Two Lives escrita por Lybruma


Capítulo 4
A Dama


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey
Último capítulo! Finalmente a hora da verdade, hein?
Boa leitura para todos!
Ah, só um aviso!
Lembrem-se que os deuses tratam seus filhos de forma diferente, ok?
Só... tenham isso em mente enquanto leem XD



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Seu nome real era Edwina, mas todos a conheciam por Dama.

Nasceu do belo romance entre Adonis – deus do poder – e Indra – deusa da feitiçaria – o que resultou em seus poderes e, consequentemente, em seu ‘título’ de deusa das bruxas.

As lendas dizem que, ainda jovem, ela livrou a Terra de horríveis criaturas que a cercavam, fazendo com que os mortais finalmente pudessem viver em paz.

Infelizmente, eles não souberam retribuir o favor.

Quando Edwina começou a distribuir suas bênçãos para a Terra, os mortais não conseguiram lidar com aquilo. Quando a primeira bruxa nasceu e começou a demonstrar seus poderes, eles a queimaram viva. E o mesmo aconteceu com todas as outras crianças a qual Edwina abençoara.

Tal ato vindo dos mortais deixou-a furiosa.

Como ousam? Ajudo-os, distribuo minhas bênçãos, pequenas quantias dos meus poderes, ensino-os meus feitiços e eles recusam? Profanando contra meu nome?

E desde então começou a nutrir um ódio profundo contra os mortais.

...

Edwina rapidamente ficou conhecida entre os mortais e os imortais. Afinal, a deusa das bruxas com certeza chamaria atenção. Ainda mais com uma beleza tão grande.

Sua pele era escura como a noite, junto com seus cabelos – longos e cacheados. Seus olhos eram completamente brancos – um dos sinais que indicava a imortalidade – e mudavam de cor quando ela usava seus poderes. Ficavam pretos e conseguiam ver o futuro da pessoa na qual ela estava usando seus poderes. Ou simplesmente conseguia ver o futuro, apenas fixando seus olhos sobre a pessoa desejada.

Não demorou muito para que ela começasse a chamar atenção de certos pretendentes, inclusive a de Ahern, o deus da beleza e dos sentimentos.

Quando se viram pela primeira vez – ela vagando pela Terra, protegendo suas fiéis servas, as bruxas, e ele admirando-se em um pequeno lago – se apaixonaram perdidamente um pelo outro.

Alguns boatos dizem que ficaram anos em um pequeno transe, apenas encarando-se – afinal, as coisas funcionam de maneira diferente para os imortais.

Expressavam tudo sem dizer nada.

Por fim, ao despertarem, deram inicio a um belo romance, que gerou a primeira filha do casal.

Porém, para a tristeza dos pais, a criança fora amaldiçoada por Tadewi, o deus dos imortais, que não gostou nada da relação entre os deuses.

Ninguém sabia direito o porquê, mas vários boatos diziam que era por causa de seu secreto amor por Edwina.

Assim que a filha do casal nasceu, Tadewi lançou uma maldição sobre ela; Se apaixonaria por um mortal.

Aquilo para Edwina fora o fim. Seu ódio pelos mortais era enorme, e não conseguiria ver sua filha apaixonando-se por um deles.

Tudo piorou quando ela previu o futuro da pobre criança; além de casar-se com um mortal, também esconderia seus poderes – e até teria vergonha de ser uma bruxa em certas ocasiões.

Completamente enfurecida, Edwina decidiu abandonar a criança. Pediu a ajuda de seu pai, o deus do poder, para modificar os talentos da criança (não queria uma bruxa tão poderosa vagando pela Terra) e a abandonou. Deixou-a em frente à casa de uma talentosa bruxa, que poderia ensinar tudo o que sabia para o pequeno bebê e ajuda-la em tudo que precisasse.

Em uma noite chuvosa Onatah ouviu barulhos do lado de fora de sua casa. Quando foi ver do que se tratava, encontrou um pequeno bebê em sua porta, dentro de um cesto, com nada mais que um pequeno cartão dentro. Estava escrito no alfabeto das bruxas e dizia:

Seu nome é Oona.

