.

—Um contrato bom para todos e ela não queria por puro ranço —me defendi.

—Vem, tenta relaxar, estamos vendo o ultrassom da Annie —ela segurou minha mão e me levou para a mesa.

Do lado direito tinha dois lugares vazios, para onde Luke levou Thalia, depois estava Calipso, Leo, Percy e Annabeth. No esquerdo, dois lugares, para mim e Piper, do lado Frank e Hazel.

—Cara —Leo segurava a foto do ultrassom, com as sobrancelhas franzidas, tentando analisar a imagem. —Não vejo nada.

—Aqui ó —Calipso mostrou, segurando a foto.

Leo franziu o nariz e olhou para Percy.

—Você tá certo, seu filho é um cavalo marinho.

—Eu disse! —Percy concordou e levou um tapa de Annabeth.

—Deixa a tia ver —Thalia se inclinou e pegou a foto. —Awn! Mal posso esperar para nossos bebês estarem juntos —ela sorriu.

—Vão mesmo esperar nascer para saber o sexo? —Piper perguntou, bebendo um suco.

—Queremos que seja surpresa —Calipso assentiu.

—Querem menina ou menino? —passei meu braço por trás do pescoço da minha namorada.

—Vindo com saúde, está ótimo para mim —Thalia me respondeu, passando a foto para Piper.

—Pois eu quero um menino —Luke disse diretamente.

—Eu quero menina —Leo disse brincando com os guardanapos da mesa. —E que puxe a mãe.

Nós rimos com a baixa autoestima de Leo, que não era muito comum de aparecer.

—Ei, Hazel —Annabeth a chamou. Hazel estava quieta desde que cheguei, ela olhava para o restaurante, parecia distraída já que nem escutou Annie a chamando.

—Hazel? —Frank a cutucou.

—Ah! Oi —ela se virou para nós.

—Tá tudo bem? —Annabeth a olhou. —Alguma notícia de Nico?

—Ah, sobre isso —Hazel sorriu, mas dava para ver que estava forçando. —Sim, ele me ligou. Trocou de número.

—Isso é ótimo! —Thalia disse animada. —Onde ele está?

—Anh... Ele foi embora, com Will.

—Como assim? —franzi as sobrancelhas.

—Eles se mudaram, Nico não quis me dizer para onde —Hazel parecia prestes a chorar. —Querem começar uma nova vida.

—Quem esse garoto pensa que é? —Thalia começou a ficar vermelha. —Ele não pode simplesmente esquecer da gente!

—Calma aí, pimentão —Percy olhou minha irmã e logo se virou para Hazel. —Ele pelo menos se justificou?

Fiquei com pena de Hazel, todo mundo a olhava, esperando uma resposta.

—Ele... Nico... —a voz dela não saia.

—Ele... Anh... —Frank segurou a mão da esposa, notando seu estado. —No seu casamento, Percy... Nico voltou a ter sentimentos por você.

Até Hazel encarou Frank, surpresa. Um silêncio pairou sob nossa mesa, ninguém sabia como reagir.

—ELE O QUÊ? —Percy quase gritou depois de um tempo, boquiaberto.

—Isso não faz sentido nenhum —Luke parecia tão confuso quanto todos nós.

—Mas foi isso que aconteceu —Hazel recuperou a voz. —Na Califórnia, ele percebeu que ainda mantinha sentimentos por Percy. Will ficou enciumado e os dois brigaram, então para não ter mais problemas, eles decidiram se mudar e se afastar de nós.

—Mas... —se essa notícia não fosse tão surpreendente e ruim, o rosto de Percy estaria engraçado. Era nítido que ele estava indignado. —Nico me disse que eu não fazia seu tipo...

—Por favor, gente —Frank lançava olhares para Hazel. —Vamos respeitar a decisão deles.

—Tudo bem —Thalia estava nitidamente zangada. Ela pegou um sache de ketchup e jogou em Percy. —Jackson sempre estragando tudo.

