I can see your star escrita por Lina Heartnight


Capítulo 2
Capítulo 2- A ilha


Notas iniciais do capítulo

Hey gente. Espero que gostem ^-^



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A ilha. Ela não ia lá desde os seis anos quando sua mãe havia partido. Morrido, abandonado? Não. Simplesmente partido. Ela não sabia o que significava e já tinha desistido de perguntar. Haviam se mudado dali porque seu pai sofria muito estando lá. Ela mal lembrava da ilha. Lembrava só que era feliz lá. Agora, ela só conseguia pensar que era um fim de mundo, o que tornava tudo pior.

 

Seu pai a levou até a cidade e parou. Ele saiu para pôr gasolina no carro, e ela saiu pra encontrar seus melhores amigos. E pensar que estaria os vendo pela última vez… Seus olhos arderam.

 

—Li...Ei, Lina, o que foi?- sua amiga, Mel, a olhou assustada.

 

—Mark chegou?

 

—Estou aqui- ele se aproximou cauteloso- O que foi?

 

—Estou indo embora- ela secou o rosto.

 

—Como assim??-os dois a olharam com expressões quase idênticas de choque.

 

—Meu pai- ela disse, o bolo queimando na garganta- Ele quer ser mais próximo ou sei lá o que.

 

—Isso é bom, eu acho - mas Mark não parecia satisfeito

 

—Não, é uma porcaria- ela bateu o pé- Ele tinha que estragar minha vida, e agora vou ter que morar numa merda de ilha.

 

—Bem, isso é uma droga… Não tem jeito mesmo?- Mel disse, os olhos se enchendo de lágrimas.

 

—Não - Lina secou os olhos- Não tem. Vocês podem me visitar. Eu vou tentar voltar, juro.

 

—Não vamos perder o contato- Mel a abraçou.

 

—Nunca- ela fungou, então notou o silêncio de Mark. Mel também pareceu ter notado.

 

—Eu vou pegar uma coisa pra você, fique aqui- Mel saiu correndo. Provavelmente ia pra casa, ela era uma das poucas da cidade que não morava em uma fazenda afastada.

 

—Então, você vai embora…-Mark disse em voz baixa.

 

Ela se aproximou dele. A sua relação com ele havia passado de calma para maravilhosa para confusa. Os dois costumavam ficar, então haviam tentado namorar, e havia dado certo por alguns meses,mas… Apenas pareciam não se encaixar. Nenhum dos dois sabia exatamente como lidar com isso. A amizade prosseguia,mas ela sabia que ele gostaria de tentar de novo.

 

—Talvez seja melhor. Sabe,pra nós...Nos afastarmos um pouco.

 

Ele balançou a cabeça- Não assim.

 

—Bem, eu realmente não gostaria de ir. Mas, aparentemente o coroa está decidido.

 

Ele sorriu. Ela se lembrou da sensação de estar apaixonada por esses olhos castanhos. Por que não podia continuar assim?

 

—Então,é adeus…-ele estendeu os braços pra ela. Ela se aproximou se aconchegando em seu abraço, e então eles estavam se beijando, e Lina adorou como os lábios dele eram quentes,macios e familiares, e não pela primeira vez,lamentou o fato de não sentir mais que apenas carinho por ele. Eles se afastaram e sorriram com tristeza um pro outro. Então Mel chegou correndo.

 

—Ufa- ela ofegou- Jurava que ia chegar aqui e você teria ido.

 

—Claro que não- Lina a olhou- O que foi?

 

—Aqui! Eu ia te dar de presente no natal,mas a moldura não tinha chegado e eu te dei aquele par de brincos...Lembra?

 

—Claro que sim,mas meio que tira a magia do presente saber que foi um presente reserva- Lina riu.

 

—Quieta mulher- Mel entregou a moldura. Era uma das melhores fotos deles três, quando tinham ido acampar. Os três estavam descabelados, tinham acabado de acordar, e Mark tinha se jogado no colo das duas,que riam o olhando. Era a foto mais espontânea que já tiraram. Lina quis chorar outra vez,mas se controlou. Ela abraçou os dois amigos.

 

—Eu amo vocês- ela os apertou- Nunca esqueçam disso.

 

Ela tentou não pensar que poderia ser a última vez que dizia isso a eles pessoalmente.

 

 

**********

 

 

Quatro horas de carro e mais duas e meia em um navio de carga. Era esse o tempo da viagem. Sim, com certeza Mel e Mark iam amar a viagem… Ela ficou sentada no capô da caminhonete do pai, olhando o horizonte por trás dos óculos escuros, tentando não ficar deprimida com seu futuro. Mais dois anos de ensino médio ali, e ela estaria livre. Arrumaria uma faculdade do outro lado do país,onde estudaria com seus amigos, e então voltaria para administrar a fazenda da avó e cuidar dos animais. Talvez ela pudesse arrumar um emprego. Talvez não fosse tão ruim quanto ela esperava. Talvez…

 

Mas não parecia haver nenhum milagre. Todo aquele tempo sozinhos em uma viagem, e o máximo que o pai tinha feito era perguntar como estava na escola e se ela preferia hamburguer ou cachorro quente pra viagem. Então por que? Por que arrastá-la pra longe da cidade que tanto amava?

 

Ela ainda não sabia, mas ia descobrir em breve.

