I Can't Live Without Your Love escrita por nsbenzo


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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— Achei que você ia se embebedar. – Delly comentou, enquanto eu encarava meu copo de refrigerante.

Ri baixo e sem muita vontade, erguendo os olhos em direção a ela.

— Faz meses que não sei o que é isso, Dell. E você já sabe o porquê. – dei um gole na bebida gelada, e coloquei o copo sobre a mesa.

Virei a cabeça em direção a janela de vidro da lanchonete, observando a rua, que estava sem muito movimento naquele momento.

— Na verdade, eu tenho dúvidas sobre seus motivos. – ela chamou minha atenção ao falar, fazendo-me encara-la. – Apesar de fazer anos que não convivemos, eu conheço você. – Delly deu um pequeno sorriso, que chegava a ser delicado. – Você parou de beber por que acha que é o melhor pra você, ou por que você não tem mais a Katniss para cuidar de suas ressacas?

Sinceramente, eu também duvidava de meus motivos, e ao ouvir o nome da minha ex assistente, meu coração se comprimiu no peito. Franzi o cenho, e voltei a encarar meu refrigerante.

Fazia três meses que eu não via Katniss, ou falava com ela. Eu decidi não contraria-la quando decidiu ir embora, porque eu notei em seus olhos o quanto eu havia pisado na bola ao beija-la. Não achei certo continuar a interferir em sua vida, por isso não tentei entrar em contato, mas eu sentia a falta dela. Eu sentia falta de seus cuidados, de seu sorriso, de seus olhos, de seu perfume de pitanga. Eu sentia falta até mesmo de seu mau humor quando eu fazia alguma merda. Eu não costumava chorar, mas logo depois que Katniss foi embora, eu acabei me embebedando algumas vezes. Foi quando comecei a pedir socorro para Delly, minha prima que eu via apenas em festas familiares, mas que era uma ótima amiga quando éramos jovens. E então, na quinta vez que ela me tirou de um bar, na manhã seguinte me informou que eu estava em prantos, depois de esvaziar uma garrafa inteira de uísque. Aquilo foi a gota d’água pra mim. Então decidi tentar mudar. Não seria tão difícil comparado ao fato de também não sair com mais ninguém.

Glimmer havia sido minha última mulher. Dormimos juntos pela primeira e última vez, uma semana depois que Katniss pediu demissão, e depois disso, nunca mais estive com alguém. Eu não me sentia mal por estar tentando fazer algo diferente da minha vida. Eu me sentia mal, por ter dado ouvidos a Katniss, apenas depois de perde-la.

— Peeta. – Delly chamou.

Suspirei e voltei a encara-la. Minha prima tinha as sobrancelhas levemente unidas, enquanto brincava com o canudo em seu copo de suco.

— Não sei se você notou, mas você está bem depressivo hoje. – comentou. – Algum problema?

— Não. Só não estou em um dos meus melhores dias. – dei de ombros, e movimentei a cabeça, ao ver a garçonete se aproximar com nossos lanches. – Obrigado. – sorri brevemente para a mulher que depositou o sanduiche natural de Delly a sua frente, e o meu sanduiche de carne a minha frente.

A morena sorrio pra mim, mas acabei desviando minha atenção para meu refrigerante.

— Acho que tem a ver com você estar na seca. – Delly falou assim que a garçonete se afastou, me fazendo olha-la. – Você parece estar fugindo de mulheres. – ela riu baixo, segurando seu sanduiche entre o guardanapo, com as duas mãos.

— Eu não vou morrer por isso, Dell. – rolei os olhos. – Só não quero dar a impressão de estar cantando alguém. Na verdade, passei tanto tempo da minha vida fazendo isso, que tenho medo de apenas olhar para uma delas, e estar demonstrando interesse, sem realmente estar interessado. – segurei meu lanche, enquanto minha prima ria de mim.

Meu celular tocou no bolso da jaqueta de couro que eu usava pela primeira vez, depois de alguns anos, me fazendo colocar o pão no lugar, e alcançar o aparelho para olhar a tela. Franzi o cenho ao ler o nome, e estendi o celular para Delly ver.

— Ui. O que será que sua amada quer? – perguntou com deboche, mordendo seu sanduiche.

— Não faço ideia. – respondi sem dar corda para a provocação. – Faz tempo que não vejo seu nome na tela do meu telefone. – respirei fundo e devagar. – Devo atender? – perguntei para minha prima, encarando o celular.

— Claro. É o que você mais quer, e não tente negar. – respondeu.

