Striker - A Bruxa, Os Deuses, Anjos & Mortais. escrita por Lucas Chroballs


Capítulo 16
O Fragmento do Passado Esquecido




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No Norte de Vanilla

No apartamento abandonado por Lauro, três militares entram e começam a vasculhar pistas do paradeiro do padre. Em meio ao cheiro de comida estragada, umidade e coisas velhas, eles colocam o lugar abaixo, mas nada de importante é encontrado.

— A Igreja ensina você a desapegar da matéria, mas... ele conseguiu levar tudo de valor consigo? – pergunta um soldado.

— Lauro é esperto, mas não subestimem ele. Alguma coisa deve ter deixado para trás, e é com essa coisa que vamos saber onde ele foi – diz o sargento.

Eles vasculham tudo o que podem, porém, nada é encontrado. Quando já estavam desistindo da procura, o soldado mais jovem sente alguma anomalia no banheiro e pede permissão para voltar lá e olhar.

Enquanto seus colegas o esperam, o rapaz observa todos os cantos daquele banheiro, mas tudo que vê é a bagunça e a sujeira que eles haviam deixando.

— Limpo!— Pra que nomes? Você nem viveu muito para lembrar – diz ela, que pega seu comunicador e anda pelo apartamento à procura de alguma coisa; tudo que vê são escritas em um bloco de papel. – Cynthia na escuta. Liquidei os soldados, parece que estavam atrás da mesma coisa que nós. Porém, chegamos tarde, o padre sumiu... Mas estou levando uma pista comigo e quem sabe uma vítima.

 

Ao Leste de Vanilla

Quando ele grita, a porta se fecha e uma jovem loira sai de trás dela e avança no soldado. Os outros escutam tiros e vão rapidamente olhar o que está acontecendo.

— Ryan?! – O sargento se depara com o seu subordinado degolado no chão.

Outro militar sente uma gota cair na sua cabeça e olha para o teto, vendo uma mulher loira de macacão vermelho pulando em cima dele e perfurando seus olhos com uma lâmina.

O sargento é pego de surpreso ao ver seu homem morto e começa a atirar nela, mas ela bloqueia os tiros expandido sua arma e revelando um leque de metal bastante resistente.

— Quem é você?!

Ele é surpreendido quando ela chuta o punho dele, fazendo-o abaixar o rifle, se aproximando de seu pescoço e cortando sua garganta com uma carta de valete.

 

No antigo museu abandonado, Afonsa caminha com Cynthia e um soldado pelo corredor que leva a ala histórica da ilha de Chotgör, onde Vulnicura as recebe com um olhar distante e sorriso malicioso.

— Está aqui viu a bagunça que você causou, capitã – diz ela, tranquilamente, enquanto alisa a lâmina prateada de sua foice. – Devia ter ido direto ao ponto de uma vez.

— Não consigo, Vuck... Eu gosto de brincar –  diz Afonsa , que se aproxima de Vulnicura e aperta bem as suas bochechas com um sorriso. – Além do mais, era só um peixe pequeno. Nem valia a pena usar o corpo nos meus experimentos.

 — Que eu saiba, não foi sendo criticada assim que você encheu seu estoque de autômatos. – Elas olham para um canto escuro da sala, onde apenas o olho amarelo e preto da Viper é visto. – Cadê a Christina?

 

Próximo dali

Um intenso trânsito complica a situação dos motoristas na Avenida Descartes, a maior da ilha. Cercada por prédios e uma grande variedade comercial, esta via se tornou um cartão postal de Vanilla, devido as suas largas calçadas de ardosia, com forte inspiração na cultura europeia.

Lá, alguns gritos chamam atenção de quem estava parado ali a horas.

— Mas o que é isso? – pergunta um senhor, colocando a cabeça para fora do carro e vendo uma multidão de pessoas passar com cartazes.

 

Voltando ao museu

O soldado capturado por Cynthia é jogado aos pés da Viper, sem nenhuma arma. Ela apenas se levanta e Vulnicura trata de amarrá-lo com correntes imateriais.

— Chris está averiguando a manifestação de perto. As pessoas estão começando a ver você como uma salvadora – diz Cynthia, que se junta a ela cortando o corpo do soldado com uma carta de copas. – Acreditam, enfim, que a resistência é melhor caminho.