...

Alemanha, 1943

Campo de Concentração Flossenbürg

Trabalho e extermínio

Edwina observava sua filha.

Era incrível como que, mesmo em uma reencarnação, ela ainda possuía seus traços. O fino rosto, os cabelos escuros, sua altura...

Ela tinha que admitir; havia sido uma tortura. Havia sido uma tortura amaldiçoar a própria filha, ver sua desgraça, ou a tristeza em seu olhar quando achou Frank na Floresta Amaldiçoada, centenas de anos atrás.

O pior de tudo era ela não saber de nada.

Quando Onatah a achou em sua porta, a velha bruxa mal desconfiava que tinha em seus braços a filha de Edwina, a Dama, deusa das bruxas, o que fez com que Oona nunca soubesse exatamente quem era. Em sua cabeça, era neta de Onatah, e nada mais que isso.

Após lançar a maldição, Edwina se arrependeu amargamente e a forma de se redimir que encontrou foi sendo a guardiã de Oona, que havia reencarnado em Louise, filha de um casal judeu – ambos muito carinhosos.

Livrou-a diversas vezes durante sua vida, inclusive em sua juventude, quando uma perseguição contra o povo judeu começou.

Quando Louise chegou no campo de concentração, Edwina a protegeu veementemente. Protegeu-a de espancamentos, livrou-a dos olhares maliciosos dos guardas e fazia com que a cabana onde ela dormia nunca fosse escolhida para o extermínio.

Mesmo assim, sabia que uma hora ou outra o destino de Louise chegaria.

Em uma bela tarde Edwina viu o rapaz perfeito para seu plano.

Era lindo, um típico soldado alemão. Alto, forte, atento e, o principal, maravilhosos olhos esmeralda.

Enfeitiçou-o, fazendo com que ele ficasse perdidamente apaixonado por sua filha e, depois disso, apenas observou como Louise reagiria. Para sua surpresa, Louise soube aproveitar cada brecha que sua mãe deixara.

Usou a paixão do guarda em seu favor, convencendo-o a livrar ela mesma e Rachel do Campo.

Executariam o plano naquela mesma tarde, e era isso que Edwina observava.

Claro que a saída fácil deles tivera um toque de sua magia, mas fora isso eles estavam muito bem.

Até as coisas fugirem completamente do controle.

 Edwina estava tão ocupada escondendo-os dos guardas e fazendo com que não morressem de frio, que mal percebeu o cão de guarda do Campo.

Estaria tudo bem se fosse um simples cachorro... Mas não. Ela sabia que não. Cães eram os animais sagrados de Tadewi, e com certeza ele estava por trás de tudo aquilo. Edwina concluiu isso ao ver o animal morder Heinz, e ele despertar de seu feitiço.

Ela tentou intervir, mas não conseguiu. Tadewi havia criado uma barreira contra sua magia, e tudo que a mulher poderia fazer era observar a morte de sua filha, calada – pois sem o feitiço, Heinz era apenas mais um guarda nazista, designado a matar e torturar a minoria da Alemanha. E, infelizmente, Louise fazia parte da minoria.

E, infelizmente, maldições tinham que ser cumpridas. Ela teria que assistir, horrorizada, a maldição que ela mesma lançara contra sua filha.

...

Louise

Pela primeira vez na vida de Louise as coisas estavam dando certo.

Tudo bem que a noite estava fria e nevava, pois era inverno, mas mesmo assim...

Ela conseguira convencer Heinz a ajuda-la em sua fuga e na de Rachel do Campo, e logo no mesmo dia colocariam o plano em prática. Estava tudo perfeito! Eles conseguiram sair sem serem vistos e estavam indo em direção à floresta, para se esconderem com mais facilidade, até que Louise ouviu um latido. Ignorou, pois estavam perto da floresta. Mas o latido persistiu, e foi chegando mais perto... Até que ouviu o grito de dor de Heinz.

Virou-se, contemplando com horror a cena: Heinz sangrando, enquanto o cachorro que o mordera corria de volta para o Campo.