Suspirei antes de deslizar o dedo na tela.

— Alô? – atendi um pouco sem graça.

Você tem ideia do quanto eu odeio você?— a voz carregada de embriaguez de Katniss soou do outro lado, me fazendo unir as sobrancelhas. – Eu te odeio muito.— choramingou.

— Katniss. Você está bêbada? – perguntei apenas para tirar a dúvida.

Eu não estou bêbada. — falou com dificuldade. – Eu não sou você, seu grande imbecil.

Notei o olhar curioso de Delly sobre mim, e dei de ombros, quando ela questionou com os olhos.

— Me fala onde você está. – pedi.

Não interessa. — respondeu. – Eu só liguei pra te dizer que eu te odeio por me deixar tão confusa.

— Eu não fiz nada. Não nos falamos há meses.

Exatamente. E a culpa é sua. — ela soluçou do outro lado.

Suspirei, apertando o celular entre meus dedos e contra a orelha.

— Onde você está? – questionei.

Não vou dizer onde eu estou. Ei! Me devolve. — Katniss gritou com alguém.

— Alô? – chamei confuso.

Você é o Peeta? — uma voz masculina perguntou do outro lado, fazendo algo queimar na boca do meu estomago.

— Sim. Quem é? – indaguei de imediato.

Calma, cara. Sou o barman. Sua amiga bebeu quase meia garrafa de uísque, e está bem mal.

Me devolve isso! — ouvi sua voz abafada ao fundo, talvez tentando tomar o celular do homem.

Acho que eu a aconselhei demais sobre falar com você, e ela decidiu fazer no pior momento. — o barman tentou explicar. – De qualquer maneira, acho que ela precisa de você. Não sei se ela consegue ir pra casa sozinha.

— Onde ela está? – perguntei colocando-me de pé. – Vou busca-la agora mesmo.

 

~||~

 

— Me põe no chão. – Katniss começou a se debater em meu colo, assim que a puxei pra fora do meu carro, e notei que ela estava bêbada demais para chegar até meu apartamento.

— Fica quieta ou vão achar que estou te sequestrando. – resmunguei.

— Mas você tá me sequestrando, seu pervertido. – ela começou a distribuir tapas em meu ombro, enquanto eu andava.

Rolei os olhos sem me importar com sua agressão, já que Katniss parecia não ter forças nem para se defender. Continuei a andar, até que ela cansou de se debater, e encostou a cabeça em meu peito.

— Eu ainda odeio você. – murmurou deixando sua bolsa cair no chão, quando a coloquei sentada em meu sofá.

— Tudo bem, Katniss. Pode odiar a vontade. – concordei, suspirando, indo em direção a porta para fecha-la. – O que deu na sua cabeça para beber tanto assim? – questionei voltando a me aproximar.

— Você me deu na cabeça. – choramingou, apoiando as costas no encosto do sofá. – Eu encontrei com o Gale e a nova namorada, e eles vieram falar de você.

— Gale e a nova namorada? – caminhei em direção a cozinha, mas ainda estava atento em Katniss. – Mas e vocês dois? – perguntei lavando as mãos, e as secando.

— Não tem nós dois. Ele é outro imbecil, igual a você. – ela soluçou, me fazendo menear com a cabeça, enquanto preparava a cafeteira. – Gale terminou comigo, e tá namorando a Madge. Eu sou uma péssima pessoa. Ninguém consegue me amar de verdade.

— Você é uma ótima pessoa, Katniss. – discordei dela, apertando o botão para começar a passar o café. – E eu sei que está dizendo essas coisas, só porque não está em seu juízo perfeito.

— Não, Mellark. Você não sabe. – pude notar seu corpo se mover, e logo ela tentava se colocar de pé.

Corri tão depressa, que quase pulei sobre o sofá, para segura-la antes que atingisse o chão.

— Dá pra você ficar quieta aqui? – questionei nervoso, analisando-a de maneira agitada.

Katniss estava em meus braços, com seus olhos perdidos em meu rosto. Suas sobrancelhas estavam franzidas, dando-lhe um ar de confusão.

Cuidadosamente, consegui faze-la sentar.

— Eu quero ir pra casa. – falou com a voz manhosa, me fazendo suspirar.

— Você está bêbada demais para ficar sozinha. – respondi, agachando a sua frente. – Prometo que pela manhã eu te levo embora, e você não precisará mais me ver. – falei no tom mais natural que pude, mesmo com o coração dolorido ao pensar na possibilidade. – Só preciso que você me deixe cuidar de você essa noite, tudo bem? – retirei seus sapatos de salto devagar, deixando-os sobre meu tapete.