Viper ouve a colega falar sem esboçar uma reação adversa.

— Infelizmente, nem todas poderão ser salvas. – Ela chuta o soldado contra a parede, quebrando-a. – A ideologia patriarcal passa de geração em geração como sarna, colocando todas as mulheres em uma situação de vulnerabilidade e de baixo poder. Muitas aceitaram viver assim...

Na Igreja Central

— Por que não estão revidando? – diz Ares, caminhando até a janela para olhar a destruição causada pelas manifestações. – São apenas mulheres gritando no meio da rua, não passam de meras formigas para um soldado. Avante com as tropas para conter essa balbúrdia.

— Senhor, não temos intenções de ferir ninguém — diz o tenente. — A situação política já está instável. Se nossos atos de violência chegarem a Margo’on, perderemos o direito de continuar nesta cidade.

Pensativo e acariciando o seu cavanhaque branco, o general se vira para pegar a sua xícara de café e colocar um pouco de uísque, enquanto encara o subordinado.

— Eu não dei nenhuma ordem expressa para que vocês tivessem um pingo de compaixão por rebeldes da extrema esquerda. Portanto, trate de dar meia-volta e acertar uma bala em cada uma das cabeças que ousar a gritar palavras de repúdio contra o meu governo. Fui claro?

— Perdoe-me, senhor, mas eu não irei fazer isso. Nós conhecemos a precariedade das leis e da segurança que esta ilha enfrenta, e tudo que elas querem é o direito de viver em paz. Que tipo de exemplo estaríamos dando oprimindo a voz daqueles que precisam?

— Não existe voz neste mundo, apenas gritos e berros de desespero! Nenhuma delas ouve o que estão dizendo, ninguém ouve a si próprio neste lugar! – Ares joga a mesa de lado e vai andando até o tenente, colocando—o contra a parede com seu dedo indicador no peito dele. – Eu não preparei meu retorno às guerras para ver a porcaria de um soldado de quinta categoria ter compaixão por ratos imundos nesta pocilga que você chama de cidade... Vocês só servem para matar uns aos outros. Lutar e conquistar é tudo que sabem, até que o sangue de seus inimigos se esparrama pelo chão, para germinar em uma próxima geração como uma bela safra!

 O tenente ouve calado, assustado e trêmulo ao limpar seu rosto dos cuspes que acabou levando.

 — O que houve com o senhor? Está pior a cada dia que fica nesta igreja... O general que conheci em Margo’on não era assim. Eu estou fora! – O soldado retira o dedo de Ares de seu peito e caminha até a saída, mas seu coração começa a doer e ele cai na porta.

 — Uma excelente ideia. Eu fico e você se vai deste mundo...

A última visão que o soldado tem é a de seu superior o pisoteando até tudo escurecer e seu corpo não reagir mais.

 

De volta ao centro da cidade

No final da avenida, próximo à Igreja Central, o exército faz uma barricada e cerca o quarteirão para impedir qualquer ato de vandalismo contra aquela região.

— Alguma informação, soldado? – pergunta a general Leona pelo comunicador.

O seu subordinado observa ao longe, com um binóculo, o que é uma passeata feminina.

— Basta de violência. A nossa luta é todo dia! Somos mulheres e não mercadorias! – gritam centenas de mulheres caminhando entre os carros com cartazes e camisetas brancas manchadas com a tinta vermelha que escorre de seus rostos.

Inspiradas pela figura misteriosa que puniu vários homens acusados de crimes contra a mulher, todas foram às ruas protestar contra a corrupção policial e o interesse da atual gestão em perseguir alguém que está as ajudando.

 

De volta ao museu

— O sangue destas terras fede à violência, fede à opressão, fede a tudo que os antepassados deixaram para este povo. Um mundo desigual, podre e violento... – Viper caminha para pegar sua faca e lambe com a enorme língua as lâminas. – Minhas caras, este é o mundo dos homens.

O soldado ouve tudo, tentando se desamarrar, o que chama atenção dela.

— Este mundo está cheio de galos de briga vendo seus superiores lhe dando ordens, conquistando poder com seu suor e sangue. Minha presença aqui nunca foi tão necessária quanto agora.

— Você é só mais uma feminazi... porca que não aceita...