—Eu não tenho culpa —ele jogou o sache de volta nela.

Annabeth mantinha as sobrancelhas franzidas, observando Hazel, como se tentasse decifrar o que a garota escondia. E bem, eu também fazia o mesmo. Essa história não desceu, mas pelo estado de Hazel, achei melhor não voltar no assunto.

(...)

Combinei com Piper que buscaria Tyler na escola hoje. Eu esperava o sinal bater do lado de fora, escorado em meu carro, mexendo no celular e tentando ignorar dois caras que me encaravam mais a frente. Eles chegaram pouco tempo depois de mim, foram até a porta do colégio e ficaram lá, me olhando enquanto conversavam.

Quando faltava uns cinco minutos para Tyler sair, notei um senhor de cadeira de rodas se aproximando de mim. Não era qualquer senhor, era meu professor de história em Rosewood, Quíron. Ele continuava o mesmo, cabelos castanhos que chegavam nos ombros, sobrancelhas espessas e barba desalinhada. Usava um terno e nas pernas tinha um cobertor, como sempre.

—Boa tarde, Jason —ele sorriu para mim.

—Senhor Quíron —guardei meu celular e estendi a mão, que ele apertou. —O que o senhor faz aqui?

—Passeando —ele analisou os dois caras que me encaravam. —E você?

—Esperando meu filho sair —tentei não reparar na troca de olhares entre ele e os dois homens. A expressão pacifica de Quíron logo foi se extinguindo. Ele agora tinha um olhar de tipo ''vai encarar?''. —O senhor está bem?

—É claro —ele sorriu para mim.

O sinal bateu e várias crianças saíram correndo. Depois de alguns minutos, vi Tyler se aproximando.

—Ei pai —ele me abraçou e eu peguei sua mochila.

—Filho, esse é Quíron, ele foi meu professor de história. Quíron, esse é Tyler, meu filho —os apresentei.

Quíron o observou com curiosidade, coçando o queixo.

—Que combinação extraordinária.

—Como? —franzi as sobrancelhas.

—Quer dizer, é seu filho com Piper, certo? —ele sorriu, tentando disfarçar o comentário estranho. Assenti, mesmo não entendendo como ele sabia disso. —Bem, é um prazer conhecer você, Tyler. 

—Digo o mesmo, senhor —Tyler arrumou a postura, me fazendo sorrir.

—Quer sorvete? —o olhei, acariciando seu cabelo.

—Quero! —ele disse animado.

—Vou indo, foi bom te ver —apertei a mão de Quíron novamente.

—Que os deuse... Vá em paz —ele sorriu.

Entrei no carro com Tyler, que contava como foi seu dia. Não consegui prestar muita atenção, pois olhei para Quíron pela janela. Ele estava no mesmo lugar, sem se mexer e voltou a encarar os dois homens, que pareciam muito descontentes. Fiquei com medo de sair e os dois agredirem um senhor de cadeira de rodas, mas tinha mais gente por lá. Meu ex-professor iria ficar bem, eu acho.

Passei numa sorveteria com meu filho e depois fomos para nosso apartamento. Eu e Piper decidimos morar juntos nas últimas semanas, afinal, já passamos tantos anos separados que não tinha porque ficarmos assim agora, ainda mais que eu e seu pai haviamos nos resolvido no nosso passeio pelo Central Park. E isso foi ótimo para meu filho, ele sempre foi um garoto animado, mas agora parecia estar mais feliz. 

Tyler foi para o quarto fazer a lição e eu tomei um banho. Quando saí, vi uma mensagem de Piper, ela dizia que chegaria mais tarde em casa e traria sanduiches para nós.

—Quer ajuda? —me escorei na porta do quarto de Tyler, secando meu cabelo com a toalha.

—Hoje está fácil —ele disse concentrado.