 

Seu pai dirigiu pela ilha em silêncio. Lina olhava pela janela, sem conseguir conter a curiosidade. A orla da praia era basicamente, exceto que agora havia mais bares que ela lembrava. Muitas lojas e casas estavam exatamente as mesmas; notou também coisas novas, como Starbucks, uma rede de eletrônicos famosa,e um enorme shopping onde antes ela lembrava de brincar na lama após cansar de ficar no parquinho. Pelo menos o parquinho ainda estava ali, com mais brinquedos e uma pista de corrida, e ao se afastar da cidade ela notou um prédio bonito em estilo grego que tinha uma placa dizendo “Biblioteca Pública”. Hm. Então o lugar tinha de fato evoluído. Ela costumava pensar na Ilha como um local não atingido pela realidade. Talvez estivesse enganada.

 

A cidade havia crescido, havia muito mais pra ver do que antes,mas claro que chegou a um ponto, subindo a estrada, que não se via nada além de árvores. Ela sabia,é claro,que havia algumas casas escondidas entre aquelas árvores,assim como a do seu pai,mas mesmo assim era meio assustador pensar em andar por ali à noite. Assim como ela lembrava,levava um bom tempo da cidade até a casa. Céus! Ela precisava esticar as pernas com urgência. O carro parou e ela saltou, agradecida. Então olhou ao redor e foi tomada por uma onda de melancolia.

Tudo estava como ela lembrava. A mesa de piquenique onde costumavam comer aos domingos. A grande árvore na qual um dos galhos havia um balanço de pneu. Ela lembrava de ter caídaío ali uma vez. As flores silvestres crescendo ao redor da casa simples e elegante com primeiro andar. A presença da sua mãe era quase palpável ali. Lina se encolheu ao imaginar olhar pro lado e encontrar seus olhos dourados a observando,sempre sorrindo. Mas isso não aconteceria. Ela suspirou pegando a mochila e entrou,notando que seu pai ficava pra trás. Ele era o mais afetado pela casa.

 

Ela já foi recebida por um abraço de urso- Angie! Olha como você cresceu! Caramba!

 

—Daniel- ela deu um sorriso forçado,olhando pro seu alto e moreno irmão mais velho- Ou é Oliver?

 

—Acertou- ele sorriu. É,eles não eram gêmeos idênticos,mas eram gêmeos e muito parecidos. Mesmos olhos azuis,mesmo cabelo preto. Mas,ela notou quando Oliver se aproximou, Daniel era um pouco mais baixo. E Oliver usava óculos agora.

 

Ela não parecia irmã deles de jeito nenhum.

 

—Quanto tempo,irmãzinha- Oliver a cumprimentou com um abraço que não a matou- Nem parece mais aquela criança que deixamos.

 

—Vocês me tem no facebook,nunca notaram que eu cresci?- ela disse tentando não soar irritada.

 

—Ah, não fico tanto no facebook -Oliver disse.

 

—Eu achei que fosse photoshop- Daniel disse com sinceridade.

 

—Bem,agora você sabe que não é.

 

—Oh,como você está irritadinha.

 

—Cadê as trancinhas?- a voz desconhecida fez ela franzir a testa. Quem poderia ser? Era possível que ela tivesse esquecido que tinha outro irmão? Então,quando ele apareceu no seu campo de visão, seu estômago deu mil cambalhotas.

 

Junior. Amigo dos seus irmãos...Eles se conheceram no internato especial que os irmãos iam. Ele sempre aparecia pela sua casa,passava uma semana nas férias,as vezes num feriado. E ele também havia crescido. Estava quase da altura de Daniel, o cabelo castanho escuro encaracolado, os olhos castanhos escuros,a pele escura… E estava tão forte. Ele sorriu. Tinha sido o primeiro amor de Lina. Por um segundo ela se sentiu uma criança tímida e inocente outra vez.

Mas não era. Na verdade, ela não era exatamente o tipo tímida há um bom tempo. Inocente? Definitivamente não. Ela deu seu melhor sorriso.

 

—Não uso mais tranças desde a quarta série.

 

—Oh, que pena. Combinava com você.

 

—Mas, não combina mais- e você vai notar isso rapidinho,ela pensou- E o que você faz aqui? Achei que fosse uma reunião de família.

 

—Não me considera parte da família?-ele sorriu.

 

—Não tenho certeza.

 

—Nosso internato fechou- Oliver explicou monotonamente- As aulas lá eram distribuídas de forma diferente, então ainda falta um ano e meio de estudos, que iremos concluir aqui. É possível que tenhamos algumas aulas juntos.

 

—Oh- isso acabou com o bom humor que o flerte trouxe pra ela- Que maravilha.

 

—Não é?- Daniel sorriu animado.

 

Lina se controlou para não fazer cara feia- O que vamos ter pro jantar?

 

—Estávamos esperando vocês chegarem pra perguntar - Oliver a olhou- Não fizeram compras?

 

—Ahn...Era pra gente ter feito?

 

Os três garotos se entreolharam. Lina bufou.

 

—Ele esqueceu, não foi?

 

Ninguém disse nada. Ela saiu fumaçando,isso era típico do seu pai apostador que bebia muito mais que socialmente.

 

—Pai- ela o encontrou na mesa de piquenique- Me dê dinheiro pra fazer algumas compras.

 

—Os meninos não fizeram?

 

—Não. Nós devíamos ter feito- ela bateu o pé,impaciente.

 

—Oh,ok- ele abriu a carteira e deu duas notas de cem pra ela- Chegamos hoje, isso deve ser suficiente por enquanto.

 

—Sim- ela pegou a chave do carro dele e saiu andando antes que ele pudesse protestar.

 

Ela não tinha notado,mas Junior tinha a seguido. Ele olhava de testa franzida- Você já tem idade pra dirigir?

 

—Junior, Junior- ela entrou no carro- A última vez que nos vimos eu tinha onze anos. Consegue fazer as contas?

 

Ele a olhou- Bem, você não devia ir sozinha…

 

Mas ela já tinha dado partida.


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