— Tudo bem. Mas depois não quero mais te ver. – murmurou, me fazendo olha-la.

— Foi o que eu disse. – coloquei-me de pé, retirando com dificuldade seu blazer preto, colocando-o sobre o encosto do sofá.

Katniss parecia me olhar atentamente, mesmo que ainda mantivesse o semblante confuso em seu rosto. Respirei fundo e lhe dei as costas, indo em direção a cozinha.

Claro que não era a primeira vez que eu via Katniss bêbada, mas era a primeira vez que os papéis se invertiam. Ela nunca foi de se embriagar, mas as vezes que isso aconteceu, estávamos bebendo juntos, e eu havia ficado mais louco do que ela. Eu estar sóbrio, e ter que cuidar de Katniss, era algo novo pra mim, mas não significava que eu não sabia o que deveria fazer.

Voltei com uma xícara cheia de café, depois de esfria-lo para que ela não queimasse sua boca, e a estendi em sua direção.

— Você vai mesmo cuidar de mim? – perguntou encarando a xícara.

— Vou. – sentei no braço do sofá, próximo a Katniss. – Tome seu café.

Seus olhos passearam devagar por mim.

— Eu não te odeio. – falou baixo, olhando pra frente, ignorando o que eu havia dito. – Eu odeio o fato de você me deixar louca. – seus olhos cinzentos, que brilhavam com lágrimas, me encararam.

— Como assim? – coloquei o café sobre a mesa de centro, e voltei a olha-la, virando meu corpo na diagonal.

Katniss se moveu, e mesmo cambaleante, se ajoelhou em meu sofá.

— Eu amo você. – ela jogou os braços sobre meus ombros. – Eu quero você. Eu preciso de você.

Dei um pequeno sorriso, e apoiei as mãos em sua cintura.

— Eu acho que você está bêbada demais, meu anjo. – falei baixo.

Katniss sorrio.

— Faz tempo que não me chama assim. – murmurou aproximando seus lábios dos meus.

Afastei minha cabeça pra trás, impedindo-a de prosseguir.

— Você não quer me beijar? – choramingou.

Dei um sorriso torto, e ergui a mão esquerda, para acariciar sua bochecha.

— É tudo o que eu mais quero, Katniss. – suspirei, me desvencilhando devagar de seus braços, até estar em pé. – Mas apenas quando você estiver sóbria, e tiver certeza do que está fazendo.

Ela entortou a cabeça na diagonal, fazendo um bico se formar em seus lábios.

— Eu tenho certeza do que estou fazendo. – suas pernas cederam, quando Katniss tentou sair da posição em que estava, fazendo-a cair desajeitada sobre elas. – Ai. – resmungou.

— Machucou? – voltei a me aproximar, segurando sua cintura novamente, e a coloquei sentada.

— Sim. Você me rejeitou. – falou com a voz chorosa, me fazendo soltar um riso curto.

— Se amanhã você ainda quiser um beijo meu, prometo que te darei. – voltei a pegar a xícara. – Agora beba o café, que logo você estará menos bêbada.

Katniss reclamou baixo e enrolado, não me permitindo entender o que dizia, enquanto pegava a xícara com as duas mãos, e levava até a boca.

Continuei em pé, observando-a tomar o café devagar, com os olhos fechados.

— Pronto? – perguntei quando ela abaixou a xicara para me olhar.

Katniss a estendeu pra mim silenciosamente.

— Katniss? – chamei voltando a colocar a xicara sobre a mesa de centro. – Consegue tomar banho sozinha?

Ela me encarou parecendo confusa, com as sobrancelhas quase unidas, e um biquinho nos lábios.

— Vem. – me aproximei, tentando ajudá-la a levantar, mas Katniss não parecia ter vontade de colaborar.

Suspirei, antes de, em um movimento rápido, pega-la no colo.

— Me solta. – resmungou, começando a se debater da mesma forma que havia feito antes. – Eu não quero sua ajuda.

— Para de agir como se eu fosse um monstro, Katniss. – falei com uma ponta de irritação, carregando-a até meu quarto. – Só estou cuidando de você.

— Não. Você quer me ver nua. Por isso tá me levando pra tomar banho. – ela acertou um tapa em meu ombro.

Rolei os olhos, mas não a respondi de imediato. Entrei no banheiro e a coloquei no chão.