O rapaz estava com a mão em cima do ferimento – que havia sido feito na coxa – e o sangue manchava a neve em seus pés.

Vermelho no branco.

Quente no frio.

E então... Ele olhou para Louise. Não havia mais a intensidade de antes em seu olhar, muito menos o carinho com que ele a tratara horas antes.

— Ei, o que vocês estão fazendo aqui? Por que estamos tão longe do Campo e... Deus! O que aconteceu com a minha coxa?! – perguntou. Um misto de confusão e raiva em sua voz.

Louise olhou desesperada para Rachel, uma maneira silenciosa de perguntar o que estava acontecendo.

Rachel

A cigana, por sua vez, apenas contemplou com horror o sangue no chão, enquanto se afastava de maneira cautelosa de Heinz, puxando Louise consigo.

— Rachel... O que acabou de acontecer? – Louise perguntou, baixo, enquanto observava Heinz. Ele não sabia se estancava o ferimento, se pegava sua arma ou se ia atrás das garotas.

— Olha, Bruxinha, eu não sei o que deu errado, mas... É melhor a gente correr. – Rachel exclamou. Não demonstrava, mas havia desespero em sua voz.

Por fim, puxou Louise, que não saiu do lugar.

— Louise! – gritou, puxando de novo. A amiga não se mexeu. Olhou para os pés da garota, e concluiu que estavam congelados.

— Mas que raios... – começou a frase, para depois perceber; alguém estava usando magia, e não era sua amiga.

Heinz

Nesse meio tempo, Heinz conseguiu se recuperar. A perna sangrava, mas já era bem menos, o que o possibilitou de se aproximar das garotas e pegar sua arma, apontando-a para elas.

Ele ainda estava confuso. Como raios tinha saído do Campo? E por que estava com duas prisioneiras? Aquilo estava absurdamente estranho, e era melhor que nenhum soldado descobrisse aquilo, caso contrário ele estaria morto, junto com as meninas.

Assim que sua perna começou a sangrar menos, ele puxou sua arma – um fuzil de longo alcance – e atirou, mirando na morena.

Assim que ouviu o grito de pavor dela e viu o sangue manchar suas roupas, concluiu que tinha acertado em cheio o peito.

Mirou na outra, que nem teve muito tempo para pensar. A bala da arma pegou bem no pescoço da moça, fazendo-a cair no chão.

Por fim, suspirou, desejando que ninguém tivesse ouvido o barulho dos disparos e virando as costas para as garotas, seguindo seu caminho de volta para o Campo.

...

Assim que Louise e Rachel deram seu último suspiro de vida, as forças que prendiam Edwina desapareceram, e ela finalmente pôde usar seus poderes.

Primeiro, apareceu bem na frente de Heinz, assustando o rapaz. Logo em seguida, agarrou-lhe o pescoço, levando-o para a floresta.

Pendurou-o em uma árvore por uma corda invisível pelos pés, deixando-o com a cabeça para baixo. Balançou-o, fazendo com que ele ficasse zonzo e, logo em seguida, enfiou sua mão direita na barriga do rapaz, fazendo um corte profundo. No mesmo instante Heinz começou a cuspir sangue, não demorando muito para que o líquido vermelho o fizesse engasgar e, enfim, morrer.

Logo depois, guiou as almas de Louise e Rachel para uma próxima vida, onde se lembrariam de suas vidas passadas.

Edwina finalmente teria sua filha de volta.

...

Interior de Oregon, Estados Unidos.

Anos 2000

Alicia e Abigail eram irmãs gêmeas. Desde muito pequenas uma não desgrudava da outra.

Gostavam de tudo igual. As mesmas roupas, os mesmos brinquedos... Até as mesmas comidas!

Beatrice e Duncan – pais das garotas – eram muito felizes com suas filhas, mas tinha algo que os preocupava... Os pesadelos.

Toda noite era a mesma coisa. Elas sonhavam com campos de concentração, margaridas, bruxas, poderes, armas... Era sempre assim.