Viper vomita ácido na cara dele, fazendo-o gritar e cair no chão, sentindo todo o seu rosto derreter.

— Ano após ano, eles continuam metidos a machões... Vamos limpar isso aqui. – Ela pega um comunicador dentro da jaqueta do soldado e anda até suas companheiras.

 

Na sala de reuniões

Dentro da Igreja Central, onde Ares observa da janela seus soldados agredindo as manifestantes e dispersando a multidão.

— Glorioso... – Ele fala como se estivesse se revigorando, mas para seu momento de apreciação para atender uma transmissão no comunicador. — Na escuta.

— O guia de viagem só pode estar errado. Aqui dizia que o governo local tentava caçar uma bruxa e não várias. Sinto como se a história estivesse se repetindo bem debaixo dos panos...

— Quem está aí?

— Você não irá viver para se lembrar de mim, mas eu quero que grave em sua memória toda a desgraça que as pessoas desta cidade irão passar... Além de privá-los de hospitais, aeroportos e portos, todas as pontes desta cidade serão derrubadas!

 

Do alto de um prédio

— Afonsa! – sinaliza Viper pelo comunicador.

— Hora do clímax, meninas!

Ela aperta um botão em seu celular que sincroniza uma frequência com todos os autômatos e os faz se jogarem do parapeito e abrir um relógio em suas cabeças. 

Ao impacto, eles explodem no chão, na frente das janelas e nas pessoas que andavam pelas ruas.

Em seguida, acionando outro dispositivo, Afonsa detona a barricada de autômatos que fez na entrada de cada uma das pontes e as destrói.

 

No centro de Vanilla

Vestindo um cropped manga longa e calça de malha na cor preta, Striker observa com um binóculo dourado a passeata que vai em direção à igreja, da sacada de um prédio comercial.

— Te juro que eu esperava um protesto mais agressivo. Mas a cara de cobra esconde um coração bondoso, quem diria – diz a bruxa ao telefone para seus amigos.

— Vivendo nesse lugar, eu esperava uma queima de livros na praça... Tô com umas apostilas do ano passado prontinhas pra esse dia. – Kim observa de um prédio mais afastado toda a avenida principal.

— As pessoas são facilmente manipuláveis. Estão adorando a uma assassina. – Jaison acende seu cigarro com o mindinho no letreiro do teatro, em frente a passeata.

— Ela pode ter jogado muito lixo fora essa semana, mas fez o que essa cidade não fez desde que eu estou aqui – diz Kim.

— Você aprova a morte como a primeira resposta? – pergunta Jaison.

— Se o cara for um babaca, por que eu teria pena? Antes ele morto do que eu na UTI... e a saúde desse lugar já começa lá – responde Kim, passando seu batom preto.

— Parece um cara que eu saí uma vez, não esperei duas horas pra apagá-lo. Hm... O que temos aqui? – Ela foca sua atenção na presença de uma figura encapuzada com uma lâmina branca saindo de baixo da roupa, que entra dentro do prédio da administração da Igreja Central. – Jay, cadê a nossa garota algodão doce?

— Tá aqui... – Ele começa a olhar para todos os lados a procura da Loop. – Ela estava aqui agora pouco. Que merda...

— Esse negócio de trabalho em equipe funciona muito melhor nos filmes – diz Kim.

— O problema é que ela sempre parece estar aérea quando a gente tá fazendo uma coisa séria! – Jaison desliga o telefone irritado, pula do letreiro e começa a procurá-la pela multidão.

— Menos dois, witch. Acho que é hora de chamar a artilharia pesada

— Duvido que eles venham, Kim, mas eu tenho outros em mente. – Striker procurava em seus contatos um número para contatar, mas é surpreendida por um som destrutivo do outro lado da linha. – Kim?!

A amiga dela desviou de um ataque surpresa partindo de sua retaguarda.

— Correção, estamos num filme do Michael Bay! Vou ficar fora por um tempo, branquela. – Kim desliga o telefone e encara a pessoa que a atacou.

— Então, os noticiários são verdadeiros: a garota amaldiçoada é integrante da rebelião da Bruxa Letal... Você sempre teve um péssimo gosto para amigas, Kim – diz uma garota, que levanta um pouco do seu quepe azul escuro e lança um olhar irônico a Kim.

— Você foi uma delas, Afonsa – diz ela, respondendo com um sorriso.