—Estou na sala se precisar —falei e desci as escadas.

Liguei a TV que passava Keeping Up with the Kardashians, acabei sorrindo. Piper reclama desses programas fúteis, como ela chama, mas vive assistindo. Fui até a cozinha e peguei uma garrafa de Heineken. Nesse mesmo instante a porta bateu. Achei estranho, já que sempre que tinha visita a recepção ligava avisando.

Quando a abri, os dois caras estranhos da escola estavam parados, com braços cruzados. Eles eram da minha altura e provavelmente da minha idade, um era loiro e o outro moreno. Me olhavam como se eu fosse uma espécie de presa.

Franzi a sobrancelha, o que eles estavam fazendo aqui?

—Posso ajudar? —falei.

Um se aproximou e cheirou o ar perto de mim.

—Com certeza é ele, Dylan —o homem se virou.

—Deixa comigo, Jerry—Dylan, o loiro, se aproximou sorrindo, mas o seu amigo o impediu de continuar.

—Eu que  vou matar ele! Tem ideia do que isso significaria para mim?

Matar? Não fazia ideia de quem esses dois eram, mas quando se ouve um comentário assim, ficar parado não é uma opção. Meu sangue gelou e eu tentei fechar a porta com pressa, mas Dylan colocou o pé, a barrando.

—Você já escapou por tempo demais, filho de Zeus —ele empurrou e a porta se abriu bruscamente.

O impacto foi tão grande que fui lançado para trás. Bati minhas costas no sofá e a garrafa de cerveja caiu da minha mão, se espatifando no chão. Torci para que Tyler não tivesse escutado, não queria ele aqui embaixo.

Os dois entraram no apartamento, olhando para os lados

—O velho não tá aqui —Jerry sorriu.

—O que vocês querem? —me levantei, sem saber o que fazer.

—Seu sangue seria bom —Dylan avançou até mim, mas parou quando Jerry gritou atrás dele.

Olhei por cima do ombro de Dylan e seu amigo já não estava mais lá, apenas um amontoado de poeira caía no chão. Onde deveria estar esse tal Jerry, havia uma garota empunhando uma espada.

Eu a conhecia.

Reyna? —quase gritei.

—O que foi que você fez? —Dylan se virou para ela, com os punhos cerrados.

—Mandei seu amigo para o Tártaro —ela ficou em posição de ataque. —Você é o próximo.

E tudo ficou mais estranho. Quíron apareceu na minha porta com sua cadeira de rodas e entrou no apartamento, como se invadir lares alheios fosse algo normal. Na minha frente Reyna gritou ao atacar Dylan e os dois começaram a lutar na sala.

—Pai, que barulho é... —Tyler vinha descendo as escadas, mas parou com os olhos arregalados.

Corri até ele, esquivando dos golpes da luta.

—Vai pro seu quarto e tranca a porta —segurei seu ombro. Não tinha percebido o quão trêmulo eu estava.

—Mas... —Tyler olhava a cena, assustado.

—Só faz o que eu falei —insisti e ele saiu correndo para o andar de cima.

Quando me virei, a sala estava destruída. Os sofás estavam rasgados, a mesa de centro espatifada no chão, os quadros na parede haviam caído e várias plumas das almofadas se espalhavam pelo cômodo. A televisão? Já era.

Eu não sabia o que fazer. Meu coração estava disparado e eu não tinha ideia do que estava acontecendo.

O QUE QUÍRON E REYNA ESTAVAM FAZENDO AQUI? POR QUE DOIS CARAS ESQUISTOS QUEREM ME MATAR? CADÊ A RECEPÇÃO DESSE LUGAR FUNCIONANDO?

Então Reyna chutou Dylan e ele atravessou a parede de vidro que dava para a varanda. O barulho dos vidros se espatifando foi estridente e duvido que meus vizinhos não notaram, mas ninguém apareceu.

—Voltaremos a nos ver —Dylan se levantou com dificuldade e me olhou com raiva.