— Eu não quero te ver nua. Para provar isso, deixarei você se virar sozinha. – fiz menção de lhe dar as costas, mas Katniss havia abaixado com pressa em direção ao vaso sanitário. Era tarde demais. Ela já havia vomitado em si mesma. – Droga, Katniss. – resmunguei, tirando minha jaqueta de couro, e a pendurei no gancho atrás da porta.

— Vai brigar comigo por vomitar? – falou nervosa, tentando segurar seus cabelos, mas era nítido o tremor em suas mãos.

— Para de agir assim, merda. – me aproximei quando ela ajoelhou, e agachei ao seu lado, tomando seus cabelos com minhas mãos, segurando-os pra trás. – Eu não vou e nem quero brigar com você, então colabora.

Katniss esfregou a boca com o dorso da mão e fechou os olhos, sentando no piso frio do banheiro.

— Não senta. Vamos limpar isso.

Coloquei-me de pé, soltando seus cabelos, e tirei meu par de tênis e minhas meias. Dei descarga, antes de ergue-la do chão, e direciona-la até meu box.

— A água cairá fria, e iremos aproveitar dela para limpar sua roupa. – comecei a explicar, ao faze-la parar embaixo do chuveiro. – Depois que você estiver bem o suficiente, eu vou sair daqui, e você toma seu banho.

Katniss afirmou levemente com a cabeça. Mudei a temperatura do chuveiro, e abri o registro, segurando-a pela cintura.

— Tá muito fria. – falou com a voz manhosa.

— Eu sei, meu anjo. – disse com paciência, ao vê-la me olhar. – Quem mandou se embebedar? – dei um sorriso torto.

Ela não respondeu, enquanto a água molhava seus cabelos, roupas e corpo. A mantive da mesma forma por alguns poucos minutos, evitando encara-la.

— Consegue terminar sem mim? – perguntei.

Katniss afirmou com a cabeça novamente, e aos poucos soltei sua cintura. Fechei o registro para mudar a temperatura.

— Eu vou te deixar sozinha aqui, mas volto rápido apenas para deixar roupas e uma toalha. Prometo que não te verei nua. – sorri ao vê-la fazer uma careta.

Troquei a temperatura do chuveiro e saí do box, fechando-o em seguida.

Minha camisa preta estava colada ao meu tronco, e minha calça jeans estava com as barras molhadas. Suspirei, ao sair do banheiro, indo em busca de roupas minhas para Katniss. Logo eu voltava, colocando tudo sobre o cesto de roupas que estava fechado.

— Tudo bem ai? – perguntei.

— Sim. – respondeu em tom baixo.

— Pode colocar suas roupas no cesto. Depois coloco na máquina de lavar pra você. Até amanhã estarão secas. – avisei.

— Ok. – ela falou mais baixo, e decidi me retirar para tomar um banho no banheiro social.

Minutos depois eu estava com uma calça de moletom e uma camisa velha, esfregando a toalha em meus cabelos, enquanto entrava em meu quarto.

Katniss havia sentado na ponta da minha cama, com os olhos perdidos em algum lugar, parecendo distraída.

— Ei. Se sente melhor? – perguntei, deixando a toalha cair sobre meus ombros.

— Não. – ela ergueu os olhos para mim. – Estou enjoada ainda, e tenho certeza que foi seu café amargo.

Neguei com a cabeça, antes de passar por ela e ir em direção ao meu banheiro.

— Claro que sim. Porque meia garrafa de uísque não é nada, comparado a um café. – falei com sarcasmo.

— Quero ir embora. – Katniss falou assim que saí com suas roupas.

Franzi o cenho, encarando-a.

— Você não vai embora. – disse levemente irritado. – Você se embebedou, me ligou, me xingou, me bateu, enquanto eu, inocente demais, tentei cuidar de você. Eu poderia muito bem ter me aproveitado quando você tentou me beijar, mas não o fiz, porque você acreditando ou não, eu respeito você. – soltei uma lufada de ar. – Agora eu quero que você fique ai. Eu vou pôr suas roupas para lavar e te trarei remédio.

Não a deixei responder. Apenas lhe dei as costas, e saí.

Acabei enrolando mais tempo fora daquele quarto do que o necessário, mas eu precisava me acalmar. Ao voltar, notei que Katniss estava na mesma posição, talvez menos distraída do que antes, pois me olhou assim que entrei no quatro.

Estendi o copo com água e um remédio para o estomago.

Ela o tomou silenciosamente, apertando o copo entre os dedos com força exagerada, depois o estendeu pra mim. Coloquei o copo no criado mudo, e sentei ao seu lado, recebendo seu olhar curioso em troca.