 

De volta ao centro da manifestação

Donatella observa a manifestação se dissipar com a ação agressiva dos militares. Para ajudar algumas mulheres que estão sendo agredidas injustamente, ela usa o poder de suas cartas em um beco ali perto.

Et ego dabo vobis meus rex cor omnibus ut mihi imperium iubes et patientia hominum.

Ao dizer tais palavras, os soldados começam a ficar mais calmos e recuam perante as mulheres, que ao estranharem a ação deles, partem para cima com armas brancas improvisadas.

— Não... – Ela observa as agressões, e sem forças para ajudar aqueles que precisam, foge entre os becos bastante preocupada e com a mente instável.

Donatella fecha seus olhos e consegue enxergar Striker correndo em direção à igreja, enquanto Jaison ainda procura Loop na multidão.

— Não concordo com os métodos deles, mas prometi que ajudaria. 

Ela segue seu rumo, enquanto agradece á sua carta e naquele momento toda a calmaria dos soldados acaba, voltando a revidar as manifestantes.

 

De volta à sala de reuniões

Um soldado chega para dar a notícia ao general.

— Senhor, todos os bloqueios foram detonados e as pontes estão inacessíveis.

Ares leva a boca devagar ao microfone do comunicador, bastante irritado.

— Escute. Eu não quero nem saber o que a levou a fazer tudo isso. Mas, quando eu te encontrar, você e suas comparsas serão mais do que presas... torturadas.

— E eu mal posso esperar para ver você tentar. – Ela desliga.

 

Do alto de um edifício

— Aproveitando que está aqui, Kim.. Quero te mostrar uma coisa. – Afonsa leva seu dedo indicador á cabeça e aperta um ponto eletrônico nela.

— Eu tô muito ocupada pra ver você brincando, Xavier. Vamos... – Ela para de falar ao ouvir passos muito próximos.

— Você vai adorar! – Dois autômatos aproximam-se de Kim e logo ela vê quem são. – De início, eu achava que era apenas um casal de turistas no lugar errado e na hora errada. Mas quando descobri que eram seus pais... ah, isso fez deles os meus favoritos.

Kim os encara por alguns segundos, notando o rosto estático deles e sem sinal de vida.

— Eu imaginei que eles te trariam boas lembranças, por isso decidi colocá-los especialmente no encontro de hoje – diz Afonsa, sorridente.

Enquanto Kim olha para seus pais, pensando no que fazer em seguida, ela ajeita o cabelo e jogar a jaqueta preta no chão, ficando apenas com a regata listrada.

— Como o mundo é uma loucura. Achei que eles estavam curtindo uma temporada em Milão, longe dessa bosta, mas daí vem o reencontro geral numa só noite. – Ela usa seu deboche com Afonsa, mas com vários questionamentos na cabeça. – Não acredito que fez tudo isso para me impressionar.

 — Depois desse dia, as minhas viagens com o esquadrão têm sido cada vez mais produtivas. Eu não tenho medo de arrancar os órgãos de dois adultos e fazer deles os meus bonecos.

— Você parece realmente acreditar no que fala, então vou te dar um desconto bacana. Deixa eles em paz e eu te espanco com um pé de cabra até não ter mais um dente nessa tua cara de puta.

— Oh, parece que toquei na sua ferida. Mas não há com o que se preocupar, a dor maior pra eles já passou. – Afonsa mexe seus dedos, o que faz os autômatos repetirem a ação. – Depois que saí do orfanato, tive muito tempo para aperfeiçoar a minha obra prima; eu teria começado mais cedo se não fosse pela Mira.

Ao ouvir esse nome, Kim engole um pouco de saliva e sua expressão muda.

— Ah, garota... Eu tenho meus princípios, mas hoje estou afim de abrir mão de todos eles pra te ver cair. – Ela fecha os punhos.

— Adoraria ficar aqui e receber mais de suas ameaças vazias. Mas se tem uma coisa que eu odeio mais que gente enxerida é não poder brincar com meus autômatos. Então, vamos começar?

Eles começam a andar em direção a Kim, até ganhar velocidade e correrem com lâminas saindo de cada dedo.

“Só isso? Por favor...”