Foi então que meu coração quase saltou pela boca. Ele pulou pela sacada e... Saiu voando? Onde era para ser um corpo humano havia apenas uma fumaça preta, que se distanciava.

Olhei apavorado para Reyna. Ela observava a fumaça (ou Dylan?) indo embora e tentava controlar a respiração. O suor escorria pelo seu rosto e havia um corte em sua bochecha. Agora tive tempo de reparar melhor nela. Seus cabelos pretos estavam amarrados em uma simples trança, seus olhos negros tinham uma fúria que eu nunca havia visto em alguém. Ela vestia uma toga roxa e uma armadura dourada...

Que merda é essa? Estou em um reality show mais estranho que Keeping Up with the Kardashians e não estou sabendo?

—Foi por pouco —ela limpou o suor da testa com o braço e olhou para meu ex professor de história. —Aconteceu o mesmo ontem com o Jackson. Está aumentando, Quíron.

—Realmente —ele suspirou.

—Que... O que... —tentei formular alguma pergunta, mas estava chocado demais para dizer algo.

—Jason, escute... —Reyna começou a andar até mim, mas foi interrompida.

—Amor, cheguei e... —Piper parou na porta segurando uma sacola do McDonald's.

Ela olhou para Quíron, para a sala destruída, para Reyna e por fim, para mim.

—O que meu ex professor tá fazendo aqui? —ela perguntou com a voz trêmula. —E... Por que Reyna está vestindo isso? Por que minha sala está arruinada!?

—Vocês dois, escutem —Reyna disse séria. —Precisam se mudar, o mais rápido possível. E por favor —ela me olhou —esqueça o que aconteceu.

—Você está com uma espada... Um homem desapareceu, outro saiu voando... Você quer que eu esqueça isso? —a olhei, como se não acreditasse no que ela pedia.

—Você está em perigo, Jason —Reyna foi até Quíron, ficando ao seu lado. —Precisa colaborar com a gente e fazer o que falei.

—Por que ele está em perigo? —Piper quase gritava.

—Querida, se acalme —Quíron segurou a mão livre da minha namorada. —Vamos proteger vocês, mas para isso, precisam fazer o que Reyna pediu.

—Para o bem dos dois e de Tyler —Reyna olhou para Piper. —Vocês não precisam saber o que aconteceu aqui, não ainda.

—Se a gente fizer isso, que você falou —me aproximei. —Estaremos seguros... Daquilo? —apontei para a varanda.

Os dois assentiram.

Meu olhar se encontrou com o de Piper. Sabia que ela estava tão apavorada e aflita quanto eu, até mesmo mais confusa, mas nos entendemos naquele instante. Era necessário.

—Vou fazer as malas —ela passou pela sala correndo e subiu as escadas.

—Vai acontecer de novo? —perguntei.

—Iremos evitar até chegar a hora —Reyna disse.

—E o que acontece quando essa hora chegar? —perguntei, mesmo com medo da resposta.

—Relaxe —Quíron respondeu, com a voz um pouco triste, mas logo me lançou um sorriso. —É melhor viver sua vida normalmente, vai ficar tudo bem.

Os dois se viraram e saíram pelo corredor, como se nada tivesse acontecido.

Relaxar? Depois disso tudo ele fala para eu relaxar!? Viver minha vida normalmente!?

''Filho de Zeus'', ''Mandei seu amigo pro Tártaro'', '' Aconteceu o mesmo ontem com o Jackson, está aumentando'', '' Você está em perigo, Jason''.

Minha cabeça doía mais a cada pensamento que eu tinha sobre o que aconteceu. Acabei me escorando na parede para não desequilibrar e tentei os afastar da minha mente. 

Esquecer, era isso que eu precisava fazer. Respirei fundo e fui até o andar de cima ajudar Piper, queria sair o mais rápido possível daquele apartamento.


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