— Por que bebeu tanto? – perguntei.

— Não quero conversar. – Katniss se jogou na minha cama, deitando de barriga pra cima, me fazendo notar que ela ainda não estava completamente sóbria.

Dei um pequeno sorriso, e suspirei.

— O quanto dessa noite, você acha que vai lembrar amanhã? – questionei, virando levemente meu corpo para enxerga-la melhor.

— Não sei. – ela fechou os olhos. – Acho que a parte que você me sequestrou. – suas mãos repousaram em sua barriga.

— Eu não te sequestrei. Te salvei de passar mais vergonha no bar. – cocei a nuca segundos depois. – Você não sente minha falta?

— Sinto. O tempo todo. Mas você passou dos limites, Peeta. – Katniss se mantinha imóvel, da mesma forma. – Eu não posso ser sua amizade colorida. Eu tenho sentimentos.

— Que tipo de sentimento?

Seus olhos se abriram, e ela moveu a cabeça para me olhar.

— Do tipo que machuca. – Katniss sentou. – Do tipo que você não sente, Peeta. E que você não entende. – ela balançou a cabeça. – Eu não brinquei quando eu disse antes. Eu realmente amo você. – suspirou, levantando-se. – E não dá forma que alguém deve amar um amigo. Por isso eu enlouqueci quando você me beijou. Porque eu já sabia que estava apaixonada. E droga, aquilo acabou comigo. – ela mexeu nos cabelos, que estavam molhados. – Eu me senti como se fosse qualquer uma.

— Eu nunca disse isso. – me coloquei de pé. – E jamais pensaria algo assim a seu respeito.

— Mas foi o que pareceu. Você não respeitou os limites. Simplesmente agiu. – Katniss estava nervosa. Era claro pra mim, por culpa da sua respiração alterada e seus olhos agitados. – Eu fiquei magoada, e ainda estou. Por isso não queria estar aqui. Por isso foi um erro te ligar. Eu preciso mesmo ir embora. – ela me deu as costas e começou a caminhar em direção ao corredor.

Segurei seu braço, e a puxei, fazendo seu corpo se chocar contra o meu.

— Você falou, falou e falou, mas não me deu a chance de responder. – disse sério, notando o ar escapar por sua boca. – Se eu te visse como qualquer uma, não teria tanto cuidado com você, e teria deixado que você me beijasse no sofá. Te levaria pra cama, como sempre fiz com meus encontros de uma noite, mas não. Olha o que estou fazendo. Tentando dialogar com a mulher que eu amo há anos, pra tentar convence-la de que se eu a beijei foi porque eu também tenho sentimentos por ela.

Seus olhos estavam arregalados, e seus braços estavam contra o meu tronco.

— Como assim? – perguntou em um sussurro.

— Eu te amo há anos. E jamais poderia te contar, porque eu nunca tive plena certeza. Até você sair daquele jeito do escritório. – soltei seu braço, e dei um passo pra trás. – E mesmo que eu tivesse certeza. Quando você me conheceu, eu já era um mulherengo filho da mãe. Eu não tinha esperanças que você me olhasse de outra forma. – minhas mãos abriam e fechavam ao lado do corpo, enquanto Katniss mal se mexia. – Por isso eu disse na última noite que você me ajudou com a bebedeira, que queria ser o tipo de cara que você gosta. Porque eu te amo. Só não conseguia enxergar isso. – passei a mão por meus cabelos. – Eu não estou te dizendo essas coisas com esperança de dar certo. Eu só acho que você precisa ver que apesar de tudo, eu realmente tenho sentimentos. E eles também machucaram, e ainda machucam.

— Peeta... – meu nome saiu em um sussurro de seus lábios.

Balancei a cabeça devagar, dando um pequeno sorriso.

— Fiquei brevemente feliz por saber que o que sinto tem uma certa reciprocidade vinda de você. Mas você é boa demais, pra alguém como eu. – respirei fundo.

As lágrimas haviam escapado de seus olhos, e escorriam por suas bochechas. Katniss continuava imóvel, parecendo assustada o suficiente para conseguir dizer alguma coisa.

— Me perdoe por isso. Eu sei bem quem eu sou. – suspirei. – Eu poderia passar o resto da vida tentando ser diferente, mas nunca mereceria você. – passei a mão em meus cabelos uma porção de vezes, apenas bagunçando-os. – Vou te deixar dormir. Pode ficar na cama. Eu fico com o sofá.

Virei as costas, sem esperar por resposta, e caminhei em direção ao corredor.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