Kim intercepta o ataque deles com um campo de força que destrói as lâminas, fazendo-os recuarem, um de cada lado. Em seguida, ela transforma sua defesa em dois punhos gigantes que jogam os autômatos longe; o que deixa o caminho livre para ir até Afonsa.

— Que bom que continua criativa, mas eu sempre fui melhor que você.

Ela gira sua mão, fazendo a camiseta dos autômatos rasgarem ao abrir um compartimento com vários tentáculos enrolados.

— Que merda é essa? – pergunta Kim.

— Eu chamo de Versiegelte Münder!

Logo, os tentáculos saem das barrigas deles e abrem pequenas bocas com lâminas afiadas, que avançam rapidamente contra Kim, jogando-a com força na parede e levantando muita poeira.

“Merda”. Afonsa se frustra ao ver Kim protegendo-se com um campo de força no formato de seu corpo.

— Tá, essa garota é uma caixinha de surpresas.

“Pelo jeito, ela não precisa fazer movimentos para ativar suas habilidades... Isso me dá uma desvantagem”, pensa Afonsa. “Neste caso...”

Quando Kim expande seu campo de força para forçar os tentáculos a se partirem, todas as bocas revelam pequenas bombas prestes a detonar, fazendo-a parar com a ação.

— E essa agora? — pergunta ela.

— São bombas sensíveis ao movimento. Faça qualquer coisa e eu quero ver se sua defesa resiste a dezenas delas de uma só vez – diz Afonsa.

Após ouvir a frase de sua inimiga, Kim sorri para ela e olha para as bombas.

— É o que estamos esperando? – Ela expande o escudo e detona todas as bombas de uma só vez, deixando Afonsa a gargalhar sozinha, enquanto olha para a enorme coluna de fogo que surge.

 

Em Ostrauss

Os representantes legais de cada interesse se reúnem para decidir a ida de um deles a Margo’on, no antigo Parlamento das Rosas.

— Não vamos para uma arena cheia de leões conversar sobre contos de fadas. Temos problemas maiores para lidar e uma pressão política que custará todos os acentos quentes desta sessão – diz o Ministro dos Interesses Urbanos.

— Mais que isso, está custando a vida de milhões de pessoas que todos os dias morrem pelos gases nocivos liberados pelas indústrias. Não temos mais uma área verde sequer. Isso precisa ser discutido com os outros líderes! – diz a Ministra do Verde.

— Se eu bem a conheço, está querendo ir para discutir o rumo de algumas plantas. Acha que todos deixarão seus empregos para dar vida a um punhado de grama e árvores?

Antes que pudesse responder, ela é cortada por um jovem garoto de cabelos vermelhos que se coloca a frente do plenário e espera todos ficarem em silêncio para falar.

— A senhorita Downrey não responde por todo o nosso governo, senhor Adel.

— Mas Primeiro-Ministro, só um tolo faria...

— Ministros, esta reunião de interesses não há motivos para prosseguir. Eu irei para Margo’on representar os interesses de nosso povo na Cúpula – diz o jovem, que ajeita seu paletó ao terminar a frase.

Todos ficam revoltados com as palavras do garoto, e educadamente se dirigem aos microfones de suas bancadas para falar.

— Com que autoridade o senhor representará os interesses desta nação? – pergunta a Ministra da Tecnologia.

— Está assembleia é democrática, devemos seguir as normas de conduta conforme a nossa constituição denomina – diz o Ministro das Ferrovias.

— Eu sou o parlamentar mais jovem a pisar neste chão, que por sinal está sujo com muitas mentiras. Nenhum de vocês seria capaz de representar a nossa ilha em qualquer reunião que seja. Por isso, Margo’on designou alguns soldados de confiança para oficializar o reconhecimento de meu poder perante os demais líderes. – Ele mostra a todos um papel com carimbo timbrado pelos próprios oficiais do exército. – Por tanto, sem mais delongas, partirei agora mesmo para me preparar para a Cúpula... Os senhores, por favor, tentem não se agredir quando estas portas aqui se fecharem.

Quando ele termina seu discurso e desce para sair do salão oval, recebe vaias de seus colegas, até que saca uma pistola do seu paletó e atira para o alto.

— Vocês são políticos, não galos de rinha. Tenham postura – O Primeiro Ministro segue ao encontro dos soldados, que o levam até seu carro preto na entrada do parlamento.


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