Os médicos diziam que era normal, que aquilo passaria com o tempo, que o que tinham que fazer era simplesmente esperar.

Então, Beatrice e Duncan simplesmente resolveram deixar para lá.

...

Alicia e Abigail se lembravam de tudo.

Alicia se sabia que seu nome em outra vida havia sido Rachel e que era uma cigana, levada para um campo de concentração ainda muito nova.

Já Abigail lembrava-se de sua mãe. Sua verdadeira mãe. Quando as primeiras memórias apareceram, ela ficou irritada e chorou por dias. Havia sido amaldiçoada, perdera o marido de forma brutal e quase fora queimada viva! E, depois, em sua  vida de Louise, morreu com um tiro no peito. Só quando completou 23 anos pôde entender o porquê daquilo tudo.

As gêmeas sabiam usar seus poderes e alguns feitiços, porém raramente o faziam. Estavam em pleno século XXI, mas bruxas ainda assustavam os mortais, que, àquela altura, pensavam que bruxas nem existiam mais.

Abigail era bem mais poderosa que Alicia, já que era descendente direta de deuses, enquanto Rachel havia sido apenas uma cigana em sua vida anterior. Por sorte, não havia inveja entre elas, apenas amizade e admiração.

Abigail, entretanto, tinha um sonho. Queria conhecer sua mãe e entender os motivos pela qual havia sido amaldiçoada.

...

Era seu último ano na faculdade de fotografia.

Naquele dia, em particular, estava ansiosa, já que depois da faculdade iria se encontrar com Alicia, que cursava química em uma faculdade da cidade vizinha. Elas iriam para o cinema e depois para a festa de aniversário de uma amiga em comum.

Assim que o sinal da última aula bateu, Abigail ainda ficou por mais alguns minutos na sala de aula, terminando um trabalho para a semana seguinte. Não se preocupou em ter pressa, já que a faculdade de Alicia terminava depois que a sua – duas horas depois, para ser mais precisa.

Assim que terminou o trabalho, Abigail se deu conta de que estava sozinha na faculdade.

Resmungou um pouco, arrumando sua mochila e colocando-a em seu ombro direito, enquanto arrumava a cadeira e ia em direção à porta de sua sala. Cantarolava uma música, enquanto usava uma pequena quantia de seu poder para criar pequenas luzinhas, que piscavam de acordo com o ritmo da música.

Até que sentiu uma brisa que, em questão de segundos, se transformou em uma ventania.

Abigail, que estava perto da porta, se virou, assustada.

O que está acontecendo?!

E então, ela apareceu. A Dama, em todo seu esplendor. A linda pele negra, os cabelos escuros, o suave vestido e... Seus olhos brancos.

Havia um sorriso de genuína felicidade em seu rosto e, pela primeira vez em muito tempo, pôde dizer as palavras que mais teve vontade de dizer em sua longa vida de imortalidade:

— Minha doce filha... Você está tão linda! É tão bom revê-la... Preciso te explicar tantas coisas! E me desculpar, claro... Mas, antes de tudo, posso abraça-la, por favor?

E então, a Dama aproximou-se de sua perplexa filha, tomando-a em seus braços, beijando-lhe a testa e, por fim, explicando para ela tudo o que havia acontecido, cada detalhe.

Finalmente Edwina pôde se redimir e ter sua filha de volta.


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Notas finais do capítulo

TCHAAAAAAAAANS! E aí, o que acharam? Ficou bom? Sinceramente, eu espero que sim XD
Beeeeeeem, agradeço ao Matheus novamente, que me ajudou a colocar as ideias em ordem. À Carol, que diversas vezes aumentou meu tempo nessa 'batalha de escrita' e ao Carlos, por ser um amigo legal e não ficar esfregando na minha cara quando ele ganhou.
E, claro, às pessoas que leram! Mesmo sendo poucas, já considero demais todos vocês! Por fim, mas não menos importante, um "alô" para o Gabriel, meu irmão, que me aguentou falando dessa história a semana inteira!
E é isso, até a próxima história!



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